ONDE e COMO CIRCULA o
PODER movido pela
ENERGIA
POLÍTICA LIMPA.
“Imprimem-se na Peninsula 37 periódicos, além de
outros de que naõ temos noticias, e daquelles que os Francezes fazem imprimir
nos Paizes que occupaõ. Esta multiplicidade de escritos, quasi todos diários,
prova, que actualmente na Peninsula se lê mais do que em tempo algum, e refuta
victoriosamente a opinião de que os Peninsulares se achavam atrazados das mais
Nações um século de luzes (e que isto fosse culpa do povo.)”
(Correio
Braziliense - novembro de 1812, na p. 727)
E . LE SEUR. Árvore da Liberdade
1792 Museu Carnavalet - Sans culottes
plantaram 60.000 arvores
Fig. 01 – A plantação,
circulação e reprodução do PODER
proveniente da LIBERDADE pública ao estilo da ÁGORA GREGA e realizada em praça
publica. Acima da multidão consta um texto inspirado no MUNDO da RAZÂO
exaltando a Liberdade. A imagem foi criada para ser impressa e distribuído
largamente entre o público ávido de novidades e para reforçar as suas convicções
políticas. Assim foram plantadas, na França,
60.000 árvores-carvalhos - A
ilustração corresponde a mentalidade e sentimento do “Einfühlung” do evento, aberto a todos e efêmero estudado pelo alemão William Worringer
A invenção dos tipos
móveis, e o posterior reforço das suas sucessivas técnicas, foi um dos
primeiros pontos da emergência e visibilidade da “era industrial”. A imprensa industrial possibilitou iniciar o
processo da escolaridade universal. Na política abalou a onipotência e o
centralismo excludente. Os produtos da indústria gráfica questionaram, abalaram
e contornaram as crenças, a magia e a ortodoxia que se queriam oniscientes,
eternos e onipresentes. Quem quer acreditar nos seus fantasmas imaginários fica
isolado e falando sozinhos com eles. A apropriação das informações públicas
possibilita mover a ENERGIA POLÍTICA LIMPA e faz CIRCULAR o PODER por meio da disseminação,
exame e crítica universal daquilo que os produtos da indústria gráfica produzem
em larga e uniforme tiragem.
HOGART
William 1697-1764 - Entretenimentos no
dia de eleições c. 1755 -1758 Gravura
Fig. 02 – A
origem, a circulação e a reprodução do
PODER proveniente da LIBERDADE
privada ao estilo da DÒMUS e do PATRIO
PODER ROMANo e concretizado em ambiente doméstico fechado e com estreitas e
pequenas janelas voltadas ao espaço externo da praça publica. Os lares são
representados por um ícone do patriarca representado em cima e centro da cena. A
imagem também foi criada para ser impressa em múltiplo em gravura tipográfica e
distribuído largamente entre o público ávido de novidades e para reforçar as
suas convicções políticas.. Na concepção da mentalidade da “Abstraktion” do alemão William Worringer esta ilustração carrega símbolos arcaicos e que se materializam ciclicamente num âmbito familiar interno sob rituais e convenções. No círculo
externo há pouco sentido, justificativas e até sinais de desqualificação a quem
não compreende e segue estes rituais do grupo de dentro.
A Enciclopédia Francesa abriu e divulgou o que
era domínio particular de castas profissionais multisseculares e com o custo da
vida de quem as divulgasse para não iniciados. As fechadas e hegemônicas guildas
medievais tiveram amplamente divulgados pela imprensa os seus segredos do seu
saber técnico exclusivo.
