MANDAR no PRÍNCIPE:
Mediadores e atravessadores
auto titulados mandam sem perguntar e dão conselhos importunos.
BRASIL em MARÇO
de 1814 e 2014.
“...nem
é da competência da Regência de Portugal o dar conselhos, não pedidos, sobre a
política, que o Soberano deve adoptar; nem o Príncipe precisa de estimulo para
voltar a Lisboa”
CORREIO BRAZILIENSE,
VOL. XII. Nº 70, março de 1814, p.462
Fig. 01 – Mapa da Península Ibérica em 1814. A
Espanha - fragmentada em 1814 - continua
ainda retaliada em 2014, apesar dos
diversos regimes centralistas que sucederam em Madrid e da União Europeia. Enquanto
isto o território de Portugal continental estava entregue aos militares ingleses.
O mandonismo dos coronéis e caciques brasileiros possui
profundas raízes nos hábitos coloniais herdados de Portugal continental. Com
este hábito ultrapassam, num passe de mágico, os limites da sua competência. Ao
capturarem qualquer cargo, dilatam as sua função e da qual ninguém e nada
escapa.
Fig. 02 – Moeda de 1814 com a efigie do Príncipe
Regente e futuros Dom João VI. O seu
lastro era em ouro e miserável diante da imensa riqueza que havia fluido do
Brasil no século anterior. Ouro que havia habituado - a corte e seus dignitários
- a uma vida e um luxo muito além das posses. Não há pobre mais infeliz daquele
que já foi rico um dia no passado. Porém não perde ocasião para dar conselhos
para quem não precisa deles. Quando a
corte retornou para Lisboa levou consigo todo o lastro do 1º Banco do Brasil
que aniquilou com este saque. Agia como se fossem posses pessoais.
Evidente que Portugal livrou-se dos franceses. No
entanto esteve entregue ao comando britânico. Por razões óbvias o redator o
Correio Brazilense, refugiado em Londres, não podia registrar e documentar esta
heteronomia lusitana em relação aos
ingleses
CORREIO BRAZILIENSE, VOL. XII. Nº 70, março de 1814, pp. 461-463 Reflexoens sobre as novidades deste
mez. BRAZIL .
Retirada da Família
Real para Portugal.
Pelas
ultimas noticias, que chegaram de Lisboa, nos informam, de que ficava a partir
daquelle porto para o Rio-de-Janeiro um navio, em que ia, ou uma deputaçaõ, ou
um requirimento formal da Regência, a pedir que S. A. R. o Principe Regente
voltasse para Lisboa.
Fig. 03 – Mapa do Brasil, de 1814, mostra um pais
conhecido apenas pelo seu litoral com imensos espaços ainda entregues à natureza
e com fronteiras terrestres bem
distintas daquelas de 2014. Mapa traçado pelos ingleses que se aproveitaram de
um primeiro olhar propiciado pela abertura dos portos marítimos. Portos
primitivos e improvisados e que eram guarnecidos por um rosário inexpugnáveis fortes coloniais.
Quando
S. A. R. se décidio a ir para o Brazil, houve muito quem se gabasse de que
aquelle passo éra obra naõ do Principe, mas dos taes gavòlas; agora, que as
cousas estaõ em termos de elle poder voltar, inventam-se estes requirimentos,
para depois dizer alguém, que o Príncipe voltou em conseqüência das persuasoens
de taes pessoas; quanto a nós, julgamos, que assim como S. A. R. de seu motu
próprio foi para o Brazil, quando julgou aquella medida conveniente, assim
também ha de voltar para Portugal, quando achar que isso se pôde fazer com
segurança, e para bem do Estado.
