ARTIGAS dirige-se para as MISSÕES em 1817
Foi longo e sangrento
processo de fixação dos limites entre as antigas posses espanholas e lusitanas
na América. O Rio Grande do Sul foi um
dos cenários destas disputas e guerras nas quais as conquista deste território físico foi palmo a palmo. O
resultado foi a fixação dos limites da Republica do Uruguai e que as conquistou
com um exemplar e produtivo contrato externo na base de um pacto nacional
O Uruguai alcançou, no
século XIX, a fortuna pública e mundial a semelhança do que Cuba conseguiu no
século XX. A soberania do Uruguai foi cuidadosamente preparada. Os reveses
deste projeto e as suas afirmações nasceu de um profundo pacto social, cultural
e político com o seu PODER ORIGINÀRIO. Este projeto uruguaio continua em pleno
vigor, em 2017, apesar de contar com escassos três milhões e meio de habitantes[1]
e com 95% vivendo no meio urbano. Para tanto esta nação platina soube aproveitar o imenso potencial que cada etnia, cultura ou história das diversas
camadas de sua população.
Fotograma do
filme “ARTIGAS: La Redota”
Fig. 01 – O levante do PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia
foi polarizado, durante algum tempo. pela figura mitificada de José Gervazio Artigas. Porém este PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia não
aguentou as intrigas, a falta de recursos bélicos e as interações com outras
nações.. Estas outras nações haviam se
reforçado por mio da ERA INDUSTRIAL que não só lhe fornecia os recursos
logísticos, técnicos e materiais, mas especialmente o pensamento, a comunicação
e pactos árdua e continuadamente reconstruídos.
.
Evitou colocar em
primeiro plano ou criar um TIPO SALVADOR da PÀTRIA Ao mesmo um destes arquiteto
sociais e políticos não foi visto, divulgado ou cultuado em vida como um SALVADOR
URUGUAIO. A figura de José Gervazio Artigas só ganhou relevo interno
no Uruguai muito tempo após o seu desaparecimento físico. Isto apesar de seu
nome e façanhas ressoarem por todo planeta. O Correio Braziliense não fugiu a
esta fabricação de um objeto de execração pública nas mãos de quem não gostava
dos seus projetos, retardava e prejudicava os seus interesses imediatos.
Rio Grande do Sul não pode deixar de olhar,
refletir e se posicionar em relação estes acontecimentos, pois estava e
continua no MEIO deste TORVELINHO tanto em fevereiro de 1817 como em
fevereiro de 2017.
Em fevereiro de 1817
este caldeamento, atritos, explosões e sínteses estavam em plena efervescência.
Desta efervescência nos dá testemunho o Correio Braziliense – FEVEREIRO de
1817, VOL. XVIII. Nº. 105, das pp. 204
até 212.
Reflexoens
sobre as novidades deste mez.
REYNO
UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGAVES, Guerra do Rio-da-Prata.
Fig. 02 – A mitificação da figura de José Gervazio Artigas (1764-1850) foi muito tardia e
quando ninguém mais se lembrava de sua fisionomia. O retrato de Artigas por pelo pintor JUAN
MANUEL BLANES (1830-1901) ocorreu num momento autoritário e cuja encomenda e
feitura (1884) pode ser interpretado como “PRÊMIO em CIMA[1] deste líder
carismático” no qual as autoridades se
plantão tentavam puchar para si as glórias de que havia sacrificado sua vida.
As hostilidades, entre as tropas do
Brazil e os bandos de Artigas, jrrompêram ja por alguns ataques parciaes, que
na Inglaterra se tem representado como derrota considerável dos Portuguezes, a
quem, pelo contrario, a gazeta do Rio-de-Janeiro dá a victoria. Julgamos
importante examinar com alguma miudeza estas notícias, posto que mui vagas; naõ
só pela influencia que éllas devem ter nos differentes pontos do Brazil, quando
lá chegarem da Inglaterra; mas também porque nos devemos queixar do systema da
Corte do Rio-de-Janeiro, em naõ publicar as noticias aulhenticas e verdadeiras
daquella guerra; produzindo, com essa falta, os males, que resultam de se
espalharem rumores falsos, ou de se darem aos verdadeiros interpretaçoens
desfavoráveis. A gazeta do Rio-de-Janeiro fallou mui succintaniente daquelles
ataques, e se limitou ao seguinte:— "Rio-de-Janeiro 30 de Outubro, 1816.
