quinta-feira, 21 de julho de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 004

OPINIÃO de IVAN WINCK

RIO PARDO POSSUI VIDA PRÓPRIA

Rio Pardo continua a sua função silenciosa e atenta de Tranqueira Invicta também no campo cultural. Os seus habitantes sabem distinguir, de muito longe, do alto de suas colinas, graça a este silêncio cultivado, o tilintar das barulhentas caravanas dos Mefistófeles. Caravanas que lhes querem impingir riquezas momentâneas, títulos honoríficos e, em troca, querem o comando definitivo da sua alma.

Esta vida própria e esta resistência silenciosa e continuada podem ser conferidas nas opiniões de IVAN WINCK, relativo ao BLOG e ao seu TEMA, quando pondera:


Blog do fotógrafo Ivan Winck... Veja Rio Pardo como você nunca viu antes

http://www.revelandoriopardo.blogspot.com/

wivanck@yahoo.com.br

“Em meio a uma babilônica poluição sonora cultural, podemos aqui neste blog do professor Círio Simon encontrar alento no pensamento instigante de uma mente lúcida e provocativa...

Sabemos que uma obra tem valor quando ela nos toca, nos perturba, nos agita, nos faz conectar neurônios de alguma inusitada outra forma...

“Não foi no grito”...

Este blog me “perturbou”, rsrs...

Mesmo que desde crianças tenham nos ensinado que até mesmo o nosso país surgiu de um “grito”, bom, um dia podemos encontrar um mestre que nos abra os olhos e nos mostre todo um lado oculto, simplesmente ao revelar em silêncio que “não foi no grito”...

O professor Círio me fez pensar nesta coisa do “grito”...

No que tange a sua história, parece que nossa nação, que dizem ter começado “no grito”, tenha assim começado mal e talvez seja esta a razão de vivermos até hoje “debaixo de tantos gritos”...

Será que somos uma nação que acha bonito o grito?... O grito é heróico, poderoso, útil?...

Sempre achei estranha a forma como se deu a “Independência do Brasil”... Enquanto nos outros países (incluindo aí o poderoso USA), a independência foi conseguida pelo povo da terra “saindo no pau” contra o povo colonizador, no Brasil não foi bem assim...

Foi um simples “Bye-bye Rei que está lá, que agora eu, seu filho, sou o Imperador que está cá, pois, pois!”...???... Um “imperadorzinho paz e amor”?...

Afinal, aqui nos dizem que o filho do “hômi” lá de Portugal gritou “Independência ou Morte!” nas margens do riacho Esso, e assim continuou mandando por aqui um português, enquanto que para a massa não mudou muita coisa isto?...

Não teve espadagaços, dupla Tiro & Teio, canhões mandando bala e milhares de pedaços de corpos espalhados pelos verdes campos da Pátria?...

Uma guerra de independência onde, entre mortos e feridos, salvaram-se todos?...

Seria a independência de nossa nação a maior “piada de brasileiro” que os portugueses poderiam contar?... rsrs

E então, a partir deste “grito”, dê-lhe quadros de Pedro Américo, hinos pomposos, bandeiras tremulantes, histórias oficiais, desfiles militares, fabricação de heróis, cruzadas patrióticas, feriados nacionais, propagandas de nobres ideais, fartas distribuições de comendas e medalhas e títulos e terras...

Mas de Educação verdadeira, assim, tipo septicemia generalizada no Corpus brasilis, pouco tivemos até agora... A “Doença da Educação” segue controlada pelos “gritadores”...

Com ela saberíamos todos que a independência de um povo nunca vem apenas do grito de algum “salvador da pátria”... Todo um processo envolvendo forças sociais brasileiras trabalhava fermentando a ideia de independência muito antes do romanceado episódio do “grito”...

E ele que não gritasse, pra ver só o que é bom pra tosse!... rsrs

Até por que, segundo dizem, a mulher dele mandou também uma carta, recebida às margens plácidas do Esso... Dizia nela que ele deveria colher logo o fruto, pois estava maduro. Se esperasse, iria apodrecer...

Se o cara não apanhasse o fruto “no grito”, iria acabar até apanhando da mulher!! Kkkkk!...

