Não Foi no Grito

domingo, 5 de janeiro de 2020

192 – NÃO FOI NO GRITO – JANEIRO de 1820 e 2020

    Em  JANEIRO de 1820 e em 2020 PORTUGAL FORNECE RAZÕES para a SOBERANIA BRASILEIRA.

“O Brasil é povoado por habitantes, que ali foram ter de Portugal; pelos descendentes destes, e pelas gerações mistas de gente dos pais e da África, mas todos com a educação Portuguesa; não tinha razão alguma para se considerar senão como uma província de Portugal: logo o chamar-lhe conquista, e tratar os povos daquele país como gente conquistada, de quem é sempre de temer alguma rebelião, era um procedimento tão rigoroso como desnecessário”.
CORREIO BRAZILIENSE JANEIRO de 1820 VOL. XXII. No. 140.pp.83-87 
Fig. 01 A extensa rede mundial de ocupações lusitanas cobria os quatro continentes. . Esta rede estava para se romper na medida em que as nações industrializadas começaram a buscar fontes de matérias primas para as suas fábricas e impor um mercado cativo para os produtos de suas máquinas  Portugal  estava se endividando com a Inglaterra desde o Tratado de METHUEN e, com esta dívida impagável, perdendo toda a iniciativa de competição com estas nações em vias de industrialização .


Hipólito José de Costa manteve sempre o sonho de que o mundo lusitano pudesse convergir  para unidade que fosse superior à eventuais soberanias de estados nacionais isolados.
O redator do CORREIO BRAZILENSE estava buscando um projeto para manter a UNIDADE  da extensa área territorial LUSITANA a semelhança  INGLATERRA no forma do COMMONWEALTH[1]  como ficou conhecido depois.
 Desde as mais remotas eras ninguém veio passear e se divertir em terras brasileiras.  Sempre os seus  habitantes vieram tangidos por uma necessidade inadiável. Portugal tomou em suas mãos o férreo controle COLONIAL sobre as mentes, as emoções e as vontades daqueles admitidos nestas plagas americanas. Os governantes eram indicados e severamente vigiados por Lisboa. Nenhum BRASILEIRO podia subir a qualquer cargo de comando. Um rosário de fortes, comandados por portugueses natos,  cercavam e vigiavam qualquer aproximação de alguém não convidado.



[1] COMMONWEALTH  https://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/commonwealth.html

Fig. 02 O Forte do Reis Magos de Natal  fazia parte da extensa rede mundial de ocupações lusitanas e controle que cobria o planeta. . Esta força bruta e militar apenas atrasava o colapso rede do domínio lusitano. De outro lado tornava-se um peso econômico, militar e político incapaz de se mantido pela metrópole parada no tempo a espera que tudo desabasse de velho e inútil.


Portugal, ao tratar o Brasil como coisa sua,  apropriando-se das suas riquezas e tratar as pessoas como peças servis ao seu comando exclusivo só apressava a deliberação e a decisão da soberania brasileira. Os fatos deste controle implacável e rapto sistemático estão expostos com clareza pelo Correio Braziliense de janeiro de 1820. Mostram que o Grito da Ipiranga não passou de um episódio e um pretexto para efetivar a soberania brasileira de Portugal. Em janeiro de 2020, na medida em que Portugal envolve-se com a Europa, os lusitanos dão as costas cada, vez mais, ao seu glorioso passado de um ativo centro de um vasto império de relações culturais, comerciais e políticas de alto nível.
Refiexoens sobre as novidades deste mez.
REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGARVES.
Politica Americana.
Recommendando, como fizemos ja em outros Nºs. passados, que a Corte do Rio-de-Janeiro adoptasse a linha de Politica Americana, que lhe convém ; naõ disfarçamos ou omittimos, a difíículdade, que resulta da consideração dos domínios de Sua Majestade na Europa ; nem foi de nossa intenção, como se verá pelo que temos dicto, imputar aos políticos actuaes, males que provém do errado systema de seus predecessores, por muitos annos passados: as nossas observaçoens tenderam, e tendem, a mostrar a necessidade de obviar esses males para o futuro. 
Fig. 03  A Torre de Belém, plantada e disfuncional na entrada do Rio Tejo,  era apenas um vestígio conservado de um passado de fausto e glória lusitana que teimava e não retornar para o presente. Esta estrutura militar arcaica e medieval nada  significava, em janeiro de 1820,  para as nações em vias de industrialização  Portugal sem máquinas, matéria prima própria apenas podia entregar aos seus credores os despojos que subtraia das suas colônias entre elas o ouro e as matérias primas do Brasil.


