domingo, 24 de novembro de 2013

085 - NAO FOI no GRITO


 1814-2014 – O BRASIL ATENTO a DOIS SÉCULOS de

 GUERRAS ALHEIAS na BUSCA da HEGEMONIA PLANETÁRIA.

"Dominar o inimigo  sem combater,

isto sim, é o cúmulo da habilidade"  
SUN TZU - A Arte da Guerra –

capitulo III -  Plano de Ataque - aforismo 003

A observação preliminar, antes de qualquer mal entendido,  é distinguir que o mestre chinês escreveu em relação à “ARTE da GUERRA” e não da “CULTURA da GUERRA”.

CRUIKSHANK George -1792-1878  - O MUNDO das FADAS
Fig. 01 –  O mundo da fantasia e da imaginação infantil não é só um refúgio de uma cultura mas também constitui um índice. Índice dos caprichos de um EU adulto impotente do mundo real. Refugio do SEU MUNDO e que teme  ser traído internamente e ser espionado pelo MUNDO DOS OUTROS. A  ilustração inglesa do século XIX para imprensa popularesca e caricata britânica manteve e alimenta a intriga entre o SEU MUNDO e o MUNDO DOS OUTROS. O seu mundo BOM e HARMONIOSO ó refúgio  contra o mundo dos outros, essencialmente CAÓTICO, INCOMPREENSÍVEL, portanto MAU e capaz de espionar e trair. MALDADE e INJUSTIÇA que justifica qualquer guerra que ameaça à hegemonia do mundo BOM e JUSTO inclusive a preventiva para aniquilar a raiz desta ameaça.
O Brasil esteve atento  - e sem gritos -  na sua maneira peculiar de praticar a ARTE da GUERRA mantendo coerência com a norma milenar chinesa.  O Brasil continua atento às motivações e as formas de outras nações buscarem a hegemonia planetária. Como observador atento e criterioso acompanhou uma sequência de guerras e ações de sua pacificação desenvolvidas desde o Congresso de VIENA (1814-1815) até as recentes as ações da ONU nas quais esteve envolvido direta e ativamente. Sequências ininterruptas de guerras cujo núcleo continua sendo a busca de uma determinada nacionalidade ou de uma ou outra  forma de hegemonia planetária.


Fig. 02 –  A espionagem é movida pelo interesse no alheio,  na vontade de surpreender o OUTRO num momento de sua fraqueza e pela desconfiança. A gigantesca rede de espionagens entre as nações - que emergiram até novembro de  2013 -  põem todos os espiões do passado num amadorismo infantil. Espionagem numérica digital que, de fato, constitui a continuação, por outros meios,  das guerras físicas posteriores à Revolução Francesa

Nesta atenção cabe também a atual emergência da busca da hegemonia chinesa a partir de sua soberania  com reflexos na soberania brasileira.  Projeto de hegemonia cuja origem era de uma ou outra ideologia no âmbito de uma cultura desenvolvida, amparada e levada adiante por um ou mais estados nacionais federados. Ideologias que seguiam a premissa: “o que é bom para mim também pé bom para os outros”. Premissa que legitimava instalar, desenvolver e reproduzir qualquer forma de moral coerente com os sonhos, os projetos e os caprichos destes Estados nacionais que se sentiam suficientemente fortes para praticar qualquer temeridade. A culpa e as suas consequências de um eventual fracasso destes sonhos, projetos e caprichos eram assumidos pelos lideres saídos do nada e que não custava culpar e aniquilar. 

VERNET Emile-Jean Horace 1789-1863 - Polônia Vencida -c -1831 -óleo- 35 x 45  cm
Fig. 03    A nação  polonesa este colocada entre os temíveis exército prussianos e os nã menos temíveis cassacos e legiões dos exército  imperiais russos. A imagem do pintor Emile-Jean Horace Vernet denunciava, em 1831, a  terrível e implacável águia russa  se apoderando de  um príncipe polonês.  Isto não impediu este artista se colocar ao  serviço do tzar russo que o recebeu em São Petersburgo como príncipe...

Sonhos, projetos e caprichos nascidos da compulsão gerada pelo aumento da população mundial e a racionalização da produção tecnológica industrial. Produção, acúmulo e distribuição que permitiam a vida de mais seres humanos num círculo vicioso. Estas novas circunstâncias foram expressas pela derrocada da aristocracia de sangue e a ascensão das massas populares ao poder estatal. A disseminação de informações - falsas, verdadeiras ou parciais - detonaram estas energias acumuladas como barris pólvora e que geram conflitos e catástrofes que a humanidade jamais havia assistido antes.

VERNET  Emile- Jean  Horace 1789-1863 - O cachorro do regimento ferido 1819 óleo   53 x 64 cm
Fig. 04 –  A prioridade no cuidado com o bicho de estimação do regimento e  ferido no meio de uma batalha na qual muitos soldados tombam mortal feridos faz lembrar o adágio popular de que  “mais vale um cachorro do que um amigo cachorro”  mundo da fantasia e da imaginação infantil sendo espionado pelo mundo adulto numa ilustração do século XIX.  A imagem pode legitimar o aparente mundo BOM e HARMONIOSO dos soldados de uma nação cujos sentimentos o pintor quer exaltar contra o mundo dos inimigos, essencialmente MAU, INCOMPREENSÍVEL e CAÓTICO  portanto justifica qualquer guerra que ameaça à hegemonia do seu  mundo BOM e JUSTO.

