segunda-feira, 23 de abril de 2012

NÃO foi no GRITO - 036



O PODER sem MEDIAÇÕES e o
PODER ORIGINÁRIO.

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”      
                               Parágrafo único do Artigo 1º da Constituição de 1988.


Helios SEELINGER (1878-1965) - Pelo Rio Grande Pelo Brasil in Revista Máscara jun.1925
Fig. 01 –  A Primeira Republica Brasileira mostrava profundas contradições ao longo da década de 1920. Negando as práticas de mediação imperiais atadas aos pés do tono imperial buscou meios legais para que o PODER ORIGINÀRIO pudesse fluir o mais livre possível. Porém as longas tradições do cacicado, coronelismo e da escravidão de alma e de corpo tiveram os interpretes que impunham práticas de mediação e consequente submissão as mais absolutas. Os integrantes da Semana de Arte Moderna de São Paulo, os 18 do FORTE de COPACABANA e a COLUNA PRESTES, como os jagunços de Lampião tentaram forma estéticas, militares e populares que tentavam desmontar as antigas  estruturas de mediação de poder político brasileiro de todos os tempos. O artista Helios SEELINGER(1878-1965) interpretou em grande tela esta busca do poder direto.
A experiência direta constitui um tipo de realidade.  Outra realidade - completamente diferente - é esta mesma experiência como um evento mediado.
 A experiência direta é a percepção humana dos fatos das circunstâncias primárias até a passagem do tempo. As mídias eletrônicas, industriais, ou mesmo artesanais, captam este fato primário, se apropriam dele e o manipulam conforme seus interesses e projetos.  Depois é distribuído na forma de um produto adequado aos sistemas controlados, pagos e vigiados e pré-existentes ao fato primário. A indústria da mediação é uma das mais prósperas do século XXI. Diante do evento mediado, como outra realidade artificial e construída, Herbert Marshall Mcluhan (1911-1980) enunciou que “o meio é a mensagem”. Enquanto isto a experiência direta é um fato cada vez mais raro. E se esta experiência direta acontece, ela não é percebida como tal.

HANS STATEN1525-1579 cerimônia
Fig. 02 –  No mundo primitivo dos ameríndios o poder era atributo dos caciques que recebiam as variadas manifestações de subordinação. Este hábito de mediação e heteronímia projeta-se nas mentalidades e comportamentos de toda política brasileira. Estas mentalidades e comportamentos foram  reforçados com as figuras dos coronéis, senhores de engenhos e capitães de indústrias. Se os caciques temiam e respeitavam os seus pajés e curandeiros, estes vieram transfigurar-se em guias espirituais e aqueles da saúde. O círculo da mediação do. Poder que se amplia na medida da complexidade das civilizações e consome mais energias mentais e físicas,  conforme a tese Joseph Tainter das relações entre ENERGIA – DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE


A verdade é que os sentidos são instrumentos de mediações entre o ENTE humano e as formas de seu SER no mundo. Este SER da criatura humana no mundo experimenta as mais variadas mediações ao longo de sua existência. Desde a infância ela é introduzida no mundo pela mediação. Liberta-se da mediação paterna ao longo da adolescência para cair em outras variadas e subliminares mediações. Evidentemente que esta criatura humana está na busca do pertencimento a um grupo de iguais em idade,  trabalho em comum e no lazer coletivo. As mediações na política, na saúde, educação, cultura, comércio, religião são constantes ao longo da vida adulta. Raros e pontuais as experiências não mediadas. 

Uma sessão na CAPELA POSITIVISTA de PORTO ALEGRE no século XXI
Fig. 03 –  Há de se distinguir o COMTISMO do POSITIVISMO. As doutrinas de Augusto Comte (1798-1857) foram apropriadas e mediadas pelos POSITIVISTAS e que as transformaram em instrumentos políticos. Esta distinção já havia sido realizada por Olinto de Oliveira (1866-1956) em 1897. Como uma dos fundadores da Faculdade de Medicina esta contrariando os POSITIVISTAS ortodoxos quem as profissões eram livres e desimpedidas de qualquer mediação– A distinção também pode ser realizado entre MARXISMO e COMUNISMO.