Se Portugal naõ tivesse tractado por tantos annos o Brazil, como se tractam paizes conquistados, de quem se teme sublevaçaõ com a lembrança da antiga independência; se o Brazil tivera sido olhado como uma província daMonarchia, e com direitos iguaes ás outras províncias do Reyno; naõ teria agora Portugal de queixar-se de uma falta de recursos, proveniente de sua mesma má política. O Brazil, povoado por habitantes, que ali foram ter de Portugal ; pelos descendentes destes, e pelas geraçoens mixtas de gente do paiz, e da África, mas todos com a educação Portugueza; naõ tinha razaõ alguma para se considerar senaõ como uma provincia de Portugal: logo o chamar-lhe conquista, e tractar os povos daquelle paiz como gente conquistada, de quem he sempre de temer alguma rebelião, éra um procedimento tam rigoroso como desnecessário. 
Victor_Meirelles- 'Batalha dosGuararapes',_ pintura a óleo sobre tela 1879, – Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Fig. 04 Uma imagem  idealizada da Batalha de Gurarapes pela onda nacionalista do final do Império Brasileiro ao modo do Romantismo nacionalista. . Os holandeses aproveitaram a união da coroa lusitana e de Espanha com quem estavam em guerra pela sua soberania, Os habitantes  laboriosos dos Países Baixos investiram na sua pequena terra conquistada do mar e estavam com um pé no caminho da industrialização. Praticavam a tolerância política, cultural e da pesquisa científica. Desta forma eram candidatos para construir também uma rede mundial para se abastecer de matérias primas e um mercado cativo para os produtos. Com a indenização recebida das suas empresas do Brasil os holandeses compraram a Ilha de Manhatan onde se situa atualmente Nova York

Quando os Hollandezes se apossaram de uma parte considerável do Brazil; os povos[1] fizeram a guerra aos invasores, e a final os expulsaram do paiz, naõ para se fazerem independentes de Portugal, mas para se tornarem a submetter a seus antigos Reys: e isto he uma prova practica, de que naõ havia rebelioeus a temer da parte daquelles povos; mas nem por isso se deixou de continuar a chamar ao Brazil conquista, e tractar sua geute como conquistada. O Brazil se restaurou, expulsando os Hollandezes, e foi, como dizemos, para tornar a entregar-se a Portugal; esta entrega voluntária foi tanto mais generosa, quanto as ordens da Corte até lhe prohibiam fazer a guerra aos Hollandezes, ou expulsallos do paiz. Depois deste rasgo de lealdade naõ podia haver injustiça e oppressaõ mais desnecessária, do que o systema que se adaptou, de naõ permittir que natural algum do Brazil pudesse subir a cima do posto de Capitão; pois com isto se mostrava a mais dosarrazoada suspeita. Sabemos que em Portugal, mui de propósito, se levantam agora queixas contra o Brazil, quando os que assim faliam  devem mui bem saber, que nenhum Braziliense tem parte nos feitos, que servem de pretexto às accusaçoens: mas quiz a miséria de Portugal, que chegassem as cousas ao ponto de haver ali um partido pela Hespanha, e he delle que provém os gritos contra o Brazil, que dos males que lhe imputam está innocente, como os mesmos accusadores naõ podem ignorar.