Napoleão Bonaparte não tinha sangue nobre. Era proveniente das massas populares como a grande massa proletária emergente com a era industrial. Com esta credencial ele soube magnetizar com a sua ousadia, encantar esta massa popular com a sua temeridade pessoal. Encanto e magnetismo que ele soube usar para exigir sacrifícios nunca vistos antes. Sacrifícios coletivos do povo francês e de todos os demais povos emergentes que o admiravam e esperavam mudanças miraculosas provenientes desta Razão sem sangue azul como eles.

Conta-se que Napoleão  Bonaparte teria lido A ARTE da GUERRA de SUN TZU. Mas deve tê-lo devorado como mais um produto da cultura industrial. Assim entendeu a sabedoria do general chinês no seu repertório popular da época e o transformou num projeto pessoal muito diferente e distante do original.

Esta superficialidade deste ilustre leitor parecem são confirmados pelos relatos do CORREIO BRAZILIENSE (VOL. XI. Nº 66. Novembro de 1813- pp.814-816). No texto a seguir alguns dos equívocos resultantes dos projetos precipitados deste que ainda se equilibrava a sua precária coroa e no trono francês.
FRANÇA.

Tem sido uma observação geral, que as conquistas rápidas, e demasiado extensas, naõ pódem ser de duração: mas nunca o castigo da ambição descomedida seguio de mais perto o crime, do que no exemplo de Bonaparte. Teve este homem em seu poder findar a revolução Franceza, passar para sua familia o throuo Francez, e dar paz e socego á Europa. Cuidaria alguém que o alcance de objetos de tanta magnitude satisfariam a ambição de um aventureiro, que á força de crimes chegou a ser soberano de uma naçaõ poderosa. Mas naõ bastou isto: subjugou naçoens independente», e pacificas; metteo a contribuição seus alliados, meditou a ruina dos maiores Impérios da Europa; intitulou-se omnipotente; e expedio decretos em forma de prophecias.


USA -ÁGUIA BRANCA do MAR e  a sua PRESA- Guardian em 26.09.2013

Fig. 05 –  O mundo  animal dos raptores e das espécies dominantes não só alimentou a fantasia humana. A sua dominância foi traduzida destes tempos imemoriais em ícones, nomes de guerreiros  e estimulou a imaginação infantil nesta cultura da hegemonia a qualquer custo.

No 3°. bolletim, datado de Berlin dos 10 de Novembro 1806 declarou, que o exercito Francez naõ sairia de Berlin até se naõ entregarem as possessoens e colônias Hespanholas, Hollandezas, e Francezas, e so fizeste uma paz geral. No bulletin n. 9 disse, que era necessário que a presente guerra fosse a ultima, a fin  de que os que daqui em diante tomassem armas contra o povo Francez, conhecessem bem o perigo de taes emprezas, e de suas inevitáveis conseqüências. Ao 26 de Outubro de 1806 proferiu no Senado de Paris estas palavras : "Eu parto dentro em poucos dias, para me por em  pessoa á frente do meu exercito ; e cora a ajuda de Deus coroar El  Rey de Hespanha era Madrid; e arvorar as minhas águias nos muros de Lisboa. Era 29 de Fevereiro de 1813, ja depois de derrotado em Russia, declarou,"que estava satisfeito com seus alliados, que os naõ abandonaria, que manteria a integridade de seus Estados, que  os Russianos voltariam para os seus horrororos climas.


Rev. John George WOOD -  O mundo dos crocodilos -  c. 1863

Fig. 06 –  O problema da luta das espécies vivas com as demais - para a hegemonia na própria espécie onde o mais forte e competente triunfa – atravessou não só as Ciências biológicas.  As nações implementaram táticas, logística e estratégias aprendidas nesta luta das espécies dominantes. Ao mesmo tempo legitimava caçadas violentas para provar a superioridade dos caçadores. Estas violentas caçadas pela caçada,  levou muitas espécies ao limite de sua extinção irreversível.
 
Tudo isto tem succedido pelo contrario. Elle foi obrigado a sair de Berlin, e as colônias de Hollanda, e França longe de serem restituidas, entraram com as que restavam no poder da Inglaterra. O pretenso Rey de Hespanha he um triste fugitivo em França. Portugal está livre e seguro;  e as tropas Portuguezas e Hespanholas invadindo o sul da França. Os Alliados com quem Bonaparte se dava por satisfeito, longe de estar satisfeitos com elle, todos o tem abandonado; e o norte da França corre tanto perigo de invasão como o sul.

Quanto ao estado interno da França, naõ pôde haver duvida de  sua consternação. Ho mui difficil averiguar de um paiz estrangeiro, qual he a opinião publica em França; mas todos os symptomas  tendem a mostrar que o Governo soffre uma grande agitação. Bonaparte exige uma leva de 300,000 homens. O Senado suspende a execuçaõ da Constituição, naõ permittindo a renovação de uma terça parte de seus membros, que devia ter lugar. O ministério tem uma mudança considerável, nos chefes de todas as repartiçoens. Tudo isto prova a mais decidida agitação.


