O PODER sem MEDIAÇÕES
e o
PODER ORIGINÁRIO.
“Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição”
Parágrafo único do Artigo 1º da Constituição de
1988.
Helios SEELINGER (1878-1965) - Pelo Rio Grande Pelo Brasil in Revista
Máscara jun.1925
Fig. 01 – A Primeira
Republica Brasileira mostrava profundas contradições ao longo da década de
1920. Negando as práticas de mediação
imperiais atadas aos pés do tono imperial buscou meios legais para que o PODER
ORIGINÀRIO pudesse fluir o mais livre possível. Porém as longas tradições do
cacicado, coronelismo e da escravidão de alma e de corpo tiveram os interpretes
que impunham práticas de mediação e consequente submissão as mais absolutas. Os
integrantes da Semana de Arte Moderna de São Paulo, os 18 do FORTE de
COPACABANA e a COLUNA PRESTES, como os jagunços de Lampião tentaram forma
estéticas, militares e populares que tentavam desmontar as antigas estruturas de mediação de poder político brasileiro de todos os tempos. O artista
Helios SEELINGER(1878-1965) interpretou em grande tela esta busca do poder
direto.
A experiência direta constitui
um tipo de realidade. Outra realidade - completamente
diferente - é esta mesma experiência como um evento mediado.
A experiência direta é a percepção humana dos
fatos das circunstâncias primárias até a passagem do tempo. As mídias
eletrônicas, industriais, ou mesmo artesanais, captam este fato primário, se apropriam
dele e o manipulam conforme seus interesses e projetos. Depois é distribuído na forma de um produto
adequado aos sistemas controlados, pagos e vigiados e pré-existentes ao fato
primário. A indústria da mediação é uma das mais prósperas do século XXI. Diante
do evento mediado, como outra realidade artificial e construída, Herbert
Marshall Mcluhan (1911-1980) enunciou que “o
meio é a mensagem”. Enquanto isto a experiência direta é um fato cada vez
mais raro. E se esta experiência direta acontece, ela não é percebida como tal.
HANS STATEN1525-1579 cerimônia
Fig. 02 – No mundo
primitivo dos ameríndios o poder era atributo dos caciques que recebiam as
variadas manifestações de subordinação. Este hábito de mediação e heteronímia
projeta-se nas mentalidades e comportamentos de toda política brasileira. Estas
mentalidades e comportamentos foram reforçados com as figuras dos coronéis,
senhores de engenhos e capitães de indústrias. Se os caciques temiam e
respeitavam os seus pajés e curandeiros, estes vieram transfigurar-se em guias
espirituais e aqueles da saúde. O círculo da mediação do. Poder que se amplia na medida da complexidade das
civilizações e consome mais energias mentais e físicas, conforme a tese Joseph
Tainter das relações entre ENERGIA
– DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE
A verdade é que os
sentidos são instrumentos de mediações entre o ENTE humano e as formas de seu
SER no mundo. Este SER da criatura humana no mundo experimenta as mais variadas
mediações ao longo de sua existência. Desde a infância ela é introduzida no
mundo pela mediação. Liberta-se da mediação paterna ao longo da adolescência
para cair em outras variadas e subliminares mediações. Evidentemente que esta
criatura humana está na busca do pertencimento a um grupo de iguais em idade, trabalho em comum e no lazer coletivo. As
mediações na política, na saúde, educação, cultura, comércio, religião são
constantes ao longo da vida adulta. Raros e pontuais as experiências não
mediadas.
Uma sessão na CAPELA
POSITIVISTA de PORTO ALEGRE no século XXI
Fig. 03 – Há de se
distinguir o COMTISMO do POSITIVISMO. As doutrinas de Augusto Comte (1798-1857)
foram apropriadas e mediadas pelos POSITIVISTAS e que as transformaram em
instrumentos políticos. Esta distinção já havia sido realizada por Olinto de
Oliveira (1866-1956) em 1897. Como uma dos fundadores da Faculdade de Medicina
esta contrariando os POSITIVISTAS ortodoxos quem as profissões eram livres e
desimpedidas de qualquer mediação– A
distinção também pode ser realizado entre MARXISMO e COMUNISMO.
Estes momentos de vazio
e de liberdade do EU encontram patrulheiros sempre atentos no plantão da MORAL
disposto a mediar esta possibilidade junto aos OUTROS. Patrulheiros,
profissionais ou amadores, que se acham na obrigação de...mediar. Mediar
preventivamente para que o vazio e a liberdade individual não derivem para o
ócio, o vazio existencial e a inadiável necessidade da escravidão voluntária.