[1] Evaldo CABRAL DE MELLO demonstra na sua obbra. A fronda dos mazombos. São Paulo: Companhia das         Letras, 1995. 530p o largo período de tempo em que o POVO BRASILEIRO( MAZOMBOS), depois expulsarem os holandeses  ficaram fieis ao Rei e a Portugal a espera de Lisboa enviasse um novo governo.
 FORTE da SANTA TERESA – Castilhos -  Uruguai

Fig. 05 Um dos sonhos de Portugal  sempre foi o domínio das terras entre o Rio Amazonas e o Prata. Conquistou e preservou a ambas as margens da desembocadura do Rio Amazonas. Numa das margens Rio da Prata os lusitanos instalaram, em 1680,  o forte e a  Colônia do Sacramento.    O forte de Santa Tersa ficava no caminho entre Rio Grande e Colônia e que atualmente pertencem ao Uruguai

Julgamos, que ainda se faz ao Brazil uma injustiça, em ter ali um Ministério todo Europeo, e nem se principiar a formar gente do paiz, que possa sequer para futuro preencher os cargos de Estado. Mas se o Governo actual, composto todo de Europeos, naõ tem cuidado dos interesses de Portugal   ¿ que culpa tem nisso o Brazil ? Porém, dizemos mais, que esta circumstancia, que quanto ao Brazil he uma injustiça ; quanto a Portugal he de grande desvantagem, como veremos. O Ministério do Brazil he estrangeiro, naõ porque seus membros succeda naõ haverem nascido naquelle paiz; essa circumstancia he de mui pouca consideração, em nosso modo de ver as cousas, e de certo he meramente accidental: mas aquelle Ministério he verdadeiramente estrangeiro; por trazer com sigo preocupaçoens Europeas, estranhas ao paiz, e totalmente inadmissíveis no hemispherio Americano. 
AMAPÁ - Fortaleza Jesus Maria José Macapá.

Fig. 06 O alto custo da construção dos fortes no Brasil, em lugares remotos e a guarnição militar, sob o comando de um lusitano nato, fornece um índice dos lucros que a metrópole obtinha de sua colônia americana.  Portugal sem capacidade de gerar riqueza própria se aferrava aos contratos coloniais e que renasceram na ausência de Dom João VI de Lisboa e expressa na Constituição Lusitana iniciada enquanto este soberano estava na América. Esta tentativa legal da RECOLONIZAÇÂO do BRASIL foi um passo importante da proclamação da efetiva soberania brasileira  


  He ao systema e naõ ás pessoas a quem principalmente se deve objectar. Se o Ministério do Brazil fosse composto de Americanos, quer em nascimento, quer em princípios ¿ seria admittido em Lisboa o arroz dos Estados-Unidos, no mesmo pé do arroz do Brazil ? E se esse Ministério Americano, assim determinasse as cousas ¿  naõ se lembraria ao mesmo passo de favorecer os vinhos e as poucas manufacturas dessas provincias de Portugal, que lhe consumiam o seu arroz e o seu assucar? He assim que um Ministério Americano, no Rio-de-Janeiro, seria muito mais útil a Portugal, que naõ he o presente, nem será outro algum, que seguir o actual systema, ou que pretender governar na America, com as ideas rançosas que dominavam em Lisboa. E senaõ, tomemos desapaixonadamente a seguinte consideração
Fig. 07 A última tentativa de manter a unidade lusitana foi a proclamação do REINO UNIDO de PORTUGAL, BRASIL e ALGARVES imposto pelo Congresso de VIENA. Na ausência de Dom João VI houve a tentativa de retorno para  a recolonização do Brasil. No entanto este retorno legal dos rígidos contratos coloniais foram um passo importante da proclamação da soberania brasileira  

