sexta-feira, 6 de abril de 2012

NÃO foi no GRITO - 034





Uma INSTITUIÇÃO BRITÂNICA e o seu
SUCESSO na CULTURA BRASILEIRA


Fig. 01 –  GRENAL de 1911 – O esporte bretão não só trouxe a sua pratica, mas também a gramática britânica além de toda estrutura administrativa institucional, inclusive o empresário individual e toda máquina de propaganda e marketing. Os jornais e os seus jornalistas especializados geraram um universo de uma indústria cultural na qual o ESTADO ocupa eventualmente a tribuna de honra, fornece a identidade nacional e se envolve tanto quanto a lei 173 de 10 de setembro de 1893 lhe permite.
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Qualquer governo, de origem e práticas populistas, naufraga no mar de favores que deve à sua origem. Assim a sua primeira tarefa é criar cargos, repartições e inclusive alguns aparelhos estatais de aparência institucional, mas que são destinados a satisfazer as forças de sua origem. Estes perecem logo que passe esta necessidade.
Contudo pare evitar esta passagem, este governo acumula um imenso capital simbólico formado, ao longo de sua curta administração,  pelo seu corpo burocrático favorecido e pelos apoiadores interesseiros que formam a raiz e a ponte natural para a re-eleições do “tirano benévolo” ou do “benfeitor perpétuo”.  Tiranos benévolos ou benfeitores perpétuos  cujo excelso mérito foi acomodar e manter -  em cargos públicos remunerados - a massa explosiva da multidão dos seus próprios apoiadores.

Fig. 02 –  Todos os países, cujos governos cultivam praticas e mentalidades do populismo , refletem-se diretamente na paisagem urbana. Estas paisagens são marcadas por áreas nas quais residem (FAVELAS) e são estocados os votos do populismo. Contrastam com uma parte urbanizada e os seus serviços funcionando. A extensão e a qualidade destas partes urbanizadas são diferentes para cada núcleo urbano, mas, proporcionais em tamanho e qualidade à cidadania vigente entre os seus habitantes.

Na tradição luso-ibérica a lei precede o fato. Esta lei é produzida pelo poder legislativo que possui  o mesmo clima do executivo para escolher a quem deve favores e que, para tanto,  aprimora instrumentos para abrigar as necessidade dos seus. Assim legislativo e executivo seguem a mesma velha norma “MATEUS ! MATEUS ! PRIMEIRO OS TEUS  !”. Norma que continua a emperrar e a camuflar qualquer iniciativa renovadora.
A tradição colonial, reinol, imperial parecia ter sido interrompida pelo Regime Republicano. Este estabelecia as competências do poder público e das instituições de iniciativa particular, de fato, como no decreto da sua proclamação e no artigo 72 da 1ª Constituição deste regime no Brasil regulamentada pela Lei 173 de 10 de setembro de 1893. Estes instrumentos republicanos estão surtindo algum efeito formal e cartorial,  até os dias presentes.


Fig. 03 – Felippo Tommaso MARINETTI (1876-1944) visita uma FAVELA do RIO de JANEIRO na noite entre 18 para 19 de maio de.1926. A visita teve apoio do aparelho do Estado da época e cobertura dos jornais do nascente império de Assis Chateaubriand. Um dos discípulos de Marinete foi Bento Mussolini  e com grande influência no aparato, propaganda e marketing tanto da fascismo como do nazismo.
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Contudo a ironia já se tornou evidente na mesma folha do Diário Oficial do dia 10 de setembro de 1893.  A lei que tentava regular esta relação entre ESTADO NACIONAL e os seus CIADÂOS, publicava também o DECRETO de ESTADO DE SÌTIO imposto pelo GOVERNO CENTRAL do BRASIL.
Esta contradição ficou flagrante no ESTADO NOVO BRASILEIRO e no REGIME MILITAR que passaram inclusive arrogar-se o PODER LEGISLATIVO e intimidaram o JUDICIÁRIO enquanto um dos três poderes do REGIME REPUBLICANO.


Fig. 04 –  No interior das favelas formam-se instituições endógenas, autônomas e que se organizam em pirâmides de um poder paralelo ao meio urbano organizado pela sociedade civil e coerente com o Estado oficial. . A criminalidade, o tráfego de drogas e contravenções de toda ordem, possuem pesos e medidas diametralmente opostos para as duas partes do mesmo núcleo urbano.

