terça-feira, 16 de dezembro de 2014

108 - NÃO FOI no GRITO

NACIONALISMO & HISTÓRIA
Fig. 01 – A construção de um Estado Nacional confunde-se com a religião e a crença num mito. De outra parte,, este mito, se naturalizou e passou a se ocultar longe de qualquer crítica ou luz da razão.

O nascimento, desenvolvimento e reprodução do ESTADO NACIONAL NÃO FOI no GRITO. A crença do CIDADÃO no  ESTADO NACIONAL entrou subliminarmente na sua vida. Foi substituindo e transfigurando velhas crenças míticas ou naturais, tornando-se uma 2ª natureza e visto como indispensável. Práticas e crenças milenares foram deixadas de lado como arcaicas e incompatíveis com a nova religião do ESTADO NACIONAL
Fig. 02 – Um incômodo símbolo do Estado Nacional nazista Alemão numa doca do porto de Montevidéu. Esta proa do navio de guerra Graf Spee é um ´índice como um ESTADO NACIONAL pode derivar para a busca, a qualquer da hegemonia planetária.. A criação de um ESTADO NACIONAL  constitui  uma ferramenta humana como qualquer outra. Porém quando seu controle, uso e reprodução servem de ferramenta para projetos de uma ideóloga, de uma religião ou para um partido  apagam e ocultam qualquer crítica e a razão emcarca num sono onde tudo se torna possível, legítimo e permitido..

 No entanto se as necessidades básicas da humanidade - como o AR, da ÁGUA e da BIOSFERA – forem geridas e polarizadas  pelos GOVERNOS dos ESTADOS NACIONAIS, o seu PODER ORIGINÁRIO corre sérios riscos de ser sufocando e morrer de sede e de fome. No dia a dia do PODER que os GOVERNOS dos ESTADOS NACIONAIS DIZEM ou PRETENDEM representar, agir em seu nome os contratos sociais, políticos e econômicos que unem as DUAS PARTES são muito frágeis, pontuais e questionáveis. Aos GOVERNOS dos ESTADOS NACIONAIS interessa prioritariamente se perpetuar nas benesses de um centralismo absurdo e nefasto para o PLANETA como um TODO.
Nas atuais narrativas da HISTÓRIA - que se quer Geral ou regional - pouco restaria se fosse retirado a lógica, o suporte do discurso e do pensamento fundado e se legitimando por meio do NACIONALISMO.
Fig. 03 – Éric HOBSBAWN em Porto Alegre entre os leões da prefeitura municipal. A sua obra mostra que os ESTADOS NACIONAIS estão muito longe de serem meros “LEÕES de CHÀCARA”. A  construção de um Estado Nacional confunde mito, crença e substitui a religião. A criatura humana que mitifica ou naturaliza o ESTADO NACIONAL age  qual aprendiz de feiticeiro que se volta contra o temerário e devora

Hobsbawn escreveu “NAÇÕES e NACIONALISMO desde 1780”. Acertou no foco na medida em que as atuais narrativas necessitam do conceito e da prática do NACIONALISMO para se gerar, manter e reproduzir por tempo indeterminado. Porém o panorama apresentado ao historiador muda na medida em que prestarmos atenção à epigrafe “programa, mito e realidade” desta mesma obra. Ao prescindirmos deste MITO e PROGRAMA das NAÇÕES e NACIONALISMO emergem verdades bem mais universais e necessárias para a criatura humana neste planeta.
Fig. 04 –  A intempestiva e indiscriminada resposta do  Estado Nacional Americano  aos ataques da Torres Gêmeas da Nova York escancarou um vasto e confuso panorama de forças, grupos e ideologias que estavam  agindo à margem de qualquer ESTADO NACIONAL. A reiterada suspeita de qualquer seguidor de Maomé reativou o velho embate das Cruzadas contra muçulmanos das mais variadas tendências. Embate materializado nos prisioneiros de Guantánamo e de um numero de prisões secretas da CIA ainda pouco claras

A HISTÓRIA será completamente diferente - do que consta nos atuais manuais - se o foco da investigação, da narrativa e da divulgação do que aconteceu e está acontecendo com as necessidades básicas da humanidade - como o AR, da ÁGUA e da BIOSFERA - sem considerar a ação dos ESTADOS NACIONAIS.
Se olharmos o avesso é possível constatar que a criação, manutenção e reprodução dos atuais ESTADOS NACIONAIS foi altamente danoso para as necessidades básicas da humanidade - como o AR, a ÁGUA e a BIOSFERA e comprometem o futuro deste mesmo gênero humano neste planeta.
Fig. 05 – A religião do Estado Nacional percebe o mito, a crença e as praticas tradicionais - alimentadas por outra ideologia -  como concorrente. Na época da Guerra do Paraguai muitos templos eram refúgio militar, fortaleza e ao mesmo tempo severamente atacados como a Igreja de Humaitá e reduzida à ruinas.  Este fato repetiu-se ao longo da Primeira Guerra Mundial.  Logo após  Guerra do Paraguai -i 1864-1870- o  Estado Nacional Brasileiro separou-se oficial e legalmente da Igreja.