CRUIKSHANK George -1792-1878
Matador Corso
Fig. 03– A
imprensa industrial e massiva instituiu na História Contemporânea em pauta
preferencial o ESPETÁCULO do EXECÍCIO do
PODER e transformá-lo em fonte PRIMÁRIA de sua própria SUSTENTAÇÃO e LUCRO
EMPRESARIAL Não lhe importa o que o
ENTE e o SER do agente público seja, faça ou deixa de fazer. Para a pauta do
periódico só interessa a FORMA de
comunicar. Retorna-se à velha fórmula romana doa PÂO e CIRCO ou então os OITO SEGUNDO do PEÂO SOBRE a MONTARIA e a sua
QUEDA..O artista gráfico George CRUIKSHANK se valeu do espetáculo da TOURADA e
onde a realeza representa os diversos povos como espectadores dos azares do “Matador Corso”. O objetivo evidente, deste
trabalho, era criar uma imagem para a imprensa industrial e massiva e ser
produto de venda a um público indiferenciado.
As energias dos produtos
da indústria gráfica, produzidos em larga e uniforme tiragem, superaram os
segredos das guildas da Idade Média, o terror da Inquisição e os rituais excludentes
do Ancien Regime. Assim a técnica da Fotografia, longamente tentada e
elaborada, a sua patente foi adquirida pelo Estado Francês e divulgada
amplamente, neste mesmo ano, pela imprensa.
No contraditório é
necessário admitir que nenhuma civilização é natural. Cada uma delas possui, para
o homem natural, algum tipo de mal estar, na concepção de Sigmund Freud. A circulação,
mesmo discreta e silenciosa, é acompanhada pelo controle na microfísica desta circulação
do poder conforme estudos de Michel Foucault. No entanto, no macro poder este
controle é massivo, persistente e subliminar. Nele estamos todos mergulhados e
somos levados, mesmo à nossa revelia. Os estudos do brasileiro Raimundo Faoro e
do norte-americano Charles Wright Mills mostram a potência e falta de limites
deste poder absurdo e que se torna incontrolável mesmo por poderosas e antigas
organizações.
William BLAKE – América: uma
profecia 1793
Fig. 04 – As
visões místicas do inglês William BLAKE (1757-1827) podem ser interpretadas como
projeções da concepção da mentalidade da “Abstraktion” do alemão William Worringer. Estas projeções nórdicas são como
estranhas manchetes de jornais de assuntos do qual o poeta e pintor não tinha
experiência direta e nem a proporção exata. As suas obras predizem as compulsões mentais levadas adiante pelo
pintor Francis Bacon (1909-1992)
O Correio Braziliense era
um dos produtos da indústria gráfica, produzidos em larga e uniforme tiragem,
com o objetivo de superar os segredos
das guildas da Idade Média e os rituais excludentes do Ancien Regime. O seu
redator havia sido vítima do terror da Inquisição e por isto estava refugiado
em Londres. Assim não podia deixar de noticiar, em novembro de 1812, no setor
da LITERATURA e SCIENCIAS de PORTUGAL
do seu nº 54, na p. 725:
“O nosso Governo fez expedir a seguinte Portaria.
HAVENDO o
Principe Regente nosso Senhor tomado em consideração quanto convém a beneficio
do estado, que neste Reino haja, como em as nações mais civilizadas, um
diccionario de artes, e officios, com o resumo dos seus respectivos tractados,
a fim de que os artistas, e officiaes dos mesmos possão adquirir facilmente por
principios os conhecimentos necessários á successiva perfeição de uma
illustrada prática com o soccorro do referido diccionario ; o qual deve conter
os termos, denominações, e frazes próprias, que constituem os elementos
scientificos de cada um dos differentes ramos de industria, em que se empregão
os mesmos artistas, e mestres de officios: he o mesmo Senhor servido encarregar
ao Doutor Gregorio José de Seixas, da organização, e fôrma de tão importante
diccionario, authorizando- o para haver de cada uma das competentes estações, e donde mais convier, todas as
noticias necessárias. O mesmo Doutor Gregorio José de Seixas, o tenha assim
entendido.
Palácio do Governo, em 22 de Septembro, de 1612.
Com quatro Rubricas dos Senhores Governadores do
Reino.
George CRUIKDHANK 1792-1878 Dificuldades numa exposição de desenho
Fig. 05 – A imprensa contribuiu poderosamente no projeto
individual do cidadão de “VER e SER VISTO em PÚBLICO”. Para tanto a imprensa
era portador de código de comportamentos recomendados, aceitos, tolerados e frontalmente rejeitados
a circulação do cidadão em publico.