Outra vertente que reforça o ESTADO BRASILEIRO é endêmica figura PRESIDENCIAL. Para esta figura convergem os primitivos atributos do cacique tribal, do coronel da roça e joga qualquer iniciativa do cidadão - e das suas possíveis organizações - para a absoluta heteronímia. O presidencialismo prolonga rituais do antanho e práticas especificas, devidas à figura do REI, do IMPERADOR e do comando militar provincial.


Fig. 05 –  O acordar de um solitário EU no meio da multidão do “OCCUPIED WALL STREET”, mostra em 2012 os efeitos perversos que o refluxo do colonialismo  e do populismo governamental tardio trazem também para o povo anglo-saxão. Contudo são os países mediterrâneos que estão com os piores índices sociais, Estes haviam avançado o sinal em direção de um  BEM SOCIAL sem fundamento e apenas sustentado pelos populismos de ocasião..

Retornando ao texto da  LEI 173 de 10.09.1893 é possível perceber que ela ainda surte algum efeito, inclusive até aos dias presentes nos CLUBES de FUTEBOL que nasceram desta lei republicana.
Imagine-se o EXECUTIVO BRASILEIRO CRIANDO CONFEDERAÇÔES, ADMINISTRANDO ESTÁDIOS ESPORTIVOS, NOMEANDO DIRETORIAS e TÉCNICOS, ESTABELECENDO EDITAIS PARA SELECIONAR JOGADORES, NOMEANDO E REMUNERANDO JUIZES.


Imagem do Correio do Povo de 30.11.2011
Fig. 06–  VAGÂO e PASSAGEIROS de TREM da VFRGS– A FALÊNCIA da qualidade e da quantidade do TRANSPORTE COLETIVO é uma amostra direta do POPULOSMO em AÇÂO. De um lado o transporte individual de altíssimos investimentos na construção e manutenção da mala rodoviária favorece não só a classe abonada, mas os empresários da produção veicular e tradicionais apoiadores dos governos populistas. O “fusca” é um produto de 1936 e de um apoiador do regime nazista. Aqui também extensão das linhas férreas e a sua qualidade são proporcionais em tamanho e qualidade à cidadania vigente entre os seus usuários.
Este quadro dantesco do centralismo e legalismo está acontecendo e é cada vez mai corrente na EDUCAÇÂO, na CULTURA e na SAÙDE. Estas áreas devastadas pelo legalismo e centralismo burocrático e sem expressão internacional, no contraponto aparecem os clubes brasileiros de futebol. Eles gozam de uma simpatia e de reconhecimento universal e são celeiros de talentos populares e eruditos entre os seus times e jogadores. Estes clubes possuem autonomia sem depender - a cada momento e circunstância - de leis e de um centralismo burocrático nacional e vinculante.
Por meio desta autonomia estes clubes, times e jogadores transcendem aquilo que Platão já descrevera na antiguidade:
Veríamos desaparecer completamente todas as artes, sem esperança alguma de retorno, sufocada por esta lei que proíbe toda pesquisa. E a vida que já é bastante penosa, tornar-se-ia então totalmente insuportável ( Platão, Diálogos, 1991, p.417)
Esta história de  autonomia, de deliberações e decisões do clubes, times e jogadores de futebol, possui  uma continuidade, uma renovação e se projeta como esperança para gerações de adolescentes como carreira de vida e de reconhecimento social. Na sua base esta fortuna encontra-se o cidadão e o PODER ORIGINÀRIO renovado de forma contínua. Esta fortuna irá sorrir e será promissora na medida em que a própria nação se reconhece e espelha nesta base.
Para acabar com tudo isto, basta voltar para as leis perenes, fixas, unívocas e únicas comandadas e mediadas por um absurdo centralismo burocrático.


Fig. 07 –  O time RENNER FC c. 1960 manteve-se na medida dos esforços dos seus atletas e o suporte do empresário do setor.. As universidades norte-americanas possuem uma política especifica para os seus  próprios times

No entanto é necessário reconhecer que,  apesar de a LEI 173 de 10.09.1893 surtir ainda algum efeito, inclusive até aos dias presentes nos CLUBES de FUTEBOL, não constitui toda a verdade. Certamente Isto é é uma meia verdade enganosa se for tomado na relação causa e efeito. O esporte bretão, introduzido no Brasil nos primórdios de seu regime republicano, guardou, não só as formas de sua prática, mas importou também as práticas institucionais inglesas graças às quais os clubes se mantinham vivos e atuantes. Estas instituições britânicas refletem o todo cultural político que o redator do Correio Braziliense defendeu entre 1808 e 1822.


