sábado, 1 de fevereiro de 2020

193 – NÃO FOI NO GRITO – FEVEREIRO de 1820 e 2020

O CANDIDATO a REI de
 BUENOS AIRES

Fig. 01  Hipólito José da Costa reiterava no CORREIO BRAZILIENSE [1] de queas pessoas serão  boas ou más, acidentalmente; o sistema é que acusamos de mau radicalmente .Assim ele buscava evidenciar o governo mais adequado, ao seu pais de origem;  na transição do REGIME COLONIAL para a da SOBERANIA plena. No contraditório o REGIME IMPERIAL BRASILEIRO foi uma concessão que durou sessenta e sete (67) anos e que deixou marcas indeléveis na identidade brasileira, tanto pata o bem como para o mal

CORREIO BRAZILINESE fevereiro de 1820 Volume XXIV- N°. 141. X Literatura e Sciencias. 156 – 167 +   Miscellanea 182-195

“ Os sustentos dos reinos não são nem os EXÉRCITOS e nem os TESOUROS, mas os AMIGOS que não se obtém com as ARMAS nem se compram com o OURO: conquistam-se com o BEM e a LEALDADE”  Sallustio - Bellum Iugurthinum – 10

O que estava na pauta politica lusitana, em fevereiro de 1820, era a MONARQUIA CONSTITUCIONAL ao modo da MONARQUIA BRITÂNICA No entanto o tempo dos reis autárquicos - se dizendo e se achando de origem divina - havia passado com a REVOLUÇÃO NORTE-AMERICANA e FRANCESA. O saque , em outubro de 1793, aos túmulos reais da França   enterrados na catedral de SAINT-DENIS[2]. colocava como impensável o RETORNO a este passado real.

As províncias de La Plata, erigidas em Monarchia. Consideraçoens políticas pelo C de S Paris 1820.
(Traduzido do Original Francez.)
Literatura e Sciencias. 156 – 167

Non exercitus, neque thesauri presidia regni sunt, verum araici quos neque armis cogere, neque auro parare queas, officio et ride pariuntur. (Salustio., de Bellum Jugurthinum).
Na situação, em que se acham hoje em dia as Cortes de Madrid, do Rio-de-Janeiro e o Governo de BuenosAyres, o único meio de estabelecer entre as três potências uma paz durável, he reunir as províncias de La Plata em monarchia, e de lhe dar para rey o Infante IX Sebastião de Bourbon-Bragança[3]. Este Príncipe, por seu nascimento, e pelas grandes esperanças queda, parece destinado a ser laço que deve ferir todos os interesses: elle pertence ás duas Casas de Bourbon e Bragança. O Infante D. Gabriel seu avô, éra irmaõ do rey de Hespanha Carlos IV. e casou com a Pnnceza Real de Portugal, irmaã do Rey reynante. Deste casamento nasceo o infante D. Pedro, que casou



[1]      in CORREIO BRAZILIENSE, novembro de 1814,  p. 710
[2] SAINT DENIS ASSALTANDO os TÚMULOS REAIS  da FRANÇA outubro de 1793

Fig. 02 A imagem  do Infante IX Sebastião de BOURBON e BRAGANÇA (Rio de Janeiro 1811- Madrid 1875) foi excluído da linha sucessória espanhola em 1837- ele unia a CASA dos BOURBON. dos BRAGANÇA. Como BOURBON  ligava=se à linhagem dos reis da França e Espanha. Como BRAGANÇA pertencia à linhagem dos reis de Portugal e dos imperadores do Brasil. Pesava contra a sua pessoa o fato de ter acido no Brasil e portanto contaminado pelo colonialismo. Apesar de sua linhagem real  qualquer cargo publico  deveria ser exercido, apenas e tão somente, por NASCIDOS na METRÓPOLE.Aos CRIOULOS CABIA obediência, trabalho e pagamentos de tributos[1]

Este projecto, longe de experimentar difficuldades da parte do Governo de Buenos-Ayres, he inteiramente conforme a suas vistas; tem por muitas vezes feito esta proposição ao Rey Portugal, como se verá aqui abaixo Os homens, que tem mais influencia na administração desta Republica, instruídos pela experiência, pelo exemplo das revoluçoens Europeas, e pela natureza do Governo Republicano, estaõ intimamente convencidos de que somente uma constituição monarchica pôde garantir a tranquillidade exterior e interior de um grande Estado, consolidar todos os direitos, e firmar as instituiçoens, sobre que descança a liberdade publica. O author deste escripto, que tem tido occasiaB de seguir e examinar de mui perto a disposição dos espíritos, naõ teme assegurar, que tal he o sentimento dos principaes e do maior numero dos funccionarios públicos, civis e militares, e que o desejo geral dos habitantes pede e?ra forma de Governo. A constituição adoptada pelas Províncias de La Plata se prestaria bem facilmente á execução deste projecto. Esta constituição naõ tem nada de revolucionaria, ella até mesmo se aparta tanto da democracia absoluta, que quasi bastaria substituir ao Chefe Supremo, cujas funcçoens se limitam a cinco annos, um Rey hereditário, para fazer delia uma constituição monarchica: tal he a opinião que disso fazem os mais celebres Publicistas da Europa. Portanto naõ se podem prever diíliculdades senaõ da parte da Corte de Madrid, que recusaria consentir na independência de suas colônias.