Entre aqueles que circulavam e passam nestes códigos públicos eram selecionados
os agentes competentes para gerar PODER e sua reprodução.
Esta portaria régia certamente
era uma meia capitulação diante da Enciclopédia Francesa de 1772. Neste ano ela
completava quarenta anos de sua primeira impressão e circulação pelas
principais culturas, países e principalmente centros industriais. Para esta
indústria, suas fábricas, oficina e laboratórios esta Enciclopédia Francesa
havia preparado um volume especial, abundantemente ilustrado por equipamentos e
o seu funcionamento prático.
A Enciclopédia Francesa dava ênfase á RAZÃO,
secundada pela MEMÓRIA e pela IMAGINAÇÃO.
Das suas páginas afastava qualquer opinião, dogma ou ideologia incapaz de se
ancorar e sustentar nestes três pontos.
Fig. 06 – Movido
e acossado pela imprensa o Estado Francês passou a se autodenominar como o mediador
com SER SUPREMO que ele confundiu com a
RAZÃO. Para tanto estabeleceu um culto público, um calendário de eventos e
dividiu o tempo com fórmulas matemáticas. Este voluntarismo estatal não gerou
hábito pois era deliberações de um pequeno grupo que havia tomado a circulação
do PODER em suas mãos e o administrava
por meio de eventos efêmeros sem renovar e atualizar as deliberações e
decisões na interação com o seu próprio Poder Originário.
A Enciclopédia Francesa não
entrava num espaço vazio, por mais força que tivesse e por lúcida e pioneira
que fosse. Na contrapartida, desta força revolucionária gaulesa, cada cultura
mandou redigir, imprimir e distribuir a sua própria enciclopédia, como o fazia
Portugal em 1812. Cada espaço nacional e cultural conferia sentido próprio a
oportunidade, força e as consequências ao seu projeto. Isto aconteceu com a
Enciclopédia Britânica ou a Herder alemã. Basta prestar atenção a uma visão
panorâmica sobre o numero dos periódicos impressos na Península Ibérica para
verificar que a Enciclopédia Francesa não entrava soberana num espaço vazio e
sem dono. Ali eram produzidos e circulavam o que Correio Braziliense noticiava em
novembro de 1812, na p. 727:
“Imprimem-se na Peninsula 37 periódicos, além de
outros de que naõ temos noticias, e daquelles que os Francezes fazem imprimir
nos Paizes que occupaõ. Esta multiplicidade de escritos, quasi todos diários,
prova, que actualmente na Peninsula se lê mais do que em tempo algum, e refuta
victoriosamente a opinião de que os Peninsulares se achavam atrazados das mais
Nações um século de luzes (e que isto fosse culpa do povo.)
Adiamos também annunciado na Gazeta de Lisboa, que
se vai a publicar naquella cidade um periódico em língua Hespanhola, com o
titulo de " El Verídico," que sahirá tres vezes por semana.
CARICATURA
17 contra ARAÚJO PORTO-ALEGRE Manuel
-1809-1979
Fig. 07 – A
sustentação e a circulação do poder sobre uma base fragmentada e instável numa
charge contra Manuel ARAÚJO Porto-alegre
(1809-1879). Ele é considerado o pai da
caricatura impressa no Brasil. Isto não impediu que o futuro Barão de Santo
Ângelo fosse cruelmente caricaturado numa série de cartoons impressos e
largamente distribuídos na capital do Império.
Como o
sul-rio-grandense, o Barão de Santo Ângelo foi vítima de sua própria criação, assim
outro gaúcho o editor do Correio Braziliense Hipólito José da Costa também foi
vitima da mesma liberdade que defendia na imprensa industrial. É o que se
verifica na continuidade da leitura do mesmo texto do Correio Braziliense:
Carta de um pay para seu filho, estudante na
universidade de Coimbra sobre o espirito do Investigador em Inglaterra. Lisboa,
1812.