Infelizmente, a parte ipirânguica do “grito” é a historinha que mais nos contam na infância, e todos nós sem muito pensar acabamos acreditando nela que nem no Papai Noel e no Coelho da Páscoa, mas...

Não foi no grito...

Lembro então que depois veio a República, que alguns intelectuais acusam de ter sido decidida “no grito” por um grupelho de militares... Os quais, depois deste feito, saíram orgulhosos desfilando a cavalo pelas ruas para comemorar... Mais tarde, suas esposas perceberiam o quanto aquilo os excitara como cidadãos atuantes...

Contudo, o povo que os viu desfilar naquele dia, este de nada do “grito proclamatório” sabia...

O popular olhava aquilo e pensava: “Que parada militar é esta? Hoje é dia do quê?”...

Assim, a “proclamação” da República também teria sido obtida por meio de “heroicos brados retumbantes”, ou seja, no grito...

Felizmente, não é verdade. Novamente para isto contribuíram durante longa luta atuantes forças sociais do país...

Não foi no grito...

Desde o tempo do Império tivemos então uma gritante sucessão de ditaduras, até que hoje o “último grito da moda” na política é uma deusa anoréxica de minissaia chamada Democracia...

Hoje este “grito high-tech” nos vem pelos alto-falantes infernizantes dos carros de som dos candidatos à eleição... Gritam que vão resolver todos os nossos problemas...

“Basta exercer o seu mágico direito de votar!!”...

Depois de eleitos, porém, repetem sem fim que não há verbas nem consenso político e que não depende só deles, enquanto os mesmos problemas continuam sem solução, eleição após eleição...

E assim, aos “gritos” de “Viva a Democracia!!!” uma tropa humana é conduzida ao curral eleitoral obrigatório, todos pré-bitolados por caríssimas peças publicitárias, com jingles hipnóticos grudados na cabeça, adesivos coloridos nas roupas e bolsos cheios de santinhos...

ÊÊÊRA, BOI BRASINO!... PEGA O RÊGO!!!...

“Povo marcado. Povo feliz!”... Viva a democracia!...

Cômico até, se não fosse uma “tragédia nacional”... rsrs

Contudo, não basta gritar pela democracia como o fez nosso ex-presidente João Figueiredo ao dizer que “Farei deste país uma democracia! E quem for contra eu prendo e arrebento!”, rsrs... É preciso que cada um a pratique!... E a nossa democracia atual também é resultado de um longo e histórico processo de conscientização e participação popular.

Não foi no grito...

Analisando o que temos até agora, vemos que na política nacional o “terreno ideológico” é que anda meio mal cuidado... Ele parece estar virando uma tapera, um terreno baldio onde crescem gordas as ervas daninhas... Um terreno onde os limites já não mais existem e qualquer um entra e sai quando bem lhe aprouver, num ballet já clássico de negociação de cargos, troca-trocas e pula-cercas de siglas partidárias e coligações estranhas que enlouquecem qualquer eleitor!...

Em uma nação que não tem Educação, político não precisa ter Ideologia. Né?...

Isto me atira no buraco-negro da pergunta:

“Pode haver Democracia sem Educação?”...

Sei que a democracia já nasceu torta na Grécia, pois o tempo livre para a filosofia democrática de alguns vinha da escravização sistemática de outros...

Eram muitos os que ficavam só chupando o dedo, sem desfrutar das doces delícias da democracia e dos direitos de ser cidadão, só provando das amargas agruras da escravidão...

Mas mesmo assim, eles ao menos tiveram grandes figuras pensantes cujas ideias, de toda e qualquer forma, graças aos escravos deles puderam erigir as bases da atual civilização democrática ocidental... Kkkkk!...

Mas, cá na camanga, seria esta então a “sabedoria oculta” dos políticos gritadores, ou seja, a arcaica consciência empedernida de que um povo SEM educação é mais fácil de ser ditatorialmente governado “no grito”?...

Seria esta, enfim, a razão de vermos que o dinheiro dos PESADOS impostos vai pra tudo que é coisa, enquanto que a Educação NUNCA É PRIORIDADE?...

Criamos indivíduos ignorantes de uma forma industrial de propósito?... Ora... Isto é genial!...