Fig. 08 –  A MARCHA do FÓRUM SOCIAL MUNDIAL de PORTO ALEGRE R questionava o seu similar, mas com enfoque na economia,  que ocorre, na mesma época, na SUIÇA Evidente que ele não pode estabelecer leis e o que é melhor para todos. Basta a coerência com o PODER ORGINÀRIO  e questionar o sentido de leis perenes, fixas, unívocas e únicas comandadas por um absurdo centralismo burocrático de qualquer natureza..

Nem sempre é possível tudo num determinado momento. Daí qualquer escolha implica em perdas e condicionamento. A genialidade consiste em escolher aquele condicionamento produtivo de novas ações, sentimentos e julgamentos competentes para administrar as perdas decorrentes da escolhas realizadas. Nestas escolhas cruciais pouco pode fazer um centralismo e as estratégias do “tirano benévolo” ou do “benfeitor perpétuo”. Nem a LEI - que PRECEDE O FATO – pode escolher simultaneamente o melhor e o mais justo para todos, conforme Platão
A lei jamais seria capaz de estabelecer, ao mesmo tempo, o melhor e o mais justo para todos, de modo a ordenar as prescrições mais convenientes. A diversidade que há entre os homens e as ações, e por assim dizer, a permanente instabilidade das coisas humanas, não admite em nenhuma arte, e em assunto algum, um absoluto que valha para todos os casos e para todos os tempos. Creio que estamos de acordo sobre este ponto( Platão, Diálogos, 1991, p.406)


Fig. 09 – A marca do  FÓRUM SOCIAL MUNDIAL de PORTO ALEGRE no Parque Marinha do Brasil e formada por pedras trazidas de toda a parte do planeta. Este Fórum será eficiente na medida em que for coerente com o PODER ORGINÀRIO  e questionar o sentido de leis perenes, fixas, unívocas e únicas comandadas por um absurdo centralismo burocrático de qualquer natureza..

Toda escolha constitui uma perda. As escolhas da simplicidade significam perdas. Perdas da complexidade e de contradições inerentes a múltipla natureza. Esta ascese possui como recompensa a autonomia da vontade humana. Autonomia potencialmente favorável à aquisição do poder sobre as circunstâncias indesejadas ou adversas decorrentes de uma entropia natural, fatal e universal.


Fig. 10 –  Vasco PRADO (1914-1998) -Mural do Palácio Farroupilha O artista retrata  a imagem de  hábitos e de  costumes sul-rio-grandenses sem um figura central para  qual se voltam  as esperanças de um socorro eficiente.  O poder central fica fora e desconectado de qualquer projeto ou de algum cálculo de socorro efetivo e coerente com as necessidades primárias e culturais do sul-rio-grandense. Seria ocasião de algum candidato atirano benévolo” ou “benfeitor perpétuo” perguntar-se se o PODER ORIGINÀIO necessita de fato dele e das suas medições..

Evidente que uma desculpa ingênua poderia vir rolando pelo caminho de que “A PRATICA DEMOCRÀTICA é MUITO DIFÌCIL e TRABALHOSA ALÈM DE RESULTADOS IMPREVISÌVEIS”. No entanto, está mais que comprovado de que o brasileiro ao migrar para as DEMOCRACIAS CONSGRADAS PR SÙCULOS de sua PRÀTICA, se adapta, aceita e compreende estas mesmas PRÀTICAS, por mas trabalhosas que sejam.  O grande entrave encontra-se no MEDO da MUDANÇA na qual iriam sumir do mapa cargos, repartições, alguns aparelhos estatais de aparência institucional, mas que são destinados a satisfazer as forças - de sua origem popularesca - ineficientes e insuficientes para o TODO SOCIAL.


Fig. 11 –   Movimento  “OCCUPIED WALL STREET”, em 2012 evidencia os efeitos pontuais perversos que o colonialismo  e também o populismo governamental podem trazer também para o povo anglo-saxão. Contudo foi rapidamente contornado pela cultura dominante como esta mesma cultura havia feito com os hippies e os beatniks.  Absorvido pelo sistema tendeu bons dividendos da indústria culturale do jornalismo de eventos exóticos. .O  movimento  “OCCUPIED WALL STREET”, Limitado ao círculo jovem e desempregados a força econômica e adulta desta cultura anglo-saxâ não foi afetado..