A lógica, o suporte do discurso e do pensamento do NACIONALISMO, transvestido em MITO, tomou o lugar da CRENÇA, da ESPERANÇA RELIGIOSA da Idade Média. Prova disto são os inchaços, imensos templos e acampamentos nos quais se transformaram as metrópoles nas quais se localizam os atuais equipamentos administrativos destes ESTADOS NACIONAIS. Acumularam pessoas, capitais e equipamentos de toda ordem a semelhança de Meca, de Roma ou qualquer outro centro de romaria de fieis.
Fig. 06 – O islamismo está tão distante da veneração de imagens físicas como está distante da aceitação de um ESTADO NACIONAL não coerente com os preceitos abstratos e subliminares das HÁDICES. No mundo, regido pelas normas do CORÂO,  os ESTADOS NACIONAIS não só lhe devem obediência com são “culpados de tudo” que não estiver de acordo a tradição dos “HADICES” e portanto podem ser contestados e substituídos e eliminados como infiéis em nome do profeta Maomé.

Na hora das catástrofes, como as guerras provocadas, mantidas e reproduzidas por estes ESTADOS NACIONAIS, tiram PROVEITO da PENÙRIA e dos SOFRIMENTOS do PODER que os sustenta, alimenta e reproduz os seus GOVERNOS.
Se os jovens europeus são atraídos pelo islamismo, a ponto de prontificarem como potenciais mártires desta doutrina, é necessário admitir que existem causas. Uma das causas é constituída pelos mercadores do PODER dos ESTADOS NACIONAIS, os seus atravessadores e os corruptos. Estes tomam como refém os GOVERNOS destes ESTADOS NACIONAIS. Criam uma clivagem completa, radical e incorrigível entre o PODER ORIGINÁRIO desta NAÇÃO e o GOVERNO que julgam seu refém e provedor perpétuo. Está aberto o caminho para os potenciais mártires das doutrinas islâmicas.
No contraditório é necessário admitir os imensos benefícios potenciais e as perspectivas que os ESTADOS NACIONAIS propiciaram para a humanidade. Especialmente considerando aqueles ESTADOS NACIONAIS nascidos, mantidos e reproduzidos a partir do CONTRATO SOCIAL e da férrea divisão de limites e competências do legislativo, executivo e judiciário. No entanto basta o mais leve deslize intencional ou involuntário neste ÓTIMO potencial para prosperar a corrupção, a clivagem e desencanto, em especial da juventude.
MICHAEL WADLEIGH em Lima - PERU 12.2014
Fig. 07– O sistema alimentado e reproduzido pelos ESTADOS NACIONAIS,  contornou qualquer voz isolada ou coletiva da contracultura, Woodstock ou anarquista.  A  religião, o mito e crença na construção de um Estado Nacional confundiu, substituiu e incorporou os gestos, os ícones e as ideologias desta contra cultura.. As vozes dissonantes da contracultura serviram para alertar  o ESTADO NACIONAL que agiu rápido e esconjurou  estes  temerários e devora

Sempre é necessário escutar  Guimarães Rosa (1963:18) [1]
Querer o bem com demais força e de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar. Esses homens ! Todos puxavam o mundo para si, para concertar consertando. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo .

Esta corrupção é irresistível para os poucos preparados para suportar o violento jogo para encontrar um ponto provisório de equilíbrio homeostático entre as mais inesperadas força e energias. Os marqueteiros, os atravessadores e mediadores de toda ordem deliberam e decidem. É necessário escutar uma das vítimas desta sedução como Mourão Filho que cunhou uma frase que se encaixa perfeitamente a política brasileira:
 "Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois, a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso"
É necessário estar atento ao fato de que a construção de um ESTADO NACIONAL constitui um projeto, uma iniciativa artificial e colocado para além da e contra a  NATUREZA dada. Neste âmbito “TODA ESCOLHA É UMA PERDA”.  A escravidão voluntária, o deixar-se arrastar e caminho com o rebanho é mais fácil, mas de resultados imprevisíveis senão FATAIS. Todo rebanho caminha para o matadouro, deixar-se arrastar dilacera o organismo vivo e ninguém se liberta por si mesmo da escravidão, mormente voluntária.



[1]                - GUIMARÃES ROSA,  João. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro : José Olympio, 1963, p. 18..

Fig. 08– O evento de  Woodstock evidencia a capacidade do sistema - alimentado e reproduzido pelos ESTADOS NACIONAIS -  contornar qualquer voz isolada ou coletiva da contracultura, ou anarquista.  Tato o público participante do evento pousou para as imagens, as incrementou para que outros editassem usassem e as reproduzissem sem controle dos jovens atores para espectadores acostumados e dependentes do marketing, a propaganda e a edição dos produtos audiovisuais.