Estes momentos de vazio e de liberdade do EU encontram patrulheiros sempre atentos no plantão da MORAL disposto a mediar esta possibilidade junto aos OUTROS. Patrulheiros, profissionais ou amadores, que se acham na obrigação de...mediar. Mediar preventivamente para que o vazio e a liberdade individual não derivem para o ócio, o vazio existencial e a inadiável necessidade da escravidão voluntária. Mediar a pretexto de desviar o EU do OUTRO da morbidez, da marginalidade ou da criminalidade.

Décio Villares (1851-1931) MOUNUMENTO à JÙLIO de CASTILHOS
Fig. 04 –  A longa tradição do cacicado, do coronelismo e da escravidão - de alma e de corpo-  teve em Júlio de Castilhos (186-1903) um dos interpretes que impunham práticas de mediação . Esta mediação corria para a submissão a mais absoluta ao Partido Republicano que conquistara o poder pelas armas, pela imprensa e pela ideologia do positivismo que se queria científico. A retórica e o conhecimento do direito formal reforçavam esta mediação e manipulação do. Poder que voltava ao centralismo ao modelo daquele do TRONO IMPERIAL.

Por surpreendente que possa parecer, o artigo 1º da Constituição Brasileira de 1988 contraria este patrulhamento ao abrir o exercício do poder a possibilidade da não mediação.
É possível ler Dos Princípios Fundamentais:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
        I -  a soberania;
        II -  a cidadania;
        III -  a dignidade da pessoa humana;
        IV -  os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
        V -  o pluralismo político.
    Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (sublinhado pelo autor)
Cabe a evidente ressalva das competências e dos limites deste exercício do poder “nos termos desta Constituição”. Esta competência do “exercício direto do poder” é precedida pelos “termos da Constituição” que apontam para os pilares da cláusula pétrea dos cinco princípios fundamentais que caracterizam e fundamentam “todo o poder emana do povo”

O monumento a Júlio da Castilhos  e a Justiça Maximiliano FAYET (1930-2007)  
Fig. 05 –  A mediação política, praticada no Brasil,  encontra dificuldade num diálogo construtivo entre legislativo, executivo e judiciário no interior  da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O efeito imediato desta dificuldade é a clivagem entre a autoridade constituída e o PODER ORIGINÀRIO. Este  permanece surdo, mudo e cego devido aos estridentes  ruídos provenientes das três esferas do seu próprio governo

No presente texto não se trata da volta á Natureza e ao primitivo. Natureza e primitivo também podem constituir-se nos lares do ócio, do vazio existencial e da escravidão voluntária, senão da morbidez, da marginalidade ou da criminalidade.

José de  FRANCESCO (1889-1967) -  Ciranda -  1956
Fig. 06 – O PERTENCIMENTO ao grupo humano é, em principio, uma experiência direta, uma complementaridade e fortalecimento da segurança como necessidade básica individual. O problema inicia quando esta experiência degenera pela mediação incompetente para compreender por que “a arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre-passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário” conforme afirmou Nittzsche ( 2000, p.134 )

Também surpreendentemente a não mediação ganha pleno sentido na prática da arte. A autonomia exigida do artista só assim situa-se num plano para estar apta para receber a sanção pelas suas escolhas e suas perdas administradas. As técnicas e os materiais não bastam e não são suficientes para constituir uma obra de arte. Para tanto impõe-se ao artista dispor, no interior do seu projeto,  do direito de direcionar todo o potencial da sua vontade sensibilidade para a coerência final desta sua obra. Coerência na qual todo o seu ENTE está comprometido no seu SER artista.

Gilberto PEGORARO (1941-2007) -foto  trabalhando no atelier
Fig. 07 –  Ao artista não bastam as técnicas e os materiais e não são suficientes para constituir uma obra de arte. Para tanto o artista impõe-se a si mesmo dispor do direito de direcionar todo o potencial da sua vontade sensibilidade para a coerência final desta sua obra resulta do seu desenvolvimento no interior do seu projeto. Este projeto torna histórico o autor e a sua obra.

