sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

NÃO FOI no GRITO – 066.

 
ESCRAVIDÃO, COLONIALISMO e a
 CLIVAGEM SOCIAL.
Aliados dos Francezes gemem debaixo da mais tyrannica oppressaõ; e com esta diferença essencial; que os Alliados da Inglaterra pelejam por sua independência, e para repellir a aggressaõ injusta do inimigo ; quando os Alliados da França pelejam unicamente para augmentar o poder da mesma Potência que os oprime ; de maneira que, quer sejam vencedores quer vencidos; sempre vem a perder; e naõ podem esperar nenhum ganho. Correio Braziliense, vol. IX. nº 55 dezembro de 1812, Política, pp. 976
http://en.wikipedia.org/wiki/Calaca             CALACAS - aula de circo - in Le MONDE 26.08.2012    
Fig. 01 –  O jogo de cena na qual álgidos esqueletos (calacas) encontra-se diante de uma figura representa o poder singular que ordena e perfila seres dos quais não sobra nada além dos ossos. Ideal de todo poder central e total nas mãos de quem os seus subalternos são coisas às quais é possível imprimir o seu próprio sentido de ordem e não receber nenhum retorno, reivindicação muito menos rebeldia.   Sempre foi a metáfora do mundo colonial para onde era possível mandar aqueles e dos quais não voltavam nada a metrópole os seus ossos e a fortuna que haviam gerado em vida
No texto acima do Correio Braziliense o seu editor colocava o dedo na ferida e nas razões da crescente resistência aos métodos napoleônicos e a sua iminente derrota. Este imperador ignorava, na prática, os gritos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e os eventos seu povo, como a tomada da Bastilha, em 1789. Ele continuava, em 1812, os hábitos, a cultura e os métodos dos Soberanos Iluminados franceses. No entanto os métodos napoleônicos  encontravam um apoio popular rescendente aos hábitos da heteronímia da cultura medieval do Antigo Regime. Aqueles que faziam guerra à Napoleão  estavam tentando livrar dos mesmos hábitos, mas desejavam de fato a “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e a sua prática efetiva.
Porém os beligerantes de 1812 estavam muito distantes de vencer as condições da escravidão e especialmente do colonialismo como os concebemos em 2012. A condição necessária e suficiente - tanto para a escravidão como para o colonialismo - é a existência de uma classe social que se julgue superior às demais. Nesta separação esta classe sente-se segura e legitimada por motivos naturais, culturais ou divinos. No seu universo de domínio de “classe superior e separada” passa a praticar e a usufruir do trabalho de classes que considera inferiores e, portanto, na condição de vassalos coloniais ou cativos. Estas condições estão mais ativas do que nunca, em dezembro de 2012, metamorfoseadas de mediadores, administradores e oportunistas de uma nova heteronímia e renovadas com formas contemporâneas.
Charles LE  BRUN  (1619-1690) O Chanceler Seguier c. 1660 - 295x351 cm
Fig. 02 –  O antigos senhores feudais medievais dirigem-se em majestosos cortejos para render homenagem e vassalagem ao seu soberano em Versalhes intitulado o Rei Sol.  Os rituais e o acúmulo de riquezas físicas era simétrico à imensa concentração do poder político destes tiranos iluminados..
Na história humana o usufruto do trabalho da maioria por uma minoria, possui um longo currículo. O fim dos mediadores administradores e oportunistas atuais é o mesmo de sempre. Mudaram apenas as metodologias e as aparências. O fim sempre foi levar lucros provenientes das perdas e trabalhos da maioria, transformados em para um único bolso e de uma única classe a mais restrita e articulada possível.
Para carrear estes lucros para um único bolso e de uma única classe esta reinventa rituais, ambientes separados e exclusivos com senhas restritas. Este grupo restrito opera sem gritos, ruídos visando a apropriação da mais valia do trabalho da maioria, rateando os lucros  silenciosa, religiosa e separadamente dos demais.
CARICATURA contra Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE  -1809-1979
Fig. 03 –   Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE foi  das figuras mais polêmicas, atualizadas e ativas no cenário do Segundo Império. Ao  atacar e buscar desestabilizar grupos de dentro foi vitima destes. Os seus esforços foram derrotados por estes representantes do colonialismo remanescente nos hábitos e no exercício do poder em grupos fechados. Assim como Hipólito restou-lhe um autoexílio encoberto por uma missão diplomática em Lisboa, antiga metrópole colonial.   A mesma técnica e uso da caricatura que ele introduzira no Brasil foi usada anonimamente pra ridicularizá-lo e desqualifica-lo diante da opinião pública brasileira.
Partidos, ideologias, religiões e empresas são fachadas para estas práticas que possuem o objetivo silencioso e subliminar de carrear os lucros para um único bolso de uma única classe. Lucros resultantes das perdas e do trabalho da maioria.
       O voto corrompido atrapalha mais do que ajuda a vida democrática. Contra esta corrupção de origem do mandato não há como deixar de lembrar a forma adotada em Atenas para preencher os cargos públicos
"…A Democracia é uma forma de governo na qual os cidadãos distribuem os cargos estatais entre si por sorteio, enquanto na Oligarquia a qualificação é por propriedade e na Aristocracia, por educação…" Aristóteles (384-322 aC), Retórica (1365)