Sir George CLAUSEN - Respigadeiras retornado para casa -  1904 - óleo 92.7 x 122.6 cm  - Tate Gelerry

Fig. 07 –  As guerras sempre deslocaram os cargos, funções e os trabalhos na luta pela sobrevivência primária. O mundo feminino teve de assumir tarefas e pesos desproporcionais a sua constituição. Enquanto elas assumiam estas funções, os seus filhos, maridos ou pais estavam em combate de vida e  morte para se defender de projetos de hegemonia de nações que se julgam no direito de desconsiderar tudo este sacrifícios humanos fave aos seus “NOBRES, INEQUÍVOCOS e SAGRADOS DIREITOS à HEGEMONIA, se POSSÌVEL PLANETÁRIA e DEFINITIVA”.


Se reflectimos além disto, que em todos os momentos críticos desta revolução os Francezes se tiraram do embaraço momentâneo, mudando a forma do Governo, e imputando ao antigo todos os males acontecidos, posto que fossem quasi as mesmas pessoas, que compunham o Governo novo; nada nos admiraria se víssemos Bonaparte deposto do throno; e algum outro Governo substituído era seu lugar; e estamos persuadidos que as mudanças de ministério naõ tem outro fim senaõ tentar a opinião publica a ver se estas mudanças satisfazem; e se o descontentamento continuar, recorrer entaõ a mudança mais radical,

Os successos da guerra, que recapitulamos em outra parte, trouxeram a Paris Bonaparte, e a sua linguagem, era vez de profetizar conquistas nao faz mais do que appellar para orgulho nacional Francez, conjurando o povo a que se defenda da invazaõ que o ameaça.

Se a ruina do exercito exigio a leva de 300 mil homens, a decadência das finanças obrigou ao expediente de duplicar os tributos, espécie de vexame, a que até aqui naõ estavam os Francezes muito accustumados.
Ao mesmo tempo que em Paris se estavam apresentando á Imperatriz  Memórias de parabéns, que se pretendiam serem escriptas na Hollanda, os Hollandezes estavam expulsando de seu paia as autholidadas Francezas, e declarando a sua independência


NAPOLEÃO no HMS BELLEROPHON para SANTA HELENA por William Quiller Orchardson  (1832-1910) em 1880- tela 165.1  x  248.9  cm

Fig. 08 –  Os vencedores dominaram e agora conduzem o vencida  como troféu para o mundo que controlam. O ex-imperador francês estava experimentando a verdade do velho ditado guerreiro de que “com as baionetas é possível FAZER tudo, menos permanecer sentados sobre as suas pontas”.  Estava a caminho de uma ilha solitária na qual  os seus  caprichos de um EU adulto tornavam impotentes. O seu FAZER pelo FAZER, as suas longas marchas, as suas vitórias arrasadoras e as humilhações impostas aos  soberanos e ao próprio pontífice, nada mais lhe valiam. Ao contrário eram  pesos arrasadores na sua memória impotente. Aprenderia agora o “AGIR sem AGIR” da milenar sabedoria  oriental.


A confederação do Rheno está extincta, e todos os principes de alguma nota, que pertenciam a esta forçada e violenta ligas tem revoltado, e unido aos Alliados. A Suissa sacudio o jugo de seu  pretenso Mediador ; e supposto, que por hora sô se tenha declarado neutral, ninguém duvida que e»te seja o primeiro passo para se resolver contra a França. O Tirol, e parte das costas do Adriático incluindo o importante porto de Trieste obedecem já ao Imperador de Áustria, e quanto á Itália, Eugenio Beauharnois, tem sido obrigado a retirar-se para aquém do Adige, com o fraco exercito que commanda.

No entanto Napoleaõ continua a ter em prisaõ o Summo Pontifice, e o legitimo Soberano da Hespanha; mas estas victimas da traição e da aleivosia, naõ podem com seu captiveiro melhorar a condição do tyranno, antes servem de fazer mais conspicua a sua horrorosa injustiça.

Em uma palavra, he chegado o momento em que Bonaparte deve, sem remédio, ver humilhado o seu orgulho.
-*%%*».

Resta registrar a situação da cultura chinesa em franca busca de hegemonia planetária e à sua maneira. Cultura que usa,  em novembro de 2013,  a logística, os argumentos a percepção de  mundo dos seus concorrentes. Estes se sentem prestigiados e trabalham voluntários nas grandes metas do atual Estado chinês.  Este não entra em contradição com o seu passado milenar, pois sabe " dominar o inimigo sem cpmbater é o cumulo da babilidade" conforme lhe ensinou o seu mestre SUN TZU, na sua Srte da Guerra (capitulo II - Plano de Ataque -aformos  003)  . Estado chinês que soube aplicar o ocidental Carl Marx na sua busca de dominar o seu inimigo sem gritos e sem a rigidez de um nacionalismo fixo e de um passado morto. Estado chinês possui logística, argumentos e  percepção de mundo bem distinto da ex-União Soviética e de outras nações. Nações com ideologia fixa e linear que seguia, a risca, a cartilha de “O Capital” sem terem a flexibilidade resultante do repertório, da cultura e da sabedoria milenar herdados de um Lao Tzé ou de um Sun Tzu.



http://historiarn.blogs.sapo.pt/2008/10/?page=2

Fig. 09 –  O IMPOTENTE e SOLETÁRIO EU entregue à NATUREZA de uma ilha solitária no meio do Oceano Atlântico Sul. Neste ambiente a fantasia e a imaginação tentaram  gerar narrativas autobiográficas favoráveis a este EU desterrado.  Como o presidiário julga-se - na sua cela -  o mais inocente diante das mais inequívocas e tangíveis provas do tribunal que o condenou