O fato  de a Arte não admitir a mediação, tem como reação a imediata resistência e as suas freqüentes e duras desqualificação que partem dos patrulheiros ideológicos e dos moralistas de plantão. Se nesta patrulhamento  a Arte não é coberta por pesado silencio ela é silenciada por ideológicos e pelos moralistas de plantão. Esta preocupação do seu isolamento ganhou, no final da cultura republicana romana, uma forma escrita na pena de Sêneca
Se prescindirmos de todo convívio, se renunciamos a todas as relações humanas e vivermos voltados exclusivamente para nós mesmos, esta solidão – desprovida de todo desejo – será seguida pela completa falta de ocupações significativas. Começaremos a construir prédios, a derrubar outros, a remover o mar, a conduzir as águas contrariando as dificuldades dos lugares e a gastar mal o tempo que a Natureza nos deu para gastar bem SÊNECA Da tranqüilidade do ânimo, p. 18
Porém o professor de Nero acerta em cheio quando fornece margem para que Arte autêntica seja “gastar bem o tempo que a Natureza nos deu”.  Este tempo que a Natureza nos deu é silenciado pela interferência da mediação. A mediação realiza, esta façanha de alienação,  por meio de factóides culturais. Factóides distribuídos e impostos por meio de uma larga e proveitosa indústria de entretenimento que não passa da mais pura mediação ou comprometer e corromper o TEMPO que a NATUREZA NOS DEU. O “pão e o circo” da política imperial romana era  uma política de mediação destinada a manter na heteronímia a massa crítica da multidão que acotovelava pelas estreitas ruas de Roma. 

João Batista MOTTINI (1923-1990)  - Vendedor de santos
Fig. 08 –  O comerciante da imagem acima realiza uma dupla mediação.. Faz circular tanto a arte como o tema religioso. Contudo, conforme esta imagem ele constitui-se num elo do sistema da indústria cultural. A linha de montagem da imprensa industrial necessita deste elo entre o produtor e o consumidor...  

Neste tipo de mediação a Arte entra como serva ou escrava pois nada delibera e decide ao modelo de uma boa, obediente e disponível escrava de luxo. Porém o poder imperial romano sabia que podia perder o controle apesar da política do “pão e o circo”. Para prevenir e reverter este perigo apelava, num esforço decisivo, para a pura e  estreita política da repressão e a mais cruel possível. Repressão por meio dos mais meios físicos criminosos, dolorosos, bárbaros. Expunha para a multidão os atingidos por esta repressão como espetáculo e como avisos exemplares de um poder invisível e invencível. Para os que queriam fugir, desta exemplar exposição pública, era permitida a graça do suicídio como foi concedido para Sêneca e para o seu aluno Nero.

Gastão TESCHE  - 1932-2005 - Janela noturna
Fig. 09 –   A janela media o espetáculo externo para o interior do lar ou do prédio. Esta mediação é interditada tanto para os atuais shopping’s center’s como para as igrejas da Propaganda da Fé. A experiência direta da Natureza deve ser anulada e interdita tanto no mercantilismo como na religião. A falta de janelas condicionam os cinco sentidos humanos para estarem a mercê  inteira das mensagens religiosas ou que os produtos não tenham concorrente algum. A janela é um índice  do jogo do poder que evidencia o grau de  mediação que o sistema permite ao seu usuário

Um Estado previdente sabe propor, implementar e usar os projetos civilizatório compensatórios da pura e  estreita política da repressão. Esta repressão faz parte de qualquer governo que realiza o contrato com o seu poder originário.  O ENTE público pratica a violência que o indivíduo isolado não pratica e que ele delega ao seu governo. Neste caso todo o aparelho jurídico está disposto para manter este contrato nos limites de suas competências. Porém vale o aviso de que “a corrupção dos ótimos é péssima” como avisavam os latinos. O aviso vale para os dois lados do contrato.

PELOTAS - Museu da Baronesa – estátuas de fachada
Fig. 10 –  O espetáculo da ostentação residencial foi inteiramente vedado ao súdito ao longo do período colonial brasileiro. Com a soberania brasileira esta ostentação adotou o Neo-Clássico francês de moda na época. .Com o regime republicano renovou-se com o eclético Art-Nouveau que durou até a Iª Guerra Mundial. Restam os vestígios deste poder econômico e a perspectiva da mediação por meio da indústria cultural do turismo..  

O estudante de arte ainda não faz arte, pois está em plena heteronímia dos seus mestres, dos regulamentos e das instituições formadoras ou mediadoras do seu agir, deliberar e decidir. Contudo, esta mediação e este estágio de heteronímia são de extrema importância para ele na medida em que lhe permitem dar-se conta e buscar vontade suficiente para alimentar projetos para se situar fora destas mediações.

