sábado, 8 de dezembro de 2012

NÃO FOI no GRITO – 064.




METRÓPOLE & COLÔNIA.

Porque os ratinhos do Douro
são grandíssimos velhacos:
em Portugal são ratinhos,
e cá no Brasil são gatos”.
OS GATOS  - Gregório de Matos – [1636-1695]

Fig. 01 – A imagem mostra a estação espacial russa SUYOZ (UNIÃO) percorrendo a órbita da Terra. A nave e o  seu foguete tiveram o 1º lançamento dos seus protótipos em 23 de abril de1967 e são os únicos operacionais em dezembro de 2012 sem a perda de uma única vida humana, Nesta data os países dividem-se naquelas que possuem domínio de viagens espaciais com projetos e execução efetiva a partir do seu território e naquelas que são meras usuárias. Estas estão restritas aos seus limites, provenientes da era industrial e como reserva de mercado. As que dominam e usam efetivamente o espaço externo estão ampliando não só a sua presença no mundo cósmico, mas estão desembarcando para a sua população as tecnologias desenvolvidos nos projetos espaciais e transformando em suas colônias virtuais aquelas não detentores desta  tecnologia espacial.

A relação entre METROPOLE e a sua COLÔNIA é sinônimo, para o cidadão contemporâneo, de dominação econômica, política e cultural. Raramente ele se dá conta que nesta relação dos componentes ocultos de onipotência, de onisciência e de onipresença são cultivados pelo dominador e são fortificados e reproduzidos de forma subliminar, silenciosa e sem grito algum. Este dominador ( metrópole) considera o outro (colônia) como um objeto do seu poder natural, reforçado e legitimado pelo sobrenatural inquestionável.

Em relação aos eventos do ano de 1822 é mais apropriado falar em INSUBORDINAÇÂO do que em SOBERANIA, pois as relações de dominadores e dominados não foram vencidos até os dias atuais. Não há lei, programa ou grito que consiga transformar os hábitos de heteronímia ou do mandonismo em relações de cidadania e de igualdade. Em dezembro de  2012, basta abrir os olhos para as favelas e os guetos sociais para perceber os atuais abismos econômicos, políticos e culturais do Brasil. O alienado para as causas destes abismos sacode os ombros e sentencia : “SEMPRE FOI ASSIM, senão PIOR !”

A escravidão, abolida em Portugal continental, em 1761, a sua abolição no Brasil foi arrastada e procrastinada muito além do famigerado “GRITO de IPIRANGA”. A aparente SOBERANIA não significou nada para os infelizes africanos... ou só piorou as suas condições e aumentou esta chaga em número e tamanho.

Neste caldo colonial remanescente não faltam, em dezembro de 2012,  movimentos culturais que buscam refúgio no mundo simbólico para estetizar e eternizar a relação opressor e oprimido. Os ingleses foram mestres na invenção das “tradições”. Tradições que lhes eram favoráveis no aspecto econômico e industrial, com o dom e a fortuna de mascarar e tornar atraentes as relações sociais de heteronímia. William John Thoms (1803-1885) apresentou no dia 22 de agoste de 1846 a “ciência do folclore”. Isto se dava no apogeu do Império britânico, as vésperas do Palácio do Cristal, um dos triunfos da 1ª era industrial britânica e índice da necessidade da expansão colonial inglesa.

Oscar Niemeyer na praça Otávio Rocha Origem da foto de Flávio DAMM da: Revista do Globo, fascículo nº 482,  14.05.1949, p. 44
Fig. 02 – Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho  15.12.1907 –  05.12.2012) posa na praça Otávio Rocha para a Revista do Globo  numa visita a Porto Alegre para presidir no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, a formatura da primeira turma de urbanistas com Curso Superior realizado no Brasil. Com as perguntas dos entrevistadores descobriu o hábito colonial e do pensamento linear, feito e alheio. O fato calou tão fundo que preferiu não mais realizar visitas pessoais à Porto Alegre, segundo o depoimento de Francisco Rio-pardense Macedo, um dos formandos e orador da turma. Além disto, teve o seu projeto, para o IPE-RS, desconsiderado pelas autoridades locais.Isto depois de Pampulha e sede da ONU em Nova York