Enquanto isto o moço francês tantas FEZ que acabou FAZENDO BESTEIRAS MONUMENTAIS. FEZ tantas que foi para a panela de Santa Helena. Perdeu, neste caminho, o cetro e a coroa imperial que ele mesmo se impusera. O exemplo de Napoleão não surtiu efeito. No seu caminho de FAZER BESTEIRAS MONUMENTAIS seguiu um cortejo de outros ditadores de todos os quadrantes. Estes continuaram a FAZER BESTEIRAS MONUMENTAIS. Estas lições negativas e estes fracassos valeram ao Brasil continuar atento à norma milenar chinesa. Nesta atenção busca reforçar as normas ARTE da GUERRA que atravessaram incólumes guardando o seu sentido, natureza e a sua maneira peculiar de praticá-las.  Atento às motivação de uma ou outra forma de imposição de outra nações e de ditadores que buscam hegemonia planetária com reflexos imediatos na  soberania brasileira.

FONTE BIBLIOGÁFICA

SUN TZU – A ARTE da GUERRA (3ª ed.). São Paulo: Martin Claret, 2013, 157 p.


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

TURNER e BATALHAS MARÍTIMAS




1914-2014 - UM SECULO de GUERRA




NAPOLEÂO em SANTA HELENA






O EU não é ARTE




John George WOOD 1827-1889




RESPIGADEIRAS




MÁGICO de OZ  DOMINANDO o MUNDO por Justin GERARD






CHINESES e VENEZUELANOS



Este material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação histórica deste idioma.

e-mail do autor

       ciriosimon@cpovo.net





facebook em




PRODUÇÂO NUMÉRICA DIGITAL em

  blog : 1ª geração

ARTE

                                                                                     SUMARIO  do 4º ANO






  blog : 1ª geração

FAMÍLIA SIMON






3º  blog :  1ª geração


SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog

 NÃO FOI no GRITO




       blog de 5ª geração + site

a partir de 24.01.2013 :PODER ORIGINÀRIO


            blog de 5ª geração + site




Site desde 2008


 

Vídeo:


domingo, 10 de novembro de 2013

NÃO FOI no GRITO 084.


Como o BRASIL se percebia em NOVEMBRO de 1813 e  a
CRENÇA no ESTADO NACIONAL

Cândido PORTINARI (1903-1962) Chegada de Dom João VI à Bahia   no dia 22 de janeiro de 1808 - -  óleo 381 x 560 cm  -1952- BBM
Fig. 01 – Esta imagem - da chegada do Dom João VI à Bahia, idealiza o sentido desta retirada da Europa. Contudo ela retrata o ideal do projeto acalentado pelo Príncipe Regente.

Os anos de 1813 e de 2013 possuem algo em comum no plano internacional. Ambos são alimentados por projetos nacionais específicos e separados. Em ambos existem crenças e olhares lançados para além das fronteiras do Estado. Em ambos buscam-se nestes olhares informações interesseiras. A sua obtenção ocorre por meio de eventuais vazamentos provenientes de espionagens. Nestes contextos a importante conhecer aquilo que o Brasil pensava de si mesmo diante do concerto das nações antes de assumir a sua soberania. Importa também conhecer este projeto do Estado Nacional brasileiro no presente, nas condições e nas circunstâncias em que se encontra no ano de 2013.
De antemão é necessário esclarecer que o projeto do Estado nacional brasileiro sempre careceu de pretensões de soberania a expensas de outros, pois sabe quão pesado foi o jugo de três séculos de Regime colonial europeu. Dispensou também a pretensão de Hipólito da Costa da formação de Commonwealth lusitano diante de potencial sombra e fantasma da heteronomia externa.
Evidente que toda comparação é sempre odiosa. No contraditório é altamente elogioso o conhecimento de suas próprias competências face ás demais nações e ter projeto claro como e onde caberia o seu lugar no concerto do cenário mundial.

CRUIKSHANK George -1792-1878  - “BONEY STARK MAD”  Bonaparte louco de raiva ou mais navios, colônias ou comércio” caricatura  02.01.180
Fig. 02 – A partir das falsas notícias de Lord Strangford divulgadas no seu ofício de 29.11.1807, a imagem da retirada de Lisboa de Dom João VI, ganhou versões inglesas para agradar à imprensa popularesca e caricata britânica e a patuleia dos seus leitores que só conheciam a única versão que lhe era oferecida e que eles pagavam. É o lado inverso e tenebroso da imprensa que empregou todo o seu repertório estético e simbólico para desconstruir  a imagem daqueles que considera subalternos e na  sua heteronomia e construir em seu lugar os que considera favoráveis aos seus interesses. Contudo está longe da realidade e principalmente  do ideal do projeto acalentado pelo  Príncipe Regente.

Uma leitura atenta e ponderada do texto que segue permite perceber pontos de avaliação onde, como e porque há semelhanças, progressos e descaminhos.
CORREIO BRAZILIENSE VOL. XI. Nº 66. Novembro de 1813- pp.810-814

Miscellanea.
Reflexoens sobre as novidades deste mez.
BRAZIL.
Relaçoens da Corte do Rio de Janeiro com as Potências Europeas.