STEINER Heins Rolf 1910-1974 - Mata Pau - 1945 - Gravura 38.5 x 18.4 cm
Fig. 11 –  Esta gravura mostra a realidade da complementaridade ou o parasitismo da  mediação no mundo vegetal. –Transpondo esta gravura ao mundo humano, como metáfora, podemos associá-la a tese Joseph Tainter das relações entre ENERGIA – DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE.ou as relações entre energia é dinheiro ou tributos num sistema capitalista e monetarista. A questão é até que ponto o PODER ORIGINÀRIO percebe que estes tributos não são um simples parasitismo e em que medida ele entende, concorda e  pode pagar sempre mais tributos


A automedicação– sem a mediação do profissional da Medicina – constitui um dos grandes riscos da saúde e deriva para a charlatanice se esta prática for socializada. De outra parte não há médico honesto que não reconheça que a cura de um paciente depende deste doente. Ao profissional da saúde compete fornecer os meios adequados para que o doente possa empreender o caminho para gozar a fortuna da cura e da sua plena saúde. Neste caso evidenciam as competências do sujeito da cura e o mediado deste processo.

Décio Villares (1851-1931) MAQUETE do MOUNUMENTO à JÙLIO de CASTILHOS
Fig. 12 –  A construção intencional dos símbolos nacionais, além das leis, é um processo que alguns denominam de “fabricação” . Esta “fabricação” constitui a mais tradicional forma de mediação entre o  poder do Estado e o  Poder do qual este poder estatal pretende ser Originário. Em geral esta “fabricação” ultrapassa a PUBLICIDADE e nada tem a ver com ela.. Na realidade avança em direção à mais pura PROPAGANDA e MARKETING pelo qual um regime tenta se legitimar fisicamente e assim marcar o seu território de PODER.contra potenciais concorrentes que poderiam exercer diretamente este poder que julgam estar em suas mãos e sob o alto controle.dos seus próprios interesses particulares..

No plano político esta vontade possui origem e interesse governamental. Para tanto basta ler Platão, (1985,p.84) como
Cada governo estabelece as leis para a sua própria vantagem: a democracia leis democráticas, a tirania leis tirânicas e os outros procedem do mesmo modo; estabelecidas estas leis, declaram justa, para os governados, esta vantagem própria e punem quem transgride como violador da lei e culpado de injustiça

O termo POVO já constitui um mecanismo para  escamotear e ocultar a verdade de que a corrupção dos ótimos é péssima. Acusa-se a TODOS e ao mesmo tempo a NINGUÉM. Esta abstração não possui rosto, autonomia ou vontade própria. Isto confere o prêmio de não ser responsabilizada ou criminalizada pelos piores atos que este coletivo cego vier a cometer. A este conjunto costuma-se denominar povo, maioria, multidão ou simplesmente “OS OUTROS”. Voltaire, um dos representes do Iluminismo francês, já observava: “se fosse necessário escolher detestaria menos a tirania de um só do que a de muitos. Um déspota tem sempre alguns bons momentos; uma assembleia de déspotas nunca os tem”. Este prognóstico veio se confirma ao longo da Revolução Francesa, especialmente nos momentos de “Sono da Razão” como verificou o desiludido pintor Francisco Goya.

RAPHAEL BORDALO PINHEIRO 1850- 1910  Revista Berlinda  1872  Guia de conversação Brasil Portuga
Fig. 13 –  A caricatura vale-se com freqüência da sátira contra a mediação– como esta do Imperador Dom Pedro II numa viagem a Portugal busca um guia para mediar a conversação entre brasileiros e lusitanos e  vice-versa.  Com certeza uma língua é uma experiência direta e que se encontra fora do código e e repertório de uma outra cultura necessita esta mediação.. O pensamento humano necessita deste suporte e nas artes visuais esta mediação foi percebida quando escreveu que “a palavra dirige o olhar”.

Muitas formas de governo como também sistemas políticos e comerciais escondem se atrás da fachada dos OUTROS transformados “numa assembleia de déspotas”. Os mentores das assembleia de déspotas necessitam da obediência cega destas multidões. Com este objetivo “da obediência cega das multidões ou dos OUTROS”,  tornam-se mestres nos expedientes de promover a técnica dos eventos e espetáculos que possuem o escopo de escamotear “a corrupção dos ótimos é péssima”. Um dos expedientes desta corrupção é soltar os mais baixos instintos das multidões ou dos OUTROS e, depois, apontar alguém responsável pelo que estas multidões  acabaram de praticar. 