O clima cultural e artístico - dominante em regiões submetidas ao regime colonial, do passado ou do presente - abafa e esteriliza qualquer reprodução estética. Por mais geniais que tenham sido alguns artistas brasileiros, do passado ou do presente, eles não conseguiram projetar - por mais alto que ela tenha sido a sua criatividade - numa escola que continuasse ou mesmo contradissesse a sua criação original. No passado um Antônio Francisco da Costa Lisboa (1730-1814), um Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), o movimento da Semana de Arte Moderna (1922) ou, no presente, a obra de um Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho  (15.12.1907 –  05.12.2012) cessa e se limita ao seu tempo e lugar. O Brasil não deve ser iludido. O regime colonial vigente encarrega-se de abafar e de esterilizar qualquer esforço criativo inovador. Tudo é estéril sem a alteração da mentalidade colonialista.  O clima cultural e artístico é equivocado, passageiro e um falso brilhante quando determinado pela condição colonial. Esta esterilidade é visível no apelido “Aleijadinho” ou nos apodos sintéticos “Mário da Andrade” e “Oscar Niemeyer”, prontos como rótulos abreviados de pacotes para o uso da indústria cultural e que torna tudo obsoleto e passageiro. Na educação formal brasileira estes produtos culturais são consumidos  como pacotes aprontados pela  indústria de consumo. Como tais são identificados e memorizados pelos alunos. Na mentalidade colonialista constituem apenas rótulos abreviados sem a menor crítica ou conhecimento, conexão com a realidade do estudante ou da origem e manipulação destes produtos prontos.

O Regime Colonial determina, de forma  subliminar, que os alunos permaneçam nos estágios primários, na concepção de Jean Piaget. Na sua condição colonial são prisioneiros políticos da COLABORAÇÃO COMPULSÓRIA e da PARTICIPAÇÃO EMOCIONAL. O estágio da INTERAÇÃO lhes é interdito. Consequentemente lhes é interdita a competência para discutirem as perdas e os ganhos antes, ao longo e depois das ações coletivas. Um índice é escancarado em vários partidos políticos brasileiros na sua reiterada insistência no momento da propaganda e do seu marketing e perceptível na condição compulsória da PARTICIPAÇÂO EMOCIONAL. Não há como fugir do POPULISMO nesta condição.

Fig. 03 – Uma vista da Europa (França, Paris, Canal da Mancha e Inglaterra) a noite e como a aurora boreal no horizonte Europa construída e iluminada com as riquezas das colônias que os seus países mantiveram ao longo de meio milênio.

O Brasil perdeu completamente a janela da corrida espacial e o desenvolvimento de tecnologias de informação. Esta oferecendo aos países que aceitaram, “just-of-time”, estes desafios um imenso território e uma mão de obra ansiosa para serem escravos digitais. A muralha dos fortes - geridos pela ignorância, pelas ideologias obsoletas e pelos preconceitos de toda ordem – formou e construiu um imenso reservatório para as metrópoles tecnológicas de ponta. Os desgrenhados e magros  ratos destas metrópoles são no Brasil lustrosos e atrativos gatos mimados pagos a peso de ouro, que evidentemente remetem para as suas metrópoles para estas possam construir outros patamares científicos e tecnológicos.
Imagem 1º computador com transistores (Inglaterra) denominado a “Bruxa” restaurado em 2012
Fig. 04 – Antes da "Bruxa" havia sido construído um computador nos USA tendo vomo base válvulas, Consume a energia elétrica de uma cidade média. Coube aos ingleses  montar o primeiro computador com transistores  

