O DISCURSO por CIMA e
por FORA em
janeiro de 1812 e em
janeiro de 2012.
Fig. 01 – O DISCURSO por CIMA e por FORA numa ESCOLA de ARTES em JANEIRO de 2012 Nesta imagem é visível a infinita distância plástica e emocional entre as duas figuras
femininas colocadas e separadas pelas paredes - de concreto - neutras e frias
O discurso por cima e
por fora constitui recurso para dissimular o GRITO selvagem e primitivo. Tanto
o grito como o discurso externo vazio buscam, como objetivo único e central,
calar e evitar a realização de qualquer contrato honesto e consciente com seu
interlocutor. Quem ouve o grito ou o discurso
vazio cala e consente por razões não declaradas.
Fig. 02 – O DISCURSO por
CIMA e por FORA -do DOMINADOR - é ESCANCARADO em JANEIRO de 2012. A CULTURA do
OUTRO nada significa para o DOMINADOR de OCASIÃO. Pior, na medida em que os
dominados cultivam o SILÊNCIO , a sua cultura torna-se perigosa e temida. A solução é eliminá-lo sumariamente e
desqualificá-lo mesmo depois de morto para gerar, reforçar e alimentar o processo entre os colegas DOMINADORES e assim reproduzir o seu PODER por tempo indeterminado. .
Le
Monde 13.01.2012
Este grito ou discurso
vazio prepara o seu próprio terreno. Para isto elimina, preventivamente,
qualquer argumento da mente e do corpo de quem pretendia como vitimas políticas
e sociais do grito e discurso alienante. O colonizador controlava mentes e
corpos para dar livre curso ao seu esbravejar e arengas sem sentido além do
poder puro e sem contraditório possível ao longo dos três primeiros séculos da
cultura brasileira.
Não era só a cultura política e
social da colônia americana, mas da própria metrópole lusa era vitima deste
controle da elite dominante encastelada no poder central conforme pode ler no CORREIO BRAZILIENSE Janeiro de 1812 - Vol. VIII.
No.44, PP. 46-54
E senao, perguntára mos nos ¿como he possivel apparecerem Loke, ou um
Montesquieu em Portugal, se este regulamento está prohibindo, que naõ
se raciocine sobre matérias de
Governo?
Como sempre as desculpas eram as mais esfarrapadas para
este controle implacável. E o poder colonial não tinha a menor razão de temer
algum poder ou controle superior. E a retórica vazia conseguia achar e dar
livre curso inclusive com argumentos para demonstrar que este limite era bom e
útil ao próprio PODER ORIGINÀRIO da nação lusa. Assim o editor do Correio
continuava a registrar os recursos e as consequências imediatas deste controle
irracional.
A
razaõ que daõ os do Governo Portuguez para ésta prohibiçaõ he, que naõ desejam
occupar os animos dos povos com taes discussoens ; porque, incapazes de discorrer
em taes objectos, dao facilmente em desvarios. Mas â força de naõ querer que os
povos raciocinem em materias de Governos, naõ acham quem saiba raciocinar
nellas; nem ainda entre os que estaõ á testa Governo; e isto por uma razaõ bem
obvia.
Fig. 03 – A meia verdade do “TRABALHO LIBERTA” foi
aproveitada pelos teóricos nazistas
diante da universal falta de oportunidades e trabalho decorrentes das
consequências catastróficas da perda da Iª Guerra Mundial pela Alemanha. Os DISCURSOS, por CIMA e por FORA, dos MESTRES DOMINANADORES progrediram
diante deste cenário até o limite do absurdo e dos crimes ESCANCARADOS ao mundo horrorizado em MAIO de 1945 em DACHAU e outros campos de extermínio
humano massivo.
Ninguem
tem o direito de discutir sobre os negócios politicos, senaõ os ministros de
Estado, e Conselheiros de Gabinete ; mas como elles saõ nomeados para estes empregos sempre em idade um tanto avançada; ou
haõ de aprender a politica violando as leys, que prohibem escriptos, e leitura
nesses materiais a todo o povo em geral; ou haõ de iniciar nesse estudo depois
de velhos, quando por estarem no Governo lhes he entaõ permittida essa leitura.