Mediar a pretexto de desviar o EU do OUTRO da morbidez, da marginalidade ou da criminalidade.
Décio Villares (1851-1931) MOUNUMENTO
à JÙLIO de CASTILHOS
Fig. 04 – A longa
tradição do cacicado, do coronelismo e da escravidão - de alma e de corpo- teve em Júlio de Castilhos (186-1903) um dos
interpretes que impunham práticas de mediação
. Esta mediação corria para a submissão a mais absoluta ao Partido Republicano
que conquistara o poder pelas armas, pela imprensa e pela ideologia do
positivismo que se queria científico. A retórica e o conhecimento do direito
formal reforçavam esta mediação e
manipulação do. Poder que voltava ao centralismo ao modelo daquele do TRONO
IMPERIAL.
Por surpreendente que
possa parecer, o artigo 1º da Constituição Brasileira de 1988 contraria este
patrulhamento ao abrir o exercício do poder a possibilidade da não mediação.
É possível ler Dos Princípios Fundamentais:
Art. 1º A
República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito
e tem como fundamentos:
Parágrafo único. Todo
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição. (sublinhado pelo autor)
Cabe a evidente ressalva
das competências e dos limites deste exercício do poder “nos termos desta Constituição”. Esta competência do “exercício direto do poder” é precedida
pelos “termos da Constituição” que
apontam para os pilares da cláusula pétrea dos cinco princípios fundamentais que caracterizam e
fundamentam “todo o poder emana do povo”.
O monumento a Júlio da Castilhos e a Justiça Maximiliano FAYET (1930-2007)
Fig. 05 – A mediação política, praticada no Brasil,
encontra dificuldade num diálogo construtivo
entre legislativo, executivo e judiciário no interior da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. O efeito imediato desta dificuldade é a clivagem entre
a autoridade constituída e o PODER ORIGINÀRIO. Este permanece surdo, mudo e cego devido aos
estridentes ruídos provenientes das três
esferas do seu próprio governo
No presente texto não se trata da volta á
Natureza e ao primitivo.
Natureza e primitivo também podem constituir-se nos lares do ócio, do vazio
existencial e da escravidão voluntária, senão da morbidez, da marginalidade ou
da criminalidade.
José de
FRANCESCO (1889-1967) - Ciranda - 1956
Fig. 06 – O PERTENCIMENTO ao grupo
humano é, em principio, uma experiência direta, uma complementaridade e
fortalecimento da segurança como necessidade básica individual. O problema
inicia quando esta experiência degenera pela mediação incompetente para compreender por que “a arte não pode ter sua missão na cultura e
formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre-passe a
humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido
mais temerário” conforme afirmou Nittzsche ( 2000, p.134 )
Também surpreendentemente a não mediação ganha pleno sentido
na prática da arte. A autonomia
exigida do artista só assim situa-se num plano para estar apta para receber a
sanção pelas suas escolhas e suas perdas administradas. As técnicas e os
materiais não bastam e não são suficientes para constituir uma obra de arte.
Para tanto impõe-se ao artista dispor, no interior do seu projeto, do direito de direcionar todo o potencial da
sua vontade sensibilidade para a coerência final desta sua obra. Coerência na
qual todo o seu ENTE está comprometido no seu SER artista.
Gilberto PEGORARO (1941-2007) -foto trabalhando no atelier
Fig. 07 – Ao artista não
bastam as técnicas e os materiais e não são
suficientes para constituir uma obra de arte. Para tanto o artista impõe-se a
si mesmo dispor do direito de direcionar todo o potencial da sua vontade
sensibilidade para a coerência final desta sua obra resulta do seu
desenvolvimento no interior do seu projeto. Este projeto torna histórico o
autor e a sua obra.