A situação dos Técnicos em Informação (TI) é vexatória no Brasil e a beira do servilismo com a figura do estagiário, próximo da condição que escamoteia a escravidão. Os jovens brasileiros, depois de realizarem Cursos de Tecnologia e Faculdade de informática e permanentes credenciamentos de empresas multinacionais, quando procuram emprego, não precisam caminhar muito. Na sombra das faculdades de informática eles encontram empresas  onde são acolhidos de braços abertos, se é que não pagaram os seus próprio estágios nestas casas. Mas logo descobrem que a empresa é de propriedade e é gerida por estrangeiros. Ao investigarem as causas desta relação encontra a razão de serem empresas de países nos quais a profissão de Técnico em Informação (TI) e regulamentada. Por este motivo este profissional recebe o salário oficial de $ 5.000,00 dólares. Mas como nenhum empresário quer pagar isto, basta atravessar a fronteira, se instalar com um escritório no Brasil, onde a profissão não é regulamentada, e pagar salário mínimo pelo trabalho que, de noite, é transferido para a matriz.
CALL CENTER  -in  Correio do Povo em 30.01.2011
Fig. 05 – Uma amostra de um fractal de uma colônia digital. Nesta imagem o velho hábito colonial foi preservado e projeta-se e se intensifica na forma de posse ou como “coisa [res]” que se materializa nas suas colônias virtuais.  A mão invisível e subliminar do poder da metrópole. Submete e formata a colónia  na qual o cidadão perde qualquer potencialidade para deliberar e decidir, .reconfigurando as questões que mantém a escravidão.

Esta situação é uma das razões pelas quais o Brasil é mero consumidor de informática e continua o seu caminho acelerado para ser definitivamente um colônia digital ... inclusive do Uruguai. Sem pesquisa e sem experiência de inovação, sem o domínio e vanguarda da tecnologia espacial Brasil exibe, sem gritos e silenciosamente, o triste espetáculo de uma colônia digital, a mercê dos ratos de outras culturas. Ratos que são mimados, no Brasil,  como “queridos entes domésticos”.

E nota pública do dia 05 de dezembro o sindicato dos TI publicava em Porto Alegre:

“Os trabalhadores do setor privado de TI (Tecnologia da Informação) [...] possuem uma jornada de 44h semanais. Cada vez mais, os trabalhadores são pressionados por maior produção, por cumprimento de metas e de prazos e por atualização. O piso salarial de um analista de sistemas com mais de um ano de trabalho na mesma empresa e com jornada de 44h semanais (maior piso salarial da categoria de TI), não passa de R$ 2.100,00. Enquanto isso, a economia do Brasil cresce e o setor de TI é um dos que mais lucra no país. Nos últimos três anos, o mercado de TI cresceu 61% e o PIB (Produto Interno Bruto) do setor já alcança 103 bilhões de dólares. O sindicato dos empresários (Seprorgs) só quer pagar o INPC (5,99%) e rejeita qualquer proposta de redução de jornada.[1]

O Brasil voltou ao regime colonial. Regressa como provedor, para estrangeiros, de força de trabalho abundante, ignorante de si mesma e desconsiderada pelos que a contratam. O Brasil retorna ao regime colonial como fornecedor de matérias primas – commodities -  aos países com experiência de inovação, com domínio e vanguarda da tecnologia espacial. Assim tornam-se metrópoles na medida em que deliberam e decidem, e o Brasil obedece, e se condiciona a eles, permanecendo numa perpétua heteronímia.




No colonialismo digital qualquer sinal de desagregação, do rebanho em marcha ao matadouro, é punido de forma pública e exemplar. Controle e punição pelo descarte e segregação muito mais cruel e duradouro do que o suplicio truculento e pontual de Joaquin José da Silva Xavier (1746-1792).









[1]  -CORREIO do POVO ANO 118 | Nº 66 PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO DE 2012 p.04
Fig. 06 – A casa comercial que vendia pessoas e mão obra adulta e infantil numa  imagem de Jean Baptiste Debret, mostrando um deste numerosos estabelecimentos no Valongo  junto ao porto do  Rio de Janeiro.
VALONGO – tese de Cláudio da Paula HONORATO