O defeito, que se chama cobardia, consiste em que. quando os homens comparam as suas forças phisicas e moraes com as de outros homens, avaliam as próprias, em menos do que devem ; e as alheas cm mais do que convém: e resulta dahi o sentimento interno de fraqueza, o temor, que impede fazerem-se os devidos esforços, para justa defeza dos indivíduos, e das naçoens.

Mapa  político da EUROPA em 1810
Fig. 03 – Na sua chegada à Bahia Dom João VI a  retirada da Europa gerou sentidos dúbios e contraditórios. Contudo este mapa da Europa de 1810 mostra a monstruosidade e poder na  mão de Napoleão Bonaparte. Contudo Portugal já mostrava índices do ideal do projeto acalentado pelo  Príncipe Regente. Em novembro de 1813 os exércitos aliados (ingleses, espanhóis e portugueses) estavam se preparando as batalhas de NIVE que se travaram, em dezembro deste ano, já em território francês.

Neste sentido imputamos á cobardia, a opinião daquelles Politicos Portuguezes, que asseveram que Portugal naõ tem forças nem meios de se defender, e sustentar a sua dignidade como naçaõ : e obram em conseqüência desses principios. He portanto da nossa intenção mostrar aqui o contrario ; e que se Portugal naõ goza entre as Potências da Europa uma dignidade mui conspicua, naõ he por falta de meios, mais sim pela cobardia de alguns de seus Políticos, que tem estado, e estaõ á frente dos Negócios Publicos.
Durante esta contenda, em que a Europa se tem empenhado contra a Revolução Franceza, succumbíram ao systema Francez todas as Naçoens Europeas, excepto a Inglaterra. E a ultima, que foi conquistada  pelos Francezes foi a Naçaõ Portugueza.

GRANADEIRIO  PORTUGUES por Horácio VERNET 1811 b
Fig. 04 – A imagem idealizada do soldado lusitano teve os dois lados. Evidente que a atmosfera politica gerada pela Revolução Francesa e as primeiras conquista do povo unido desta nação provocou partidários fervorosos a favor da França. Assim formaram-se batalhões lusitanos que agiram e se destcaram especialmente na Grande Armada napoleônica contra a Rússia. Evidente que o Correio Braziliense silenciou completamente a ação destes batalhões combatendo no  lado errado  para ele. Contudo pode ser lido nas invectivas contra os “covardes”

Dê-se o louvor a quem he devido, pelo que respeita a Portugal e naõ hesitamos em dizer, que aquella resistencia continuada, e prolongada portantos annos, foi sempre devida á firmeza de S. A. R, o Principe Regente de Portugal: a elle individualmente; porque he bem sabido, que entre as diversas opinioens dos Politicos da Corte de Lisboa, a maioridade foi de voto que Portugal sc naõ podia defender. E asseveramos que a opinião individual de S. A. R. foi sempre pelo contrario, e que em conseqüência de sua firmeza, a que os do partido contrario chamavam obstinação a favor da Inglaterra, he devido o sustentar-se Portugal livre do jugo Francez, até o ultimo periodo, em que todas as demais Naçoens do Continente se achavam prostradas.

CRUIKSHANG Isaac 1756-1811 Os Amigos do Povo - gravura 15.11.1792
Fig. 05 – Nunca a humanidade fabricou uma arma que não tenha usado contra o seu semelhante. A indústria bélica, com a linha de montagem passou a fabricar armas em série e em volumes jamais vistos. As guerras industriais do século XIX preludiaram a I e II Guerra Mundial onde este morticínio massivo e destruição de tudo e de todos. Os mercadores da morte massiva  já foram previstos nesta imagem da época napoleônica.

Chegou por fim o momento, em que S. A. R. naõ pôde mais resistir; nem aos esforços da França, nem á cobardia de seus Politicos e entaõ tomou uma resolução, que foi o principio da libertação da Europa. Aqui tornamos outra vez a attribuir todo o merecimento exclusivamente ao Principe Regente; porque a sua retirada para o Brazil he obra meramente sua, sem que fossem necessárias as intancias de seus Conselheiros, e muito menos a influencia de nenhuma Naçaõ Estrangeira. Nao podemos porem aqui deixar de alludir ao que My-Lord Strangford asseverou em seu officio á corte de Londres na data de 29 de Novembro de 1807 (vide Corr. Braz. vol. I. p. 20) que tendo tido conferências com S. A. em Lisboa aos de 27 Novembro, e representando as razoens que havia para se adoptar aquella  medida, S. A. R. publicara aos 28 o decreto, em que aununciou a sua retirada para o Brazil. O modo porque aquelle officio está concebido,  fez persuadir ao mundo, que Lord Strangford foi quem induzio  S. A. R. a retirar-se para o Brazil. Protestamos altamente contra este erro histórico; porque sabemos, por authoridades incontestáveis,  c naõ hesitamos nomear Sir Sidney Smith, entre ellas, que quando Lord Strangford entrou etn Lisboa na fragata Confiance, já S. A. R. tinha embarcado a bordo de sua esquadra a Familia Real; por tanto, naõ podiam ter a menor parte nesta resolução, as persuaçoens ou argumentos, que My Lord Strangford menciona por extenso em seu oíficio.