Este folheto que contém 41 paginas, e se publicou
annonymo, he attribuido ao Padre José Agostinho de Macedo ; e o estylo, e
objecto, mostram, que he sumamente provável ser elle seu author.
A obra tem por objecto fazer um ataque ao
Investigador, ou para melhor dizer a seus Redactores; porque publicaram uma
satyra de Manuel Maria da Bocuge, contra o tal padre José Agostinho, mas por um
traço de sua natural justiça, e conseqüência, descanta contra o Correio Braziliense,
que nisto naõ teve parte nem boa nem má.
Nós, seguindo os principios da charidade christaã,
que este senhor reverendo padre nos aconselha, lhe perdoamos a sua má lógica;
pois em fim merece perdaõ quem naõ sabe o que faz. Este homem be um verdadeiro
maníaco literário ; que pelo que insinua espera poder obter do Governo alguma
cousa, por escrever contra os que suppoem seus adversários. Mas como nem isto
tem obtido; porque os boi.s ossos se daõ a roer aos parasitas mais assíduos nas
ensensadellas, desabafa em gritos desentoados.
John
CLIFTON - Cena das “Alegres Comadres de Windsor” Ato III - Cena V - http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/windsor.html
Fig. 08 – A imprensa contribuiu para espalhar as obras de Wiliam
Shakespeare e o fino e elaborado humor britânico diante das mais insólitas
situações como o velho e mulherengo canastrão Falsafata das “Alegres Comadres de Windsor” de
Shakespeare, sendo despejado por dois jovens nas águas lamacentas e rasas do
Tâmisa...
O editor elogiava esta
possibilidade de exercício continuado do hábito da integridade intelectual.
Longe de qualquer busca de hegemonia, onisciência ou onipotência, mesmo que os
respingos o atingissem e pudesse ser despejado no Rio Tâmisa como certo
Falsafat da peça as “Alegres Comadres de
Windsor”. O editor, vacinado contra o medo de pequenas vinganças e adulto,
ele continua na p.728:
Este
folheto naõ seria mencionado, por sua insignificancia, se naõ o desejássemos
produzir como uma prova do melhoramento, que as circumstancias vaõ produzindo
na liberdade de imprensa.
Facultáram-se
primeiro em Lisboa os escriptos controversistas, para desacreditar o Correio
Braziliense. Nós alegramonos com isto ; porque ganhamos o primeiro ponto a que
nos propuzemos, (graças á perspicácia do Governo Portuguez) que foi introduzir
na naçaõ esta sorte de escriptos, que julgamos mui úteis; por vários motivos: e
posto que se deixassem já a muito de mandar escrever contra o Correio
Braziliense, com tudo pegou o gosto desta leitura; e visto o exemplo taõ
próximo da Hespanha, naõ será mui fácil destruir esta inclinação em Portugal.
George CRUIKDHANK -1792-1878 - Gent - No Gent & Re Gent - Gravura 1816
Fig. 09 – A imagem mostra o processo da fabricação do herói pela
imprensa. Esta fabricação passa pelo ícone (“santinho” atual) do herói, a sua corrupção pela celebração das
suas proezas divulgadas pelos jornais e os seu aproveitamento como governante
segue o antigo modelo do general romano, a gloria divulgada dos seus feitos a
sua consagração como autoridade ao receber o poder do Império
O editor justificava o elogio
desta possibilidade de exercício continuado do hábito da integridade
intelectual, mesmo que fosse contra ele mesmo. Ele argumentava a favor da livre
circulação da informação, do exercício da vontade e do direito da livre
expressão pública. Assim o continuava nas pp.728 e 729:
Argumentarão
talvez contra nós, dizendo, que nos mesmo reprovamos este folheto; e portanto
queremos para nos uma justiça e outra para os outros. Mas este naó he o facto.
Nos julgamos que o Padre José Agostinho, maníaco como he, tem o direito de
publicar as suas opinioens, como todo, e outro qualquer homem; e mui bem faz o
governo em o deixar imprimir o que elle escreve.