O Brasil exibe na era pós-industrial a condição atualizada deste regime colonial.  Corre atrás de países que são minúsculos física e economicamente. O gigante exibe o triste espetáculo de uma colônia digital, a mercê dos ratos de outras culturas. Em vez das minas de ouro - do regime colonial ou aquelas de Serra Pelada, ouro do qual poucos brasileiro sabem o destino -  agora é a vez do nióbio ser objeto da ganância e negócios dos qual poucos brasileiros sabem o destino e muito menos detém qualquer deliberação ou decisão a favor de toda nação brasileira. Como fornecedors de matérias primas os brasileiros são colocados como mão de obra, com inteligência e com vontade na heteronímia das economias, políticas publicas originárias de países com experiência de inovação, com domínio e vanguarda da tecnologia espacial. Este neocolonialismo é silencioso e praticado com o apoio da cultura jurídica destes povos como o cumprimento integral das normas jurídicas formais brasileiras como sempre aconteceu no Regime Colonial. A escravidão era legal como as mais estranhas práticas, como a roda dos expostos, onde nasciam e se legitimavam “as crianças de rua”. A reprodução física a mão de obra escrava tinha ampla participação do dominador branco. Esta ação do reprodutor branco - sem grito, clandestina e silenciosa - é gritantemente visível em todos os tons de pele da atual população brasileira.
Fig. 07 – Nesta imagem  um bando de adolescentes armados é liderado por um adulto em posição  de realizarem a Justiça com as próprias mão e abrirem caminho para o livre curso da delinquência

O papel da autoridade colonial era vigiar, punir e prender invariavelmente os que interferiam na ordem pública. Estas autoridades eram simultaneamente legisladores, executivos e juízes. Como militares e presidentes das províncias coloniais eram “culpados de tudo”. Se não conseguissem dar conta do recado, eram julgados por uma corte militar e enforcados, como aconteceu com um cortejo de generais lusitanos.

Num Regime Colonial não há possibilidade de delegação de competências de autoridade e discutir limites de poder. O poder e os seus limites já foram determinados como únicos, fixos e invioláveis. Neste panorama apenas existem “culpados de tudo” e herdeiros naturais do poder

Mesmo no âmbito interno do REINO UNIDO PORTUGAL-ALGARVES e BRASIL há discrepâncias atrozes e legalmente sustentadas por uma hermenêutica, no mínimo suspeita. Pergunta-se:

-  De que forma a escravidão legal podia continuar no Brasil quando em Portugal continental era já havia sido extinta legalmente em 1761?

- Que “unidade” era esta?

Evidente que a cultura portuguesa continuou  coerente com o “Ancien Regime” e onde o Brasil Colonial entrava como “coisa [res]”.
 Os fortes abalos institucionais desta autoridade natural e indiscutível - das quais a revolução Francesa (1789) foi um prelúdio e uma amostra – foi percebido pelo redator do Correio Braziliense. Esta percepção fazia com que ele encerrasse as suas considerações, em dezembro de 1812, apelando para um potencial contrato entre o Governo, desta autoridade natural e indiscutível, com o novo Poder Originário emergente:

“Nós fomos levados a estas observaçoens, pelo respeito que temos á Constituição de Portugal; e se estamos enganados, desejaríamos que alguns dos Senhores, que se lembraram do expediente desta portaria, em vez de chamar as Cortes, como fez o patriótico Rey D. Joaõ IV. e pedir-lhe os auxílios necessários para a guerra; nos dem melhores razoens que as nossas, e entaõ nos convenceremos: do contrario continuaremos persuadidos, que esta medida deve causar uma revolução na Constituição de Portugal, de consequências funestas â regularidade de seu Governo”
Correio Braziliense, vol. IX. nº 55 dezembro de 1812, Política, pp. 918-919

Porém o apelo ao potencial contrato entre o Governo, desta autoridade natural e indiscutível com o Poder Originário era incapaz de alterar o velho hábito colonial. O Brasil constava apenas como “coisa [res]” e entrava como posse de fato da Metrópole lusitana a ser negociado com uma corte formal e legal para “inglês ver”.

