HELENISMO – MANEIRISMO e POS-MODERNIDADE: três épocas de mudanças.
O
Tempo flui sem gritos, alarmas e sem recuos. Em certas épocas e lugares este
Tempo flui de forma linear, simples e uníssono para a percepção humana. Em
outras épocas este Tempo é percebido como enovelado, simultâneo e numa
diversidade estonteante.
Fig.
01 – Alexandre Magno desbarata os “imortais” e se aproxima perigosamente do
Imperador persa Dario III na batalha de Isso em 333 aC. Um confronto entre a mentalidade oriental dos persas e
europeia representada por Alexandre filho macedônio Felipe e conquistador da
Grécia.
Os
gregos conceituava o termo “época” (epoche’)[1] com
um período em relação ao qual suspendiam os seus juízos e sobre o qual ainda não tinham um veredito
definitivo. Para eles próprios chegou a época na qual se misturam e se
aniquilam vários processos históricos em furiosa transição. Era o Helenismo.
Nele viram sumir as suas certezas construídas e cultivadas no período anterior.
Perderam o vigor para cultivar e reproduzir a sua própria cultura. Derrotaram o
império e a cultura persa. Mas a façanha foi realizada pelos macedônios....
Um hedonista - estátua de bronze
Fig.
02 – Na época helenística a vida material e a natureza substituíram o
ideal e a superação que haviam feito a glória do período áureo de Péricles,
Sócrates e Fídias. As manifestações das artes tornaram-se descritivas buscando o seu público .por meio do deboche, da descrição anedótica e incapaz dos
altos projetos do período anterior. Os
pragmáticos romanso aproveitaram esta porta aberta poara eles e levaram os
pensadores gregos pcom escravos sofisticados.
..
Uma época de transição carece de um projeto e
uma ação coletiva que oriente para um ponto afluente unívoco, legível e fixo. A massa humana está sem
direção, se conflita e se desgasta ao
longo desta época da História. Buscavam e
não está ao seu alcance um novo ponto equilíbrio homeostático e provisório entre
imensa e desconhecidas forças contrárias. Nestas épocas de mudança paira uma
enorme interrogação entre os agentes e participantes. Entre as variados exclamações
mais desencontradas, ruídos e mesmo entre os gritos mais altos ninguém possui um rumo do qual esteja seguro.
A
época que preparou a soberania brasileira é completamente diferente do Maneirismo
e da Pós-modernidade. A preparação da independência do Brasil transcorreu
impulsionada pelas revoluções triunfantes
norte-americanas e francesas. Revoluções que eram expressões coletivas sustentadas
nas suas bases pela infraestrutura industrial e orientadas para um ponto afluente unívoco, legível e fixo. Os Estados nacionais
contemporâneos formaram-se no meio de vivas expressões de uma enorme crença legível
e fixada no horizonte de um progresso linear, ilimitado e eterno. Expressões
que mais tarde se tornaram mais legíveis e se identificaram e reconheceram na
lógica taylorista da linha de montagem industrial. Mas tudo isto revelou-se ilusório, passageiro
e cobrando altos preços de toda ordem.
Pompéia PINTURA ROMANA - Máscara –
Fig.
03 – A máscara da tragédia romana numa pintura de Pompéia expressa um dos
polos do maniqueísmo da luta entre o Bem o Mal,
entre os polos extremos da gargalhada e do choro necessários parsa a
atenção de um público disperso a que
apenas importava o pão e o circo. A fórmula é a mesma para os dias atuais.
Mudaram apenas os veículos de comunicação,.
O
Helenismo já era portador desta
ilusão passageira e cobrando altos preços de toda ordem. Esta época pode ser
colocada entre as conquistas de
Alexandre Magno e a ruina definitiva do Império Romano. Marcado por uma
profunda atomização de valores materiais e imateriais, pela escravidão legal e por
corrupções de toda ordem. No seu final
derivou para a mais obscura Idade Média e terreno fértil para toda a barbárie e aniquilamento de tudo que era
artificial.
TICIANO VECELLIO c.1490-1576 -Alegoria do Tempo
governado pela Prudência - c.1556 -
National Galery Londres
Fig.
04 – O Maneirismo é a época paralela à perda da crença do homem como medida
de todas as coisas, cultivada pelo Renascimento italiano e da imagem medieval dos
astros girando ao redor da Terra como centro do Universo. Na imagem da Prudência, na pintura de
Ticiano, existe ainda um equilíbrio
central e que será rompido com a Europa numa crise entre a Reforma e Contra
Reforma e do novo e Velho Mundo e do qual emergem percepções e paradigmas
contrários entre si.
O
mesmo pode ser dito do Maneirismo. Esta época cobre á a
profunda crise ao Renascimento italiano desembocou na Reforma e Contrarreforma. Época da divisão
do mundo europeu num maniqueísmo
mutuamente excludente. Terreno para as cruéis dúvidas de Galileu Galilei
(1564-1642), de René Descartes (1595-1650) e de Baruch Espinoza (1632-1677). Ao
longo do Maneirismo forma de cobiça de toda ordem alimentaram e justificaram a
devastação de culturas ancestrais não europeias. Cobiça de ouro e de poder derivaram
para o 1º colonialismo moderno europeu. Época
na qual floresceu e se reproduziu o pretexto para a retomada do
exercício legal da escravidão humana.
