MIRAGENS & PESADELOS.
“Na quarta parte nova, os campos ara,
“E se mais mundo houvera lá chegara”.
CAMOENS, c. VII. e. 14. CORREIO
BRAZILIENSE DE
OUTUBRO, 1812
Erasmus Salisbury
FIELD - Monumento à República Americana - 1875
Fig. 01 – O
artista ingênuo se entrega à miragem norte americano de acumulação urbana, de
verticalidade e de concentração sufocante num país de dimensões continentais.
Esta e que foi copiado e adaptado em todos os países do Novo Mundo. Não foram
suficientes os incêndios de Chicago e os efeitos devastadores do terremoto de
São Francisco. O golpe nestas miragens veio com o atentado às duas torres
gêmeas. Na cultura ocidental a miragem da Torre de Babel foi uma constante em
todas as latitudes e que, agora, se alastra aos Emirados Árabes e ao oriente
com os Tigres asiáticos.
A miragem parece, no
primeiro momento, como algo bom, senão um milagre. Para o indivíduo que a
percebe ela constitui a promessa e a esperança de uma solução definitiva de
problemas angustiantes. Esta maravilha pode-se transformar, na sua
concretização, num pesadelo prático para o próprio indivíduo que a percebe como
para a coletividade.
É o caso do denominado “MENSALÃO”
na politica brasileira. Parecia, num primeiro momento, a solução para um problema
da política brasileira e para os problemas particulares daqueles que perceberam
esta miragem e acreditaram nela. Tornou-se um verdadeiro inferno tanto para
toda a classe política como estarreceu toda população brasileira. Esta viu
erguer-se, da sombra e do silêncio, provas contundentes que abalaram a credibilidade
brasileira nacional e internacional.
Carl SPITZWEG
1808-1886 “O Poeta”
Fig. 02 – A
preguiça, como oficina do diabo, é povoada de miragens que se transfiguram,
depois, em patologias que geram pesadelos. Estes pesadelos que constituem a matéria
prima a ser transformada em indústria cultural e cujos produtos, se não forem
vendidos para as ex-colônias europeias, servem de motivos e temas para o marketing
e a propaganda das matrizes “liberais”. Marketing e propaganda em relação a
cidadãos competentes para transformarem os seus tabus em totens. Com esta justificativa
se entregarem, de corpo e alma, à fabricar mais e mais miragens, pois o mercado
é seguro e cativa por hábitos seculares de servidão e heteronímia mental e
físico.
Porém não é a primeira
vez que a maioria do Poder Originário da Nação viu miragens malignas destas se concretizarem em
inferno para todos. Miragens malignas que respondem ao projeto colonial, à
aparente solução da escravidão, as Missões jesuíticas e as ditaduras militares.
Miragens malignas brasileiras as mais conhecidas e estudadas unilateralmente.
O unilateral deve-se ao
fato de que estes estudos são parciais. Eles não acompanham seus efeitos do mal,
não atingem e nem exterminam suas sementes. Efeitos do mal que se concretizam e
atingem gerações inteiras. Escondem esqueletos sob o tapete da sala nacional.
As sementes de miragens malignas disseminam e constituem o alimento do mal
feito. Sementes que contaminam, emperram e corrompem todo o projeto
civilizatório brasileiro.
Francisco José GOYA y LUCIENTES 1746-1826 “As
bruxas”, c. 1797 - óleo 43 cm X
30 cm
Fig. 03 – A mente
humana europeia se povoa de miragens e o corpo perseguido por normas e tabus de
toda ordem. Esta alma penada encontrou uma válvula de escape nas colônias, onde
os crédulos bugres e africanos aprendiam e eram aterrorizados com as mesmas
miragens e tabus.
O Poder Originário
brasileiro, escaldado por estes sufocantes desastres, pode esperar e preparar-se
para tantos outros e piores miragens.
Uma das características
destas miragens políticas é um pequeno grupo visionário percebe alguns índices.
Este pequeno grupo age rápido, silenciosa e ocultamente sem contrato com
aqueles que ele se imagina como vítima. Para surpreender, estas potenciais
vítimas, transforma estes índices naquilo que lhe parece altamente favorável aos
seus próprios interesses. Nesta rapidez e cupidez atropelam as suas vítimas. Na
sua precipitação passam por cima, se apropriam e depredam também o patrimônio
material ou imaterial do conjunto nacional. Com o susto da sua audácia e do
imprevisto os seus mentores auferem altos lucros pessoais. Lucros que se
transformam, depois, em agonia para eles e para toda a população.