Como he possivel, logo,
encontrarem.se homens bons politicos, e capazes de reger a Republica, em um
Estado assim constituido. Os poucos homens, que poderaõ aprender a politica,
saõ os que forem empregados nas Cortes estrangeiras : mas além do seu numero
ser mui diminuto; e ordinariamente tirados de má classe, e de má educaçaõ ; as
occupaçoens do homem diplomatico naô lhe daõ tempo para esses estudos, e o
manejo das negociacoens lhes dá certa adhesaõ á subtileza, em preferencia á
solidez de sua politica ; que os faz menos capazes para o governo das naçoens,
do que ncnhuma outra classe de politicos
Fig. 04 – A meia verdade
do “ONDE EXISTE UMA NECESSIDADE... EXISTE UM NEGÒCIO” pode transformar a
necessidade básica - da sede física humana - num negócio rentável e depois de num
hábito cultural tirano pelo qual se sacrificam os mais elementares valores de uma multi-milenar
civilização. Assim se atualizam e universalizam as preocupações dos ministros
lusitanos de janeiro de 1812.
Porem aonde estes regulamentos saõ mais notaveis, he
no 3º artigo; em que se indicam quaes saõ as obras que se devem licenciar; e se
manda promover a publicaçaõ das obras em que se
tracte do adiantamento das sciencias, das artes, da industria, em geral, de
bons principios de administraçaõ, de melhoramento e reformas uteis, muito
interessantes, susceptiveis de fazerem as nacoens os maiores bens, e jamais lhe
podem fazer mal; e antes no momento actual, pelo enthusiasmo que podem
introduzir divertem o povo de ideas, das quaes ja mais seguramente lhe vem bem
algum!
Se o Secretario de Estado naõ fosse aqui taõ
verboso, naõ lhe escaparia o segredo que deveria por sua honra occultar; por
quanto as ultimas palavras do periodo, que mencionamos, mostram quaes saõ as
obras, que unicamente se poderem licenciar; ou, por outros termos, qual he a
razaõ porque se naõ prohibem todos os livros; e he porque
Ihe convem deixar correr " os que podem divertir o povo." Assim por
exemplo, o Almocreve das Petas, a Gazeta de Lisboa, as obras do Padre Jose
Agostinho, não encontraraõ a menor difficuldade em correr ; porque entretem o
povo, e o divertem de ideas das quaes jamais seguramente lhe vem bem algum. Eis
aqui o segredo que o Secretario de Estado deixou escapar.
Com
esta chave será facil decyfrar o resto destes regulamentos, e a nullidade das
palavras, que parece concederem obras sobre melhoramentos de administraçaõ,
sciencias, &.; e he com ésta chave que se conhecerá o motivo porque se
tinha ja prohibido; e se repette agora a prohibiçaõ, de que se naõ falle nada a
respeito das Cortes de Hespanha nem a favor nem contra.
Fig. 05 – A verdade do “VIGIAR e PUNIR” pode tomar
a forma de um JUSTIÇA de olhos abertos e prontos para lançar o seu GRITO e DISCURSO LEGAL POR CIMA e por FORA
das mais elementares necessidades básicas humanas, ainda não satisfeitas, e que a
Justiça não pode propiciar e atender de uma forma direta e apenas pelos meios ao seu alcance e por sua
natureza intrínseca..
Detalhe da
escultura de Maximiliano FAYETH (1930-2007) colocada na parede sul do prédio do
Palácio da Justiça de Porto Alegre
Pode-se levantar uma
critica direta ao autor do Correio Braziliense pode-se argumentar que ele também
elabora e faz circular um discurso por cima e por fora. Refugiado em Londres, Hipólito
José da Costa, também realiza um discurso por cima, por fora e distante da
realidade concreta do Brasil. Todos percebiam o caos napoleônico da Europa, à
verborréia latina e aos afeitos atrozes na cultura brasileira de três séculos
de colonialismo puro direto e sem janelas. No entanto, é possível argumentar contraditório
que este jornalista jamais poderia elaborar e fazer circular os seus impressos
no e para os territórios lusos se ele residisse e quisesse editá-los no Rio de
Janeiro de sua epoca, de Lisboa ou mesmo escondido na Colônia do Sacramento
natal.
O que se denuncia de
fato é continuação indiscriminada deste processo de alienação. Tanto dos teóricos,
dos editores e do publico que esperam e
respeitam no Brasil e culturas chanceladas
pelas mentalidades dominantes que vicejam á sombra da Torre Eiffel, do Big Ben, do Empire State
ou da cúpula da catedral de São Pedro.
Fig. 06 – A cidade “CIRCULAR e PERFEITA como o GLOBO OCULAR”
pode esconder, no seu centro, o mais cruel, despótico e subliminar controle e
pronto e apto para irradiar um discurso
por cima e por fora único, fixo e avassalador das periferias desprotegidas..