Artemisia GENTILESCHI 1593-1654 - Judith e Holofernes 1612 http://en.wikipedia.org/wiki/Artemisia_Gentileschi
Fig.
05 – A violenta cena pintada pela artista Artemisia GENTILESCHI mostra toda a revolta simbólica desta moça artista violentada no
atelier do seu pai. Esat obra constitui uma metáfora do Maneirismo que estava
dilacerando a cultura europeia, atingida por uma violenta crise interna diante
de outros paradigmas sobre os quais necessitava recorrer á tipo de violência
possível para dominá-los e subjugá-los pelo colonialismo desenfreado, por
devastações atrozes e na busca de lucros crescentes e desmesurados.
O
Maneirismo representa um confronto entre a mentalidade eurocêntrica e os outros
paradigmas que eram sistematicamente desqualificados e dominados.
.
O
triunfo da Razão materializou-se na lógica da 1ª era Industrial. Porém o “Sono
da Razão” e os seus monstros e seus fantasmagóricos zumbis desembocou nas
orgias sanguinárias da 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Estas guerras fratricidas
foram alimentadas pelas armas das suas
linhas de montagem. A humanidade profundamente decepcionada procurou, para sair
deste pesadelo, uma nova lógica nas
profundidades da matéria e na vida. E período da Pós-modernidade, das dúvidas, de profundas e preocupantes
percepções das finitudes e preços a pagar pelos saques feitos sobre a Natureza.
Lorenzo LOTTO
1480-1556 - Andrea Odoni O
Colecionador c.1527
Fig.
06 – O Maneirismo se expressou pela
ganância e o acúmulo de bens materiais e imateriais do comércio com
obras de arte, Comércio que mergulha as suas raízes no comércio da estatuetas femininas
da pré-história, no período helenísticos
com as cópias de estátuas clássicas gregas Obras que tinham perdido a sua função
inicial e queagora eram transformadas em mercadoria, cópia e acúmulo. Este
acúmulo que ir´par retomar as formas das pinacotecas, gliptotecas helenísticas.
Todas
as grandes esperanças foram gradativamente se deslocando para o Novo Mundo e do
Extremo Oriente. Este deslocamento foi registrado nas páginas do Correio
Baziliernse (1808-1822) Estes registros foram auferidas e divulgadas através de Londres, um
das metrópoles da era industrial. Os europeus reagiram a este deslocamento para
uma segundo fase de um feroz e competitivo colonialismo científico e
industrial. Nestas as colônias eram, ao mesmo tempo, fornecedores e consumidores das linhas de
montagem europeias. Mesmo as novas soberanias nacionais muitas vezes eram
quintais de abastecimento, depósito dos
produtos e comercio das linhas de montagem dos países hegemônicos.
David TENIERS (1610-1690) – Pinacoteca do Arquiduque
da Áustria - 1647 óleo 106 x 129 http://en.wikipedia.org/wiki/David_Teniers_the_Younger
Fig.
07 – O Maneirismo europeu acumulou diversas tendências estéticas num
conjunto eclético e demostrava o poder material e imaterial dos seus
proprietários. Este acúmulo e
centralização do poder irá progressivamente desembocar nas figuras dos tiranos
iluminados. Estes foram índices e motivos dos confrontos com a
mentalidade pragmática da era industrial e a construção dos Estados
Nacionais. Herdeiros destes acúmulos
trataram de criar instituições públicas para as
quais transferiram gradativamente estes acervos.
Como
o presente blog é publicado na época corrente da Pós-modernidade e com o uso
dos seus meios técnicos e não possui a
visão de conjunto suficiente sobre si mesma muito menos num desfecho futuro. Permite-se apenas que esta época corrente se
espelhe em períodos semelhantes como aquelas do Helenismo e do Maneirismo. Em
ambos apenas nasceu outra mentalidade e a necessidade de abandonar hábitos e
mentalidades anteriores. Enquanto desmoronava o passado, que agora é
considerado de ouro, as novas incertezas e as ameaças crescem diante de um futuro
insondável.
Damien HIRST,
1965 - Bezerro de Ouro 2008 - vendido por 16.5 milhões de dólares
Fig.
08 – A adoração do bezerro de ouro
foi inspiração deste artista britânico
expressar as dúvidas, as confusões e os valores contraditório cultivados pela
pós-modernidade. A instalação na qual
ele embalsamou e mergulhou em formol um bovino recupera antigas simbologias
egípcias numa paródia e ironia características de períodos confusos como o da
pós-modernidade.