O fato de a Arte não
admitir a mediação, tem como
reação a imediata resistência e as suas freqüentes e duras desqualificação que partem dos patrulheiros
ideológicos e dos moralistas de plantão. Se nesta patrulhamento a Arte não é coberta por pesado silencio ela é
silenciada por ideológicos e pelos moralistas de plantão. Esta preocupação do
seu isolamento ganhou, no final da cultura republicana romana, uma forma
escrita na pena de Sêneca
“Se prescindirmos de todo convívio, se renunciamos a
todas as relações humanas e vivermos voltados exclusivamente para nós mesmos,
esta solidão – desprovida de todo desejo – será seguida pela completa falta de
ocupações significativas. Começaremos a construir prédios, a derrubar outros, a
remover o mar, a conduzir as águas contrariando as dificuldades dos lugares e a
gastar mal o tempo que a Natureza nos deu para gastar bem” SÊNECA Da
tranqüilidade do ânimo, p. 18
Porém o professor de Nero acerta em cheio
quando fornece margem para que Arte autêntica seja “gastar bem o tempo que a Natureza
nos deu”. Este
tempo que a Natureza nos deu é silenciado pela interferência da mediação. A
mediação realiza, esta façanha de alienação, por meio de factóides culturais. Factóides
distribuídos e impostos por meio de uma larga e proveitosa indústria de
entretenimento que não passa da mais pura mediação ou comprometer e corromper o
TEMPO que a NATUREZA NOS DEU. O “pão e o
circo” da política imperial romana era
uma política de mediação destinada a manter na heteronímia a massa
crítica da multidão que acotovelava pelas estreitas ruas de Roma.
João Batista MOTTINI (1923-1990)
- Vendedor de santos
Fig. 08 – O comerciante
da imagem acima realiza uma dupla mediação..
Faz circular tanto a arte como o tema religioso. Contudo, conforme esta imagem
ele constitui-se num elo do sistema da indústria cultural. A linha de montagem
da imprensa industrial necessita deste elo entre o produtor e o consumidor...
Neste tipo de mediação a Arte entra como
serva ou escrava pois nada delibera e decide ao modelo de uma boa, obediente e
disponível escrava de luxo. Porém o poder imperial romano sabia que podia perder
o controle apesar da política do “pão e o
circo”. Para prevenir e reverter este perigo apelava, num esforço decisivo,
para a pura e estreita política da
repressão e a mais cruel possível. Repressão por meio dos mais meios físicos criminosos,
dolorosos, bárbaros. Expunha para a multidão os atingidos por esta repressão
como espetáculo e como avisos exemplares de um poder invisível e invencível. Para
os que queriam fugir, desta exemplar exposição pública, era permitida a graça
do suicídio como foi concedido para Sêneca e para o seu aluno Nero.
Gastão TESCHE - 1932-2005
- Janela noturna
Fig. 09 – A janela media o espetáculo externo para o
interior do lar ou do prédio. Esta mediação é interditada tanto para os atuais
shopping’s center’s como para as igrejas da Propaganda da Fé. A experiência
direta da Natureza deve ser anulada e interdita tanto no mercantilismo como na
religião. A falta de janelas condicionam os cinco sentidos humanos para estarem
a mercê inteira das mensagens religiosas
ou que os produtos não tenham concorrente algum. A janela é um índice do jogo do poder que evidencia o grau de mediação
que o sistema permite ao seu usuário
Um Estado previdente sabe propor,
implementar e usar os projetos civilizatório compensatórios da pura e estreita política da repressão. Esta
repressão faz parte de qualquer governo que realiza o contrato com o seu poder
originário. O ENTE público pratica a
violência que o indivíduo isolado não pratica e que ele delega ao seu governo.
Neste caso todo o aparelho jurídico está disposto para manter este contrato nos
limites de suas competências. Porém vale o aviso de que “a corrupção dos ótimos é péssima” como avisavam os latinos. O aviso
vale para os dois lados do contrato.
PELOTAS - Museu da Baronesa – estátuas de fachada
Fig. 10 – O espetáculo da
ostentação residencial foi inteiramente vedado ao súdito ao longo do período
colonial brasileiro. Com a soberania brasileira esta ostentação adotou o
Neo-Clássico francês de moda na época. .Com o regime republicano renovou-se com
o eclético Art-Nouveau que durou até a Iª Guerra Mundial. Restam os vestígios
deste poder econômico e a perspectiva da mediação
por meio da indústria cultural do turismo..
O estudante de arte ainda não faz arte,
pois está em plena heteronímia dos seus mestres, dos regulamentos e das
instituições formadoras ou mediadoras do seu agir, deliberar e decidir.
Contudo, esta mediação e este estágio de heteronímia são de extrema importância
para ele na medida em que lhe permitem dar-se conta e buscar vontade suficiente
para alimentar projetos para se situar fora destas mediações .