Fig. 03 - Dom Sebastião de BOURBON e BRAGANÇA aderiu ao partido do CARLISTA ESPANHÓIS contra os ISABELISTAS. Por esta adesão foi excluído da linha sucessória espanhola tão bem como todos os descendentes-. . Refugiado em Nápoles só retornou a Espanha após este conflito interno espanhol sendo-lhe restituídas, na corte,  algumas regalias


Mas aqui se apresentam para ella consideraçoens da mais alta importância. ± Pôde a Hespanha esperar ainda o fazer entrar as colônias outra vez no seu domínio? Ha dez annos que dura a guerra da independência; as Províncias Unidas de La Plata tem adquirido uma força prodigiosa.
Fig. 04 A complexa e cumulativa heráldica do Infante IX Sebastião de Bourbon-Bragança. . Esta configuração cumulativa refletia a tendência da primeira  ERA INDUSTRIAL que amontoava símbolos e bens materiais e humanos  a  espera de um nuseu com objetos da ERA ANTERIOR que haviam perdido a sua função


 Elias tem armas, marinha, artilheira, praças fortificadas, thesouro, governo, aluados e relaçoens commerciaes; tem adquirido, sobre tudo, este ardente amor da liberdade, e este espirito nacional, que nenhum poder humano pôde mudar. O Governo de BuenosAyres pôde desenvolver hoje em dia, em todos os pontos, iinmensos meios de defensa. A Hespanha, pelo contrario, tem esgotado todos os seus recursos; a expedição, que tinha preparado com tam grande custo, annihilou-se em seus portos, e ainda quando ella abordasse ás costas das Províncias de La Plata ? qual seria o provável successo desta temerária empreza ? 

Fig. 05 – A cidade de BUENOS AIRES  vinha acumulando gente e bens materiais desde o primórdios da colonização espanhola  e a espera da prat das minas de POTOSI do Vice reinado do Peru. . Rivalizava, nesta função, com Assunção do Paraguai. Durante as guerras napoleônicas uma JUNTA GOVERNAMENTAL tomou conta dos seus destinos e deu inicio à soberania Argentina, Um dos membro desta junta, SAN MARTIN, partiu de Buenos Aires conquistou a liberdade do Chile e que depois tomou o Vise Reinado do Peru