Fig. 04 – Na prática o PODER ORIGINÀRIO continua em 2014 ainda se sentindo como em 1814. Ao promover um dos seus com ocupante do trono vago
de Príncipe achou um “culpado de tudo”. O infeliz que carrega
responsabilidade do gigantismo das funções do Estado e se confunde com ele. Na
fórmula maniqueísta de deliberar e decidir se “GOSTOU” o “NÃO GOSTOU” transfere
culpas, méritos e suas sanções morais, sociais e econômicas ao infeliz que
colocou contra a parede. Porém o povo sabe
que naturalmente deverá pagar, as
contas dos estragos 2014. Porém está habituada a isto, pois sempre foi assim
mesmo. Tem o lenitivo de se ver livre do complexo de culpa.
Naõ
póde duvidar-se, que a familia de Bragança he mui popular entre os Portuguezes;
e que, ja por affeiçaõ, ja por interesse, a vinda de S. A. R. para Lisboa, he
acontecimento que muito se deseja em Portugal; assim, se o povo de Portugal
mandasse memoriaes ao Principe, de alguma forma que fosse, pedindo lhe que
voltasse para o Reyno; isto devia ser agradável á familia Real, que veria em
taes petiçoens, e memoriaes, provas da affeiçaõ de seus súbditos; e o Principe,
agradecendo estas expressoens de lealdade, obraria como lhe parecesse mais
acertado. Porém tal requirimento feito pelos Cortezaõs, que compõem a Regência,
nem exprime os sentimentos da naçaõ, nem merece a attençao do Principe. S. A.
R. naõ nomeou a Regência do Reyno, para o governar a elle Principe; nomeou-a
para governar o Reyno; e quanto para o aconselhar, o Principe lá tem o seu
Conselho de Estado com quem pôde consultar, e arranjar os seus planos.
Fig. 05 – O PODER ORIGINÀRIO– achou, entre eles, um
dos seus para ser o “culpado de tudo” na prática diária Assim se ve livre do
complexo de culpa. Carrega o infeliz
com a gigantesca responsabilidade das funções do Estado. e o confundem com esta construção humana
artificial. O PODER ORIGINÀRIO sabe que não poderá recorrer à mitificação da
origem divina deste poder monstruoso para a proporção humana. De outro não pode
naturalizar este Leviatã com medo de
retornar aos caos primordial.
He
contra esta mal entendida aristocracia, que a nossa política se dirige; porque
julgamos esse augmento do poder dos que governara taõ pezado ao Monarcha, como
pernicioso ao povo. S. A. R. nomeou a Regência para governar o Reyno de
Portugal, segundo as leys do Reyno, durante a sua ausência, assim como, durante
a sua residência em Lisboa, nomeou um Vice Rey, que governasse no
Rio-de-Janeiro; ora, naõ pôde haver duvida de quom absurdo seria, que o Vice
Rey do Rio-de-Janeiro, mandasse aconselhar a S. A. R. em Lisboa que fosse para
o Brazil; portanto o mesmo se deve dizer da Regência de Lisboa. Como da ida do
Principe Regente para o Brazil resultaram ao Reyno, e até mesmo á Europa, os
grandes benefícios, que em outra occasiaõ apontamos, naõ faltou quem atribuisse
a si aquella medida; se dali resultasse mal, esses mesmos, que louvam a medida,
e a attribuem a si, haviam de ser os primeiros a espalhar pela boca pequena,
que a culpa éra do Principe: e exaqui o systema Godoyano. Donde concluímos, que
esta ingerência intempestiva a respeito da vinda de S. A. R. para Lisboa, só
pode servir de lhe tirar a popularidade, que lhe resultaria do merecimento da
decisão.
Fig. 06 – O variado PODER ORIGINÀRIO lusitano, de
1814, provinha de um caldeamento de etnias, culturas e continentes. O estado
lusitano, ao limpar, uniformizar e expurgar etnias, credos e o
contraditório, estes “indesejáveis”
criaram poderosas cidades, ativas companhias de produção, logística invejável e
um comércio que superaram e se apropriaram, inclusive, das riquezas do ouro de
Minas Gerais.