Fig. 06 – Os diversos governos disseminados no vasto e variado território colonial brasileiro  poderiam seguir  o que aconteceu com as diversas regiões da colônia espanhola. Sem a presença física da corte no Rio de Janeiro pode conjeturar na sua fragmentação ou então cair nas mãos de potências mais agressivas nas suas tendências colonialistas da era industrial.

Asseverando, por estas razoens, que o merecimento da resolução de S. A. R. a elle somente compete; veremos agora os resultados desta resolução em beneficio de Europa.
Naõ pôde haver duvida, que a intenção de Napoleaõ éra apossar-se  da Pessoa de S. A. R. e de toda a Familia Real de Portugal, como  fizera em Hespanha - pois declarou em Paris, que a Casa de Bragança tinha cessado de reynar em Portugal.
Daqui se devia seguir a posse dos thesouros da America, e portanto os meios de subjugar sem remissão toda a Europa, dirigindo-se a realizar o projecto da Monarchia universal.


Fig. 07 – A imagem de um exército napoleônico derrotado e frustração de não fazer o mesmo que haviam feito com o rei da Espanha. O Príncipe Regente  Dom João VI no seu silencioso embarque para a América frustrara esta glória para as águias gaulesas e no  maior sacrifício e contrariedade pessoal demonstrava que havia entre as nações outros caminhos e mundos do que a hegemonia planetária de um Estado totalitário comandado por um indivíduo por mais singular que fosse.  

S. A. R. porém, segurando a sua Augusta Pessoa, frustrou este plano de Napoleaõ, e conservou em sua familia um ponto de reunião para o patriotismo dos Portuguezes, e dos Hespanhoes, como tem provado os resultados. O merecimento individual do Principe Regente se realça ainda mais; pelas importantes conseqüências que se seguiram á Europa ; porque, em conseqüência de ficar segura a Familia Real Portugueza, se seguio o levantamento de Portugal  contra os Francezes; isto animou os Hespanhoes a seguir o mesmo:o exemplo da Peninsula foi citado pelo Imperador de Russia, em suas proclamaçoens, a Prússia se unio á Russia, a Suécia, a Áustria,e finalmente a Alemanha obrou da mesma sorte ; e o grande resultado tem sido a libertação da Europa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_de_Viena
Fig. 08 – Em 1815 o Império Napoleônico e da França já era uma lembrança do passado e um pesadelo para aqueles que haviam apostado tudo nesta miragem. Dom João VI costurara,nNo seu tempo de Brasil, o ideal do projeto que acalentara da unidade na sua colônia americana agora no status de Reino Unido. Cada dia da sua procrastinação do retorno para Lisboa e Europa certamente ganhava um sentido de aviso  e de consciência desta sua vitória silenciosa contra a covardia da burocracia de sua corte.
Na concepção do redator do Correio Braziliense a lúcida retirada de Dom João VI marca de inflexão efetiva e inicia um longo ciclo de resistências inicialmente passivas, mas que garantiram meios e a moral pública para reverter o quadro e depois confirmado pelas armas. Senão vejamos:

Mas para que um facto desta magnitude naõ fique unicamente fundamentado na nossa assersaõ; convém que transcrevamos aqui  uma passagem da falia de Lord Liverpool na Casa dos Pares, quando, se tractou de responder a falia que S. A. R. - Principe Regente da Gran Bretanha fez ao parlamento aos 4 deste mez.
Portugal (disse Lord Liverpool) naçaõ pouco poderosa, e talvez, naquelle momento particular, a menos militar da Europa, se fez formidável, e resistio com bom successo ás mais bem disciplinadas  tropas  tropas de França. Pequeno como he aquelle paiz em comparaçaõ de outras naçoens da Europa, com tudo o estabelicimento dos exercitos de Portugal foi da maior conseqüência, como fundamento  dos bons successos dos exércitos Alliados na Peninsula, e por que deo,  além do geral sentimento Nacional; um tom militar, debaixo de cuja influencia as tropas Portuguezas se tem elevado, a serem iguaes ás lnglezas."
Daqui pois fica evidente, que Portugal naõ somente pode defender-se mas deo o exemplo ás outras Naçoens, e no modo de pensar de My Lord Liverpool, foi Portugal quem começou a dar a esta guerra novo character, tornando-a guerra nacional, em vez de guerra dos Governos que até eu taõ éra. Nem contra isto está que Portugal  tem o auxilio de seus Alliados: as maiores Potências precisão, e se valem de seus Alliados; e o que queremos dizer he, que Portugal possue mais recursos para sua defensa e sustentação, do que nenhuma Potência da Europa de igual território ou população.
Poucas nações possuem potenciais riquezas inexploradas como possuía Portugal. Riquezas que motivaram o ataque e fúria napoleônica. Riquezas que fazem do Brasil de novembro de 2013 alvo de espionagem, de avaliação e de cobiças de interesses de além fronteiras.
Quanto ao numerário, nenhuma naçaõ possue minas de ouro mais ricas do que as do Brazil. Pelo que respeita a construcçaõ de vasos para uma marinha de guerra, o Brazil offerece abundância de madeiras. As minas de ferro naõ se tinham lavrado até aqui; porem agora he indubitavel, que podem ser mui productivas pelas experiências que se tem feito. A naçaõ Portugueza, possue os melhores marinheiros, que se pòdein desejar; e soldados Portugueses leraos elogios naõ suspeito» de todos os militares que os tem visto combater,
Isto posto he claro, que nenhuma naçaõ da Europa possue nem mais nem tantos recursos, á proporção de sua grandeza e necessidades. Mas como essa grandeza he limitada, e de pouca extensão, relativamente as outras Potências da Europa, argumentado daqui, que Portugal naõ he de pezo algum nos negócios da Europa. Isto he um paralogismo, inventado para cubrir a cobardia, de que nos queixamos no principio deste artigo.
Sem entrarmos em factos de tempos remotos, em que Portugal  effectivamente atroou o Mundo com o estrondo de seu nome; e limitando-nos unicamente ao tempo presente; deixamos ja exposto acima, como a mera decisaõ do Principe Regente, no que dizia respeito á sua pessoa, teve influencia considerável em derrotar os planos dos Francezes: e depois vimos a confissão de Politicos Estrangeiros, quanto ao exemplo que as tropas Portuguezas tem dado de  coragem e firmeza. Isto posto, he inegável, que Portugal tem recursos, e que pôde ter influencia nos grandes negócios da Europa; com tanto que os que estaõ à testa do Governo saibam ou queiram fazer uso de seus meios. Vejamos agora até que ponto essa influencia, ou esses recursos, que a produzem, podem chegar.
O nosso termo de comparação he a Suécia, aquelle reyno contem 2:826,000 habitantes, e Portugal 3:559.000. A Suécia tem em armas 43.000 homens. Portugal, com algum esforço, pôde apresentar em campo 60.000 homens ; alem de milicias, &c. As minas do Brazil e os productos do Commercio Portuguez, saõ superiores aos da Suécia, em proporção muito maior que a da população, ou do exercito das duas naçoens; e quando se faz entrar ao calculo o valor das colônias Portuguezas, principalmente o Brazil, a importância de Suécia, comparada com Portugal, he notavelmente pequena. Agora, o Governo Sueco commanda o seu exercita, posto que receba subsídios da Inglaterra para seu pagamento: offereceo-se-lhe uma ilha no golpho México, para induzir este reyno a ligar-se contra a França, fizéram-se-lhe promessas a respeito da uniaõ de Norwega á Suécia. O Principe da Coroa de Suécia recebe diariamente as mais assignaladas provas de respeito dos Soberanos Alliados, e como general do exercito Sueco, que conserva debaixo de suas ordens, cada dia une novos louros ás armas Suecas; depois de ter faltado ao Governo Francez no tom mais decisiva, e da mais firme dignidade.

ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_de_Viena
Fig. 09 – O Congresso de Viena (02.05.1814 até 09.06.1815) retalhou o Império Napoleônico e redesenhando o mapa mundial sob os interesses dos vitoriosos nos campos de batalhas. Uma das mais conhecidas ações lusitana neste Congresso de Viena foi devolver as suas Guianas para a França.

Portugal, pela cobardia dos Politicos, que suppunham aquellereyno incapaz de defensa, achou-se sem exercito, quando delle necessitava ; levanta-se o povo ; e desembarca ali um exercito Inglez, sem ter feito nenhum accordo prévio com o Embaixador do Príncipe Regente de Portugal em Londres. Officiaes Inglezes saõ empregados em disciplinar os exércitos Portuguezes, e em os comandar ; as tropas do reyno obram como auxiliares dos que tinham vindo em seu auxilio., e naõ podem obter um tropheo, uma bandeira, que pendurem em seus templos. A situação de Portugal requeria isto, dirão; naõ disputamos este ponto ; porque he incidental á questão; o que queremos dizer he que Portugal podendo apresentar em campo um exercito maior que o da Suécia, tendo mais recursos do que ella; deveria pelo menos fazer uma igual figura no mundoe poderia, se os sous politicos soubessem fazer uso dos meios que tem, entrar na liga da Europa, fazendo com os demais alliados tractados taõ vantajosos como a Suécia, ou ao meuos figurar dper si no que lhe coubesse. O Brazil deveria dar o ouro, e Portugal a gente ; mas S. A. R. acha-se só era seu Conselho, e todas as vezes que falta o dinheiro, os seus financeiros naõ sabem cogitar outro meio, senaõ pedir emprestado à Inglaterra. O Soberano naõ pode, nem he da sua obrigação olhar para as miudezas das finanças, a seus ministro» compete isto; e elles naõ fazem mais que occultar ao publico os seu» meios e modos de receita e despeza. Naõ he assim, que uma naçaõ que tem a possibilidade de figurar, pode nunca chegar a ser poderosa.

Nestes pontos de avaliação só se deslocou no tempo e lugar para novembro de 2013 no Brasil dito soberano. Os pontos fornecidos pelo nº 66, de novembro de 1813, do CORREIO BRAZILIENSE,  no seu volume XI nas pp.810-814, investem contra o  problema da burocracia oportunista e mesquinha, senão covarde, da época. Porém, em novembro de 2013, continua presente e ativo o  problema da burocracia oportunista e mesquinha. Covardia que se aproveita do ritmo e do som do baixo contínuo da escravidão e da heteronomia colonial assumida e prazerosa que naturaliza, corrompe e aniquila os projetos de um Estado nacional soberano. Continua o discurso por cima  e por fora do “DEVE SER PARA os OUTROS” por mais coerentes e evidentes que sejam as propostas de partidos brasileiros, de grupos ou de indivíduos que contradizem, neste discurso, este projeto.  A propaganda e marketing - valendo-se das sedutoras melodias do canto das sereias colonialismo de 3ª geração - conseguem seduzir qualquer Ulisses que desvia, anestesiado, a rota de seu barco em direção aos funestos escolhos a semelhança do navio de cruzeiro Costa Concórdia.