        A condição do candidato era de ter completado 30 anos de idade. A função durava um ano podendo ser reconduzido ao cargo como aconteceu 23 vezes com Péricles. No contraditório a insistência na educação escolar formal - que perpassa a cultura contemporânea - pode significar a aspiração subliminar de todos serem ARISTOCRATAS. Assim a educação escolar formal pode ser outra falácia para direcionar e perpetuar os lucros para um único bolso ou de uma única classe e da qual convém examinar os fundamentos.
Retrato de LUIS XIV  1638-1715 a CAVALO
Fig. 04 –  A pesada estátua equestre de Luís XIV atravessa os jardins sobre rodas.  Os reis franceses eram herdeiros de uma representação do poder concentrado a partir dos feudos medievais. Feudos cujos titulares eram os nobres submetidos a um rei com poderes centrais e absolutos na medida desta delegação medieval. Inclusive eram ungidos e declarados milagrosos como REIS TAUMATURGOS poder que encenavam uma única vez ao ano.
Além destas caras falácias a  humanidade está saturada e enojada de propostas e de prepostos que no final revelam-se incapazes, incompetentes e corruptos.  Falácias que no máximo realizam discursos brilhantes, por cima e por fora. Estes prepostos e brilhantemente encobrem interesses obscuros e obscenos com discursos melífluos e metafísicos que escondem parceiros desqualificados. Discursos melífluos enunciados de cargos e dirigidos e rebaixados para um público com idade mental de 12 anos. Prepostos que não sabem das efetivas funções que competem aos cargos ocupam.  Prepostos que comprometem o prestigio da sua autoridade momentânea. Prepostos que lançam o descrédito sobre cargos criados com tanto sacrifícios, renúncias e investimentos.
AGOSTINI Angelo 1843-1910 - Dom Pedro II - 1887
Fig. 05 –  No final do Império Brasileiro este regime revelou-se anacrônico e incompetente para a circulação do novo poder originário de uma era industrial e que no Brasil era tolhida por uma grupinho de dentro da corte ainda nos hábitos coloniais. Apesar da inteligência, dos hábitos civilizados e dos esforços de Dom Pedro II, ele esbarrava numa concentração do poder que havia herdado da dominação colonial lusitana e que bloqueava toda e qualquer iniciativa inovadora. Como todos os paradigmas são íntegros e integrais, o paradigma imperial teve de ceder o poder ao grupo republicano que se havia alastrado pelo Brasil afora nos seus grêmios. Consciente, deste novo poder, dom Pedro II não ofereceu resistência e se retirou do território nacional com a sua família e nobreza decadente e despreparada para o exercício do poder nas novas circunstâncias.
Um cortejo de títulos nobiliárquicos foi destinado aos nomes de cães por este descrédito. O descrédito se justifica na medida em que estes prepostos conseguem seduzir com iscas brilhantes que atraem até o mais ético dos mortais. Mortais que só depois descobrem que foram redondamente enganados e surrupiados das suas mais altas e puras esperanças.
Honoré DUAMIER 1802-1879 -  Advogados
Fig. 06 –  Uma ilustrações das mais candentes e reveladora dos discursos brilhantes, por cima e por fora, de advogados. Agentes públicos que não o tem outro fim do que procrastinar a solução para que a Natureza ou a Morte façam o serviço. Serviço  de levar fisicamente  o cliente do qual possuem as procurações universais para agir durante ou depois de sua vida. Prepostos a mediadotres que no final revelam-se incapazes, incompetentes e corruptos  encobrem brilhantemente interesses obscuros e obscenos com discursos melífluos e metafísicos que escondem parceiros desqualificados. As ilustrações de Daumier, amplamente divulgadas industrialmente, valeram ao seu autor rias prisões. Mas geraram uma consciência cada vez mais aguda do público das condições a que ele estava submetido.
A surpresa é típica da ação e dos hábitos do delinquente. O projeto do delinquente é se esconder e camuflar o antes, durante e adiar o mais possível o conhecimento e a reação da sua vítima. Age fora de qualquer contrato e dentro do menor contato possível com o assaltado. O delinquentes busca, para sí mesmo,  todos benefícios de sua ação repassado para a sua vitima todos custos apesar dos imensos risco que corre. Nesta estratégia não há melhor estratégia do que um “conto do vigário”, adoçado e convicto realizado pelo próprio delinquente ou por seus prepostos e capangas.
SALÃO de LEITURA com DIDEROT
Fig. 07 –  As academias espalharam-se pelo mundo por obra do Iluminismo e que instaurou e legitimou grupos de dentro adequados à contemporaneidade. Em ambientes confortáveis e esteticamente refinados reunia-se a elite ociosa que discutia e métodos para novas verdades ou como calá-las. Academias incentivadas por antigos nobres e abertas para uma burguesia que começava acumular fortunas pelos primórdios da industrialização e por proprietários rurais cada vez mais independentes das antigas guildas  e corporações medievais. Colocaram-se como mediadores para as universidades, para a nascente era industrial e os quarteis. Os ingressos nas academias eram por estreitas e secretas portas com as chaves das indicações internas ao grupo e com as cerimônias de acolhimento dos novos integrantes. Nunca tiveram alunos.  
 