STEINER Heins Rolf 1910-1974 - Mata Pau - 1945 - Gravura 38.5 x
18.4 cm
Fig. 11 – Esta gravura
mostra a realidade da complementaridade ou o parasitismo da mediação no mundo vegetal. –Transpondo esta
gravura ao mundo humano, como metáfora, podemos
associá-la a tese Joseph Tainter das relações entre ENERGIA
– DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE.ou as relações entre energia é dinheiro ou tributos num sistema capitalista e monetarista. A questão
é até que ponto o PODER ORIGINÀRIO percebe que estes tributos não são um simples
parasitismo e em que medida ele entende, concorda e
pode pagar sempre mais tributos
A automedicação– sem a mediação do
profissional da Medicina – constitui um dos grandes riscos da saúde e deriva
para a charlatanice se esta prática for socializada. De outra parte não há
médico honesto que não reconheça que a cura de um paciente depende deste
doente. Ao profissional da saúde compete fornecer os meios adequados para que o
doente possa empreender o caminho para gozar a fortuna da cura e da sua plena
saúde. Neste caso evidenciam as competências do sujeito da cura e o mediado
deste processo.
Décio Villares (1851-1931) MAQUETE do MOUNUMENTO à JÙLIO de
CASTILHOS
Fig. 12 – A construção
intencional dos símbolos nacionais, além das leis, é um processo que alguns
denominam de “fabricação” . Esta
“fabricação” constitui a mais tradicional forma de mediação entre o poder do
Estado e o Poder do qual este poder
estatal pretende ser Originário. Em geral esta “fabricação” ultrapassa a PUBLICIDADE e nada tem a ver com ela.. Na
realidade avança em direção à mais pura PROPAGANDA e MARKETING pelo qual um
regime tenta se legitimar fisicamente e assim marcar o seu território de
PODER.contra potenciais concorrentes que poderiam exercer diretamente este poder
que julgam estar em suas mãos e sob o alto controle.dos seus próprios
interesses particulares..
No plano político esta
vontade possui origem e interesse governamental. Para tanto basta ler Platão,
(1985,p.84) como
“Cada
governo estabelece as leis para a sua própria vantagem: a democracia leis
democráticas, a tirania leis tirânicas e os outros procedem do mesmo modo;
estabelecidas estas leis, declaram justa, para os governados, esta vantagem
própria e punem quem transgride como violador da lei e culpado de injustiça”
O termo POVO já
constitui um mecanismo para escamotear e
ocultar a verdade de que “a corrupção dos ótimos é péssima”. Acusa-se a TODOS e ao mesmo tempo a NINGUÉM. Esta
abstração não possui rosto, autonomia ou vontade própria. Isto confere o prêmio
de não ser responsabilizada ou criminalizada pelos piores atos que este coletivo
cego vier a cometer. A este conjunto costuma-se denominar povo, maioria,
multidão ou simplesmente “OS OUTROS”. Voltaire, um dos representes do
Iluminismo francês, já observava: “se
fosse necessário escolher detestaria menos a tirania de um só do que a de
muitos. Um déspota tem sempre alguns bons momentos; uma assembleia de déspotas
nunca os tem”. Este prognóstico veio se confirma ao longo da Revolução
Francesa, especialmente nos momentos de “Sono
da Razão” como verificou o desiludido pintor Francisco Goya.
RAPHAEL
BORDALO PINHEIRO 1850- 1910 Revista Berlinda 1872 Guia
de conversação Brasil Portuga
Fig. 13 – A caricatura
vale-se com freqüência da sátira contra a mediação–
como esta do Imperador Dom Pedro II numa viagem a Portugal busca um guia para
mediar a conversação entre brasileiros e lusitanos e vice-versa.
Com certeza uma língua é uma experiência direta e que se encontra fora
do código e e repertório de uma outra cultura necessita esta mediação.. O
pensamento humano necessita deste suporte e nas artes visuais esta mediação foi
percebida quando escreveu que “a palavra
dirige o olhar”.
Muitas formas de governo
como também sistemas políticos e comerciais escondem se atrás da fachada dos OUTROS
transformados “numa assembleia de
déspotas”. Os mentores das assembleia
de déspotas necessitam da obediência cega destas multidões. Com este
objetivo “da obediência cega das multidões
ou dos OUTROS”, tornam-se mestres
nos expedientes de promover a técnica dos eventos e espetáculos que possuem o escopo de escamotear “a corrupção dos ótimos é péssima”. Um dos expedientes desta corrupção é soltar os mais
baixos instintos das multidões ou dos OUTROS e, depois, apontar alguém responsável
pelo que estas multidões acabaram de
praticar.