Fig. 04 – O
pintor Domenikus Theotocópulos , de origem grega, havia passado por Veneza, a
Rainha do Adriático e fixou-se no reino da Espanha. Em Toledo captou e plasmou nas suas perturbadores
imagens das miragens de uma nação na qual o Sol nãos se punha. As sua interpretação de Lacoonte e os seus
filhos sendo sufocados pela serpente era um sinistro pressagio dos desmandos e
pesadelos que ainda esperava este povo.
Na literatura mundial aparecem
na forma de Dom Quixote, que se transformam em pesadelo para o seu fiel
escudeiro e motivo de pena e raiva da população geral. Ou então um Don Juan, um
Fausto ou de mágico aprendiz que perde o controle dos seus pretensos dons.
A risonha miragem mundo
do trabalho - transfigurado em ócio criativo perpétuo- está se transformando em
pesadelo. Os primeiros encantos da
Princesa Moura do Jarau do eterno ócio e do prazer ilimitado, revelam, agora, o
desespero de nações inteiras e dos desempregados
que caíram na armadilha.
RICHARD HAMILTON (1922-2011) - What Was It That Made Yesterdays Homes So
Different, So Appealing?
Fig. 05 – O
primeiro quadro da POP ART mostra a superabundância de um lar de 1956. O seu insólito título, na forma de uma
pergunta, mostra o espanto do seu próprio criador. Ele é um índice silencioso
como este conforto, sedução e separação do mundo da rua e da praça publica e
aberta afasta e distrai os seus habitantes da política e das causas publicas
que eles deixam para uns poucos e nos quais podem votar – ato que dura uns segundos
e depois se alienam no seu conforto e vida sedentária em ambientes nos quais
pensam que possuem tudo. No entanto só possuem mediações de outros que
deliberam e decidem no seu lugar.
O olhar feminino da
inglesa Deborah ORR faz coro ao quadro de Richard Hamilton. Ela percebe e
descreve a causa desta alienação. Registra a existência miserável do britânico
antes, durante e após as Olimpíadas de 2012 de Londres. Ela escreveu no The
Guardian no dia 26 de outubro de 2012 que:
“antes
da década de 1970 tivemos o Baby boom e que quebrou a ilusão, usada para presumir
que no futuro todo mundo iria empregar menos tempo no trabalho e desfrutar mais
tempo no seu lazer. Este futuro é agora. A sua versão caiu em cima de nós. O pesadelo
do lazer imaginado estava recheado de dinheiro. No entanto, o lazer real da
agora é caro e difícil. Muita gente não se importaria em trabalhar menos, se este
tempo menor lhes fornecesse dinheiro suficiente para gozarem uma razoável qualidade
de vida. É hora de o governo - e qualquer outro governo - começar a pensar
sobre como ele pode enriquecer a vida e financiar de uma forma moderada. Isto
não significa dar apenas dinheiro suficiente, às pessoas, para levarem a uma
existência miserável em frente da televisão nas horas em que não trabalham”.
Fig. 06 – Ruben
GRILLO é desenhista competente para
captar e registrar essencial das miragens que motivaram e sustentavam na época
em acontecia o regime militar no Brasil. As suas obras circularam amplamente na
imprensa nacional nesta época obscura, bizarra e surrealista para uma nação
civilizada. Estas obras gráficas constituíam uma espécie de baixo contínuo e
subliminar dos absurdos que pode levar a aceitação, a concretização em atos
políticos e as trágicas consequências para aqueles que não se dobravam ou não
queriam se importar com esta realidade distorcida.
Os mentores nacionais das
miragens possuem pela frente dois eventos internacionais. Eventos que foram
elaborados, aceitos e aprovados sem consulta e são carentes de um contrato
nacional. Estes eventos de 2014 e 2016 irão carrear lucros certos para algumas
empresas promotoras. Enquanto o trabalho e os prejuízos ficarão para serem
saldados por uma imensa maioria, para não dizer de todo o Poder Originário
brasileiro. Seguem o esquema eterno de “embolsar os lucros e socializar os prejuízos”.
Miragens de lucros de imensas fortunas especulativas que a qualquer momento
poderão revelar a natureza atroz desta nova miragem. Atrocidade que se revelará
na transformação deste aparente paraíso oásis,
concretizado em novo colonialismo
e na escravidão de várias novas gerações. Prejuízo que transformará toda uma
população em reféns internacionais. População presa aos grilhões de um novo
colonialismo no mundo virtual e numa escravidão não menos real e vil.
Fig. 07 – O
profeta Antônio “Conselheiro” no meio da miséria, agruras das secas constantes
e das carências das necessidades básicas traduziu estas circunstâncias em
bizarras prédicas originárias das miragens que estas privações provocam em
qualquer ser humano, por mais saudável e resistente que ele seja fisicamente.
Foi impiedosamente eliminado por um regime republicano que enfrentava uma
revolta após outra que pipocavam em todo território nacional.
Em geral aqueles que se
deixam envolver, e seduzir, pelas miragens, transfiguram-se em sacristãos da
moral e do bem coletivo. Por esta razão seria trágico perceber estes poucos
caírem nas armadilhas que eles mesmos armaram. Porém historicamente não é assim
e o limite do dano não apenas este pequeno grupo de temerários. Contam não só
arrastam a população inteira para o prejuízo. Contam também os seduzidos pelas
miragens. Além disto, e o pior, consiste que este pequeno grupo mentor das
miragens, transforma-se em cães raivosos e de guarda, agredindo, prendendo e
matando quem duvide deles e das suas ilusões.
Foto Fabio Barros
Fig. 08 – A
população miserável do Arraial de Canudos a espera, em 1897, por uma solução final de sua miragem “do
sertão virar mar” e o início de um pesadelo onde a miséria e morte eram
corolários naturais das agruras das cíclicas secas. Um dos bairros de Canudos
era designado Favela. Favela que irá se
espalhar todo o território nacional, não só pela designação, mas com a mesma
realidade que estes infelizes viveram no final do século XIX nos sertões
nordestinos. Realidade que terá o ciclo do cangaço em pleno século XX. Cangaço resultante
das mesmas carências das necessidades básicas. Irá gerar outras tantas miragens
que traduziram estas mesmas circunstâncias que tinham na sua raiz as mesmas
privações insuportáveis para qualquer ser humano, por mais saudável, educado e
resistente que ele fosse.
As miragens são contagiosas, perigosas e
sinistras. Um mínimo de poder descuidado que cair nas mãos dos mentores das
miragens, os faz agir firmemente para “salvar” as suas miragens com este poder.
Ação que os leva ao ponto de promoverem - para aqueles que os querem de retorno
à realidade - a instalarem as fogueiras da inquisição, os campos de
concentração ou as câmaras de gás.
Diego RIVERA
-1886-1957 “Calavera Catrina”
Fig. 09 – O
pintor mexicano buscou na mitologia, história e cultura do se povo os rituais e
os signos do poder das miragens coletivas que moveram sempre as multidões desta
nação. Os trágicos desfechos destas miragens também não se fizeram esperar. A
Tenotchtitlan toda arrasada diante dos espanhóis no embate dos astecas em
manter e defender a miragem de Huitchilopotchli.
As miragens do poder e das aparentes e perpétuas soluções
não foi apenas o mundo europeu em geral. Cada nação foi vítima seduzida pelas suas
miragens particulares. A nação portuguesa aceitou coletivamente expressa na miragem
no Lusíada. Camões versejou que “na quarta parte nova os campos ara, E se
mais mundo houvera lá chegara” (CAMOENS, c. VII. e. 14). O CORREIO
BRAZILIENSE tomou este fragmento da miragem como consigna e abertura em todos os
seus números. Ela confere forma poética escrita desta miragem. Esta epígrafe é visível na edição, de
nº 53, de OUTUBRO de 1812.
A própria obra de Arte pode ser vitima da propaganda e
do marketing, transformando-se numa miragem, corrupção e nascer morta. No
entanto a coerência da Arte é o teste permanente de desta obra. Ela é coerente
ao expressar o ser humano de cujo ente elas se origina. Como tal ela se
transfigura, além de possuir também valor de documento de época e de local.
Hélios
Aristides SEELINGER(1878-1965) - Costas do Brasil 1947 óleo 70 x 67 cm
Fig. 10 – O pintor
simbolista brasileiro Seelinger captou, em largas pinceladas, o confronto entre
as temerárias caravelas lusitanas frente à esfinge imperturbável do ameríndio.
Este, até os dias presentes, não está suficientemente convencido a aceitar um
contrato com que destruiu as suas flores, poluiu os mananciais, espantou os e
extinguiu os bichos e levou para além-mar o que interessava. Como prêmio o
europeu trouxe escravos e hordas de europeus. deserdados da sorte, nos porões
dos seus navios.
A América Latina e o Brasil, em particular, foram
campos experimentais zelosamente guardadas por fortalezas de todas as ordens.