As muralhas, as fronteiras nacionais e o rígido controle por meios sofisticados que identificam e controlam cada cidadão nunca foram tão alarmantes e o prenderam aos desígnios de uma determinada nação. Evidente que o discurso, a propaganda e as exceções à regra geral são exibidos como contrario a esta verdade
A declaração de uma guerra - da parte de um ESTADO NACIONAL - é provocada por uma avalanche no meio da qual é difícil apontar uma causa central e determinante além das alegações e desmentidos. A GUERRA do PARAGUAI - deflagrada no dia 13 de dezembro de 1864 - ainda não teve alguém competente para apontar a sua causa central e verdadeira.  Os QUATRO ESTADOS NACIONAIS envolvidos diretamente neste genocídio do PODER ORIGINÁRIO devem ainda uma explicação racional 150 anos depois do início deste genocídio.
Fig. 09 – O Estado Nacional do IRAQUE foi apanhado entre as suas frágeis, contraditórias e confusas base,  face a coalisão de ESTADO NACIONAIS armados estratégica e militarmente até os dentes Estes mesma coalisão estrangeira infligiu os mais absurdos, cruéis e bárbaros martírios ao PODER ORIGINÀRIO IRAQUIANO . O efeito desta barbárie abriu a Caixa de Pândaro da qual não param de saltar personagens cada vez mais insandecidas. .

A religião do ESTADO NACIONAL estabelece incontáveis prosélitos e dependentes como em qualquer ortodoxia. Prosélitos e dependentes que brandem - alto e bom som -  o grito de guerra “CRÊ ou MORRE”. O maniqueísmo entre os polos NACIONALISTAS ou ANTINACIONALISTAS - ou “crentes” ou “traidores” – já produziu mais vítimas fatais do que qualquer PESTE. Gritos ao estilo do “HEIL HITLER”, “AME-O ou DEIXE-O” ou “UNIDOS JAMAIS SEREMOS VENCIDOS” possuem por fonte subliminar o ESTADO NACIONAL ou motivação da conquista de seu GOVERNO. Repetidos e inculcados como crença única possível são combustível e fósforo capazes de exterminar qualquer oponente ou crítico. O combustível das fogueiras da INQUISIÇÂO PÓSMODERNA está em cada câmara ou controle eletrônico, senha ou identificação digital do cidadão. Os que não se enquadrarem num determinado ESTADO NACIONAL são os NOVOS HEREJES dignos de serem algemados, presos liminarmente e exterminados física e silenciosamente. A crença no ESTADO NACIONAL produz uma avalanche de imigrantes “ILEGAIS”, pressupostos terroristas incorrigíveis e inúteis.
Fig. 10 – As vítimas fatais, anônimas e silenciadas pela Guerra do Paraguai comungam silenciosamente com os genocídios que a  construção, manutenção e reprodução do Estado Nacional produziu em número e barbárie que as mais raivosas religiões, as crenças mais absurdas e os mitos mais tresloucados não conseguiram produzir . O destino dos rebanhos sempre é matadouro..

A toda ação corresponde uma reação igual e contrária. Se a crença no ESTADO NACIONAL foi uma exitosa construção humana, as regiões, as culturas e as crenças islâmicas parecem dispostas a provar o contrário e que podem dispensar esta construção.
Ninguém está autorizado a patrulhar a liberdade de crer, de ir e vir,  de possuir  convicções arraigadas e interesse pessoais e coletivos. O que torna perigosas estas crenças, convicções e interesses - pessoais ou coletivos - é quando eles se transfiguram em PROJETOS. PROJETOS do exercício do PODER acima e fora de qualquer contrato socialmente aceito (VOLKSGEIST), por tempo determinado (ZEITGEIST) e no lugar do seu exercício (WELTGEIST).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BOÉTIE, Etienne 1a.  Discurso da Servidão VoluntáriaTradução de Laymert G. dos Santos.  Comentários de Claude Lefort e Marilena Chauí.  São Paulo : Brasiliense, 1982. 239p.
GUIMARÃES ROSA,  João. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro : José Olympio, 1963..

HOBSBAWN Eric (1917-2012). NAÇÕES e NACIONALISMO desde 1780 programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, 230

MOURÃO FILHO, Olympio. Memórias: a verdade de um revolucionário. Porto Alegre, L&PM, 1978.

FONTES NUMÉRICAS- DIGITAIS
MICHAEL WADLEIGH em LIMA no PERU

CIA manual KUBARK

CRIMES em NOME do ESTADO BRASILEIRO
HOBSBAWN em PORTO ALEGRE

URUGUAI dá o EXEMPLO de ESTADO NACIONAL

VALE dos CAIDOS
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Referências para Círio SIMON








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