sexta-feira, 7 de março de 2014

090 - NÃO FOI no GRITO.

 MANDAR no PRÍNCIPE:
Mediadores e atravessadores auto titulados mandam sem perguntar e dão conselhos importunos.

BRASIL em MARÇO de 1814 e 2014.

“...nem é da competência da Regência de Portugal o dar conselhos, não pedidos, sobre a política, que o Soberano deve adoptar; nem o Príncipe precisa de estimulo para voltar a Lisboa”
CORREIO BRAZILIENSE, VOL. XII. Nº 70, março de 1814, p.462 


Fig. 01 – Mapa da Península Ibérica em 1814. A Espanha -  fragmentada em 1814 - continua  ainda retaliada  em 2014,  apesar dos diversos regimes centralistas que sucederam em Madrid e da União Europeia. Enquanto isto o território de Portugal continental estava entregue aos militares ingleses.
O mandonismo dos coronéis e caciques brasileiros possui profundas raízes nos hábitos coloniais herdados de Portugal continental. Com este hábito ultrapassam, num passe de mágico, os limites da sua competência. Ao capturarem qualquer cargo, dilatam as sua função e da qual ninguém e nada escapa.


Fig. 02 – Moeda de 1814 com a efigie do Príncipe Regente e futuros  Dom João VI. O seu lastro era em ouro e miserável diante da imensa riqueza que havia fluido do Brasil no século anterior. Ouro que havia habituado  - a corte e seus dignitários - a uma vida e um luxo muito além das posses. Não há pobre mais infeliz daquele que já foi rico um dia no passado. Porém não perde ocasião para dar conselhos para quem não precisa deles.  Quando a corte retornou para Lisboa levou consigo todo o lastro do 1º Banco do Brasil que aniquilou com este saque. Agia como se fossem posses pessoais.

Evidente que Portugal livrou-se dos franceses. No entanto esteve entregue ao comando britânico. Por razões óbvias o redator o Correio Brazilense, refugiado em Londres, não podia registrar e documentar esta heteronomia lusitana  em relação aos ingleses


CORREIO BRAZILIENSE, VOL. XII. Nº 70, março de 1814, pp. 461-463  Reflexoens sobre as novidades deste mez. BRAZIL .

Retirada da Família Real para Portugal.

Pelas ultimas noticias, que chegaram de Lisboa, nos informam, de que ficava a partir daquelle porto para o Rio-de-Janeiro um navio, em que ia, ou uma deputaçaõ, ou um requirimento formal da Regência, a pedir que S. A. R. o Principe Regente voltasse para Lisboa.


Fig. 03 – Mapa do Brasil, de 1814, mostra um pais conhecido apenas pelo seu litoral com imensos espaços ainda entregues à natureza e com fronteiras terrestres  bem distintas daquelas de 2014. Mapa traçado pelos ingleses que se aproveitaram de um primeiro olhar propiciado pela abertura dos portos marítimos. Portos primitivos e improvisados e que eram guarnecidos por um rosário  inexpugnáveis fortes coloniais.

Quando S. A. R. se décidio a ir para o Brazil, houve muito quem se gabasse de que aquelle passo éra obra naõ do Principe, mas dos taes gavòlas; agora, que as cousas estaõ em termos de elle poder voltar, inventam-se estes requirimentos, para depois dizer alguém, que o Príncipe voltou em conseqüência das persuasoens de taes pessoas; quanto a nós, julgamos, que assim como S. A. R. de seu motu próprio foi para o Brazil, quando julgou aquella medida conveniente, assim também ha de voltar para Portugal, quando achar que isso se pôde fazer com segurança, e para bem do Estado.

Fig. 04 – Na prática o PODER ORIGINÀRIO continua em 2014  ainda se sentindo como em  1814. Ao promover um dos seus com ocupante do trono vago  de Príncipe achou um “culpado de tudo”. O infeliz que carrega responsabilidade do gigantismo das funções do Estado e se confunde com ele. Na fórmula maniqueísta de deliberar e decidir se “GOSTOU” o “NÃO GOSTOU” transfere culpas, méritos e suas sanções morais, sociais e econômicas ao infeliz que colocou contra a parede. Porém o povo sabe  que  naturalmente deverá pagar, as contas dos estragos 2014. Porém está habituada a isto, pois sempre foi assim mesmo. Tem o lenitivo de se ver livre do complexo de culpa.

Naõ póde duvidar-se, que a familia de Bragança he mui popular entre os Portuguezes; e que, ja por affeiçaõ, ja por interesse, a vinda de S. A. R. para Lisboa, he acontecimento que muito se deseja em Portugal; assim, se o povo de Portugal mandasse memoriaes ao Principe, de alguma forma que fosse, pedindo lhe que voltasse para o Reyno; isto devia ser agradável á familia Real, que veria em taes petiçoens, e memoriaes, provas da affeiçaõ de seus súbditos; e o Principe, agradecendo estas expressoens de lealdade, obraria como lhe parecesse mais acertado. Porém tal requirimento feito pelos Cortezaõs, que compõem a Regência, nem exprime os sentimentos da naçaõ, nem merece a attençao do Principe. S. A. R. naõ nomeou a Regência do Reyno, para o governar a elle Principe; nomeou-a para governar o Reyno; e quanto para o aconselhar, o Principe lá tem o seu Conselho de Estado com quem pôde consultar, e arranjar os seus planos.

Fig. 05 – O PODER ORIGINÀRIO– achou, entre eles, um dos seus para ser o “culpado de tudo” na prática diária Assim se ve   livre do complexo de culpa.  Carrega o infeliz com a gigantesca responsabilidade das funções do Estado.  e o confundem com esta construção humana artificial. O PODER ORIGINÀRIO sabe que não poderá recorrer à mitificação da origem divina deste poder monstruoso para a proporção humana. De outro não pode naturalizar este Leviatã  com medo de retornar aos caos primordial.

He contra esta mal entendida aristocracia, que a nossa política se dirige; porque julgamos esse augmento do poder dos que governara taõ pezado ao Monarcha, como pernicioso ao povo. S. A. R. nomeou a Regência para governar o Reyno de Portugal, segundo as leys do Reyno, durante a sua ausência, assim como, durante a sua residência em Lisboa, nomeou um Vice Rey, que governasse no Rio-de-Janeiro; ora, naõ pôde haver duvida de quom absurdo seria, que o Vice Rey do Rio-de-Janeiro, mandasse aconselhar a S. A. R. em Lisboa que fosse para o Brazil; portanto o mesmo se deve dizer da Regência de Lisboa. Como da ida do Principe Regente para o Brazil resultaram ao Reyno, e até mesmo á Europa, os grandes benefícios, que em outra occasiaõ apontamos, naõ faltou quem atribuisse a si aquella medida; se dali resultasse mal, esses mesmos, que louvam a medida, e a attribuem a si, haviam de ser os primeiros a espalhar pela boca pequena, que a culpa éra do Principe: e exaqui o systema Godoyano. Donde concluímos, que esta ingerência intempestiva a respeito da vinda de S. A. R. para Lisboa, só pode servir de lhe tirar a popularidade, que lhe resultaria do merecimento da decisão.

Fig. 06 – O variado PODER ORIGINÀRIO lusitano, de 1814, provinha de um caldeamento de etnias, culturas e continentes. O estado lusitano, ao limpar, uniformizar e expurgar etnias, credos e o contraditório,  estes “indesejáveis” criaram poderosas cidades, ativas companhias de produção, logística invejável e um comércio que superaram e se apropriaram, inclusive, das riquezas do ouro de Minas Gerais.

Por outra parte a volta de S. A. R, para Lisboa naõ deixa de ler embaraços, que se devem alhanar antes que elle volte. O Governo do Brazil adoptou certas medidas, que nós reprovámos aquelle tempo, e que he preciso remediar de algum modo que seja; antes que a Corte se torne a mudar para Lisboa. Isto requer tempo, e consideração. Por exemplo, acham-se os Estados de Portugal com dous Dezembargos do Paço, dous Conselhos da Fazenda, duas Junctas do Commercio. &c. &c. e sobre tudo acha-«e o Principe ligado pelo tractado de Commercio Roevidico, com o qual fez a família dos Souzas tal damno aos interesses da Naçaõ, que naõ se acha paralelo era outro algum acto anterior do Governo Portuguez; tudo isto requer, como dicemos, consideração, e que o Principe Regente pense nos meios, senaõ de remediar, ao menos de paliar estes males; antes que venha para a Europa, ou que se faça a paz geral.

Fig. 07 – Um desenho britânico documenta as condições materiais em que se encontrava, em 1814,  o PODER ORIGINÀRIO lusitano. O homem descalço, era dependente e condicionado mental, técnica e socialmente pela produção agrícola. Este agricultor explorava uma terra montanhosa pelas mais diversas culturas, técnicas e etnias . Estas se sucederam ali  durante 2.000 anos.  Todas elas presas  ao  ciclo implacável da Natureza, não tinham  como dar conselhos ao se príncipe e, muito menos, meios e fôlego para se revoltar com a sua situação.

Em uma palavra, estamos persuadidos, que nem he da competencia da Regência de Portugal o dar conselhos, naõ pedidos, sobre a política, que o Soberano deve adoptar; nem o Principe precisa dewe estimulo para voltar a Lisboa; porque o seu natural amor pelo terreno em que nasceo, quando naõ fossem outras consideraçoens, o fariam obrar assim; logo que as circumstancias lhe permittíssem. Mas a residência de S. A. R. no Brazil lhe ha de ter feito conhecer de perto, a impossibilidade de governar taõ vastos e distantes domínios, pelas mesmas regras, e estabelicimentos, que se instituíram quando aquelle paiz éra uma colônia insignificante, quasi deserta. Alem de que, como S. A. R. achou, que a sua mudança para o Brazil éra necessária para conservar a independência de sua Coroa; assim taõ bem, naõ se pôde julgar que elle deva mudar-se outra vez para a Europa, sem que primeiro se averigue, que a sua Soberania, e completa independência de toda a naçaõ estrangeira, estaõ seguras, e firmemente garantidas.

BATALHA de TOULOUSE 10.04.1814
Fig. 08 – A Batalha de Toulouse , travada no território francês, indicavam a derrocada definitiva do império e do sonho hegemônico de Napoleão Bonaparte


Quanto á Regência, todas as vezes que eila governar o Reyno, segundo as leys, tem cumprido com o seu officio.

Este evento do grupo de pressão de Lisboa ilustra esta época de passagem do paradigma dos soberanos iluminados, monocráticos e centralista em mudança para o do cidadão avulso que cultivava um EU soberano. Em resposta impunha-se cada vez mais o contrato coletivo nas quais as sanções eram coletivas e estabelecidas antes, durante e depois de toda ação coletiva especialmente num Estado. O servo medieval  podia atribuir todo os méritos, culpas das iniciativas de uma nação para um soberano hereditário, iluminado, monocráticos e centralista. A culpa de qualquer tragédia podia ser atribuída ao indivíduo colocado num cargo central.

NAPOLEÃO CHEGA à  ILHA de ELBA em 04 de maio de1814
Fig. 09 – O “culpado de tudo” chega à Ilha de Elba depois de perder a batalha de Toulon. Dli retornou nos seus “CEM DIAS” para finalmente ser abatido definitivamente na batalha de Waterloo. Remetido para a Ilha de santa helena entre a África e o Brasil. Porém os eventos ao longo do ano de 1814 já demonstravam a obsolescência e ruína do seu projeto hegemônico.

Assim a Revolução Francesa jogou todas as culpas sobre os seis que guilhotinaram. Do sangue destes bodes expiatórios brotou um EU que avassalou a todos e a tudo. Este EU chegava ao esgotamento em 1814.


Fig. 10 – As cortes lusitanas elaboraram uma constituição depois do seu regresso Dom João VI na qual os seus poderes ganharam  limites e competências. Ele jurou a nova constituição enquanto o seu filho proclamava a soberania brasileira e era guindado ao título de imperador. 

  Na conclusão é necessário distingui LOBISTAS – GRUPOS de PRESSÂO _ GRUPOS de INTERESSE. O Príncipe Regente e futuro  Dom João VI cabe o mérito da firmeza e da coerência. Ele permaneceu mais setes anos no Brasil. Foi coroado rei no Rio de Janeiro, em 06 de fevereiro de 1818, partiu no dia 21 de abril de 1821. Enquanto navegava no Atlântico Sul expirava numa ilha isolada em frente a costa do Brasil., no dia 05 de maio de 1821, o seu algoz maior que o expulsara da Europa. Chegou coroado em Lisboa 03 de julho de 1821 onde jurou a nova constituição no dia 01 de outubro de 1822. Enquanto isto o seu filho proclamara a Independência em setembro do mesmo tornando-se o 1º Imperador do Brasil com o nome de Dom Pedro I. 

Fig. 11 – A memória da epopeia napoleônica cultivada em Portugal em 2014 num curso acadêmico. Para Portugal possui significado renovado  pelo seu  envolvimento no projeto da unidade europeia da qual um dos seus representantes é um dos líderes máximos. A epopeia,  entre 1808 a 1814, ganha sentido e força diante da discussão dos limites e das competências de cada Estado da União Europeia diante da crise econômica.   

Cabe a Dom João VI o mérito da firmeza e da coerência em realizar a passagem de uma cultura medieval para uma sociedade de contrato. Nesta sociedade de contrato, os grupos de pressão são legítimos e éticos enquanto respeitarem a constituição aprovada publicamente e em plena vigência.


Fig. 12 – Os conselhos dos mediadores e atravessadores auto titulados de 1814, ganham corpo e sentido, em 2014,  quando, sem perguntar, mandam nas suas concepções de uma Europa unida. Concepções, que de um lado,  mergulham as suas raízes nos precedentes dos  impérios de Roma, de Carlos Magno, Carlos V e de Napoleão Bonaparte. Porém no lado oposto mostram, ao PODER ORIGINÀRIA da Ucrânia, como se manda e se brinca de Príncipe na política. Resta ao povo deliberar e decidir - numa fórmula maniqueísta - se “GOSTOU” o “NÂO GOSTOU” e, naturalmente, pagar as contas dos estragos..:
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FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

BATALHA de TOULOUSE



CRONOLOGIA de 1814




CURSO 1814-2014




DOM JOÃO VI




PORTUGAL DURANTE a AUSÊNCIA da CORTE




LOBISTAS – GRUPOS de PRESSÂO _ GRUPOS de INTERESSE





MONARQUIA CONSTITUCIONAL






NAPOLEÃO na ILHA de ELBA em 04.05.1814




OFICIAIS INGLESES na EXÈRCITO PORTUGUÊS




O FOCO do GRUPO de PRESSÂO é a ECONOMIA




TRAJES PORTUGUESES de 1814




USA: colocando o governo contra a parede



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