Por
outra parte a volta de S. A. R, para Lisboa naõ deixa de ler embaraços, que se
devem alhanar antes que elle volte. O Governo do Brazil adoptou certas medidas,
que nós reprovámos aquelle tempo, e que he preciso remediar de algum modo que
seja; antes que a Corte se torne a mudar para Lisboa. Isto requer tempo, e
consideração. Por exemplo, acham-se os Estados de Portugal com dous Dezembargos
do Paço, dous Conselhos da Fazenda, duas Junctas do Commercio. &c. &c.
e sobre tudo acha-«e o Principe ligado pelo tractado de Commercio Roevidico,
com o qual fez a família dos Souzas tal damno aos interesses da Naçaõ, que naõ
se acha paralelo era outro algum acto anterior do Governo Portuguez; tudo isto
requer, como dicemos, consideração, e que o Principe Regente pense nos meios,
senaõ de remediar, ao menos de paliar estes males; antes que venha para a
Europa, ou que se faça a paz geral.
Fig. 07 – Um desenho britânico documenta as
condições materiais em que se encontrava, em 1814, o PODER ORIGINÀRIO lusitano. O homem
descalço, era dependente e condicionado mental, técnica e socialmente pela
produção agrícola. Este agricultor explorava uma terra montanhosa pelas mais
diversas culturas, técnicas e etnias . Estas se sucederam ali durante 2.000 anos. Todas elas presas ao ciclo implacável da Natureza, não tinham como dar conselhos ao se príncipe
e, muito menos, meios e fôlego para se revoltar com a sua situação.
Em
uma palavra, estamos persuadidos, que nem he da competencia da Regência de
Portugal o dar conselhos, naõ pedidos, sobre a política, que o Soberano deve
adoptar; nem o Principe precisa dewe estimulo para voltar a Lisboa; porque o
seu natural amor pelo terreno em que nasceo, quando naõ fossem outras
consideraçoens, o fariam obrar assim; logo que as circumstancias lhe
permittíssem. Mas a residência de S. A. R. no Brazil lhe ha de ter feito
conhecer de perto, a impossibilidade de governar taõ vastos e distantes
domínios, pelas mesmas regras, e estabelicimentos, que se instituíram quando
aquelle paiz éra uma colônia insignificante, quasi deserta. Alem de que, como
S. A. R. achou, que a sua mudança para o Brazil éra necessária para conservar a
independência de sua Coroa; assim taõ bem, naõ se pôde julgar que elle deva
mudar-se outra vez para a Europa, sem que primeiro se averigue, que a sua
Soberania, e completa independência de toda a naçaõ estrangeira, estaõ seguras,
e firmemente garantidas.
BATALHA de TOULOUSE 10.04.1814
Fig. 08 – A Batalha de Toulouse , travada no
território francês, indicavam a derrocada definitiva do império e do sonho
hegemônico de Napoleão Bonaparte
Quanto
á Regência, todas as vezes que eila governar o Reyno, segundo as leys, tem
cumprido com o seu officio.
Este evento do grupo de
pressão de Lisboa ilustra esta época de passagem do paradigma dos soberanos
iluminados, monocráticos e centralista em mudança para o do cidadão avulso que
cultivava um EU soberano. Em resposta impunha-se cada vez mais o contrato
coletivo nas quais as sanções eram coletivas e estabelecidas antes, durante e
depois de toda ação coletiva especialmente num Estado. O servo medieval podia atribuir todo os méritos, culpas das
iniciativas de uma nação para um soberano hereditário, iluminado, monocráticos
e centralista. A culpa de qualquer tragédia podia ser atribuída ao indivíduo
colocado num cargo central.