O paiz he bem forte, e está seguro da victoria, quando os seus habitantes combatem contra inimigos, que tem atravessado, para os vir atacar, duas mil léguas de mar. Pelo menos deve Hespanha calcular com a incerteza do successo, antes de se determinar a repairaras infelicidades da esquadra, e a expor o seu credito, as suas forças, o seu commercio, etalvezasua existência politica, ao accaso de uma guerra ultramarina
Poderia perguntar-se-lhe: ¿  o vosso poder, a vossa prosperidade, as vossas riquezas, por fim, seraõ maiores quando tivereis reconquistado vossas colônias? ¿ será o vosso commercio mais florente, do que se ellas formassem um reyno independente, que fosse vosso alliado? Os Estados-Unidos da America resolveram este problema, e a solução, que delle deram á Inglaterra, ja naõ permitte agitar esta questão. A Corte do Rio-de-Janeiro, em quanto se naõ terminar esta grande contenda, naõ pôde largar Monte-Vedio, sem expor a segurança de seus Estados. O Governo de La Plata conserva-se n'uma postura formidável: a resolução de se aproveitar dos immensos recursos, que a natureza offerece â America, vem a ser uma resolução Americana; todo o paiz Meredional está animado deste sentimento, é o seu mais ardente desejo he unir-se a seus vizinhos, e fortificar éstauniaõ por uma reciprocidade de interesses. { Porque naõ entraria a Corte do Brazil nesta grande liga, de que pode esperar as mais grandes vantagens? Jamais povos, que se tem sublevado por sua liberdade, foram abandonados a si mesmos pelas outras naçoens ; e no decurso da guerra, as Províncias de La Plata podem adquirir alliados, assim como os Estados-Unidos da America os acharam 110 seu tempo. A Hespanha, pelo contrario, naõ pôde senaõ perder os seus, quando pudesse tractarcom seus inimigos de potência a potência. A confederação Europea naõ garante senaõ os direitos dos Príncipes que a compõem, os interesses do outro hemispherio lhe parecem estranhos; pelo menos ella lhe naõ presta senaõ uma fraca mediação, como a Hespanha 0 experimentou; quando pedio a sua intervenção entre ella e a Corte do Rio-de-Janeiro. Se for abandonada a si mesma, ¿que esperança lhe resta? Mas suppondo que as potências aluadas tomam interesse por ella, este interesse naõ terá jamais outra demonstração, senaõ seguranças verbaes, e naõ auxilio real: o estado actual da Europa naõ lhe permittiría, em nenhum ponto de vista, pegar em armas a seu favor, e sobre tudo, ao momento em que seus inimigos lhe abrem uma via, que concilia a sua gloria com os seus interesses. A estas consideraçoens, apoiadas na politica, se unem outras tiradas da justiça, a herança do Infante D. Sebastião está nas maõs do herdeiro presumptivo da Coroa de Hespanha. O Infante D. Pedro, seu pay, éra o herdeiro do Gram Priorado de Castella. Este príncipe naõ tinha senaõ dezoito mezes quando perdeo seus augustos pays. A Raynha de Portugal, Maria 1." inconsolavel pela morte de sua filha valida, obteve d'El Rey Carlos IV. permissão de crear juncto a si o moço príncipe, e lhe criou tal affeiçaõ, que lhe foi impossível tornar a separar-se delle; elle a seguio para o Brazil, aonde casou com a filha do actual Rey, a qual deo à luz D. Sebastião. Desde o momento em que D. Pedro saio da Corte de Madrid, Carlos IV. administrou, na qualidade de seu tutor, o Gram Priorado, e seus immensos apanágios. Os direitos de D. Sebastião a esta magnífica herança saõ, pois, incontestáveis. Entretanto o Infante D. Carlos, irmaõ de Fernando VII, foi metido de posse delia, a pezar das leys, debaixo do pretexto de que o Infante D. Sebastião, nascendo e residindo no Brazil, naõ a pôde possuir. Esta contenda se acha a muito tempo submettida aos tribunaes Hespanhoes, ante os quaes o herdeiro legitimo he demandado pelo irmaõ do Soberano. ¿ Que justiça tem a esperar?  ¿ Naõ seria uma mancha na gloria do nome Hespanhol, repudiar assim um príncipe de sua dynastia. e legar aos Portuguezes a honra de o vingar desta injustiça nacional ?
Apresenta-se á Hespanha uma occasiaõ bem favorável de satisfazer a este príncipe, naõ somente o amor, que lhe deve, mas também igualmente os bens immensos, que lhe retém, e que naõ está em estado de o reembolçar: e vem a ser assentir ao desejo de quatro milhoens de Americanos, que o pedem para seu rey, e que querem assim estreitar os laços, que unem as augustas casas de Bourbon ede Bragança, elevando a seu throno um príncipe, que a ellas pertence igualmente. Naõ he permittido a um vassallo fiel desenvolver aqui certas consideraçoensdeumaalta politica, que deveria ter induzido o ministro de S. M. Fidelissima a. aceitar, sem esperar a approvaçaõ da Corte de Madrid, a proposição, que lhe foi feita, e muitas vezes . reiterada pelo Governo das Províncias Unidas de Ia Plata. O Ministério Braziliense, único juiz do que lhe convém adoptar, mostrou nestas circumstancias uma delicadeza sem exemplo ; mas naõ está no poder de um vassallo, que ama o seu Soberano, o conter no seu coração os votos, que faz por um príncipe de sua casa, nem de acalmar os temores, que inspiram resoluçoens tardias, que deixam quasi sempre escapar os vores da fortuna. He a S. M Fidelissima, que a Providencia confiou a felicidade e a gloria de um paiz, cuja posição, extençaõ e immensas riquezas o chamam aos mais altos destinos: a elle pertence assentar as pazes e determinar os limites de um dos maiores e dos mais poderosos impérios. Os seus vizinhos se dirigem á sua sabedoria,parafundar um throno: do seu poder he o lancar-lhe os alicerces, e naõ depende senaõ de sua vontade, que seu neto seja o tronco de uma dynastia, que, tirando a sua origem das casas de Bragança e Bourbon, estenderá naquelle vasto paiz da America Meredional a gloria e o amor, que a Europa tem dedicedo a estes augustos nomes. Desde o momento, em que se divulgou este projecto, os publicistas mais celebres reconheceram suas vantagens
Fig. 06  A exemplo do rosário de fortes que guarneciam a costa da colônia brasileira. Mesmo assim Buenos Aires sofreu doze ataques de forças militares da Inglaterra nos primeiros anos de sua soberania,  A desembocadura do Rio Da Prata era vital para uma fértil e vasta área pastoril e agrícola. A cobiça estrangeira visava tanto esta matérias primas para as suas primeiras máquinas com um vasto mercado dos produtos da primeira ERA INDUSTRIAL.  