George Wesley BELLOW (1882-1925)  Bot Member of This Club - 1909
Fig. 14 –  Nas lutas encenadas de box o poder comercial media o espetáculo publico com a idéia de que o fracasso é uma questão pessoal que não pode ser atribuido ao  sistema  no qual ele se encontra. A montagem "é falsa", e ninguém  acredita realmente nestes lutadores de araque.  A ilusão é perfeita. O espectador acredita sem acreditar e, nesta contradição,  mergulha,  de corpo e de alma,  numa cultura que confunde tudo aquilo que é  genuíno.

O escritor norte-americano Chris Hedges, mostra no seu livro “O declinio moral da América”  o confonto entre o bem e o mal  montado como espetáculo para a multidões e praticada entre boxeadores norte-americanos. O autor mostra como são conduzidas as formas de mediação nestes lutas e o papel da credulidade popular. Contudo é necessário que o show  continue a funcionar numa série interminável. As mediações possuem como objetivo mostrar ao  espectador o triunfo da vontade. Ao longo e a final as multidões sejam induzidas a concluir e reforçar  a idéia de que o fracasso é uma questão pessoal que não pode ser atribuido ao  sistema  no qual ele se encontra. Evidente que toda esta montagem "é falsa", e ninguém  acredita realmente nestes lutadores de araque.  A ilusão é perfeita. O espectador acredita sem acreditar e, nesta contradição,  mergulha,  de corpo e de alma,  numa cultura que confunde tudo aquilo que é  genuíno. Esta cultura aprendeu que as arenas romanas sempre estiveram lotadas de hordas de bárbaros ululantes, multidões sedentas de sangue e de emoções fortes. Interessa reunir e manter a atenção destas multidões que para estes promotores não passam de meros números.  Nestas multidões o governo, os sistemas culturais, políticos e comerciais vão pescar o seu proveito proprio.

Gravura de Ernest ZEUNER (1890-1967) - Supermercado - Revista do Ensino 25.4 x 36.5 cm
Fig. 15 –  O poder econômico e comercial encontrou formas para escamotear a mediação– e onde se descobre tarde que o produtos mais vistosos e baratos resultam de sistemas de trabalho escravo em países periféricos Contudo super-mercados , shoppings center-s como as igrejas barrocas não possuem janelas das quais se possa vislumbrar a paisagem. A semelhança dos templos da Propaganda da Fé que desenvolvia recursos para capturar e prender os cinco sentidos humanos, assim shoppings Center captam e prendem os cinco sentido humanos enquanto a mente é bombardeada pelo Propaganda e marketing.

Afinal a norma geral desta corrupção dos ótimos é péssima. vai pela cartilha silenciosa - e nunca escrita - do “socializar todos os prejuizos e embolsar os lucros em proveito individual e pontual do mais mais forte e do mais oportunista”. O evento mediado cria uma realidade completamente diferente da experiência direta e controlada pelo cidadão. Mas afinal a indústria da mediação é uma das mais prósperas do século XXI e este espetáculo não pode parar diante de uma simples experiência direta e controlada pelo cidadão.
Este cidadão potencialmente pode se socorrer e amparar nos pilares dos cinco princípios fundamentais constitucionais brasileiros  que caracterizam e fundamentam “todo o poder emana do povo”. Resta saber o grau de conhecimento, de vontade e dos limites e das competências deste DIREITO à NÃO MEDIAÇÃO que ele delibera e decide colocar diretamente no mundo. Conhecimento e vontade de exercer também o direito de se indispor, contrapor e de contrariar o hábito e a cultura indireta geral, praticada descaradamente por meio da socialização do prejuízo e da apropriação individual do lucro.
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FONTES do PRESENTE TEXTO

HANS STADEN (1525-1579)

A TIRANIA em VOLTAIRE : François Marie AROUET (1694-1778)
NIETZSCHE, Frederico Guillermo(1844-1900)Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona:Tusquets,2000. 79 p.      

Chris Hedges. DECLINIO AMERICANO e a MEDIAÇÃO

PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  1º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, - 1985 - 238 p.    http://pt.scribd.com/doc/36631268/A-Republica-Platao-Vol-I
------: COTEXTO do PENSAMENTO
----- TIRANIAS

Joseph Tainter e a tese da relações entre ENERGIA – DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE

A presente postagem possui objetivos puramente didáticos
1º  blog :

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