NAPOLEÃO CHEGA à ILHA de
ELBA em 04 de maio de1814
Fig. 09 – O “culpado de tudo” chega à Ilha de Elba
depois de perder a batalha de Toulon. Dli retornou nos seus “CEM DIAS” para
finalmente ser abatido definitivamente na batalha de Waterloo. Remetido para a
Ilha de santa helena entre a África e o Brasil. Porém os eventos ao longo do
ano de 1814 já demonstravam a obsolescência e ruína do seu projeto hegemônico.
Assim a Revolução
Francesa jogou todas as culpas sobre os seis que guilhotinaram. Do sangue
destes bodes expiatórios brotou um EU que avassalou a todos e a tudo. Este EU
chegava ao esgotamento em 1814.
Fig. 10 – As cortes lusitanas elaboraram uma
constituição depois do seu regresso Dom João VI na qual os seus poderes
ganharam limites e competências. Ele
jurou a nova constituição enquanto o seu filho proclamava a soberania
brasileira e era guindado ao título de imperador.
Na conclusão é necessário distingui LOBISTAS
– GRUPOS de PRESSÂO _ GRUPOS de INTERESSE. O Príncipe Regente e futuro Dom João VI cabe o mérito da firmeza e da
coerência. Ele permaneceu mais setes anos no Brasil. Foi coroado rei no Rio de
Janeiro, em 06 de fevereiro de 1818, partiu no dia 21 de abril de 1821.
Enquanto navegava no Atlântico Sul expirava numa ilha isolada em frente a costa
do Brasil., no dia 05 de maio de 1821, o seu algoz maior que o expulsara da
Europa. Chegou coroado em Lisboa 03 de julho de 1821 onde jurou a nova
constituição no dia 01 de outubro de 1822. Enquanto isto o seu filho proclamara
a Independência em setembro do mesmo tornando-se o 1º Imperador do Brasil com o
nome de Dom Pedro I.
Fig. 11 – A memória da epopeia napoleônica cultivada
em Portugal em 2014 num curso acadêmico. Para Portugal possui significado
renovado pelo seu envolvimento no projeto da unidade europeia da
qual um dos seus representantes é um dos líderes máximos. A epopeia, entre 1808 a 1814, ganha sentido e força
diante da discussão dos limites e das competências de cada Estado da União
Europeia diante da crise econômica.
Cabe a Dom João VI o
mérito da firmeza e da coerência em realizar a passagem de uma cultura medieval
para uma sociedade de contrato. Nesta sociedade de contrato, os grupos de
pressão são legítimos e éticos enquanto respeitarem a constituição aprovada
publicamente e em plena vigência.
Fig.
12 – Os conselhos dos mediadores e atravessadores auto titulados de 1814, ganham corpo e sentido, em 2014, quando, sem perguntar, mandam nas
suas concepções de uma Europa unida. Concepções, que de um lado, mergulham as suas raízes nos precedentes dos impérios de Roma, de Carlos Magno, Carlos V e
de Napoleão Bonaparte. Porém no lado oposto mostram, ao PODER ORIGINÀRIA da
Ucrânia, como se manda e se brinca de Príncipe na política. Resta ao povo
deliberar e decidir - numa fórmula maniqueísta - se “GOSTOU” o “NÂO GOSTOU” e,
naturalmente, pagar as contas dos estragos..:
.
FONTES NUMÉRICAS
DIGITAIS
BATALHA de TOULOUSE
CORREIO BRAZILIENSE
março de 1814
CRONOLOGIA de 1814
CURSO 1814-2014
DOM JOÃO VI
PORTUGAL DURANTE a AUSÊNCIA da CORTE
LOBISTAS – GRUPOS de PRESSÂO _ GRUPOS de INTERESSE
MONARQUIA CONSTITUCIONAL
NAPOLEÃO na ILHA de ELBA em 04.05.1814
OFICIAIS INGLESES na EXÈRCITO PORTUGUÊS
O FOCO do GRUPO de PRESSÂO é a ECONOMIA
TRAJES PORTUGUESES de 1814
USA: colocando o governo contra a parede
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