Os Inglezes e os Francezes o applaudiram ás invejas um dos outros, e todos os amigos da humanidade tem feito votos por sua execução. Em um século tam humano como illuminado, tudo quanto toca a felicidade dos homens vem a ser objecto de todos os estudos, e de todas as meditaçoens. He para alimentar esta generosa emulação, que ajunctamos ás nossas consideraçoens políticas, ás quaes teremos, em breve tempo, occasiaõ de acerescentar grandes desenvolvimentos, o extracto da nota, dirigida pelo Ministério de S. M. Fidelissima, aos Ministros das Potências Aluadas, no Congresso de Aix-la-Chapelle.
Nota dirigida aos Ministros das Altas Potências Aluadas, junctas no Congresso de Aix-la-Chapelle, pelo Governo de S. M. Fedelissima, contendo a communicaçaõ das proposiçoens, que lhe foram feitas pelo Governo actual das Províncias Unidas de Ia Plata, sobre as negociaçoens relativas a Monte Vedio.
Fazendo ás altas potências alliadas uma communicaçaõ, que tem por objecto uma accommodaçaõ das differenças, que se tem suscitado entre as Cortes do Rio-de-Janeiro e de Madrid, he a propósito passar em silencio as causas, que tem levado as províncias unidas de Ia Plata, a declarar-se independentes da dominação Hespanhola, assim como as que determinaram S. M. Fidelissima a fazer occupar por suas tropas o território de Monte-Vedio. Limitar-se-ha, portanto, unicamente á consideração do estado actual de cousas e de difficuldades, que se oppoem a uma conciliação entre as partes acima mencionadas, e termraar-se-ha este exame por uma communicaçaõ franca dos meios, que saõ mais adaptados, nas circumstancias presentes, para effectuar um arranjamento, em sua reciproca satisfacçaõ. As Províncias Unidas de La Plata se tem mantido na sua independência, durante um espaço de tempo considerável ; tem formado para si uma constituição, que durante todo este tempo, tem resistido ás difficuldades de todo o gênero, que tem experimentado: tem creado forças navaes e militares, em estado de as defender; tem-se munido de abundantes recursos, para seus projectos de commercio: tem ja conrespondencias estabelecidas com as primeiras naçoens commerciaes do mundo; em fim, qualquer que seja a sua condição de direito, ellas apresentam de facto todos os characleres de um Governo mui bem organizado, e todos os signaes, que devem fazer agourar, que assumirão uma graduação respeitável na escala politica das naçoens, senaõ as desviarem de sua carreira. Entretanto, naõ se pôde dissimular que, em circumstancias tam favoráveis, lhes faltam muitas cousas para consolidar a sua existência politica. Ellas tem de combater contra o Governo do Rio-de-Janeiro, pela posse de Monte-Vedio; contra o Governo de Hespanha, pelo reconhecimento de sua independência: e o que mais he, contra as Altas potências Alliadas da Europa, pelo triumpho de seus princípios, que saõ inseparáveis da existência actual de seu Governo
Fig. 07 A intervenção lusitana e brasileira em MONTEVIDÉU - em diversas campanhas militares e depois a criação da PROVÍNCIAS CISPLATINA - obedecia a vários interesses internos e externos.. . Nos interesses internos não havia coerência nem consistência para a formação de um ESTADO SOBERANO com uma Constituição com governo de coalizão nacional Nos argumentos externos estavam várias potências estrangeiras quesonhava este lugar como uma colônia ao estilo do que estava para acontecer na África, Da parte do Brasil havia o interesse de conter a fuga de escravos que encontravam abrigo no Uruguai,


Quanto ao seu estado interior, naõ se pode dahi tirar algum argumento contra a duracaõ de sua existência. Todas as partes desta republica estaõ unidas em sua resolução de manter a sua independência contra a coroa de Hespanha, e seria em vaõ que os Aluados se lisongearíam de destacar a menor destas províncias da liga geral. Entretanto o Governo dos Estados-Unidos naõ se tem resolvido areconh cèllas, e ainda menos a tomar parte em sua defeza. Os outros Estados-da America Meredional, que tem imitado o seu comportamento, naõ lhe podem dar soccorro algum. Elles tem necessidade de todos os seus recursos e de todas as suas forç«s para si mesmosTal he a situação real deste novo Estado, considerado era suas relaçõens com o Governo do Brazil, seu vizinho, com a Hespanha, sua metrópole, com a Republica dos Estados-Unidos, sua irmaã em revolução, e sua guia na carreira da independência, assim como com os differentes Estados da Europa, que formam hoje em dia uma confederação de Soberanos
Fig. 08  O contraste entre a arquitetura da  primeira ocupação do território argentino com as edificações posteriores evidenciava o rígido controle espanhol para que a colônia não tivessem conforto e que os eventuais tesouros acumulados pelo colonos fossem aplicados em Madrid.  Na medida em que a ESPANHA perdeu esta capacidade de controle econômico sobre as riquezas so seus súditos coloniais iam surgindo construções mais apropriadas para uma uma nação soberana


Nesta situação das Províncias de Ia Plata, as Altas Potências Alliadas entraram em uma mediação entre as Cortes do Rio-de-Janeiro e de Madrid, sobre Monte-Vedio, cujo território reclama a de Madrid, como possessão que lhe pertence; pela do Rio-de-Janeiro como possessão, que lhe he hoje em dia necessária para sua segurança ; e pelo Governo de Buenos-Ayres, como parte integrante destes Estados. As diffículdades, que se oppoem a uma accommodaçaÕ amigável entre as duas Cortes do Rio-de-Janeiro e de Madrid, tem sido sufficientemente desenvolvidas, nas discussoens, que tem tido lugar, durante as negociaçoens, de que se falia acima; mas ellas se tem feito insuperáveis, hoje em dia, por terem ambas recusado uma occupaçaõ armada neutra

Fig. 09 O mapa da cidade de MONTEVIDÉU, no ano de 1820,  mostra um cidade murada e com diversas fortalezas. O traçado ortogonal e reticulado seguem as normas filipinas.  mostrando ser uma cidade artificial e construída contra a cidade lusitana de COLÔNIA do SACRAMENTO. . As poucas quadras eram ocupadas pela elite colonial enquanto a maioria da população vivia em constante  mobilidade, è nestes habitantes flutuantes que Artigas recrutou os seus prosélitos vindos de todos os quadrantes

Neste estado, a Corte do Rio-de Janeiro, julgando que naõ podia esperar nenhum resultado deffinitivo da presente mediação, a respeito de Monte-Vedio, dirigio toda a sua attençaõ ás proposiçoens, que se lhe fizeram desde o principio, e que renovou no tempo presente o Governo da9 Províncias Unidas dela Plata, proposiçoens que reunido todos os interesses, lhe parecem merecer que sejam levadas ao conhecimento das Altas Potencias Aluadas, como capazes de fazer a sua futura mediação útil a todas as partes. Estas proposiçoens saõ: que se erija um throno nas Províncias Unidas de Ia Plata, e que um Príncipe pertencente ás duas Casas de Bourbon e Bragança se colloque sobre aquelle throno, de tal maneira, que esta antiga colônia de Hespanhoes se uma com a sua metrópole, para lhe participar o beneficio de sua independência, e por conseqüência uma paz durável; e que de outra parte as provincias Unidas em vez de serem, por sua proximidade, e pela natureza de seu Governo actual, constante objecto de susto para a monarchia do Brazil, façam com ella um só corpo, estando unidas entre si pelos laços do sangue, que correrá nas veias de seus respectivos soberanos; pela mesma forma de Governo; seus interesses geraes; e, sobre tudo, pela consideração de que este esestabelecimcnto livrará inteiramente as altas potências da Europa do temor de ver propagar a forma de Governo eos princípios demagogos, no Continente da America Meredional, e talvez de espalharem-se na mesma Europa. O Príncipe, que se pede, para futuro monarcha das Provincias Unidas de Ia Plata, he o Infante D. Sebastião, neto por uma parte do actual Rey de Portugal, por sua mãy; e por outra parte, neto do Infante D. Gabriel terceiro irmaõ de Carlos IV. O Infante D. Sebastião he filho único de de D. Pedro Carlos, e de D. Maria Thereza, Princeza de Portugal. Apenas tem chegado ao seu décimo anno de idade; tem sido educado por sua mây, princeza a mais iIlustrada e mais cheia de boas partes e desde sua mais tenra infância se tem imbuído das liçoens e impressoens, que o pódein faaev digno do throno para que he chamado. Tendo estas proposiçoens sido reiteradas pelo Governo das Provincias Unidas de Ia Plata, ao Governo de S. M. Fedelissima, este julgou que éra tempo em fim de as tomar muito em consideração, e de as levar, nas circumstancias actuaes, ao conhecimento dos Mnistros das Altas Potências Alliadas, como um dos expedientes mais bem combinados, para effectuar uma accommodaçaõ entre as Cortes do Rio-de-Janeiro e de Madrid, e para dar a paz a uma parte do mundo, legitimando a independência das Provincias-Unidas de Ia Plata. Fim.

Fig. 10 As águas rasas do Rio da Prata impedia que as grandes barcos transoceânico chegassem ao cais de Buenos Aires . A ilustração, ano de 1820, mostra uma curiosa maneira de resolver este problema com carretas de ALTAS RODAS

Refiexoens sobre as novidades deste mez.
REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL £ ALGARVES.
Disputa com Hespanha.
Miscellanea, pp.181 - 185

Deixamos traduzido, a p. 156, um opuscolo publicado em Paris, sobra as relaçoens políticas, entre as Cortes do Rio-de-Janeiro e Madrid; e parece ser o propósito do A. propor, que se faça das Provincias de La Plata uma Monarcbia, e para seu Rey o infante D. Sebastião, neto por parte materna de S. M. Fidelissima; e sobrinho por parte paterna de S. M. CathoKca. O Leitor achará naquella publicação factos de natureza mui importante, os quaes com tudo naõ tem passado, sem serem controvertidos. Diz ali o A., que a Corte do Rio-de-Janeiro mandara apresentar uma nota ás Potências Aluadas, em que lhe propunha a independência de Buenos-Ayres, para o fim indicado. Uma gazeta da Paris {Journal des Debati) que havia, na sua folha de 27 de Janeiro, inserido extratos da publicação; na folha de 5 de Fevereiro, trás o seguinte:
" Somos authorizados a declarar mui formalmente, que os factos avançados em um artigo do nosso Jornal de 27 de Janeiro, segundo um pequeno folheto intitulado, " As provincias de Ia Plata erigidas em monarckia, Sfc." saõ forjados e destituídos de todo o fundamento. O mesmo he a respeito da nota, cujo extracto se acha naquelle pequeno escripto, e que se suppunha haver sido dirigida pelo Governo de S. M. Fidelissima aos ministros das altas potências aluadas, reunidos em Aix-la-Chapelle, e tinha por objecto uma acconimodaçaõ entre as Cortes do Rio-de-Janeiro e de Madrid, pela reunião das provincias de Ia Plata em monarcbia, cujo sceptro se desse ao Infante D. Sebastião de Bourbon-Bragança. Esta peça he totalmente apocripba, e nunca se apresentou aos Ministros das cinco Cortes, reunidos em Aix-la-Chapelle, nota alguma a este respeito, nem dada pelo Governo de S. M. Fidelissima, nem por seus ministros plenipotenciarios na Europa." Temos razaõ para conjecturar, que esta contradicçaõ proveio do Marquez de Marialva, Ministro de S. M. Fidelissima em Paris. Mas seja como for, deixaremos a questão sobre a authoeidade daquella nota, entre o A. e o Redactor daquella gazeta; o Leitor decidirá, qual merece mais credito. Mas quanto ás reclamaçoens do Infante D. Sebastião, e o direito, que tem, a pedir indemnizaçoens a Corte do Brazil, saõ factos tara notórios, que nenhuma pessoa, informada da historia destas transacçoens, pôde nisso ter a menor duvida. O pay do dicto Infante D. Sebastião, o infante D. Pedro, éra o único herdeiro de seu pay o Infante D. Gabriel, logo esta herança pertence indubitavelmente ao Neto. Nesta rica herança ae comprehende um morgado, e muitos bens livres ; e o dote da Princeza de Portugal, que casou com o dicto Infante D.Gabriel; o qual dote foi de um milhaõ e oito centos mil cruzados, depositados a juro, áo tempo do casamento, no Erário Hespanhol, para depois serem empregados em terras, e fazer o apanágio dos descendentes do dicto Infante D. Gabriel; e o seu único descendente vivo, he o Infante D. Sebastião. Os rendimentos, que entaõ constituíram esta casa, excederam desde logo dous milhoens de francos por anno; e todo o principal e réditos está na maõ do Infante D.Carlos, e privado disso o herdeiro legitimo. 