Supponhamos, que se formava no Rio-de-Janeiro um Ministério verdeiramente Americano, o qual, por conseqüência, unindo-se aos Estados-Unidos, e olhando para a America Hepanhola, no ponto de visto em que se deve ver, se fazia respeita na Europa ¿ naõ seria Portugal igualmente respeitado, como parte do mesmo império ? Mas quando aquelle mesmo Ministério; porque naõ he Americano, deixa de attender aos recursos de seu paiz, perdendo com isso sua consideração tanto na America como na Europa, sugeita Portugal aos mesmos e maiores inconvenientes; e porque a situação de Portugal o faz dependente de outras naçoens, fica o Brazil sugeito aos seus incommodos, e Portugal naõ tira o partido, quepodia tirar, da independência do Brazil. O commercio do Brazil éra monopólio exclusivo de Portugal, e se esta circumstancia se deve considerar, respeito ao Brazil, como pezado e injusto jugo, a respeito de Portugal, se deve olhar como fonte de sua pobreza; por mais paradoxa, que esta asserçaõ pareça
 Constituinte de Portugal 1820-1822 – Pintura de 1920 de Oscar Pereira da Silva

http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/brasil-monarquico/89-a-emancipação-politica/8881-o-partido-brasileiro-aristocratas-e-democratas

Fig. 08 A Constituinte Portuguesa da recolonizarão do Brasil já tinha o seu texto pronto antes da chegada dos 70 Delegados Brasileiros. Destes 70 muitos capitanias[1] simplesmente desistiram de ir para Portugal. Os que foram para Lisboa continuaram a ser tratados como súditos de segunda categoria

. ¿ Que diria qualquer província de Portugal, o Algarve, por exemplo, ou a Beira, se se fizesse um regulamento, para que nenhum natural daquella província passasse do posto de capitão ? ou que naõ fizessem nenhum commercio senaõ por intervenção do porto de Setuval ? O monopólio commercial de que falíamos, sendo mui oppressor ao Brazil, foi, em nossa opinião, grande causa dos males, de que se queixa agora Portugal.



[1] Antes de sua independência o Brasil era tratado como um das muitas províncias de Portugal. Os atuais estados eram oficialmente CAPITANIAS comandadas por lusitanos designados para tanto. Pouco antes da Independência estas CAPITANIAS foram designadas como PROVÌNCIAS.  O Regime Republicano as elevou ao estatuto de ESTADOS FEDERADOS Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_do_Brasil

Fig. 09  A concentração no TRONO LUSITANO do poder politico, militar, econômico e cultural da extensa rede mundial de ocupações lusitanas cobria o planeta. . Esta concentração obedecia à rígidos controles legais, militares e políticos inquestionáveis. Qualquer infração a estres protocolos coloniais era tratada como CRIME LESA MAJESTADE e sujeita a PENA CAPITAL como aconteceu, de fato, em várias ocasiões.  



O habitante do Brazil naõ podia mandar vender os seus productos senaõ a Portugal: naõ podia obter os productos de naçaõ alguma, senaõ por via de Portugal: mais ainda, prohibia-se ao Brazil que tivesse fabricas[1], e se obrigavam seus habitantes a usar das manufacturas estrangeiras, que fossem por via de Portugal. Este monopólio, por conseqüência, éra de tanta desvantagem ao habitante do Brazil, como enormemente Iucroso ao commerciante de Portugal: pelo que todos os fundos de Portugal, que alias se repartiriam em fomentar a agricultura e mais ramos de industria do paiz, foram empregados no commercio dessas chamadas conquistas, pelos grandes lucros que dali tiravam os indivíduos capitalistas ; e assim este monopólio e seus ganhos attrahiram todos os esforços dos indivíduos, ficando em completo descuido os ramos até os mais essenciaes da industria interna. He assim ; que o mesmo acto de injustiça de Portugal para com o Brazil, trouxe com sigo o castigo dos oppressores : mas a desgraça he, que ainda ha em Portugal quem suspire pela renovação desse errado systema antigo, e ha também intrigantes mal intencionados, que fomentem esse erro, e esperanças delle tornar a reviver.



[1] Alvará de Dona Mari I proíbe fábricas no Brasil http://historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3674&catid=145&Itemid=286

Fig. 10 Imagem dos membros integrantes da  MESA da CONSCIÊNCIA reunida no Rio de Janeiro era um dos instrumentos para manter governantes e governados no interior dos rígidos protocolos coloniais do SISTEMA LUSITANO. A hermenêutica jurídica era estudada e mantida pelos “CAPAS PRETAS” da FACULDADE de DIREITO de COIMBRA. Nas províncias coloniais era impensável qualquer FACULDADE de DIREITO, muito menos qualquer UNIVERSIDADE.

Se no Brazil houvesse um Gabinette imbuído das máximas da Politica Americana, estas lhe fariam conhecer, que éra de de seu interesse favorecer a industria de Portugal, e longe de lhe impor as restricçoens, que este d'antes impunha ao Brazil, o tractaria com a maior liberal idade, porque nisso mesmo beneficiaria o Brazil. Os productos de Portugal deviam entrar no Brazil, livres de todos os direitos; e este seria novo laço, que uniria Portugal ao Brazil: e para Algumas gazetas Europeas tem publicado, que viajam agora pelo Brazil varias pessoas scientihcas, protegidas pelo Governo daquelle paiz, e á custa dos Governos Austríaco, Bávaro, e Tuscano. Pela Áustria saõ o Professor Mikan, para a Historia Natural em Geral, e Botânica em particular: o Dr. Pohl, como Mineralogista: Mr. Natterer, paia a Zoologia: Mr. Schott como Jardineiro: Mr. Socher, como Caçador: Mr. Ender, como pintor de paizagens.- Mr. Frick, como pintor de Historia Natural. Pela Bavária, o Dr. Sprix, como Zoologista, e o Professor Martinus, como Botânico. Pelo Gram Duque de Tascana, o Dr. Rasdi, como Naturalista. Naõ podemos deixar de louvar as vistas de politica liberal do Governo do Brazil, em permittir e patrocinar estas viajens scientiíicas no seu paiz; porque estes sábios publicarão depois seusjornaes, estes seraõ traduzidos na linguagem do paiz, e Assim a industria estiangeira supprirá a falta da nacional, porque he certo, que, sem o conhecimento cabal dos recursos naturaes do paiz, mal poderão os homens, que se acharem á testa do Governo, fazer uso dos meios phisicos, que a natureza de seu terreno lhes offerecer; e ja que as circumstancias naõ permittem que se aproveitem os talentos dos naturaes, pelo menos utilize-se a industria estrangeira trazer a Lisboa, sem nenhuma coaçaõ, os productos do Brazil, deveriam estes ter ali um porto franco, d'onde se espalhassem para o resto da Europa. He o systema de monopólio, que em suas cabeças levaram para o Rio-de-Janeiro os estadistas que foram de Lisboa, quem faz todo o mal a Portugal, porque disso naõ tira o Brazil o menor proveito; pelo contrario, attribuimos a essa politica Europea o naõ tirar o Brazil todo o partido, que podia, das circumstancias actuaes da America, do que os Estados-Unidos nos dam um exemplo tam conspicuo. Naõ nos alleguem com a differença na forma de Governo: isso he mera questão de nome, quando se tracta dos interesses políticos da naçaõ em geral. O Brazil pôde e deve imitar em muitos respeitos, os planos dos Estados-Unidos, sem que para isso mereça a menor contemplação a differença da forma de Governo ; uma vez que o Gabinete do Rio de Janeiro se determine a ser um Governo Americano, como lhe convém, e como o pede o interesse do paiz; deixando prejuízos e preocupaçoens, de que lhe naõ podem resultar senaõ males. 
-Carregadores de Piano No Rio de Janeiro Auguste François BIARD (1798-1882)
Fig. 11 A sarcástica visão do francês da estratificação social e econômica que permaneceu, de fato, mesmo após o Brasil conquistar a sua soberania política para a sua classe dominantes. Permaneceu intocado o estatuto LEGAL da ESCRAVIDÃO, O território metropolitano de Portugal já estava livre desta ESCRAVIDÃO LEGAL desde o MARQUES de POMBAL. A permanência intocada da SERVIDÂO LEGAL foi uma das razões da permanência no BRASIL  de muitos da CLASSE DOMINANTE LUSITANA após a INDEPENDÊNCIA,

No contraditório - a este rosário de fortes  comandados por portugueses natos, que cercava e vigiava qualquer aproximação de alguém não convidado - a Corte do Rio da Janeiro  estava permitindo a entrada de MISSÕES  CIENTÍFICAS ESTRANGEIRAS.