MEDO da MUDANÇA que afeta a economia, a tecnologia e necessidade de rápidas e decisivas adaptações ao presente. O Brasil, e os brasileiros, são meros usuários da informática, estão tateando nas conquistas de espaço externo e serão eternos dependentes dos últimos avanços científicos, e com isto também culturais. Aceitarão sempre que alguém delibere e decida por eles mesmos. O futebol, o carnaval e o samba transformam-se facilmente em argumentos e ritualizações populistas, gerando cenários para esconder catástrofes e o que não interessa. Como governo populista estes argumentos e ritos não passarão de contratos consigo mesmo e com os interesses do corporativismo que ele sustenta e é sustentado por este. O argumento para esta prática reducionista e fixa de que foi eleito uma vez pontualmente. Mas será bastante ágil e sob todos seus protestos de que é eficiente,  buscará, com todas as suas forças, a sua própria re-eleição para continuar a ser um tirano benévolo de sua pátria. Isto se não conseguir conquistar antes o título de BENFEITOR PERPETUO.


Fig. 12 –  Rua da Praia em comício no início da década de 1960. O período da vigência da constituição de 1946 foi afetado pela volta de Getúlio Vargas e o seu suicídio contraposto ao dinamismo do mineiro Juscelino Kubitscheck. Mas o golpe de 1964 reconduziu à formas gastas e anacrônicas de presidencialismo militar no qual um estranho populismo encontrou “culpados de tudo” e que jogou os militares, acostumados a obedecer, na heteronímia como as potenciais forças do PODER ORIGINÀRIO que renunciaram a qualquer projeto criativo a não ser aquele que o reconduziu para entropia e a outros tipo de populismo caricatural das autênticas práticas democráticas.

Face ao “tirano benévolo de sua pátria” e ao seu “BENFEITOR PERPETUO” resta ao PODER ORIGINÀRIO o terreno árido da espera das deliberações e das decisões alheias. Deliberações e decisões alheias que aprofundarão o seu atraso e a perda, a favor dos outros, de preciosas ocasiões de pontuar. O “tirano benévolo de sua pátria” e ao seu “BENFEITOR PERPETUO” jogará para o dia seguinte qualquer perspectiva de mudança significativa e, se possível, e encaminhará para a entropia natural, imutável e eterna. Nesta entropia jazem clubes e times oficiais de futebol que tiveram sucesso e glória enquanto duraram os seus Estados, atualmente falidos.
Tudo isto SEM GRITO, pois este GRITO poderá mudar  todas as estratégias deste “tirano benévolo” ou deste “benfeitor perpétuo”.


Fig. 13 –  Clébio Guillon SÓRIA (1937-1987) -  Murais Trensurb POA-RS  set. de 1986 da - Guerra dos Farrapos “Transporte dos Lanchões pelo riacho Capivari”.. O sul-rio-grandense, afastado geográfica e mentalmente do centralismo colonial e da corte do Rio de Janeiro, desenvolveu hábitos e costumes nos quais as esperanças de um socorro eficiente do poder central fica fora de qualquer projeto seu ou cálculo de algum socorro efetivo e coerente com as suas necessidades primárias como as culturais.
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FONTES do PRESENTE TEXTO.

PLATÃO ( 427-347) DIÁLOGOS – (5ª ed.) São Paulo : Nova Cultural, 1991 – (Os pensadores)

TEXTO ORIGINAL da LEI 173 de10.09.1893

REFLEXÔES RELATIVAS À ORGANIZAÇÂO JURÌDICA da SOCIEDADE CIVIL

PODER ORIGINÀRIO

SEGUNDA REVOLTA da ARMADA

FILIPPO TOMMASO MARINETTI visita FAVELA do RJ em 19.05.1926

GUNTER GRASS

CRIATIVIDADE e COERÊNCIA de ORGANIZAÇÂO Robert SAUNDERS –

OCCUPIED WALL STREET

JORNAL DIGITAL FRANCÊS de POLÌTICA


COELHO, Caco -  Arte sem ruído Crônicas da Cena CORREIO do POVO ANO 117 Nº 190 - PORTO ALEGRE, SÁBADO, 7 DE ABRIL DE 2012 Arte & Agenda
http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=190&Caderno=5&Noticia=410124



JOGADOR  BRITÂNICO de FUTEBOL diante da OBRA do ARTISTA LUCIEN FREUD  


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