Um partido, uma ideologia, uma religião ou grupo qualquer que quer SURPRENDER, encerra-se num grupelho fechado. Constitui um governo próprio neste espaço fechado e hermético aos de fora. A partir  deste governo passa ao processo de proselitismo e na busca de correligionários, de fiéis ou de mão de obra subserviente. Este grupo de fora renuncia à sua inteligência, à sua vontade e ao direito de deliberar e decidir a favor do grupo de dentro.  Transferem tudo isto, parcial ou integralmente, ao seu grupo de dentro, que o grupo de fora julga superior. Seguindo todos os clássicos os grupos de dentro, este grupo se fecha em rituais exotéricos e passa a controlar mentes e corações do grupo de fora por meio de tabus e uma estreita obediência cega. O grupo de dentro, julgando-se legitimado, passa a implementar os seus interesses próprios e cuja natureza mantém no mais absoluto sigilo.
Austrolopitecus ereto e usando o polegar oposto
Fig. 08 –  A espécie humana surpreendeu às demais espécies pela sua agressividade. Uma vez dono dos territórios de sua origem, ou tendo domesticado as demais espécies vivas, passou a exercer a mesma agressividade contra os seus semelhantes que ele supunha seus concorrentes eliminando-os ou as domesticando-os como escravos. Escravos que lhe permitiram tempo e condições de planejar armas e metodologias para dominar territórios cada vez mais extensos. Realizada este domínio passou a inventar rituais e mitos para naturalizar, reproduzir e eternizar este seu domínio e usufruto perpétuo do trabalho daqueles que estão na sua heteronímia.  
Certamente haverá sempre aqueles que defenderão a SURPRESA em NOME da CIVILIZAÇÂO. Contudo admitir como base e fundamento de uma civilização a SURPRESA, seria renunciar inteiramente à RAZÂO, ao PLANEJAMENTO e ao CONTRATO. Uma VIDA CONDUZIDA pela SURPRESA seria coerente com misticismo e alienação da vontade própria. Evidente que a vida natural é surpreendente na sua gratuidade. Contudo que houver um projeto da construção de uma civilização, esta será  artificial e resultante de uma sequência continuada de contratos em relação às perdas e ganhos, antes, durante e após a ação coletiva. Caso contrário reaparecem e irão se impor as leis mais primitivas das espécies nas quais a esperteza, a surpresa e a superioridade são argumentos constantes.
CLARIN ar. 09.12.2012- buenos aires
Fig. 09 –  A cena da favela coroa e espreme cada vez mais as cidades latino americanas. Esta coroa de miséria que se amplia e multiplica é um índice gritante e incontestes  da concentração dos lucros nas mãos de classes cada mais estreitas que se refugia nos altos castelos dos prédios e condomínios municiados com todos os equipamentos eletrônicos e de última geração.  Cabe às população marginal trazer figurantes para encenar o carnaval, os espetáculos de futebol ou de lotar auditórios que possuem o mesmo sentido improvisado do “Pão e Circos” dos antigos romanos.
Uma vez em que se apropriaram do poder do grupo - que eles julgam serem os seus subalternos e massa de manobra - passa a implantar e surpreender com eventos, campanhas e arrecadações. Contabilizam e legitimam - em nome deste grupo de fora - qualquer assalto ou ato que se revelam, à luz da Razão, altamente questionável. Não importa de que forma e por que meio se apropriaram deste poder.
 Com este poder pretendem transformar inteira e radicalmente o mundo, sem passar por nenhuma experiência local ou teste. O discurso deste grupo superior passa a exibir números de quem se diz ser o mediador da inteligência, da vontade e do direito de deliberar e decidir. Com o objetivo de surpreender os grupos de fora, o grupo hermético de dentro, que se diz superior, se agarra a estes números como se fossem dogmas onde contabiliza os seus seguidores.
ALTDORFER Albrecht - Batalha de Alexandre Magno contra Dario detalhe
Fig. 10 –  O acúmulo de gente, armas e meios logísticos para abastecer esta multidões  sempre foi um comércio e a uma das bases da era industrial e que mostraram a sua eficácia nas campanhas napoleônicas. Tiveram a sua culminância na I e na II Guerras Mundiais. Os maiores estragos eram na retaguarda onde o serviço militar compulsório retirava o soldado desviado a mão de obra para as atividades bélicas, deixando as necessidades de crianças, de mulheres e de velhos a  descoberto. Como sempre os lucros, destas guerras, vão para poucas mãos e fazem a fortuna de classes muitos estritas.
Não há como recriminar ou condenar esta conduta aparentemente bizarra do grupo de dentro. Como numa obra de arte a sua eficácia e irradiação externas dependem mais do grupo de fora. Este espera ser surpreendido e entregar a sua inteligência, sua vontade e seu direito para alguém a quem transfere toda sanção moral de todos os seus atos.
Este controle de um pequeno grupo sobre uma vasta população também não há como tomar como fato novo. Desde que o mundo é mundo sempre foi assim. O que causa espécie é a crescente  heteronímia da população na reação e a passividade no desmonte deste mecanismo logo que surge. Heteronímia e passividade crescente da fonte da origem do poder. Heteronímia e passividade crescente, mesmo num período no qual acumulou tanto conhecimento, circula meios informação e potencialmente este mecanismo poderia ser desativado na sua fonte. Os ricos e famosos possuem esta consciência, como o ator francês Gerard Depardieu  para defender o seu patrimônio e sua fama. O despojado de tudo resta a heteronímia e a passividade.
Artemisia GENTILESCHI  (1593-1654 )- Judith e Holofernes 1612
Fig. 11 –  Em todos os tempos nenhum tirano escapou de que “com as lanças e baionetas dá para fazer tudo menos ficar sentado em cima de suas pontas.”  Mesmo a história bíblica narra  uma luta constante contra a transformação do poder em algo pessoal, único e central. .  A narrativa de Judit e de Holofernes esta neste cenário da luta contra as tiranias e constitui uma metáfora do final trágico de um cortejo de tiranos que se prolonga História afora
O que mais intriga é a leitura equivocada pelo receptor, das promessas vazias do mediador. Evidente que o mediador transforma a história em natureza, e a tudo que se coloca entre ele e o seu público. Estende esta naturalização recheando-a com promessas de qualidade e de quantidade que ele não está habilitado e nem consegue cumprir.  Para recheio desta naturalização recorre ao mito da origem ou qualquer outro estratagema obscuro. Quanto ao mito Oliven escreveu (1992, p.26) que a sua apresentação parece natural e  despolitizada:
 “O seu princípio é transformar a história em natureza e a contingência em eternidade. êle não se propõe a esconder ou ostentar algo, mas deformar. Na medida em que a função específica do mito é transformar  um sentido em forma, ele é sempre um roubo de linguagem. O mito nas sociedades modernas é uma fala despolitizada que se imagina eterna
Porém este estelionato da linguagem encontra terreno favorável e frutifica na a leitura equivocada, pelo receptor, destas promessas, corre no âmbito do irracional onde faz fluir e aumenta  esperanças, frustrações e medos que atingem as raias do absurdo e do surreal. Absurdo e surreal que sugerem contratos que de fato nunca existiram nos termos que são interpretados pelo receptor e que o mediador temerário e amador é incapaz de entender, interpretar e de cumprir.
Jean Baptiste GREUZE 1725-1805b
Fig. 12 –  O filho pródigo que gastou a fortuna do pai o encontra exaurido no leito de morte AUma pintura exposta no Salão de paris ainda sob o Ancien Regime recebeu de Diderot. Mais do que o tem em si também era a agonia de uma classe ao mesmo tempo em que transformava na energia burguesa que irá se rebelar contra a nobreza e libertar o proletariado da servidão e vassalagem feudal . Tocava no estatuto do pátrio poder agonizante e ao qual o filho já se rebelara e fracassara no seu protesto de um EU romântico temporão.
Basta uma classe social que se julgue superior às demais para a condição para a escravidão e  o colonialismo. A classe que julga acima das demais realça esta separação. Cavado este fosso social, econômico e simbólico sente-se segura e legitimada. Usufrui o trabalho de classes cativas ou na condição de vassalos coloniais. Mantém esta distinção por meios naturais culturais ou divinos.
Esta distinção e este usufruto, derivados do domínio,  possui um longo currículo na história humana. Na atualidade apenas mudaram as metodologias e as aparências. Mas uma minoria oportunista metamorfoseia-se como mediadores e administradores com  mesmo fim de usufruir o trabalho de classes cativas ou vassalos  na condição coloniais. O fim sempre foi levar os lucros para um único bolso de uma única classe as perdas e trabalhos da maioria.
 