O Brasil preserva, em dezembro de 2012, o velho hábito colonial, quando muitas nações já estão na era pós-industrial. Este velho hábito colonial foi preservado e projeta-se e se intensifica na forma de posse ou como “coisa [res]” que se materializa nas suas colônias virtuais. O Brasil é tratado externamente como “coisa [res]” nesta relação das metrópoles digitais e espaciais em forma reinventada de colônia.  O Brasil é tratado, internamente como posse pessoal por aqueles que se apoderam e usam o Poder Originário e com esta mentalidade o  administram. O velho hábito colonial do Brasil  faz com que a população se comporta como aquele que não tem nada a ver com isto, além de temer os desmandos daqueles que se dizem “donos do poder” na concepção de Faoro e de Wright Mills.  Aqueles que ocupam temporariamente cargos e funções são percebidos como “culpados de tudo”, pela população cativa do hábito renovado e atualizado do Brasil colonial, no âmbito da máquina publica (res pública). Situação natural muito cômoda, pois esta mentalidade passiva, isenta e retira qualquer sanção moral nas eleições obrigatórias com um voto para cada eleitor. Neste velho hábito colonial do Brasil, o mais votado recebe o prêmio ou castigo de ser o “culpado de tudo” enquanto cidadão vai cuidar da sua vida e sem se lembrar em “quem votou obrigatoriamente”. Nesta circunstância fica feliz quando alguém aceita repetir a dose do mandato, ou quando alguém indica a próxima vítima, preferencialmente sem passar pela vexatória situação de ser votado no interior do partido.
PRESO  ENTALADO   04.12.2012 in http://www.aquiagora.net/noticia.php?id=29768
Fig. 08 – O papel do presidiário é procurar evadir-se de todas as maneiras possíveis. O papel do poder público, além de julgá-lo publicamente e prendê-lo, recebe, em suas mãos, a vida deste presidiário. Num relação colonial o papel do Estado termina neste ponto. Numa cultura onde o poder originário vai muito além de formar um júri pontual popular e formal, existe a discussão, as medidas efetivas e as consequências das causas deste delito. Discussão lúcida e consequente da natureza e dos perigos deste delito. Discussão do que a criminalidade e a apatia popular representam para o equilíbrio homeostático de uma civilização em construção permanente. Construção onde é necessário evitar entregar-se às forças elementares da  Natureza como também evitar a alienação do salto para o imponderável e o sobrenatural.

 Nesta situação neocolonial  alastra-se, cada mais, a mancha dos legal e formalmente excluídos. Assim cresce de forma assustadora a a indústria e a reserva daqueles legalmente excluídos legalmente e destinados aos presídios povos. Reserva disparatada de uma potencial força de trabalho e de inteligência e vontade que possui apenas os destino da vilania e do desperdício. Desperdício dos lixões humanos em que transformou o sistema prisional brasileiro e muito pior e desumano do que as masmorras dos fortes militares do Brasil Colônia.
Fig. 09 – Três mundos  sem conexão. O fechado mundo ideal e imaginado do gasto suntuário, sobrepõe-se e se confronta com  o mundo aberto, real e concreto do trabalho com as mãos e com as sobras de uma civilização predadora. Os “hieróglifos” dos pixos,  falam de um mundo anárquico e caótico para qual não fazem sentido nem o mundo imaginado nem  o mundo real..

Nesta situação neocolonial  o cidadão avulso, ainda gozando da liberdade, necessita de extremo cuidado em qualquer contrato. Pois o contratante, na situação colonial, está na busca, de fato, do seu escravo, do seu servo e do súdito dos seus desígnios. A Justiça brasileira está atulhada de processos decorrentes deste equívoco do contratado e tardiamente descoberto por ele. Processo nos quais os lucros foram embolsados pelos contratantes inescrupulosos, enquanto as perdas decorrentes dos trabalhos foram colocados nas costas dos contratados. O projeto colonial metropolitano possui, na sua essência, o objetivo de se apropriar dos lucros e socializar as perdas nas suas colônias. Este projeto metropolitano é vigente em dezembro de 2012 ainda permanecerá inalterado sem a interferência ativa da inteligência, da vontade e do direito de quem propõe e de quem aceita qualquer contrato.

- New York Times - em 06.11.2012  - fila de votação na localidade  Viena USA -
Fig. 10 – O mundo contratual no qual o voto é livre  faz com as deliberações e decisões sejam consequentes antes, durante e depois do pleito. Um cargo público é discutido antes, durante e depois de assumidos por alguém que sabe  e respeita o direito ao exercício  das suas funções previstas em contrato no âmbito da constituição nacional.