Certamente o vexame internacional da não autorização em TERRAS BRASILEIRAS de Alexandre HUMBOLDT[1] o erro cometido, em 1799 estava sendo repensado, em 1820. Agora, a corte lusitana estava interessada naquilo que estas MISSÕES poderiam contribuir no âmbito internacional



[1] HUMBOLDT PROIBIDO de ENTRAR no BRASIL EM 1799  https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/05/10/alexander-von-humboldt-o-famoso-explorador-alemao-que-foi-proibido-de-entrar-no-brasil-por-suspeita-de-ser-espiao.ghtml

Fig. 13 A frustrada tentativa de Alexandre HUMBOLDT entrar no Brasil, em 1799, é um índice do rigoroso patrulhamento colonial lusitano mesmo nas mais densas florestas amazônicas.  De outra parte esta curiosidade dos cientistas em relação ao imenso território brasileiro diz do atraso das pesquisas lusitanas nos seus próprios territórios indevassáveis e da falta de instituições de alto nível científico. Instituições capazes de investigar, sistematizar e colocar as informações resultantes para o próprio proveito da indústria e do comércio vantajoso para Portugal e da sua rede internacional.  


Viajantes scientificos no Brazil.
.
Algumas gazetas Europeas tem publicado, que viajam agora pelo Brazil varias pessoas scientihcas, protegidas pelo Governo daquelle paiz, e á custa dos Governos Austríaco, Bávaro, e Tuscano. Pela Áustria saõ o Professor Mikan, para a Historia Natural em Geral, e Botânica em particular: o Dr. Pohl, como Mineralogista: Mr. Natterer, paia a Zoologia: Mr. Schott como Jardineiro: Mr. Socher, como Caçador: Mr. Ender, como pintor de paizagens.- Mr. Frick, como pintor de Historia Natural. Pela Bavária, o Dr. Sprix, como Zoologista, e o Professor Martinus, como Botânico. Pelo Gram Duque de Tascana, o Dr. Rasdi, como Naturalista. 

Fig. 13 A constrangedora realidade humana, cultural e técnica que os estrangeiros registraram no Brasil passou longo período escondido dos olhares do público interno e externo Por mais valiosos que tenham sido as pesquisas de cientistas, dos artistas e convidados estes resultados permaneceram distantes do público brasileiro. Distância existente até pelo fato de a universidade, para todo o território brasileiro, tomar um corpo jurídico, administrativo e operacional no ano de 1931. Para contornar e superar o hábito colonial e servil exige mudanças significadas e um alto preço a pagar ao longo de gerações que alguma vez foram contaminadas por este vírus invisível da praga da heteronomia moral. intelectual e estética.

Naõ podemos deixar de louvar as vistas de politica liberal do Governo do Brazil, em permittir e patrocinar estas viajens scientiíicas no seu paiz; porque estes sábios publicarão depois seus jornaes, estes seraõ traduzidos na linguagem do paiz, e assim a industria estiangeira supprirá a falta da nacional, porque he certo, que, sem o conhecimento cabal dos recursos naturaes do paiz, mal poderão os homens, que se acharem á testa do Governo, fazer uso dos meios phisicos, que a natureza de seu terreno lhes offerecer; e ja que as circumstancias naõ permittem que se aproveitem os talentos dos naturaes, pelo menos utilize-se a industria estrangeira.
Fig. 14 Em janeiro de 2020 o passado comum lusitano é um quebra cabeça e sem funcionalidade. Na medida em que Portugal avança  em direção à comunidade e ao Mercado Comum europeu,  a Inglaterra pretende retornar para a sua soberania (BREXIT). Em contrapartida Moçambique pertence ao COOMMONWEALT  A obsolescência cultural, social e técnica corroem e distanciam povos e culturas que não percebem mais qualquer funcionalidade em manter algum centralismo por mais glorioso que tenha sido no passado