FRONTES BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p.
 ____. Tópicos.   ; dos argumentos sofísticos (2ª ed.) São Paulo : Abril Cultural. 1983, 197 p.
BERNHARD, Thomas – O Sobrinho de WittgensteinTradução de José A. Palma Caetano . Rio de Janeiro : Assírio & Alvin, 2.000 -ISBN: 972-37-0603-2
OLIVEN, Ruben George. Violência e Cultura no Brasil.  Petrópolis : Vozes, 1982. 86p.
------------A parte e o todo: a diversidade cultural no Brasil - Nação.  Petrópolis: Vozes 1992.  143p
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SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog NÃO FOI no GRITO
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sábado, 15 de dezembro de 2012

NÃO FOI no GRITO – 065.


O CLIMA e o CULPADO de TUDO

Na quarta parte nova os campos ara,
E se mais mundo houvera,  lá chegara”.
CAMOES, Os Lusíadas  - cap. VII. estrofe. 14.

Werner TUBKE 1929-2004 - Revoluções Burguesas - Panorâmio Bad Frankenhausen 1983-7
Fig. 01 –  O anjo vingador surpreende o homem que acabou de danificar o cristal azul do planeta Terra.  A metáfora do mundo danificado pela culpa humana busca o culpado de toda esta catástrofe que compromete a tudo e a todos. Repete a matriz bíblica do Paraíso Perdido pela culpa humana devido à infração de proibições e da necessidade da reparação.  Evidente que esta metáfora foi construída, editada e veiculada com o objetivo de escamotear e para esconder as verdadeiras causas sejam elas naturais ou provocadas.

As repercussões ao redor do “fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012” impressiona mais do qualquer outro fator pela aceitação do tema veiculado pela mídia e devido ao espaço que ocupa ali. Aceitação que aciona um escapismo transvestidos das escatologias e dos apocalipses reais ou imaginados que se grudam  escondem a desgraça econômica, social e cultural de populações miseráveis. Escapismo que funciona com vingança simbólica e surda desta desgraça econômica, social e cultural.
Esta situação absurda e deturpada é um índice de como, e de que forma, a humanidade continua a ser encantonado numa discussão insana de QUEM é o CULPADO pelo CLIMA GLOBAL. Situação gerada, veiculada e consumida para desviar e alienar completamente do TRABALHO da preparação para a CATÁSTROFE visível em milhares de índices. Situação que se entrega apenas, e tão somente, à tarefa de criar e buscar BODES expiatórios da desgraça econômica, social e cultural.
Situação que evidencia a crendice incentivada, que desvia a atenção e vontade do trabalho. Situação que gera gastos de fortunas, acirra ânimos e se aliena ainda mais do real problema. Desvio que polui ainda mais a atmosfera com viagens coletivas – governamentais e particulares -  para eventos mediáticos que nada resolvem de prático. Bem ao contrário, acirram os ânimos uns com os outros. Estas organizações governamentais ou partículares se parecem com crianças - que diante de uma catástrofe eminente e certa - discutem quem foi o culpado de tudo, em vez de combater o perigo que se desenvolve e progride aos olhos de todos. A tendência de antropomorfizar a tudo é má conselheira e não resolve o problema dos desvios climáticos em curso. Desvios climáticos  que não são passíveis de  uma redução à única e exclusiva causa.