 A Democracia supõe sempre a cuidadosa, lúcida discussão antes, durante e depois de qualquer ação, a quem cabem as perdas e os lucros. Esta situação neocolonial é a origem de todo engessamento, atraso e heteronímia da cultura e da tecnologia brasileira atual. Até o pensamento criativo dói nesta situação neocolonial. Melhor, mais seguro e mais confortável é aceitar - e colocar em prática - o pensamento testado nas metrópoles hegemônicas, não importando a mentalidade, a ideologia, o lugar e o tempo deste teste. 

Sobre todo este cenário passam rápidos e invisíveis os satélites estrangeiros. No Brasil eles servem para serem alugados e abastecer as antenas que dominam prédios e a paisagem na qual se difundem eventos, marketing destinado para alienar multidões. Difusão controlada e editada para manter na inércia aqueles a quem se quer vender “a cadeirinha, ou sofá, do céu dos bobocas” ou aquele do “dever cumprido”.

O Brasil libertou-se do arcaico regime colonialista nos moldes lusitanos. Porém o hábito de heteronímia brasileira persiste.  Mais do que nunca, em dezembro de 2012, multiplicam-se os efeitos mais intensos, silenciosos e perniciosos deste hábito da heteronímia brasileira.  Com a afirmação  e o avanço de novas metrópoles da era pós-industrial esta cultura de dependência ganha força e se multiplica ao infinito. Os concorrentes da era pós-industrial podem considerar as  metrópoles emergentes como ratinhos. Porém no Brasil, em dezembro de 2012, são tratados ainda como gatos valentes, inteligentes e éticos na coerente e persistente visão sarcástica de Gregório de Matos (1636-1695).

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

FAORO, Raymundo (1925-2003). Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.            Porto Alegre – São Paulo : Globo e USP, 1975.  2v.

FOUCAULT, Michel (1926-1984).  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295.

GREVE dos TRABALHADORES do SETOR PRIVADO de  TI  a PARTIR do DIA 6 de DEZEMBRO de 2012
CORREIO do POVO ANO 118 | Nº 66 PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO DE 2012 p.04

PIAGET, Jean (1896-1980)  Epistemologia Genética(2ª ed) São Paulo : Abril Cultural          1983.  294 p.

VILHENA, Luís Rodolfo da Paixão. (1963-1997). Projeto e Missão. O Movimento Folclórico Brasileiro, 1947-1964. Rio de Janeiro: Funarte/Fundação Getúlio Vargas. 1997, 332 pp.

WRIGHT MILLS Charles (1916-1962). A elite do poder. 3.ed.  Rio  de Janeiro : ZAHAR, 1975,   421p

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS





COLONIALISMO  & TRABALHO CONTEMPORÂNEO

ELTON JONES em PORTO ALEGRE a ingressos a R$ 750,00

ESCRAVIDÂO ABOLIDA em PORTUGAL CONTINENTAL em 1761

DELIQUENTES - TRABALHO INÚTIL da POLÍCIA e RESPOSTA da JUSTIÇA


MEXICO AMEAÇA ECONOMIA do BRASIL


O CENTRO do MUNDO está ONDE  me COLOCO - RIO PARDO pelas lentes de Ivan Winck

OS GATOS  - Gregório de Matos – [1636-1695]
PRIMEIRO COMPUTADOR  DIGITAL  [com transistores eletrônicos]

PRESO  ENTALADO   04.12.2012

SUYOZ – foguete e estação espacial russa: 1º lançamento em 23.04.1967

TRAFICANTES do RIO de JANEIRO

VALONGO – Tese de Cláudio da Paula HONORATO

Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho  15.12.1907 –  05.12.2012)
Oscar Niemeyer  em PORTO ALEGRE no blog :ISTO é ARTE mantido por esta autor
Oscar Niemeyer  no Le Monde de  06.12.2012 .
Oscar Niemeyer  no The GUARDIAN 06,12.2012
Oscar Niemeyer  no New York Times em  06.12.2012
Oscar Niemeyer  no SPIEGEL – Senhor das Curvas
HOMENAGEM REGIONAL a  Oscar Niemeyer 
Oscar Niemeyer  CATEDRAL de BRASÌLIA e MEMORIAL da AMÈRICA LATINA em  360º

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