As INUTEIS e as CARAS
FICÇOES geradas ao longo destas épocas de passagem constituem a parte mais
assustadora. Em período de um transição
de um paradigma para outro, as crenças e esperanças humanas anteriores são
substituídas por outras incertezas. Esta
transição costuma gerar racionalizações de toda ordem. Racionalizações que despertam
ficções tão ou mais perigosas do que aquelas que a humanidade acaba de abandonar.
O problema é que estas ficções são novas, sem contraditório ou teste de
realidade. Assim nestas épocas de passagem emergem - das férteis e ativas
mentes humanas - ficções que com passar do tempo se revelam não só inúteis, mas tendenciosas e perigosas.
Marina
ABRAMOVIC (1946 - 0 - o artista está
presente http://hemisphericinstitute.org/hemi/fr/e-misferica-72/levine
Fig.
09 – A artista marina Abarmovic subverte, desafia e apresenta obras nas
quais o artista, suas criações e o
público se confundem em lancinantes happenings,
instalações, figuras estáticas vivas. Propõe confrontos entre a mídia
tradicional das artes visuais, a sua reprodução mecânica com a presença da
Natureza viva e palpitante mas
imobilizada pelo seu projeto mental.
A passagem dos estados
soberanos - da primeira era industrial para os estados em rede da era
pós-industrial - revela-se tão tendenciosa e perigosa como do Helenismo e do Maneirismo. Além de potencializar a inutilidade e o alto
preço e induzem perigosas esperanças, pois não possuem o fundamento do Poder
Originário para se concretizam. Ficções como os estapafúrdios BRIC’s ou outras
especulações não possuem o menor suporte e raízes num poder de origem. Possuem
a sua fonte em mentes humanas cansadas e castigadas por esforços mentais febris
e excitadas que geram ficções fantasmagóricas. Ficções alimentadas por agentes
mergulhados no marketing e na propaganda de percepções incendiadas pelos seus
oniscientes, onipotentes, universais e eternas.
Brian ROGERS
- Memória Seletiva - in NYT em
11.01.2011 http://www.artistcommunities.org/dance-resources/casestudies-collaboration.html
Fig.
10 – As mídias pós-modernas permitem editara em tempo real misturando a
imagem construída com a Natureza gerando obras hibridas Obras desta natureza
geram confrontos, destaques e esquecimentos
Estes esforçados cidadãos
são vitimas da sua ingenuidade ou cegueira decorrente dos miseráveis contratos com a servidão. Quando querem agradar ou servir são
vítimas assíduas e preferenciais de ícones que encobrem monstruosas formas de
escravidão mental, cultural e até econômica. Monstros que exigem das suas
vítimas imediata perda de identidade, de personalidade e de individualidade.
Estes monstros manejam com habilidade os sentimentos contraditórios entre culpa
e perdão, desestabilizam as suas vítimas e lhes furtam a liberdade. No
maniqueísmo entre culpa e perdão habilmente manejado pela mídia industrial das
grandes personagens. “Menti, menti de novo que algo sempre irá permanecer”. A fama,
a riquezas e a fortuna cultura
hegemônica ocidental ganhou fortuna nos
manuais escolares.
IMMENDORF, Jorg - 1945-2007 Chanceler Schroeder -
c.2005
Fig.
11 – As mídias tradicionais são incorporadas em novos contextos e ganham
destaques inesperados .Um confronto entre a mentalidade industrial linear e
fixa abre espaço para representações
múltiplas e mutantes da Pós-modernidade
Na conclusão é
necessário insistir de que as rememorações e as narrativas da História possuem
a plenitude de seu sentido no seu conhecimento para não repetir épocas e muito menos
recair nas suas limitações e erros.
CATTELAN Maurizio
-Rotunda GUGGENHEIM NYT 08.11.201
Fig.
12 – A pós modernidade busca recursos espetaculares e de fácil leitura e
compreensão e das quais não é possível afastar os recursos que os artista do helenismo
e do maneirismo recorreiam com frequência para cahamar atenção dos seus
observadores solicitadas poelos mais variodos estímulos Um confronto entre
a mentalidade seletiva, refinada e linear diante de mentalidades acumuladoras,
ecléticas e múltiplas
Apesar
dos ruídos e dos estímulos sensoriais cumulativos da pós, modernidade,
maneirismo e helenismo, a autêntica
História insiste na atenção e na percepção da inexorável passagem do Tempo que
flui sem gritos, alarmas e possíveis recuos.
FONTES BIBLIOGRAFICAS:
LISBOA, João Francisco 1812-1863 Jornal
de Timon – Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004, 326 p. –
Edições do Senado v.28
TAYLOR CALDWELL, Janet Miriam Holland (1900-1985) - Médico de homens e de almas
(53ª ed) Rio de janeiro: Record, 2013 – 699 p.
ISBN 978-85-01-1240-1
FONTES NUMERICAS DIGITAIS:
BRICS ALIMENTADOS
pela projeção da CURVA do seu CONSUMO.
DETROIT INSTITUTO
de ARTES
NADA
CRESCE na SOMBRA das GRANDES ARVORES
POLITICO
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