Fig. 02 –  O “ Sertão virou Mar” de miséria e de sangue em Canudos de 1896/7 e retratada com maestria nos Sertões (1902) de Euclides da Cunha (1866-1909). Catástrofe alimentada  por uma ação mítica, de alienação e do uso panfletário da miséria humana e por uma intervenção militar governamental. Depois da catástrofe consumada não se resolveram as causas e deu margem ao cangaço, ao coronelismo e desculpas que se estão ativas em dezembro de 2012.  Um dos bairros de Canudos chama-se FAVELA e cujo nome inundou a periferia de todas as cidades brasileiras levando toda a miséria da origem do seu nome.

Perde-se TEMPO, ENERGIAS e BOA VONTADE diante deu um fenômeno cíclico e que não é primeira vez que acontece a todo o globo terrestre. A atmosfera e o ar que envolve a Terra é, com toda a certeza, um fenômeno delicado, único no sistema solar e em mudança constante para condições mais ou menos favoráveis a vida.

Fig. 03 – A era industrial concentrou populações humanas, matérias, equipamentos e capitais.  As percepções humanas foram aguçadas pelos potenciais riscos desta concentração. Contudo  esta  percepção deixava-se impressionar mais pela mudança de hábitos humanos necessários para esta sequência de concentrações. Assim como em todos os tempos desviou-se para o escapismo, as escatologias e para os apocalipses em vez de enfrentar os dolorosos trabalhos necessários para esta  nova artificialidade . Certamente a construção da primeira cabana humana já questionava a segurança da caverna primordial.

O PODER ORIGINÁRIO é descartado completamente da discussão na medida em que esta discussão é assumida por cúpulas governamentais de alta mídia global. Na prática nada resolvem, procrastinam e só pioram a catástrofe eminente. Parece que é um combate entre as ex-colônias contra as suas ex-metrópoles para dizer: VEJAM o que VOCÊS FAZEM e VÃO FAZER para a HUMANIDADE.

Werner TUBKE 1929-2004 - Revoluções Burguesas f- Panorâmio Bad Frankenhausen 1983-7
Fig. 04 – As viagens marítimas, de cujos perigos a Odisseia e os Lusíadas são ilustrações literárias, forçaram mudanças e foram prelúdios dos riscos das viagens espaciais ou para o centro da matéria e da vida. As frequentes e inevitáveis catástrofes nestes desafios alimentaram a imaginação propícia ao escapismo, as escatologias e aos apocalipses reais ou imaginados.

Como esta humanidade está espalhada praticamente por todo planeta, existem exemplos notáveis como grupos humanos que só colaboram para melhorar as condições climáticas se e relacionam harmoniosamente entre si mesmos.
Mas esta relação harmoniosa e coerente é lenta e não rende mídia, não pode ser editado e não rende retornos imediatos. Especialmente para governos centrais cujos agentes necessitam de resultados capazes de serem difundidos pela mídia contemporânea, granjear aliados e garantir a sua reeleição. Mesmo partidos que possuem por objetivo a defesa do meio ambiente são absorvidos por este sistema político. Sistema político no qual necessitam mostrar serviços imediatos, não para as lentas e resistentes condições climáticas, mas para o clima político das suas nações de base.
Francisco José GOYA , 1746-1828 - SATURNO devorando seu Filho 1819 óleo 146 x 83 cm - Museu do Prado
Fig. 05 – Os horrores do canibalismo primordial e simbolicamente presente no canibalismo físico ou simbólico e metáfora do mundo danificado tornado objeto e entregue a forças naturais inexoráveis. Horror primevo que  perpassa mentes, alimenta mitos e rituais de repulsa, purificação e de  reparação..

Tornaram efetivamente os ECO CHATOS ao misturarem política, dinheiro e pseudociência. O resultado - desta mistura - tornou-se nitroglicerina pura e que os colocou na órbita da mídia, mas muito distantes da terra, agua e ar. Urbanos criados no 10º andar, nunca “sujaram” as mãos nem transpiraram além de uma empresa de fitness. Adotaram um pensamento fixo, de resultados imediatos por cima e por fora. Pensamento que lhes forneça visibilidade, a ser capitalizado em outros eventos e para obterem subsídios governamentais.
Visibilidade numa mídia que se desviou da órbita da necessidade da prova, da informação fidedigna, da reversibilidade para as fontes e da identificação correta dos seus agentes. Estes se arrogam o direito de passarem pela Rainha da Inglaterra com todas as trágicas consequências posteriores desta temeridade absurda, oportunista e imoral. Pagam pelo que merecem : “CRISE da MIDIA” :http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=3617
Miguel Ângelo CARAVAGGIO  -  Medusa no caos urbano  atualizada por obra de Vik MUNIZ
Fig. 06 –  O artista Vik Muniz aproveitou a presença do quadro Medusa de Caravaggio no Brasil para mosrar o caos e horror do trânsito urbano e a inculcação do consumismo e da busca desenfreado do consumismo e que, se não contido e redirecionado, em tempo, poderá  danificar não so fisicamente o planeta mas corromper a inteligência a vontade que a criatura orientou para o seu  aparente direito de ser o centro do mundo e do universo. Cabe a crítica que este quadro pertence ao Maneirismo e cuja saída foi o mortal jogo da desestabilização da inteligência e da vontade humana. Desestabilização que os modernos mediadores, como os antigos, capitalizaram para venderem o bálsamo da reparação, da segurança e  das promessas de um futuro maravilhoso e perpetuamente livre de qualquer entropia natural e artificial