Mas
taõ bem nos temos o direito ; assim como todo o outro individuo, de julgar do
merecimento disso que ele escreve. Em uma palavra o Publico, e naõ meia dúzia,
ou talvez um só censor da naçaõ, deve julgar do merecimento dos escriptos.
O editor do Correio Braziliense revela a necessidade de superar a cápsula da
língua portuguesa para que esta circulação fosse planetária. Assim saudava a
constituição de uma ponte entre a língua lusa e a inglesa por meio de uma gramática
específica para este intercâmbio linguístico.
Nova Grammatica Ingleza e Portugueza, dedicada á
felicidade e augmento da naçaõ Portugueza. Selecta dos melhores authores; por
Manoel de Freitas Brazileiro. Liverpool, 1312.
O
Author desta obra, se intitula no prólogo Selector, ou compilador do que se
acha escripto sobre a Grammatica da lingua Ingleza, que se propõem explicar por
meio da Portugueza ; e podemos asseverar ao Leitor que a selecçaõ he mui
superior ao que neste gênero temos até agora visto na lingua Portugueza, pelo
que respeita a dar a um Portuguez, por meio de seu idioma, um conhecimento
daquella lingua taõ exacto quanto he possivel dar-se em lingua taõ differente,
dos principios da linguagem Ingleza.
Naõ
he um mero rezumo, nem uma compilação de dissertaçoens; sobre os diversos
assumptos da Grammatica Ingleza; e por tanto julgamos este volume sumamente
adaptado a guiar o discípulo, e ajudar o mestre ; até que o Portugeez estudante
da lingua Ingleza esteja em situação de fazer maiores progressos, sem o auxilio
de Pedagogo, que, aos principios, nenhuma Grammatica Ingleza, por mais ampla
que fosse, poderia fazer com que se escusasse: pode isso affirmar-se de quasi
todas as línguas ; mas da Ingleza com especialidade; e pôde o estudante
Portuguez estar seguro, que nenhuma Grammatica, por mais perfeita que fosse, o
ensinaria a faltar Inglez sem as instrucçoens oraes do Mestre.
George
CRUIKDHANK -1792-1878 Monstruosidades de
1822
Fig. 10 – A imprensa de moda continua sendo uma grande fonte de
informações e como palavra escrita, orienta o olhar e o agir.. O puro
experimentalismo, sem teoria e sem uma forte base semiótica pode levar aos
exageros que esta imagem tenta colocar ao ridículo. Na moda inglesa dominada
pelo behaviorismo e experimentalismo e completamente distinta da moda francesa
que parte da informação e das concepções mentais que se referenciam aos cânones
semióticos ao modo como Roland Barthes registrou no seu antológico “Système de
la Mode” de 1967 ou aos cânones estéticos de um Max Bense. .
Explicação
imparcial das Observaçoens do Doutor Vicente José Ferreira Cordozo da Costa,
sobre um Artigo da gazeta de Lisboa de 1810: impressa em Londres. Lisboa, 1812;
vende-se na loge de Carvalho aos Mártires.
As técnicas
gráficas industrializadas na linha de
montagem possibilitaram a escolaridade universal, abalaram a política
centralista excludente, contornou a magia e a ortodoxia proveniente da
imaginação sem provas. O ano de 1812, além da vitória dos russos sobre a
poderosa armada Francesa, pode ser considerado aquele em que as técnicas
gráficas industrializadas disseminaram-se pelo mundo civilizado e precedeu o
que estamos vivendo, no ano de 2012, nas redes numéricas digitais. Ambas
mudaram as formas e a maneira publica de perceber a educação, a política e as
esperanças e as crenças em geral.
E.