Território no qual laboratórios - invisíveis para os demais europeus - podia
manter sigilosamente, sob seu controle, as vítimas das suas miragens. Longe do
olhar mundial praticaram silenciosamente as piores atrocidades e que clamam
ainda por justiça. Não é por acaso que vários sinistros carrascos nazistas
procuraram, para eles mesmos, estes
paraísos das miragens depois de terem arruinado, com suas miragens, o seu regime na Europa. E “se outros mundos houvera” colocavam os
portugueses no projeto da a sua conquista preludiando o sonho da corrida
espacial, mas que outras culturas concretizaram.
Ao atravessar os Sertões
varados por profetas e místicos de toda ordem, um dos personagens de Guimarães
Rosa vai recitando:
“Querer o bem com demais força e de
incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar. Esses
homens!. Todos puxavam o mundo para si, para concertar consertando. Mas cada um
só vê e entende as coisas dum seu modo”.
(Guimarães Rosa, 1963, p.18)[1]
DIEGO RIVERA
1886-1957 NY - Le Monde 20.11.201
Fig. 11 – O “vigiar e o punir” cria o clima de
uma ordem cemiterial. A lógica, a ordem e os métodos tayloristas da cultura
norte-americana foram captados pelo pintor mexicano Diego Rivera. Este quadro
contrasta vivamente com aquela da Fig. 09 do mesmo artista. Comparando estas duas obras é possível ter uma ilustração do “Abstrakion und
Einfülung” do alemão William Worringer
Este literato mineiro havia
assistido, como diplomata brasileiro, a ascensão do regime nazista na culta
Alemanha onde exerceu o se cargo na década de 1930. As suas “Veredas” brasileiras são a continuação e
constituem cenários das mesmas ou piores miragens da cultura europeia. Cultura
europeia que transformou em colônias as outras culturas. Colônias nas quais se
sentia abrigada a implantar os laboratórios dos seus desmandos. Desmando que
não podia praticar nos laboratórios do Velho Mundo interditados pelos
sacristãos da moral e do bem coletivo.
Talvez a pior prisão
sobreveio com a fragmentação “cientifica” desta realidade. Fragmentação e
isolamento recíproco comandado pelo culto da Razão soberana tanto do iluminismo
como, depois, pelo positivismo. Positivismo e iluminismo nos quais poucos
privilegiados possuem uma visão conjunta. Nesta fragmentação e neste isolamento
recíproco cada agente necessita se contentar com a visão, estudo e controle de
uma realidade mínima. Esta realidade mínima será o seu mundo para sempre e para
todos os efeitos. Nesta fragmentação e isolamento recíproco, a Filosofia e as
Artes são para temerários. As especulações
gerais e de cunho abrangente serão classificadas como inúteis, senão, altamente
prejudiciais. O temor é que tais especulações, gerais e abrangentes, venham
concorrer ou descubram, denunciem e trabalhem contra as meias verdades das
miragens.
Spiegel em 26.10.2012
Fig. 12 – A
miragem da escola e o pesadelo didático de uma escola na linha de montagem
taylorista impõe a norma é vigiar e punir, mesmo que seja apenas simbolicamente
e a seleção daqueles que estão mais acostumados em aceitar a heteronímia. Os
mediadores deste pesadelo - sem condições de compreenderem o paradigma e muito
menos exercer alguma deliberação e decisão de mudar - dificilmente são
encontrados no exercício efetivo do magistério. Os mediadores trabalham por
cima e por fora, fatiando a realidade. Fatias que sobrecarrega a vida da
infância. Esta criança não terá a menor chance de perceber o conjunto de uma
civilização, mesmo muito tempo depois de deixar a escola. Este peso curricular
fatiado será - no máximo - um pesadelo de miragem do passado que ela jamais irá
desejar de volta.
A educação formal
brasileira constitui outra nau de insensatos movida pelos ventos das miragens.
Na sua aparente neutralidade a sua tripulação deseja-se medidora no âmbito de
culturas universais. No entanto desqualifica, aniquila e esteriliza quem se
aproximar ou - pior ainda - se submeter às deliberações e decisões provenientes
destas miragens de que esta nau é a portadora. No entanto, o seu maior perigo
se encontra escondida nos seus porões e do qual nem a sua tripulação suspeita.