Em novembro de 2013 a CRENÇA imoderada no ESTADO NACIONAL - vitima do neocolonialismo e sustentado pela rede da escravidão numérica digital - apenas trocou a máscara do BRASIL de novembro de 1813. Os aparentes progressos materiais exibem semelhanças nos descaminhos de 1813 e aqueles de 2013. Assim a máquina governamental concorria e se espelhava, em novembro de 1813 na novidade das máquinas das linhas de montagem das fábricas do início da era industrial. Este fenômeno da máquina governamental não parou de se expandir e se naturalizou ao longo de sucessivas gerações, de forma paralela com a expansão e o triunfo da era industrial. Estas operações e processos tornam-se virtuais e conceituais. Contudo o Brasil continua usuário e vitima da informática de outros centros tecnológicos que investiram pesado nesta área. Ao se tratar do domínio efetivo do espaço externo o Brasil é apenas usuário e um zero a esquerda da vírgula nas mesas das negociações espaciais. Apesar da sua fantástica biodiversidade natural está longe de ser líder na cultura da biotecnologia e domínio efetivo da área aberta pelo domínio do código genético.
Ao percorrer as páginas do Correio Braziliense de novembro de 1813 existe uma semelhança atroz:
 “se Portugal naõ goza entre as Potências da Europa uma dignidade mui conspicua, naõ he por falta de meios, mais sim pela cobardia de alguns de seus Políticos, que tem estado, e estaõ á frente dos Negócios Publicos”.
Parece que a forte ex-colônia lusitana, e refugio de Dom João VI, herdou este traço funesto.  Importa ocupar cargos públicos. As funções são escamoteadas, esquecidas e corrompidas pelos ocupantes transitórios destes cargos. Cargos criados, mantidos e reproduzidos com tantos sacrifícios, mas frustrados pela ignorância, pela covardia senão pela própria corrupção ativa e passiva. Este traço foi estudado e registrado no regime imperial por João Francisco LISBOA (1812-1863) no “Jornal de Timon” a partir das  suas próprias observações empíricas da politica praticada na província do Maranhão. Regina ABREU, na obra ”A Fabricação do Imortal”, observou a mesma prática multissecular projetada no cenário da capital federal e o seu deslocamento para a origem do regime republicano. 

Fig. 10 – A Missão Artística Francesa - que havia construído a imagem, o mito e a glória de Napoleão Bonaparte – empregou todo o seu repertório estético e simbólico para construir - nos trópicas a partir de 1816 - a glória, o ritual de consagração pública do  Príncipe Regente na sua passagem para o efetivo poder do trono real de Dom João VI (1767-1826) e da casa dos Bragança. Para tanto se valeu de todo o arsenal da mitologia greco-romano sem esquecer os rituais dos chefes gauleses colocados de pé sobre os escudos para comemorar as suas vitórias.

Os tuteladores do governo, os seus atravessadores e mediadores usam cenário perfeito a crença imoderada e incoerente no ESTADO NACIONAL. Modelam a opinião pública por meio deste cenário desta crença.  Estetizam e tornam palatáveis os atos governamentais por mais hediondos, indigestos e caros quesejam. Na essência há pouca diferença do cenário de Debret (fig. 10) comparado com a essência daquilo que as mídias eletrônicas jogam - por cima do público brasileiro desavisado - no âmbito dos atos governamentais praticados em novembro de 2013. 
O brasileiro continua a se perceber como motorista do patrão governamental. E pior, sentindo-se feliz e honrado com esta função e para  qual não possui contrato e nem, ao menos, o cargo formal.

FONTES BIBLIOGRAFICAS

ABREU Regina A Fabricação do Imortal: memória, História estratégias de consagração no Brasil Rio de Janeiro: Rocco Lapa 1996 225 p.

LISBOA, João Francisco (1812-1863) Jornal de Timon: eleições na Antiguidade, eleições na Idade Média, eleições na Roma Católica, Inglaterra, Estado Unidos, França, Turquia e eleições no Maranhã Bras´lia; Senado Federal 2004 326 p


FONTES NUMERICAS DIGITAIS.

CONGRESSO de VIENA 1814-1815

COSTA CONCORDIA

CORREIO BRAZILIENSE – novembro 1813

CRISE da ESPERANÇA no ESTADO NACIONAL em 2013

Dom JOÃO VI

Dom João VI se transfere ao Brasil

NOÇÕES de CENÁRIOS TEATRAIS

PREPARANDO as  BATALHAS de NIVE

Este material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação histórica deste idioma.

Comunicação por e-mail 

Face book em:

  blog : 1ª geração
ARTE

  blog : 1ª geração
FAMÍLIA SIMON


  blog :  1ª geração NÃO FOI no GRITO
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog
SUMÁRIO do 2º ANO de postagens do blog

  blog 5ª geração + site
a partir de 24.01.2013
PODER ORIGINÀRIO

Site desde 2008
 
Vídeo: