domingo, 10 de novembro de 2013

NÃO FOI no GRITO 084.


Como o BRASIL se percebia em NOVEMBRO de 1813 e  a
CRENÇA no ESTADO NACIONAL

Cândido PORTINARI (1903-1962) Chegada de Dom João VI à Bahia   no dia 22 de janeiro de 1808 - -  óleo 381 x 560 cm  -1952- BBM
Fig. 01 – Esta imagem - da chegada do Dom João VI à Bahia, idealiza o sentido desta retirada da Europa. Contudo ela retrata o ideal do projeto acalentado pelo Príncipe Regente.

Os anos de 1813 e de 2013 possuem algo em comum no plano internacional. Ambos são alimentados por projetos nacionais específicos e separados. Em ambos existem crenças e olhares lançados para além das fronteiras do Estado. Em ambos buscam-se nestes olhares informações interesseiras. A sua obtenção ocorre por meio de eventuais vazamentos provenientes de espionagens. Nestes contextos a importante conhecer aquilo que o Brasil pensava de si mesmo diante do concerto das nações antes de assumir a sua soberania. Importa também conhecer este projeto do Estado Nacional brasileiro no presente, nas condições e nas circunstâncias em que se encontra no ano de 2013.
De antemão é necessário esclarecer que o projeto do Estado nacional brasileiro sempre careceu de pretensões de soberania a expensas de outros, pois sabe quão pesado foi o jugo de três séculos de Regime colonial europeu. Dispensou também a pretensão de Hipólito da Costa da formação de Commonwealth lusitano diante de potencial sombra e fantasma da heteronomia externa.
Evidente que toda comparação é sempre odiosa. No contraditório é altamente elogioso o conhecimento de suas próprias competências face ás demais nações e ter projeto claro como e onde caberia o seu lugar no concerto do cenário mundial.

CRUIKSHANK George -1792-1878  - “BONEY STARK MAD”  Bonaparte louco de raiva ou mais navios, colônias ou comércio” caricatura  02.01.180
Fig. 02 – A partir das falsas notícias de Lord Strangford divulgadas no seu ofício de 29.11.1807, a imagem da retirada de Lisboa de Dom João VI, ganhou versões inglesas para agradar à imprensa popularesca e caricata britânica e a patuleia dos seus leitores que só conheciam a única versão que lhe era oferecida e que eles pagavam. É o lado inverso e tenebroso da imprensa que empregou todo o seu repertório estético e simbólico para desconstruir  a imagem daqueles que considera subalternos e na  sua heteronomia e construir em seu lugar os que considera favoráveis aos seus interesses. Contudo está longe da realidade e principalmente  do ideal do projeto acalentado pelo  Príncipe Regente.

Uma leitura atenta e ponderada do texto que segue permite perceber pontos de avaliação onde, como e porque há semelhanças, progressos e descaminhos.
CORREIO BRAZILIENSE VOL. XI. Nº 66. Novembro de 1813- pp.810-814

Miscellanea.
Reflexoens sobre as novidades deste mez.
BRAZIL.
Relaçoens da Corte do Rio de Janeiro com as Potências Europeas.

O defeito, que se chama cobardia, consiste em que. quando os homens comparam as suas forças phisicas e moraes com as de outros homens, avaliam as próprias, em menos do que devem ; e as alheas cm mais do que convém: e resulta dahi o sentimento interno de fraqueza, o temor, que impede fazerem-se os devidos esforços, para justa defeza dos indivíduos, e das naçoens.

Mapa  político da EUROPA em 1810
Fig. 03 – Na sua chegada à Bahia Dom João VI a  retirada da Europa gerou sentidos dúbios e contraditórios. Contudo este mapa da Europa de 1810 mostra a monstruosidade e poder na  mão de Napoleão Bonaparte. Contudo Portugal já mostrava índices do ideal do projeto acalentado pelo  Príncipe Regente. Em novembro de 1813 os exércitos aliados (ingleses, espanhóis e portugueses) estavam se preparando as batalhas de NIVE que se travaram, em dezembro deste ano, já em território francês.

Neste sentido imputamos á cobardia, a opinião daquelles Politicos Portuguezes, que asseveram que Portugal naõ tem forças nem meios de se defender, e sustentar a sua dignidade como naçaõ : e obram em conseqüência desses principios. He portanto da nossa intenção mostrar aqui o contrario ; e que se Portugal naõ goza entre as Potências da Europa uma dignidade mui conspicua, naõ he por falta de meios, mais sim pela cobardia de alguns de seus Políticos, que tem estado, e estaõ á frente dos Negócios Publicos.
Durante esta contenda, em que a Europa se tem empenhado contra a Revolução Franceza, succumbíram ao systema Francez todas as Naçoens Europeas, excepto a Inglaterra. E a ultima, que foi conquistada  pelos Francezes foi a Naçaõ Portugueza.

GRANADEIRIO  PORTUGUES por Horácio VERNET 1811 b
Fig. 04 – A imagem idealizada do soldado lusitano teve os dois lados. Evidente que a atmosfera politica gerada pela Revolução Francesa e as primeiras conquista do povo unido desta nação provocou partidários fervorosos a favor da França. Assim formaram-se batalhões lusitanos que agiram e se destcaram especialmente na Grande Armada napoleônica contra a Rússia. Evidente que o Correio Braziliense silenciou completamente a ação destes batalhões combatendo no  lado errado  para ele. Contudo pode ser lido nas invectivas contra os “covardes”

Dê-se o louvor a quem he devido, pelo que respeita a Portugal e naõ hesitamos em dizer, que aquella resistencia continuada, e prolongada portantos annos, foi sempre devida á firmeza de S. A. R, o Principe Regente de Portugal: a elle individualmente; porque he bem sabido, que entre as diversas opinioens dos Politicos da Corte de Lisboa, a maioridade foi de voto que Portugal sc naõ podia defender. E asseveramos que a opinião individual de S. A. R. foi sempre pelo contrario, e que em conseqüência de sua firmeza, a que os do partido contrario chamavam obstinação a favor da Inglaterra, he devido o sustentar-se Portugal livre do jugo Francez, até o ultimo periodo, em que todas as demais Naçoens do Continente se achavam prostradas.

CRUIKSHANG Isaac 1756-1811 Os Amigos do Povo - gravura 15.11.1792
Fig. 05 – Nunca a humanidade fabricou uma arma que não tenha usado contra o seu semelhante. A indústria bélica, com a linha de montagem passou a fabricar armas em série e em volumes jamais vistos. As guerras industriais do século XIX preludiaram a I e II Guerra Mundial onde este morticínio massivo e destruição de tudo e de todos. Os mercadores da morte massiva  já foram previstos nesta imagem da época napoleônica.

Chegou por fim o momento, em que S. A. R. naõ pôde mais resistir; nem aos esforços da França, nem á cobardia de seus Politicos e entaõ tomou uma resolução, que foi o principio da libertação da Europa. Aqui tornamos outra vez a attribuir todo o merecimento exclusivamente ao Principe Regente; porque a sua retirada para o Brazil he obra meramente sua, sem que fossem necessárias as intancias de seus Conselheiros, e muito menos a influencia de nenhuma Naçaõ Estrangeira. Nao podemos porem aqui deixar de alludir ao que My-Lord Strangford asseverou em seu officio á corte de Londres na data de 29 de Novembro de 1807 (vide Corr. Braz. vol. I. p. 20) que tendo tido conferências com S. A. em Lisboa aos de 27 Novembro, e representando as razoens que havia para se adoptar aquella  medida, S. A. R. publicara aos 28 o decreto, em que aununciou a sua retirada para o Brazil. O modo porque aquelle officio está concebido,  fez persuadir ao mundo, que Lord Strangford foi quem induzio  S. A. R. a retirar-se para o Brazil. Protestamos altamente contra este erro histórico; porque sabemos, por authoridades incontestáveis,  c naõ hesitamos nomear Sir Sidney Smith, entre ellas, que quando Lord Strangford entrou etn Lisboa na fragata Confiance, já S. A. R. tinha embarcado a bordo de sua esquadra a Familia Real; por tanto, naõ podiam ter a menor parte nesta resolução, as persuaçoens ou argumentos, que My Lord Strangford menciona por extenso em seu oíficio.

Fig. 06 – Os diversos governos disseminados no vasto e variado território colonial brasileiro  poderiam seguir  o que aconteceu com as diversas regiões da colônia espanhola. Sem a presença física da corte no Rio de Janeiro pode conjeturar na sua fragmentação ou então cair nas mãos de potências mais agressivas nas suas tendências colonialistas da era industrial.

Asseverando, por estas razoens, que o merecimento da resolução de S. A. R. a elle somente compete; veremos agora os resultados desta resolução em beneficio de Europa.
Naõ pôde haver duvida, que a intenção de Napoleaõ éra apossar-se  da Pessoa de S. A. R. e de toda a Familia Real de Portugal, como  fizera em Hespanha - pois declarou em Paris, que a Casa de Bragança tinha cessado de reynar em Portugal.
Daqui se devia seguir a posse dos thesouros da America, e portanto os meios de subjugar sem remissão toda a Europa, dirigindo-se a realizar o projecto da Monarchia universal.


Fig. 07 – A imagem de um exército napoleônico derrotado e frustração de não fazer o mesmo que haviam feito com o rei da Espanha. O Príncipe Regente  Dom João VI no seu silencioso embarque para a América frustrara esta glória para as águias gaulesas e no  maior sacrifício e contrariedade pessoal demonstrava que havia entre as nações outros caminhos e mundos do que a hegemonia planetária de um Estado totalitário comandado por um indivíduo por mais singular que fosse.  

S. A. R. porém, segurando a sua Augusta Pessoa, frustrou este plano de Napoleaõ, e conservou em sua familia um ponto de reunião para o patriotismo dos Portuguezes, e dos Hespanhoes, como tem provado os resultados. O merecimento individual do Principe Regente se realça ainda mais; pelas importantes conseqüências que se seguiram á Europa ; porque, em conseqüência de ficar segura a Familia Real Portugueza, se seguio o levantamento de Portugal  contra os Francezes; isto animou os Hespanhoes a seguir o mesmo:o exemplo da Peninsula foi citado pelo Imperador de Russia, em suas proclamaçoens, a Prússia se unio á Russia, a Suécia, a Áustria,e finalmente a Alemanha obrou da mesma sorte ; e o grande resultado tem sido a libertação da Europa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_de_Viena
Fig. 08 – Em 1815 o Império Napoleônico e da França já era uma lembrança do passado e um pesadelo para aqueles que haviam apostado tudo nesta miragem. Dom João VI costurara,nNo seu tempo de Brasil, o ideal do projeto que acalentara da unidade na sua colônia americana agora no status de Reino Unido. Cada dia da sua procrastinação do retorno para Lisboa e Europa certamente ganhava um sentido de aviso  e de consciência desta sua vitória silenciosa contra a covardia da burocracia de sua corte.
Na concepção do redator do Correio Braziliense a lúcida retirada de Dom João VI marca de inflexão efetiva e inicia um longo ciclo de resistências inicialmente passivas, mas que garantiram meios e a moral pública para reverter o quadro e depois confirmado pelas armas. Senão vejamos:

Mas para que um facto desta magnitude naõ fique unicamente fundamentado na nossa assersaõ; convém que transcrevamos aqui  uma passagem da falia de Lord Liverpool na Casa dos Pares, quando, se tractou de responder a falia que S. A. R. - Principe Regente da Gran Bretanha fez ao parlamento aos 4 deste mez.
Portugal (disse Lord Liverpool) naçaõ pouco poderosa, e talvez, naquelle momento particular, a menos militar da Europa, se fez formidável, e resistio com bom successo ás mais bem disciplinadas  tropas  tropas de França. Pequeno como he aquelle paiz em comparaçaõ de outras naçoens da Europa, com tudo o estabelicimento dos exercitos de Portugal foi da maior conseqüência, como fundamento  dos bons successos dos exércitos Alliados na Peninsula, e por que deo,  além do geral sentimento Nacional; um tom militar, debaixo de cuja influencia as tropas Portuguezas se tem elevado, a serem iguaes ás lnglezas."
Daqui pois fica evidente, que Portugal naõ somente pode defender-se mas deo o exemplo ás outras Naçoens, e no modo de pensar de My Lord Liverpool, foi Portugal quem começou a dar a esta guerra novo character, tornando-a guerra nacional, em vez de guerra dos Governos que até eu taõ éra. Nem contra isto está que Portugal  tem o auxilio de seus Alliados: as maiores Potências precisão, e se valem de seus Alliados; e o que queremos dizer he, que Portugal possue mais recursos para sua defensa e sustentação, do que nenhuma Potência da Europa de igual território ou população.
Poucas nações possuem potenciais riquezas inexploradas como possuía Portugal. Riquezas que motivaram o ataque e fúria napoleônica. Riquezas que fazem do Brasil de novembro de 2013 alvo de espionagem, de avaliação e de cobiças de interesses de além fronteiras.
Quanto ao numerário, nenhuma naçaõ possue minas de ouro mais ricas do que as do Brazil. Pelo que respeita a construcçaõ de vasos para uma marinha de guerra, o Brazil offerece abundância de madeiras. As minas de ferro naõ se tinham lavrado até aqui; porem agora he indubitavel, que podem ser mui productivas pelas experiências que se tem feito. A naçaõ Portugueza, possue os melhores marinheiros, que se pòdein desejar; e soldados Portugueses leraos elogios naõ suspeito» de todos os militares que os tem visto combater,
Isto posto he claro, que nenhuma naçaõ da Europa possue nem mais nem tantos recursos, á proporção de sua grandeza e necessidades. Mas como essa grandeza he limitada, e de pouca extensão, relativamente as outras Potências da Europa, argumentado daqui, que Portugal naõ he de pezo algum nos negócios da Europa. Isto he um paralogismo, inventado para cubrir a cobardia, de que nos queixamos no principio deste artigo.
Sem entrarmos em factos de tempos remotos, em que Portugal  effectivamente atroou o Mundo com o estrondo de seu nome; e limitando-nos unicamente ao tempo presente; deixamos ja exposto acima, como a mera decisaõ do Principe Regente, no que dizia respeito á sua pessoa, teve influencia considerável em derrotar os planos dos Francezes: e depois vimos a confissão de Politicos Estrangeiros, quanto ao exemplo que as tropas Portuguezas tem dado de  coragem e firmeza. Isto posto, he inegável, que Portugal tem recursos, e que pôde ter influencia nos grandes negócios da Europa; com tanto que os que estaõ à testa do Governo saibam ou queiram fazer uso de seus meios. Vejamos agora até que ponto essa influencia, ou esses recursos, que a produzem, podem chegar.
O nosso termo de comparação he a Suécia, aquelle reyno contem 2:826,000 habitantes, e Portugal 3:559.000. A Suécia tem em armas 43.000 homens. Portugal, com algum esforço, pôde apresentar em campo 60.000 homens ; alem de milicias, &c. As minas do Brazil e os productos do Commercio Portuguez, saõ superiores aos da Suécia, em proporção muito maior que a da população, ou do exercito das duas naçoens; e quando se faz entrar ao calculo o valor das colônias Portuguezas, principalmente o Brazil, a importância de Suécia, comparada com Portugal, he notavelmente pequena. Agora, o Governo Sueco commanda o seu exercita, posto que receba subsídios da Inglaterra para seu pagamento: offereceo-se-lhe uma ilha no golpho México, para induzir este reyno a ligar-se contra a França, fizéram-se-lhe promessas a respeito da uniaõ de Norwega á Suécia. O Principe da Coroa de Suécia recebe diariamente as mais assignaladas provas de respeito dos Soberanos Alliados, e como general do exercito Sueco, que conserva debaixo de suas ordens, cada dia une novos louros ás armas Suecas; depois de ter faltado ao Governo Francez no tom mais decisiva, e da mais firme dignidade.

ttp://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_de_Viena
Fig. 09 – O Congresso de Viena (02.05.1814 até 09.06.1815) retalhou o Império Napoleônico e redesenhando o mapa mundial sob os interesses dos vitoriosos nos campos de batalhas. Uma das mais conhecidas ações lusitana neste Congresso de Viena foi devolver as suas Guianas para a França.

Portugal, pela cobardia dos Politicos, que suppunham aquellereyno incapaz de defensa, achou-se sem exercito, quando delle necessitava ; levanta-se o povo ; e desembarca ali um exercito Inglez, sem ter feito nenhum accordo prévio com o Embaixador do Príncipe Regente de Portugal em Londres. Officiaes Inglezes saõ empregados em disciplinar os exércitos Portuguezes, e em os comandar ; as tropas do reyno obram como auxiliares dos que tinham vindo em seu auxilio., e naõ podem obter um tropheo, uma bandeira, que pendurem em seus templos. A situação de Portugal requeria isto, dirão; naõ disputamos este ponto ; porque he incidental á questão; o que queremos dizer he que Portugal podendo apresentar em campo um exercito maior que o da Suécia, tendo mais recursos do que ella; deveria pelo menos fazer uma igual figura no mundoe poderia, se os sous politicos soubessem fazer uso dos meios que tem, entrar na liga da Europa, fazendo com os demais alliados tractados taõ vantajosos como a Suécia, ou ao meuos figurar dper si no que lhe coubesse. O Brazil deveria dar o ouro, e Portugal a gente ; mas S. A. R. acha-se só era seu Conselho, e todas as vezes que falta o dinheiro, os seus financeiros naõ sabem cogitar outro meio, senaõ pedir emprestado à Inglaterra. O Soberano naõ pode, nem he da sua obrigação olhar para as miudezas das finanças, a seus ministro» compete isto; e elles naõ fazem mais que occultar ao publico os seu» meios e modos de receita e despeza. Naõ he assim, que uma naçaõ que tem a possibilidade de figurar, pode nunca chegar a ser poderosa.

Nestes pontos de avaliação só se deslocou no tempo e lugar para novembro de 2013 no Brasil dito soberano. Os pontos fornecidos pelo nº 66, de novembro de 1813, do CORREIO BRAZILIENSE,  no seu volume XI nas pp.810-814, investem contra o  problema da burocracia oportunista e mesquinha, senão covarde, da época. Porém, em novembro de 2013, continua presente e ativo o  problema da burocracia oportunista e mesquinha. Covardia que se aproveita do ritmo e do som do baixo contínuo da escravidão e da heteronomia colonial assumida e prazerosa que naturaliza, corrompe e aniquila os projetos de um Estado nacional soberano. Continua o discurso por cima  e por fora do “DEVE SER PARA os OUTROS” por mais coerentes e evidentes que sejam as propostas de partidos brasileiros, de grupos ou de indivíduos que contradizem, neste discurso, este projeto.  A propaganda e marketing - valendo-se das sedutoras melodias do canto das sereias colonialismo de 3ª geração - conseguem seduzir qualquer Ulisses que desvia, anestesiado, a rota de seu barco em direção aos funestos escolhos a semelhança do navio de cruzeiro Costa Concórdia.

Em novembro de 2013 a CRENÇA imoderada no ESTADO NACIONAL - vitima do neocolonialismo e sustentado pela rede da escravidão numérica digital - apenas trocou a máscara do BRASIL de novembro de 1813. Os aparentes progressos materiais exibem semelhanças nos descaminhos de 1813 e aqueles de 2013. Assim a máquina governamental concorria e se espelhava, em novembro de 1813 na novidade das máquinas das linhas de montagem das fábricas do início da era industrial. Este fenômeno da máquina governamental não parou de se expandir e se naturalizou ao longo de sucessivas gerações, de forma paralela com a expansão e o triunfo da era industrial. Estas operações e processos tornam-se virtuais e conceituais. Contudo o Brasil continua usuário e vitima da informática de outros centros tecnológicos que investiram pesado nesta área. Ao se tratar do domínio efetivo do espaço externo o Brasil é apenas usuário e um zero a esquerda da vírgula nas mesas das negociações espaciais. Apesar da sua fantástica biodiversidade natural está longe de ser líder na cultura da biotecnologia e domínio efetivo da área aberta pelo domínio do código genético.
Ao percorrer as páginas do Correio Braziliense de novembro de 1813 existe uma semelhança atroz:
 “se Portugal naõ goza entre as Potências da Europa uma dignidade mui conspicua, naõ he por falta de meios, mais sim pela cobardia de alguns de seus Políticos, que tem estado, e estaõ á frente dos Negócios Publicos”.
Parece que a forte ex-colônia lusitana, e refugio de Dom João VI, herdou este traço funesto.  Importa ocupar cargos públicos. As funções são escamoteadas, esquecidas e corrompidas pelos ocupantes transitórios destes cargos. Cargos criados, mantidos e reproduzidos com tantos sacrifícios, mas frustrados pela ignorância, pela covardia senão pela própria corrupção ativa e passiva. Este traço foi estudado e registrado no regime imperial por João Francisco LISBOA (1812-1863) no “Jornal de Timon” a partir das  suas próprias observações empíricas da politica praticada na província do Maranhão. Regina ABREU, na obra ”A Fabricação do Imortal”, observou a mesma prática multissecular projetada no cenário da capital federal e o seu deslocamento para a origem do regime republicano. 

Fig. 10 – A Missão Artística Francesa - que havia construído a imagem, o mito e a glória de Napoleão Bonaparte – empregou todo o seu repertório estético e simbólico para construir - nos trópicas a partir de 1816 - a glória, o ritual de consagração pública do  Príncipe Regente na sua passagem para o efetivo poder do trono real de Dom João VI (1767-1826) e da casa dos Bragança. Para tanto se valeu de todo o arsenal da mitologia greco-romano sem esquecer os rituais dos chefes gauleses colocados de pé sobre os escudos para comemorar as suas vitórias.

Os tuteladores do governo, os seus atravessadores e mediadores usam cenário perfeito a crença imoderada e incoerente no ESTADO NACIONAL. Modelam a opinião pública por meio deste cenário desta crença.  Estetizam e tornam palatáveis os atos governamentais por mais hediondos, indigestos e caros quesejam. Na essência há pouca diferença do cenário de Debret (fig. 10) comparado com a essência daquilo que as mídias eletrônicas jogam - por cima do público brasileiro desavisado - no âmbito dos atos governamentais praticados em novembro de 2013. 
O brasileiro continua a se perceber como motorista do patrão governamental. E pior, sentindo-se feliz e honrado com esta função e para  qual não possui contrato e nem, ao menos, o cargo formal.

FONTES BIBLIOGRAFICAS

ABREU Regina A Fabricação do Imortal: memória, História estratégias de consagração no Brasil Rio de Janeiro: Rocco Lapa 1996 225 p.

LISBOA, João Francisco (1812-1863) Jornal de Timon: eleições na Antiguidade, eleições na Idade Média, eleições na Roma Católica, Inglaterra, Estado Unidos, França, Turquia e eleições no Maranhã Bras´lia; Senado Federal 2004 326 p


FONTES NUMERICAS DIGITAIS.

CONGRESSO de VIENA 1814-1815

COSTA CONCORDIA

CORREIO BRAZILIENSE – novembro 1813

CRISE da ESPERANÇA no ESTADO NACIONAL em 2013

Dom JOÃO VI

Dom João VI se transfere ao Brasil

NOÇÕES de CENÁRIOS TEATRAIS

PREPARANDO as  BATALHAS de NIVE

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