Fig.11 Nas singelas CORRIDAS de CANCHA RETA e possível perceber três vetores da cultuar britânica, A primeira  e o cultivo do TURFE INGLÊS à moda criola, A segunda é na indumentária na qual os hábeis negociantes ingleses introduziram os tecidos fabricadas pelo teares industriais, Em terceiro, é de contornar  as TOURADAS IBÉRICAS que não tinham aceitação em território britânico No entanto os BRITÂNICO não tiveram êxito em impoem o seu SISTEMA MONÁRQUICO Neste sentido as lições francesas e norte-americanas combinavam melhor com as vastas planícies pampianas nas quais cada gaúcho se sentia um monarca sem prestar juramento a nenhum rei

Nem sabemos como se possa duvidar de que a Corte do Brazil reclama todos estes bens, assim como a rica mobília baixella e jóias, que importam em soinmas avultadissimas, para o Infante D. Sebastião ; pois a esse fim expresso se mandou a Madrid um Ministro encarregado somente deste negocio; e foi o tal Ministro o Desembargador Diogo Vieira de Thovar. Depois destes factos, que nem saõ, nem nunca se intentou que ficassem em segredo, antes saõ patentes a todo o Mundo, pode o A. julgar do credito que merece a contradicçaõ official no Jornal des Debats, sobre as asserçoens do folheto ; e se a refutaçaõ da nota ás potências aluadas, se estriba na mesma authoridade, que nega estes outros factos conhecidos, he de conjecturar, que também a nota seja verdadeira. Pelo que respeita ao projecto em si mesmo, faltando como políticos, estamos bem longe de achar nisso que reprovar, excepto na obstinação do Governo Hespanhol. A independência da America Hespanhola, em revolução, he cousa de que ja nenhum político duvida; logo i que mal podia fazer á Hespanha, em dar para pagamento de uma divida, aquillo que ja naõ he seu? Quem nisso teria muito a perder seria a Corte do Rio-de-Janeiro, se tivesse de ir tomar por força, e com imraensas despezas, essas colônias perdidas, que deviam servir de compensação ao Infante D. Sebastião. Se porém o mesmo povo de Buenos-Ayres deseja esse arranjamento, como meio de firmar a sua independência, e pôr fim á guerra ; entaõ dizemos, que se tal proposição fizesse a Corte do Rio-de-Janeiro, naõ só éra mui justa, mas até a julgamos liberal para com a Hespanha; porque em fim nisto se naõ propõem outra cousa senaõ, que as colônias de La Plata, que a coroa de Hespanha tem ja perdido, se dem a um Infante dessa mesma Hespanha, como he D. Sebastião, como indemnizaçaõ do que se lhe deve. Agora se os de Buenos-Ayres convém nisso ou naõ, he outra questão á parte ; e que merece toda a contemplação do Gabinete do Brazil, posto que, pelo fica dicto, seja indifferente á Hespanha. 

Fig. 12 É flagrante o contraste entre o perfil da CIDADE de Buenos Aires com o entorno rural. . Esta atração urbana irá aumentar co a passagem do tempo. Em 2020 o interior argentino é um grande oco habitacional. Esta quadro se acentoou com uam ERA INDUSTRIAL tadia e com os meios técnicos da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL

Sobre esta segunda questão lemos em um a gazeta Franceza (Constitutionnel de 28 de Janeiro,) uma noticia de Buenos-Ayres em que se diz o seguinte:— " A mudança, que aqui houve no nosso Governo, deo um golpe mortal ao partido, que queria erigir a nossa republica em monarchia, objecto sobre que se tinham reiteradas vezes feito secretamente proposiçoens, a varias cortes estrangeiras, e especificamente á do Rio-de-Janeiro, mas que as disposiçoens do povo, que se sondava a este respeito, sempre fizeram vaSs. O Director Supremo, Pueyrredon, que estava á frente deste partido, composto de mui pequeno numero de indivíduos, conheceo em fim, que o seu projecto éra impracticavel, e renunciou elle mesmo a direcçaõ dos negócios públicos. Entretanto he impossível deixar de convir, que este Estadista he animado d'um verdadeiro patriotismo, e de grande aversão á antiga dominação Hespanhola. Pode-se arguillo disto como de um erro de systema do Governo, que elle procurava introduzir."
Naõ tendo nós meios de averiguar, qual he o verdadeiro estado da opinião publica, nas provincias de Ia Plata, sobre esta importante questão, podemos com tudo concluir desta noticia, que ha naquelle paiz um partido a favor do projecto de que se tracta, e que o seu cabeça he de nada menos importância do que o Ex-Director Supremo, Pueyrredon. A Corte do Brazil, mais perto do lugar, do que nós estamos, e com mais opportunos meios de ter informa çoens, pôde julgar melhor do ponto até que tal projecto seja antendivel; mas esta mesma noticia traz com sigo a justificação do Ministério do Riode-Janeiro, em ouvir essas proposiçoens, se ellas lhes tem sido feitas por tam conspicuas pessoas de Buenos-Ayres. Portanto, se a questão se apresenta, como agradável a BuenosAyres, como uma cessaõ da coroa de Hespanha daquillo, que ja naõ he seu, e que nunca o pôde tornar a vir a ser, e se a pessoa do Infante D. Sebastião se nomeia, como uma indemnizaçaõ do que a mesma Hespanha lhe deve ; he necessário confessar, que naõ ha em tudo isto senaõ um projecto mui razoável. Agora, se fosse necessário ao Governo do Brazil entrar em uma guerra, para o alcance destes fins; a questão seria de natureza differente ; e entaõ sem duvida nos decidiríamos pela negativa