A exploração e a predação para buscar, produzir e comercializar os “paraísos” naturais mantém e alimenta a imaginação de uma florescente e rica indústria cultural. Esta busca já é visível no clássico Lusíadas (1572)
“Mas entanto que cegos o sedentos
Andais de vosso sangue, ó gente insana!
Não faltarão Cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa Lusitana:
De África tem marítimos assentos,
É na Ásia mais que todas soberana,
Na quarta parte nova os campos ara,
E se mais mundo houvera, lá chegara”.

CAMÕES, Os Lusíadas  - cap. VII. estrofe 14[1]
Muitas vezes financiados pelo erário público de governos de países hegemônicos como foram as descobertas lusitanas. Certamente todos lamentam a proibição lusitana  a um Alexandre Humboldt entrar na Colônia do Brasil, mas, no outro extremo, a busca de nióbio e outras precocidades minerais e vegetais é facilmente camufláveis sob o manto destas “expedições científicas”, não deixa outra coisa do que doenças e físicas e culturais como o gosto de consumo e quebra de tradições multisseculares. De outra parte descobertas sérias são contaminadas pela necessidade de fama e da atenção mundial sobre o indivíduo “genial”. Em  dezembro de 1912 foi montada a “descoberto”   o HOMEM de PILTDOWN no qual a PSEUDOCIÊNCIA fez correr rios de tinta, a favor e contra a EVOLUÇÃO, desviando e corrompendo o seu foco. Isto aconteceu praticamente com todas as civilizações que tiveram alguma projeção na mídia. Esta PSEUDOCIÊNCIA tornou-se matéria prima para a mídia e propaganda nazista, e perceptível na obra de KURT WILHELM MAREK (1915-1972) depois sob o pseudônimo C. Walter CERAM.




Werner TUBKE 1929-2004 - Revoluções Burguesas f- Panorâmio Bad Frankenhausen 1983-7
Fig. 07 –  O período em que a Alemanha esteve dividida pela Guerra Fria e pelo Muro de Berlim o pintor TÜBKE produziu um imenso mural panorâmico no qual refletiu e projetou as suas preocupações individuais e coletivas reinantes da Alemanha Oriental após o apocalipse da Segunda Guerra mundial e causa desta dolorosa divisão só superada em 1990.  Esta obra atualmente oferecida pela indústria cultural e turística pela Alemanha unificada e capitalista é uma projeção a imaginação propícia ao escapismo, às escatologias e aos apocalipses reais ou imaginados, tão bem como os seus remédios correntes na cultura germânica do passado de sua formação e das suas projeções.

É este pensamento a imaginação propícia ao escapismo, as escatologias e aos apocalipses reais ou imaginados que se gruda à desgraça econômica, social e cultural de países miseráveis e que os levante em motins coletivos. Motins que carregam as bandeiras dos CULPADOS pelo CLIMA GLOBAL.

 Motins movidos por um profundo sentimento coletivo de culpa pelas agressões telúricas praticadas pela espécie humana ao longo de milhões de anos. Sentimento individual daquilo que nunca possuiu de fato e que, agora, possui a necessidade, imediata e desesperada, de recuperar no tempo de menos de uma geração humana.

Fig. 08 – Rituais arcaicos e disfuncionais, promovidos em eventos  oferecidos pela indústria cultural, turística  e capitalista constituem  uma projeção da imaginação propícia ao escapismo, às escatologias e aos apocalipses reais ou imaginados. Contudo nada resolvem frente à necessidade de mudança de um mundo  também em permanente mudança e adaptação. Assim estes grupos marginais sofrem mais um golpe e tornam-se mais reféns do que agentes ativos, conscientes e soberanos nas suas escolhas..

De fato este sentimento é impotente diante de algo irremediavelmente perdido. A criatura humana sente-se como a beira de um abismo (Chartier, 1998). Este sentimento de perda e de culpa pela perda é uma falácia caso ele NÃO sirva de estímulo ao AGIR.  Todos os sentimentos de perigo, de algo irremediavelmente perdido aumentam a desorientação, o caos mental e servidão da heteronímia da vontade. Possuem sentido na medida em que estimulam ao AGIR induzem a preservação e prevenção. O número de 7 bilhões de seres humanos vivos é em si mesmo um dado neutro. Ele não pode ser visto como um aumento de números de predadores como no passado quando a espécie humana necessitou afirmar-se no seu ambiente. Numerosas espécies vivas possuem muito mais indivíduos vivos e ativos sobre a Terra sem que isto signifique perigo de extinção. Mais próximos da Natureza, souberam perscrutar e sentir as suas leis e revertê-las a favor do seu número e da sua multiplicação. Evidente que passou a fase da agressão e pura e simples predação. Em seu lugar ergue-se uma civilização artificial e carregada de mal estar (Freud, 1974 e 1979) e atravessada pelas energias positivas e negativas do poder humano (Foucault, 1995)