Evidente que estas
culturas são legítimas para povos que planejaram, trabalharam e as socializaram.
Na proporção e na medida que ampliam a
população que lhes obedecem, tornam-se socialmente decisivos e mais poderoso o território
que ocupam fisicamente. Mas a sua adoção indiscriminada pode causar os mesmos
efeitos colaterais que a introdução de espécimes da fauna e flora em ambientes
virgens e sem predadores. Na origem são aparentemente ingênuas e inconsequentes
para as culturas locais. No Brasil foi a
introdução do positivismo. Uma mentalidade de uma população esparsa dominada pelo colonialismo, escravidão
voluntária a e imposta, percebeu - nesta cultura exótica - uma oportunidade de
um discurso por cima e por fora ao estilo do catecismo comtista. Ainda que
Comte não possa ser acusado, pois ele expressava um ponto muito particular que
se havia disseminada de uma cultura industrial e mecanicista que andava
subliminarmente.
Os
paradigmas são íntegros e integrais.
Não é possível adotar
uma ação, costume ou hábito isolando-o do contexto de sua origem. Uma cultura
alheia arrasta para dentro da outra cultura todo o contexto de sua origem.
Ação, costume ou hábito estranho constitui um aparente e inocente fractal e que age como um microscópico vírus nem
ente cultural estranha e contra o qual não existem defesas.
As grandes culturas
milenares e que se julgavam eternas, onipotentes, oniscientes, onipresentes desapareceram quando admitiram no seu ente
cultural como pequenos fractais
representado por ações, costumes ou hábitos de culturas alheias,. Isto aconteceu com a egípcia, ou antigas pré colombiana Os gregos sucumbiram diante da adoção
de costumes e hábitos romanos..De outra parte os gritantes fracassos de granes
massivas culturas como a persa fracassaram diante de minúsculas culturas que
tinham um projeto nacional e sabiam o que admitir ou recusar.
A cultura brasileira está longe de um projeto nacional consciente. Em janeiro de 1912 a cidade
de Salvador da Bahia foi alvejada pelos canhões da base da Fortaleza de São
Marcelo com efetivos militares obedientes às velhas oligarquias cujas raízes
estão no mais baixo colonialismo e da escravidão legal.
No contraditório, no
momento da falta de interação com culturas alheias, a morte também é certa. No meio
da contradição – entre os extremos da endogenia e, do lado oposto, a dissolução
de todas as fronteiras e limites de um aqui e agora, impõe-se a colocação de um
projeto consciente de identidade. Dissolução provocada pelo capricho inconseqüente
e carente de sólidas raízes alimentadas por um todo consciente continuado e
proveniente de todas as suas circunstâncias.
Fig. 07 – Contrariando o GRITO SOLTO e o DISCURSO,
por CIMA e por FORA, a imprensa livre, FACILITA e GERA o HÁBITO do
CONTRADITÓRIO de uma imprensa única, tanto oficial com dominado por grupos
corporativos e interesses inconfessáveis.
A Revolução Francesa ganhou as ruas, mentes e corações pelos milhares de
jornais nanicos ao estilo de “O CARTEIRO”
Aquarela de Joseph
Seraph LUTZENBERGER 1882--1951,
A Arte sempre forneceu
as fontes físicas e mentais para as
civilizações mais elevadas e que se projetaram para além e longe de suas
fronteiras físicas e que mais duraram no tempo.
Um milhão de pessoas se
manifestando na praça pode ser uma ameaça e uma causa segura de preocupações.
Este Leviatã poderia mover toda uma nação. Contudo os efeitos pouco duram e
as consequências desse grito uníssono da multidão, no âmbito da História de
Longa Duração. O grito uníssono e as suas potências aparentes, provocaram reações proporcionais e contrárias da própria
multidão. Assim , em meio ao grito desta
multidão, um único tirano sentiu-se legitimado para interpretar e realizar os seus próprios objetivos e muito longe
- e até contra - do PODER de sua ORIGEM, senão para desgraça coletiva.
Fig. 08 – A cidade pragmática “ mal-estar de qualquer
civilização” apesar de todos os discursos e declarações de amores pela GRANDE MAÇÃ Mural de Diego Rivera
O grande sujeito
uniforme e linear da história sonhado por uma cultura positivista da ORDEM e do
PROGRESSO atomizou-se. Esta atomização crítica contaminou a lógica das grandes
empresas de comunicação, de comércio e de produção sonhado para o grande sujeito
uniforme e linear da história sonhada pelos primitivos profetas do socialismo
ingênuo. Os sujeitos constituíram-se MICROS AGENTES carregados como potencial,
energia e lógica que contaminaram os MACROS sonhos e tiraram a lógica dos cálculos.