Os estádios de futebol são colisáicas arenas modernas onde o povo “se desliga” em catarse catatônica de seu dever de ser força atuante na história, preferindo comentar o gol do Phulano... Aliás, aqui no Brasil, se perguntarmos para alguém “Quem foi Sócrates?” muito provavelmente ouviremos a resposta de que foi um jogador de futebol, craque da seleção, médico, barbudinho, alto pra chuchu e jogava muito bem com o calcanhar, rsrs...

O que é melhor para um governante, desde antes mesmo do tempo dos césares de Roma?

Satisfazer o povo em seu instinto animal e deixá-lo extravasar, xingar mães de juízes, pertencer à tribos organizadas, desdenhar da torcida adversária, vaiar, pular, cantar e saracotear em sua “terapia do grito (de gol)”, e depois voltar calmo pra casa, pra pegar cedo no serviço mal pago na manhã seguinte, sem forças ou ideias de reclamar de algo, embora ávido para zoar dos colegas que torcem pro time que perdeu pro seu?...

Ou a melhor coisa que pode acontecer é despertar com educação de qualidade num povo nobre e varonil o seu “espírito crítico” adormecido?...

A resposta?... (Precisa?...)

Lá se vão milhões de reais para transformar os estádios de futebol em locais seguros e confortáveis para torcedores gritadores da Copa 2014, enquanto nas pobres escolas podres por todo o país, até o teto desaba sobre as cabeças das nossas crianças, pois para isto nunca existe verba...

“Rumo ao Hexa!!!” – este é nosso novo catastrófico grito?...

Existem gritos do bem e do mal, contudo...

Talvez esta questão da dualidade básica do “grito” fique mais evidente quando perguntamos

“De onde vem o grito?”...

Vem lá de baixo, do gladiador ferido, com dor e medo de morrer naquela opressora arena suja?

Ou da plateia ensandecida nas arquibancadas, assistindo com prazer ao sangue jorrar do engraçado e divertido escravo lá embaixo?...

Ouço sons de opressão, ouço sons de liberdade...

A atual “primavera árabe” é o grito de um povo que – cansado de gritos de “Cala esta boca!” de governos repressores – saiu às ruas e praças “gritando” por mudanças...

Penso, “E no Brasil?”...

Quando o povo brasileiro, com seu poder natural, original, único e de direito de ser uma Nação em seu total conjunto – como evoca em mim este blog do professor Círio – irá finalmente poder comemorar esta sua verdadeira “independência”? Quando este povo poderá viver de acordo com os verdadeiros “ideais republicanos”? Quando é que a Educação matará a sede de tantos sedentos cérebros secos deste imenso e belo país, cheio de gente bonita, inteligente, alegre e trabalhadora?...

É tão braba esta seca crônica na Educação, que acabo tendo medo até da Democracia!...

Afinal, saberá assim uma turba ignara escolher sábios representantes, produzir governos honestos e exigir uma legislação verdadeiramente justa?...

Sabemos do problema de que a democracia e a arte são duas baitas prostitutas, infelizmente...

(Nada contra as profissionais do sexo, rsrs)

Quis dizer no sentido de que elas, de fato, vendem o seu corpo.

Os artigos mais vendidos no bazar da pornografia histórica não são os livros que desnudam a verdade...

São as “bandeiras”, assanhadas, peladas, tremulando atrativos, oferecendo o prazer da mentira...

Para citar um exemplo, a grandiosa obra de Wagner acabou alimentando a imensa loucura de Hitler...

Os que governam no grito sempre sabem corromper e prostituir a arte.

E será que uma florida e democrática “primavera árabe” não acabará virando um tenebroso “inverno radical islâmico”?...

Os que governam no grito sempre sabem prostituir e corromper a democracia.

Eles atuam negando Educação...

O que aconteceria se um plebiscito feito para saber a opinião do povo sobre a “Pena de Morte” fosse aplicado no Brasil?...

Amedrontada diariamente por noticiários sangrentos e onde a violência é o tema que mais dá “IBOPE”, sem entender bulhufas de “causas sociológicas”, mas sabendo muito bem dos efeitos imediatos da violência, o que esta população decidiria?...