LE SEUR Sans culottes plantam a arvore da liberdade 1792 Museu Carnavalet -
detalhe
Fig. 11 – A
Revolução Francesa de 1789 foi movida e sustentada imprensa. Em Paris
circulavam jornais e impressos de toda ordem principalmente nos seus períodos
mais agudos da mudança do Regime. Um destes
impressos moveu o público a
plantar 60.000 árvores-carvalhos, na França para reforçar as suas convicções
políticas da Liberdade de pensar, deliberar e decidir a agir coletivamente. O
que era antes conseguido pela violência e coação física e mental era conseguido
pela informação, vontade e direito conquistados pelo cidadão.
FONTES
BIBLIOGRÀFICAS
BARTHES, Roland. Système de la mode. Paris
: Seul, 1967. 327p.
BENSE, Max(1910-1990). Pequena estética. São Paulo: Perspectiva,1971, 225p+(2.ed. 1975).
FAORO, Raymundo (1925-2003). Os
donos do poder: formação do
patronato político brasileiro. Porto Alegre – São Paulo: Globo e USP,
1975. 2v.
FOUCAULT, Michel (*15.10.1926 – †28.06.1984).
Microfísica do poder. Rio de Janeiro:
Graal, 1995. 295 p.
FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal
estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp.
66-150. (Edição standard brasileira de
obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900) Sobre
el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179 p
WORRINGER, Wilhelm (1881 - 1965).
Abstraccion y naturaleza. (Abstraktion
und Einfühlung -1ª.ed. 1908). México : Fondo de Cultura Econômica, 1953. 137p.
WRIGHT
MILLS, Charles
(1916-1962) A elite do poder. (3.ed) Rio
de Janeiro: ZAHAR, 1975. 421 p..
HOGART William 1697-1764 - Entretenimentos no dia de
eleições c. 1755 -1758 Gravura – detalhe
Fig. 12 – O
conhecimento registrado e escrito num texto pertencem a todas as civilizações
superiores que usam este meio para sintetizar, guardar e eventualmente
criticar o conhecimento . Este registro
escrito manual e único se potencializou, em formas inesperadas, com os produtos
da indústria gráfica, produzidos em larga escala, e de tiragem uniforme e confiável..
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
CORREIO BRAZILIENSE nº 54 – NOVEMBRO de 1812:
O Correio Braziliense está disponível
integralmente no portal da USP – Coleção Brasilina -
ENCICLOPEDIA
BRITÂNICA
ENCICLOPÉDIA FRANCESA
HERDER
IMPRENSA e REVOLUÇÃO FRANCESA
de 1789
MUSEU CARNAVALET – PARIS
NIÓBIO BRASILEIRO e GRÃ-BRETANHA em 2012
Manuel ARAÚJO Porto-alegre
(1809-1879 Barão de Santo Ângelo e a caricatura impressa
Shakespeare – AS ALEGRES
COMADRES de WINDSOR
“Alegres
Comadres de Windsor”ATO III -Cena V - http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/windsor.html
“FALSTAFF — .. Ora, ter vivido, para que me carregassem num
cesto e me atirassem no Tâmisa, como restos de açougue! Bem; se eu cair em
outra brincadeira como essa, quero que me tirem o cérebro, o fritem em manteiga
e o dêem a um cão, como presente de ano novo. Os patifes me atiraram no rio com
tanta despreocupação como se fossem afogar quinze cachorrinhos recém-nascidos e
ainda sem vista. Se o fundo do rio estivesse na mesma altura do inferno, eu me
teria afogado. Sim, teria morrido afogado, se a margem não fosse tão baixa e
arenosa. Morte essa que eu abomino, porque a gente estufa na água. E de que
jeito eu ficaria, se viesse a estufar? Parecera a múmia de uma montanha”.
HOGART
William 1697-1764 - Entretenimentos no
dia de eleições c. 1755 -1758 Gravura
detalhe
Fig. 13 – O
livro, a mesa, o alimento e alguém despejando “conhecimento” diretamente no cérebro são alguns índices da
origem, circulação e da reprodução do PODER proveniente da LIBERDADE
SOM
O
presente texto foi composto ao som de Robert SCHUMANN - Etudes Symphoniques
opus 13
Este
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