Troque
a sua memória e... seja feliz
O ideal de uma
democracia ocidental é a possibilidade de escolher qualquer sujeito como
líder. Esta cultura incentiva e premia a
busca de cada EU completo como uma personalidade positiva do grande holograma
de uma cultura na qual todos os fractais tiverem a formação e a informação de
um TODO maior ao qual pertencem e interagem.
Este TODO exerce um patrulhamento ideológico que manda apagar e trocar constantemente as memórias PARTICULARES e individuais a favor deste TODO impessoal com o argumento que TODOS POSSAM SEREM FELIZES
Este TODO exerce um patrulhamento ideológico que manda apagar e trocar constantemente as memórias PARTICULARES e individuais a favor deste TODO impessoal com o argumento que TODOS POSSAM SEREM FELIZES
Cultura
fria e cínica.
Na cultura ocidental a
criatura humana necessita enfrentar, a cada instante, a filosofia do cinismo, o
drama da ironia mórbida e a mais pura tragédia do pessimismo da inutilidade de
qualquer trabalho. Defronta-se, além de suas limitadas forças, com a extensão
dos estreitos espaços que a trindade absoluta do "começo, meio e fim". Trindade que
emoldura, encapsula e encerra qualquer perspectiva humana.
Perigos
iminentes
Na conclusão é
necessário insistir, que mesmo no plano cultural, a reação possui força
proporcional e contrária a ação destes gritos e discursos. De um lado a reação
poder ser o silêncio tumular, desconsertando e abolindo qualquer semente de
projeto.
No caso do discurso cínico vazio e frio, a reação pode ser o retorno à emoção, ao misticismo e as emoções mais cruéis e primárias. Reação que se conhece como "barbárie contra a civilização".
No caso do discurso cínico vazio e frio, a reação pode ser o retorno à emoção, ao misticismo e as emoções mais cruéis e primárias. Reação que se conhece como "barbárie contra a civilização".
Fig. 09 – O GRITO SOLTO e o DISCURSO, por CIMA e por
FORA, é NATURAL, FACILITADO e GERADO pelo HÀBITO da PECUÀRIA
PRIMITVA. Basta estar sobre - e dominar - o
cavalo para sentir-se o dono do mundo e o regulador de gente e bichos.. O PEÃO MEDIEVAL transforma-se em DOMINADOR quando é CAVALEIRO
Litografia de Léo DEXHEIMER, (1935)“Sem título e
data” ...18 x 37 cm - Acervo da
Pinacoteca Aldo Locatelli PM-POA-RS
Em síntese há
necessidade de concordar com o mestre Leonardo da Vinci quando afirmou “onde se grita não existe verdadeira Ciência”.
Ou em outros termos, o grito e o discurso vazio são avisos seguros da barbárie
e da dominação do rebanho no caminho para o matadouro.
Na prática concreta o PODER ORIGINARIO possui comprovadas sobras de
razões para desconfiar e não acreditar em todo o discurso que venha de cima e
de fora da sua realidade. Para quem é colocado acima e por fora das
circunstâncias empíricas - deste mesmo PODER ORIGINÀRIO - cabe o trabalho de
entender e exercer o papel do CULPADO de TUDO.
FEATHERSTONE,Mike –O
desmanche da cultura : globalização, pós-modernidade e identidade. São
Paulo : Nobel-SESC 1997, 239 p.
DESRESPEITO
HUMANO e CULTURAL
FÀBRICA
de ARTISTAS
Texto
integral do Correio Braziliense – Janeiro de 1812 VOL. VIII. No. 44. Disponível
em:
SANCHES,
Ribeiro, 1699-1783 Cartas sobre a educação da mocidade / António Nunes Ribeiro
Sanches. - Porto : Domingos Barreira, [19--]. - 236 p., 2 f. ; 19 cm. -
(Portugal / Joaquim Ferreira ; 25) disponível na integra em http://purl.pt/148/1/
O bombardeio da cidade de Salvador
Correio do Povo ANO 117 Nº
114 - PORTO ALEGRE, DOMINGO, 22 DE JANEIRO DE 2012 p13 Há um século
A presente
postagem possui objetivos puramente didáticos
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