Fig. 13 O ódio aos BOURBONS não só se expressou pelo rei Luís XVI e a rainha Antonieta guilhotinados, A República Francesa promoveu uma caça sistemática a tudo aquilo que pudesse lembra esta dinastia, Nesta caça desencavou, violou e furtou os metais dos tesouros da necrópole real da Catedral de Saint Denis. .. A reação veio violenta com a restauração da dinastia dos BOURBONS - após o período napoleônico. No entanto, na síntese, o “ANCIEN REGIME” estava inteiramente  fora de qualquer projeto político a não ser de alguns retardatários recalcitrantes

O tempo dos reis autárquico -  se dizendo e se achando de origem divina - já havia terminado no Brasil, há 37 anos. quando a habito, as regalias estavam bem vivas conforme  a insatisfação expressa, em 1926, pelos articulistas da revista Madrugada[1]. Eles escreveram “a mudança do regime monarchico foi apenas, entre nós, uma substituição de accento grave por agudo, na personagem governativa, o que vale dizer uma pura questão gramatical”. Os articulistas constatavam “passamos do governo dos reis ao império dos reis, entidades perfeitamente concretas, bem soantes, amadas e poderosas”.  Personagens sustentadas, não pela sua competência política, cultural ou ideológica, mas pelas puras forças do regime patrimonialista do estamento de dominadores do estado imperial transfigurado apenas semanticamente em república. “Succedendo à aristocracia complicada dos brazões com corôa, os aristocratas do dinheiro formam um núcleo de cabeças ocas e barrigas fartas enchendo as ruas das mesmíssimas carroagens doiradas e vistosas nas quais os condes de antanho descansavam a indiscutível nobreza dos seus assentos’”. A economia patrimonialista imperial encontrou apenas outras formas de escravidão no uso do ‘pátrio poder’ corrompido, permitindo a esses personagens, travestidos de republicanos, viver sem precisar trabalhar e para produzir algo honesto. “Os Paes da pátria’ como esses Paes que notando na filha um Dom que a faz preciosa, exploram-na em seu próprio benefício, dormem regaladamente, na metade do anno, para na outra metade fruirem os milreis que a coitada ganhou a custa do seu trabalho”.
O passar do tempo mostrou firme e unânime resistência do POVO de BUENOS AIRES às SOLUÇÕES POLÍTICAS MONÁRQUICAS, vindas do ALÉM MAR. As províncias espanholas do Rio da Prata NÃO perderam ENERGIAS, DINHEIRO e TEMPO, como dos 67 anos de transição entre REGIME MONÁRQUICO (1822) até o BRASIL atingir o REGIME REPUBLICANO (1889)
As IDEIAS MONÁRQUICAS ainda repercutem altas e fortes, no BRASIL de fevereiro de 2020. A evidência desta afinidade politica, pela MONARQUIA BRASILEIRA[2]  ou aquela da ARÁBIA SAUDITA[3], ainda é perceptível nas preferências publicamente declaradas do primeiro mandatário do Brasil.




[1]  Revista Madrugada Porto Alegre, ano 1, nº 5. Dia 04 de Dezembro 1926 (sem paginação).
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
Non exercitus neque thesauri praesidia regni sunt, verum amici, quos neque armis cogere neque auro parare potes: oicio et ide pariuntur
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+  Texto completo da frase de  Sallustio - Bellum Iugurthinum - 10


SAINT DENIS ASSALTANDO os TÚMULOS REAIS  da FRANÇA outubro de 1793

IMAGENS HISTÍRICA de BUENOS AIRES e MONTEVIDEO

HISTÓRIA do URUGUAI

GUERRA CONTRA ARTIGAS

O PRÍNCIPE e BOLSONARO

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