Lá se alojam teses que se concertam entre si mesmas em argumentos relativos à
indolência dos ameríndios, africanos e nordestinos. Piores que as antigas pestes,
escorbuto, ratos e baratas que se introduzem, subliminarmente, em culturas que
não possuem predadores competentes para lhes dar combate adequado. Porém destes
saem destilados que ganham foros nacionais e internacionais como o “homem cordial brasileiro”, do “Jeca Tatu bem sucedido” ou do “bandido da luz vermelha” e tantas outras
teses extremamente favoráveis aos seus autores. Teses que fazem a mentalidade
de uma classe que cai na heteronímia e se identificam com esta minoria elevada
ao nível de mediadores incontestes.
Frank WILLINGER - 1959- Ecce Homo - jun.1999
Fig. 13 – A arte
contemporânea retomou imagens clássicas da cultura europeia como este Cristo nu
e isolado sobre um pedestal público. Cristo, fora do poder de uma igreja, mas condenado em nome de uma miragem. Cristo nu e
isolado do mundo do consumo e de algum conforto material.
Teses que, na sua heteronímia, nomeiam-se a si
mesmas como as “legítimas e magníficas benfeitoras
da humanidade”, quando de fato mergulhada na “escravidão voluntária” e se dizendo as perpétuas iluminadas. Nenhum
marketing e propaganda dos apoiadores desta
nau dos insensatos, irá contradizer estes senhores momentâneos do raio e
do trovão, e já embarcados para outra missão. Nau que, no momento que tiver
cumprido a sua missão local - e diante da
hostilidade dos nativos - subir para níveis insustentáveis, irá levantar
âncoras, e se dirigir para outros quadrantes mais favoráveis. As vítimas da
missão local enterrem aqueles que tombaram na luta e os esqueçam - o mais
rápido possível - diante da ameaça e da aproximação de outra nau de insensatos diferentes.
Fig. 14 – Numa
praça de Nuremberg, onde foram julgados os líderes nazistas, depois d IIª
Guerra Mundial, ergue-se um monumento público `Nau dos Insensatos. Esta cidade foi também centro de grande
desenvolvimento dos meios impressos e que, na sua multiplicação, circulação e
discussão tiveram condições de mostrar e evidenciar o que constitui miragem e
apontando caminhos para a busca da realidade individual e coletiva.
A história colonial se
acelerou. Agora as naus são aéreas e que se orientam pelo acumulado de redes
mundiais. Porém os temerários de antemão conhecem, por meio destas redes, aquilo
que interessa, e calculam os pontos aos quais convém evitar para não causar
nenhuma contestação ou grito das novas e incautas vítimas.
Fig. 15 – O
historiador Erich Hobsbawn encara os
leões de Porto Alegre em 13.2.1992 Estes leões
de mármore são das ilusões ou “de
chácara”. São feitos apenas - e colocados ali - para que lembrem do efetivo
Poder Originário do qual o prédio e os seus ornamentos seja o prolongamento de
uma sala de visitas públicas dos estrangeiros que chegam a esta metrópole.
Neste contexto vale a observação
de Erich HOBSBAWN de que ninguém se deve sentir autorizado ou estimulado na busca
de novos mundos e muito menos tentar implantá-los. Estes ‘“novos mundos” poderão se revelar tantas outras miragens. Miragens
cujas consequentes alienarão da realidade e a sua concretização poderá ser
muito pior do que aquela que estamos vivendo. Já será um imenso ganho, para
todos, se pudermos viver num mundo contratual público e coerente com a vez e a
voz de todos.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
BOÉTIE, Etienne La
(1530-1563). Discurso da
Servidão Voluntária (1549). Tradução de Laymert G. dos Santos. Comentários de Claude Lefort e Marilena
Chauí. São Paulo : Brasiliense, 1982.
239p.
FOUCAULT, Michel
(*15.10.1926 – †28.06.1984). Microfísica
do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295 p.
GUIMARÃES ROSA,
João. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro : José Olympio, 1963.
HOBSBAWN, Eric J. (1817-2012) . Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de janeiro
: Paz e Terra, 1991, 230 p.
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
CORREIO
BAZILIENSE
– Londres - outubro de 1812
EDUCACIÓN
PROHIBIDA
ANTONIO
CONSELHEIRO
1830-1897
ARTE, CULTURA e ESPORTE na Inglaterra
You cannot feed a nation on culture and sport, but you can nourish it
The government should help us enrich our
lives with a little circus, even when bread is in short supply
Nau dos
Insensatos
http://www.wdl.org/pt/item/8973/ -
O livro do ano de 1494 de Sebastian Brandt 1458-1521
TEXTO PRODUZIDO
ao SOM de
VERDI: Simon
Boccanegra – Scala de Milão - 2010 – duração 02h27min57seg.
Este
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