Imagem de Simon ROBERTS - ISTO É UM SINAL - La República  12.09.2012 - Itália
Fig. 09 – A construção mediática é uma realidade paralela à Natureza e produto de ideologias, interesses e urgências de toda ordem. O tema  das catástrofes, das guerras e das desgraças reais ou imaginadas alimentam  esta construção mediática. Na medida do consumo e da compra destes produtos  e do aumento daqueles que consomem fortalece, amplia o seu raio de ação e de tempo desta construção mediática. Este consumo é particularmente alto frente aos  apocalipses reais ou imaginados, pontuais ou mundiais. Apocalipses  que alimentaram a imaginação propícia ao escapismo, as escatologias e aos metáfora do mundo danificado e negativo mais do que aquele do mundo construído e positivo.

Porém a espécie humana  não só redescobriu este caminho para as suas origens, mas age política, econômica e culturalmente no sentido de assumir o TRABALHO da reparação de uma CATÁSTROFE VISIVEL. No caso lusitano é exemplar, entre tantos outros, o retorno à Mouraria e conduzido pessoalmente pelo representante máximo  da capital que para lá transferiu o seu próprio gabinete. Ele não só assumiu o TRABALHO da reparação de uma CATÁSTROFE VISIVEL, mas reconduziu para lá capitais, agentes qualificados e uma nova rede de relações humanas e ecológicas. Rede que confere sentido e novos sonhos para quem já estava no lixo e na degradação humana. Mas certamente este trabalho é lento caro e de altos riscos,  não interessa e nem comove os promotores de eventos, sob pretexto ecológico. Não lhes interessa pois não conferem e agregam visibilidade aos governos, às ongs e nem para as pessoas. Não lhes interessa pois, projetos desta natureza,  não são fontes para os seus gastos suntuários e altamente agressivas ao meio ambiente pela poluição que deixam nos longos caminhos percorridos e acúmulo de gente em ambientes despreparados.


Maurizio CATTELAN 1960 - Museu  GUGGENHEIM  NYT 08.11.2011
Fig. 10 – A antiga metáfora do “burrinho carregado de livros” , atualizada para o mundo da indústria cultural do audiovisual. A incompreensão do sentido do peso, a falta de vontade de se livrar e de buscar o direito à alienação daquilo que não pertence e interessa à sua espécie e cultura caracteriza o burrico como “coisa ou res”.. Contudo, apesar de sua alta inteligência animal que  se submeter como “coisa” tendo como recompensa a sua sobrevivência como espécie é um atributo que não pertence aos animais sistematicamente perseguidos e eliminados da face da Terra, apesar de sua argúcia e da sua inteligência animal.

Ninguém duvida da magnitude e das consequências funestas, para a criatura humana,  das condições cambiantes às quais ela e a Vida estão submetidas há milhares de anos. Porém a tendência de antropomorfizar tudo e todos, escamoteia e remete para caminhos equivocados sem diminuir a sua magnitude e sem resolver o problema em curso. Certamente a humanidade está diante não só da necessidade do parto de uma nova inteligência, capaz de se preparar para suportar as mudanças em curso, mas também para planejar e viver efetivamente no âmbito destas mudanças.

Porém estas mudanças jamais estarão em curso - efetivo, preventivo e terapêutico - enquanto a criatura humana estiver entregue à rotina do FAZER pelo FAZER. O “Homo Faber” jamais irá agir e julgar as suas ações, gerar energias, coragem e condições para efetivar rupturas epistêmicas e estéticas coerentes com os seus próprios limites e competências (Arendt 1983).  Sem uma suspensão do juízo proveniente do hábito e da rotina do FAZER pelo FAZER as mudanças são externas, paliativas e perdas de energias e de precioso tempo (CHARTIER,  1998 e RICŒUR 1999).

WOODSTOCK - 15 e 16.08.1969  - NYT .em 12.08.2009
Fig. 11 – A culpa coletiva norte-americana pelo seu protagonismo na Guerra do Vietnã  foi um dos componentes desta busca, não só de libertação, mas para tentar mostrar o quadro do avesso deste massacre insano e sem sentido para aquela geração que se julgava perdida. Contudo entre estes jovens, dispersos nesta multidão estavam não só lideres da informática, mas um mundo de usuários que tornaram possível esta revolução tecnológica.  Woodstock dos dias 15 e 16 de  agosto de 1969 foi único e teve a boa lógica de não buscar a sua perpetuação. Para a América Latina significou uma dolorosa intensificação dos regimes militares e desvio dos ódios do leste asiático para o próprio continente americano. Concentração de poderes que também significaram poderosas agressões ao meio ambiente e que não foram objetos de estudos e avaliações adequadas.