No contraditório destas notícias, o editor do Correio Braziliense é prudente na expressão da natureza desta convicção. Eram raros os meios e muito mais pessoas competentes, nascidas no Brasil, que pudessem assimilar elevar adiante estes saberes.
Como um dos egressos das Faculdade de Direito de Coimbra[1], Hipólito Jose da Costa sabia por experiência própria o severo controle politico, religioso, profissional e até militar que pesava sobre qualquer brasileiro que frequentava esta casa de quem concebia e escrevia as leis lusitanas



[1] GAUER, Ruth Maria Chittó. A construção do Estado-nação no Brasil: a  contribuição dos egressos de Coimbra . Curitiba : Juruá. 2001. 336 p

Fig. 15 No imenso território físico permaneceu a unidade nacional que o  Brasil deve aos esforços e vigilância Portuguesa Apesar dos entranhados hábitos coloniais, a docilidade proveniente da servidão voluntária que se impõe contornar e superar as mudanças significadas se perdem em BERÇO ESPLÊNDIDO. De um lado a ATUALIZAÇÂO da INTELIGÊNCIA com as mais avançadas culturas e povos, supõe operar no lsado concreto e objetivo da PESQUISA consequente com o LUGAR, TEMPO e SOCIEDADE. SOCIEDADE da qual se espera uma convergência para um PROJETO NACIONAL da amplidão coerente com o imenso território físico do  Brasil. 


Porém o texto do Correio Braziliense, de janeiro de 1820, expões com  clareza as razões que apressaram as deliberações e as decisões de o Brasil enveredar para a soberania pelo Portugal.
 Portugal fornecia razões suficientes na forma como  tratava as riquezas de sua colônia americana em todas as frentes como coisas suas. Manteve teimosamente ao seu comando exclusivo as pessoas como peças servis.
Assim a INDEPENDÊNCIA do BRASIL NÃO se DEVE a um ÚNICO GRITO ISOLADO.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CABRAL DE MELLO, Evaldo. A fronda dos mazombos. São Paulo: Companhia das         Letras, 1995. 530p.

GAUER, Ruth Maria Chittó. A construção do Estado-nação no Brasil: a  contribuição dos egressos de Coimbra . Curitiba : Juruá. 2001. 336 p

FONTES NUMÉRIICAS DIGITAIS
[1]BATALHA de GURARAPES – Obra de Vitor MEIRELES
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Victor_Meirelles_-_%27Battle_of_Guararapes%27,_1879,_oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro.JPG

COMMONWEALTH
https://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/commonwealth.html

AS DIFICULDADES para REINVENTAR UM ESTADO COERENTE com o seu TEMPO e o seu LUGAR.
http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2012/09/nao-foi-no-grito-047.html

Alvará de Dona Mari I proíbe fábricas no Brasil http://historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3674&catid=145&Itemid=286

Revolução de 1820 em Portugal
https://pt.slideshare.net/JoannaFi/revoluo-liberal-portuguesa-de-1820

A CONSTITUINTE PORTUGUES da 1820-1822
http://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/estude/historia-do-brasil/brasil-monarquico/89-a-emancipação-politica/8881-o-partido-brasileiro-aristocratas-e-democratas

CAPITANIAS BRASILEIRAS
Ver https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitanias_do_Brasil

O pensamento  de ADRIANO MOREIRA  97 anos - Portugal
https://www.dn.pt/poder/ha-uma-coisa-que-acho-perigosa-estao-a-renascer-os-mitos-raciais-11568761.html
   






A MAGISTRATURA PORTUGUESA MORREU em 2020
https://expresso.pt/sociedade/2020-02-05-Morreu-a-magistratura-Procuradores-obrigados-a-cumprir-ordens-mesmo-contra-vontade


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