George
Wesley BELLOW (1882-1925) Bot Member of
This Club - 1909
Fig. 14 – Nas lutas
encenadas de box o poder comercial media
o espetáculo publico com a idéia de que o fracasso é uma questão pessoal que não pode ser
atribuido ao
sistema no qual ele se encontra. A montagem "é falsa", e ninguém acredita realmente nestes lutadores de araque. A ilusão é perfeita. O espectador acredita sem acreditar e, nesta
contradição, mergulha, de corpo e de alma, numa cultura que confunde tudo aquilo que é genuíno.
O escritor norte-americano Chris Hedges, mostra no seu livro “O declinio moral da América” o confonto entre o bem e o mal montado como espetáculo para
a multidões e praticada entre boxeadores norte-americanos. O autor mostra como são
conduzidas as formas de mediação nestes
lutas e o papel da credulidade popular. Contudo é necessário que o show continue a funcionar numa série interminável. As mediações possuem
como objetivo mostrar ao espectador o triunfo da vontade. Ao longo e a
final as multidões sejam induzidas a
concluir e reforçar a idéia de que o fracasso é uma questão pessoal que não pode ser atribuido ao sistema no qual ele se
encontra. Evidente que toda esta montagem "é falsa", e ninguém acredita realmente nestes lutadores de araque. A ilusão é perfeita. O espectador acredita sem acreditar e, nesta
contradição, mergulha, de corpo e de alma, numa cultura que confunde tudo aquilo que é genuíno. Esta
cultura aprendeu que as arenas romanas sempre estiveram lotadas de hordas de
bárbaros ululantes, multidões sedentas de sangue e de emoções fortes. Interessa
reunir e manter a atenção destas multidões que para estes promotores não passam
de meros números. Nestas multidões o governo, os sistemas culturais,
políticos e comerciais vão pescar o seu proveito proprio.
Gravura
de Ernest ZEUNER (1890-1967) - Supermercado
- Revista do Ensino 25.4 x 36.5 cm
Fig. 15 – O poder
econômico e comercial encontrou formas para escamotear a mediação– e onde se descobre tarde que o produtos mais vistosos e
baratos resultam de sistemas de trabalho escravo em países periféricos Contudo
super-mercados , shoppings center-s como as igrejas barrocas não possuem janelas
das quais se possa vislumbrar a paisagem. A semelhança dos templos da
Propaganda da Fé que desenvolvia recursos para capturar e prender os cinco
sentidos humanos, assim shoppings Center captam e prendem os cinco sentido
humanos enquanto a mente é bombardeada pelo Propaganda e marketing.
Afinal a norma
geral desta
“corrupção
dos ótimos é péssima”.
vai pela
cartilha silenciosa - e nunca escrita - do “socializar
todos os prejuizos e embolsar os lucros em proveito individual e pontual do
mais mais forte e do mais oportunista”. O evento mediado cria uma realidade completamente
diferente da experiência direta e controlada pelo cidadão. Mas afinal a
indústria da mediação é uma das mais prósperas do século XXI e este espetáculo
não pode parar diante de uma simples experiência direta e controlada pelo
cidadão.
Este cidadão
potencialmente pode se socorrer e amparar nos pilares dos cinco
princípios fundamentais
constitucionais brasileiros que caracterizam
e fundamentam “todo o poder emana do povo”.
Resta saber o grau de conhecimento, de vontade e dos limites e das competências
deste DIREITO à NÃO MEDIAÇÃO que ele delibera e decide colocar diretamente
no mundo. Conhecimento e vontade de exercer também o direito de se indispor,
contrapor e de contrariar o hábito e a cultura indireta geral, praticada
descaradamente por meio da socialização
do prejuízo e da apropriação individual do lucro.
.
FONTES do PRESENTE TEXTO
HANS STADEN (1525-1579)
A TIRANIA em VOLTAIRE
: François Marie AROUET (1694-1778)
NIETZSCHE, Frederico
Guillermo(1844-1900)Sobre el porvenir de
nuestras escuelas. Barcelona:Tusquets,2000. 79 p.
Chris Hedges. DECLINIO
AMERICANO e a MEDIAÇÃO
PLATÃO ( 427-347) – A
REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg
1º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, - 1985 - 238 p. http://pt.scribd.com/doc/36631268/A-Republica-Platao-Vol-I
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COTEXTO do PENSAMENTO
----- TIRANIAS
Joseph Tainter e a tese da relações entre ENERGIA – DESENVOLVIMENTO – COMPLEXIDADE
A presente postagem possui objetivos puramente didáticos
mail ciriosimon@cpovo.net
1º blog :