Deve o Estado ser um assassino para punir assassinos com a pena de morte, ou este tipo de Estado é que merece uma morte política por ser um Estado assassino $#*&%$*?...

Quando percebo que alguns apresentadores de programas radiofônicos e televisivos falam sobre os “bandidos” com uma crescente agressividade, como se fossem todos uns ricos diabos,

Lembro-me dos tempos da Idade Média...

Lembro-me do que li sobre a caça às bruxas...

Vejo os bodes expiatórios dançando num Sabbath cheio de “gritos diabólicos”, onde o povo aplaude rindo ao Capitão Nascimento mandando colocar assassinatos de marginais “na conta do Papa”...

Não é raro hoje acharmos pessoas que pensem que direitos humanos são somente para os humanos “direitos”... Geralmente, basta olhar para o lado.

Muitos são os que não percebem o grande valor da UNIVERSALIDADE dos Direitos Humanos...

Parece-lhes certo dizer que bandido não deve possuir nenhum direito...

Esquecem eles que o conceito de humano “direito” é um conceito “fluídico”, subjetivo, consensual, e por isto mesmo esta universalidade precisa ser protegida ao máximo, pois é um conceito frágil, conquanto muito caro para todos nós!...

O perigo? Sem a universalização dos direitos humanos, isto é, direitos humanos garantidos para TODOS, facilmente uma sociedade de humanos considerados direitos começa a aumentar cada vez mais a lista dos humanos considerados “tortos”...

Isto já aconteceu muitas vezes...

Houve tempos duros no passado, como aqueles em que até o sábio Montesquieu – em sua calhamaçuda obra “O Espírito das Leis” – escreveu que “Não acredito que Deus tenha colocado uma alma humana em um corpo totalmente preto”, enquanto o sábio Voltaire ganhava bastante dinheiro com o tráfico negreiro... Se eles eram assim, imaginem o resto... rsrs

Tempos em que a Igreja não via alma alguma em corpos de índios, mas via muitos demônios em corpos de mulheres que, por causa disto, da “santa confissão” obtida sob tortura iam direto para a “santa salvação” proporcionada pela fogueira... Tudo em nome de Jesus...

E mesmo na Grécia lá dos “pais da democracia” as pessoas atiravam as crianças com problemas genéticos num penhasco, numa verdadeira “faxina genética” de fazer Hitler gozar a seco!... kkkkk

Hoje jovens skinheads nazistas no mundo inteiro acham que negros, homossexuais, mendigos, judeus, ciganos e outras minorias não devem ter direito algum, exceto o de morrer.

Morrer a pauladas, guinchando por socorro...

Gritando por justiça, gritando por liberdade, gritando por igualdade!...

Os gritos da mentira já causaram muitos gritos de dor...

Pensando nisto, recolho-me então ao silêncio meditativo como uma espécie de refúgio, buscando ler alguma luz nas palavras da Bíblia, tentando fugir dos “gritos de Satanás”...

Abro no Livro do Gênesis, e logo no comecinho já quase entro em estado de choque!...

Deus disse “Fiat Lux!”, e assim o universo se iluminou... ...num “grito”?... Esta não!!...

Parto para o Novo Testamento. Abro o livro no Evangelho de João!...

Vou para o início... Com as mãos trêmulas, mal consigo segurar a Bíblia, pois minha mente não consegue acreditar no que eu enxerguei ali:

“No princípio, era O Grito, e O Grito estava com Deus, e O Grito era Deus. No princípio estava ele com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele e sem ele nada se fez do que foi feito. (...)”.

Putz!!!...

Ivan Winck

http://revelandoriopardo.blogspot.com/search/label/Antiga%20Esta%C3%A7%C3%A3o%20F%C3%A9rrea

ESTAÇÃO FÉRREA de RIO PARDO – Foto e Blog de Ivan WINCK

2 comentários:

  1. Sábia palavras! Só tenho dúvida se concordo com relação aos direitos humanos de estupradores, assassinos.... Não que eu seja a favor de pena de morte, mas sou a favor de restrições severas a essas mentes doentias, inclusive da separação de encarcerados por crimes leves, dos que cometeram crimes contra a vida e agressões, pois talvez algumas mentes ainda possam ser salvas.

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