 Poucos mediadores possuem a inteligência, a vontade e o seu direito de estabelecer contratos civilizados com o seu público no âmbito destas mudanças. Colocam-se diante do fenômeno -  que não conhecem as causas, de fato e de direito, e que não dominam os  mecanismos aversivos e que irão atingir a todos. Avançam e estabelecem-se imediatamente como profetas do jogo mortal da culpa e do perdão. Jogo com o qual desestabilizam as deliberações e decisões para concretizar a façanha de lucrarem – física ou simbolicamente - com esta fraqueza dos seus receptores. Receptores que entregam a sua inteligência, a sua vontade e tudo aquilo que possuem a favor destes profetas do mau agouro e promessas do paraíso recuperado. Mediadores de toda espécie e dos quais a cultura ibérica guarda a memória e o ódio pela desestabilização da inteligência e da vontade com o jogo do paraíso perdido, da culpa desta perda e dos sacrifícios insanos necessários para sua recuperação, mas cujos lucros finais ficavam nas mãos do colonizador.
Fig. 12 – A NAU dos INSENSATOS abriga uma multidão assustada, com sentimento de culpa por terem abandonado a terra firme. Agora estão  sob o comando e a inspiração de líderes e de comandantes que se colocaram como conhecedores e mediadores de novas paragens. No entanto o curso da viagem desdiz estes mediadores e revela quadros sombrios das destruições e a marcha natural da entropia universal a que a Natureza sempre esteve entregue. Porém já é tarde, as escolhas foram feitas, os líderes e mediadores são impostores. O naufrágio está em curso e, culpados ou inocentes, retornam ao império da Natureza implacável.

Ninguém duvida da magnitude e das consequências funestas das abrutas mudanças no meio ambiente. Mudanças  que representaram, em todos os tempos, ameaças para a continuidade da vida em qualquer latitude do planeta Terra e particular para a criatura humana.
As tintas luminosas de um paraíso único, de uma terra azul, planeta único nas qualidades de um sistema solar confiável, um povo brasileiro maravilhoso sobre riquezas das quais está pouco consciente constituem quadros positivos e alegres. Mas este paraíso oculta, em todos os recantos, aqueles cuja fortuna depende do susto e da surpresa que causam os seus quadros sombrios e apocalípticos.

Imagem de origem desconhecida jogada na tela do PC doméstico e capturada em 14.12.2012
Fig. 13– Mais uma civilização vítima da meia cultura e cuja fonte é uma mídia sensacionalista. Como aconteceu na mídia e propaganda nazistas que usou a cultura tibetana, acontecera com a civilização egípcia, a suméria ou a grega.  Destas culturas o publico conhece apenas o que “SAIU na MÌDIA”. Mídia e propaganda, que deturpam impiedosamente estas culturas, as desviam de seu sentido original e as corrompem para levar de retorno para a INSENSATEZ MEDIEVAL Esta INSENSATEZ lhes imprime um sentido atual para impactar, surpreender e assustar multidões. INSENSATEZ que rebrota ganha vigor, se projeta no âmbito das tecnologias, das comunicações e zomba da Ciência. O pintor Francisco Goya já colocara  O SONO da RAZÃO PRODUZ MONSTROS”, como titulo de uma das suas gravuras.  Convém datar e guardar uma imagem, como a acima,  como índice da resistência humana às mudanças e capacidade de acreditar apesar de todas as tendências em contrário. O mediador possui um bom pretexto para se constituir e se legitimar nesta meia cultura. A promessa de gratuidade escondem outros embustes e que serão revelados gradativamente em quem acreditar num embuste como desta mensagem aqui reproduzida.

Quadros cujo tema é a culpa que a criatura humana teria pelas destruições e na marcha natural da entropia universal. Depois do susto, medo e constrangimentos por este tema, instalam-se como mediadores a  vender o bálsamo para as feridas que eles mesmo provocaram na inteligência, na vontade e especialmente na emoção dos seus públicos. Vendem a reparação, a segurança e prometem a garantia de um futuro maravilhoso e perpétuo livre de qualquer entropia natural e artificial.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

FAZER x AGIR e o HOMO FABER em
ARENDT, Hannah (1907-1975). Condition de l’homme moderne. Londres  :  Calmann-Lévy, 1983.

CHARTIER,  Roger.   Au bord de la falaise:  l´histoire entre certitudes et inquiétude. Paris  : Albin Michel, 1998.  293p
 
FOUCAULT, Michel(1926-1984).  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295.

FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)
 ____. Conferências introdutórias sobre psicanálise: resistência e  repressão. Rio de Janeiro : Imago 1976. 337-354.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud. v.16)

RICŒUR, Paul «É preciso reencontrar a incerteza da história» Humboldt, ano 41, nº 79,   1999, pp. 2-5.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAS
APELO PROSELITISTA ao INDIVIDUALISMO FRAGMENTARIO para SOLUÇÕES do CLIMA
http://www.ituc-csi.org/climate-change-and-green-economy.html?lang=en



CAMÕES, Luis Vaz de ( 1524-1580) Os Lusíadas ( Editado 1ª vez em 1572)
Ediçaões ´ntegrais disponíveis em:

CIDADÂO do MUNDO






CRIME e MAL ESTAR da CIVIVILIZAÇÃO

CRISE da MIDIA

DEUSES TÚMULOS e SÁBIOS:
CERAM, C. Walter é pseudônimo do escrior alemão KURT WILHELM MAREK (1915-1972) e que foi membro Propagandakompanie da Wermacht. Depois da Guerra escreveu (1949) Deuse Túmulos e Sábios [Götter, Gräber und Gleherte]

Maurizio CATTELAN 1960

OS SERTÕES (1902) de Euclides da Cunha (1866-1909) obra completa em

PSEUDOCIÊNCIA e o HOMEM de PILTDOWN “descoberto” em dezembro de 1912

REFORMA da MOURARIA e GABINETE do PREFEITO de LISBOA

Werner TUBKE 1929-2004 - Revoluções Burguesas f- Panorâmio Bad Frankenhausen 1983

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