Agora mesmo se recebe a noticia de terem os insurgentes atacado um piquete
nosso, no dia 6 de Septembro, o que obrigou a vanguarda da divisão dos Voluntarios
Reaes a repellillos, deixando elles carretas, cavalhadas, e boiadas."
[1] PRÊMIO em CIMA DE.... http://profciriosimon.blogspot.com.br/2009/11/premio-em-cima-de-01_30.html
Fotograma do
filme “ARTIGAS: La Redota”
http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2013/05/artigas-la-redota-reconstroi-trajetoria-de-mitico-lider-uruguaio-4147003.html
Fig. 03 – ARTIGAS valeu-se da mobilidade que os
grupos sociais e culturais cultivavam num processo de nomadismo desconcertante
para os exércitos treinados e municiados pela ERA INDUSTRIAL.. O emprego da
cavalaria estava fora da lógica militar e ensinado nas academias militares
treinados numa sistema linear e coletivo. Entre os prosélitos de ARTIGAS
prevalecia o individualismo e a valentia pessoal.
" No dia 24 do mesmo mez, um destacamento
da dieta vanguarda, composto de 80 homens, destroçou um bando de 300
insurgentes no passo de Chafalote, dos quaes ficaram 20 prisioneiros, 19 mortos
e muitos feridos." As gazetas lnglezas fôram mais extensas, porém os
factos, a que se referem, comtém-se- principalmente nas seguintes cartas:—
"Rio-de Janeiro.9 de Dezembro. Os Portuguezes procedem mui vagarosamente,
e penso que naõ chegarão ás muralhas de Montevideo dentro do anno corrente. A
guarda avançada ainda naõ passou de Castilhos, e as forças navaes ainda estavam
em Maldonado aos 23 d'Outubro. O General Lecor naõ saio do Rio-Grande senaõ aos
17 de Novembro, quando foi ter a Sancta-Thereza, um dos postos das fronteiras.
Para a parle das Missoens, Artigas tem ganhado algumas vantagens. Ali, de
facto, será o principal theatro da guerra. As communicaçoens dos Portuguezes
com Buenos-Ayres ainda continuara; por onde se julga que existe entre elles boa
intelligencia. O exercito independente destinado a obrar, na primavera
seguinte, contra o Chili, está prompto a marchar para Mendonça." >' Na
mesma data. As operaçoens dos Portuguezes contra a margem Oriental do
Rio-da-Prata saõ vagarosas, e mysteriosajs*.—
Fig. 04 – A extensa e rica área conflagrada da bacia do Rio da Prata pelo
levante do seu PODER ORIGINÀRIO da nação uruguaia obedecia ao líder ARTIGAS figura mitificada. Este líder colocou-se no
vácuo gerado pelo colapso de férreo colonialismo ibérico diante das prementes
necessidades geradas pelas Guerras Napoleônicas. O triunfo das armas
britânicas nas suas diversas intervenções em Portugal e Espanha abria-lhes uma
extensa área a ser ocupada pelo comercio dos produtos industriais britânicos
além de ser um destino das armas e homens sucateados.
Aqui naõ se publica nada a este respeito;
porém sabemos por meios indirectos, que, da parte das Missoens, naõ tem sido
bem suecedidoi. A ala direita do exercito, commandada pelo general Curado, e
que está penetrando para o rio Uruguay, tem encontrado com dificuldades
inesperadas, para que elle naõ estava preparado e a derrota de nma de suas
divisoens lhe ensinou qne a empreza he mais difficil do que elle pensava.
Artigas chamou a sua attençaõ para as margens do Uruguay e Missoens, e tem
levantado os Índios em seu favor, e ameaça as fronteiras Portuguezas na quella
parte.
Fig. 05 – O abandono das Missões corresponde ao maior
abandono aos seus antigos habitantes e construtores. Este abandono foi
combustível para ARTIGAS incendiar as aspirações de qualquer soberania.
O triunfo das armas britânicas abria uma extensa área a ser ocupada pelo
comercio dos produtos industriais britânicos além de ser um destino das armas e
homens sucateados
Pelo lado do Cerro-Largo e
Sancta-Thereza» a opposiçaõ, que ao principio se encontrou, está agora reduzida
a uma espécie de guerrilhas, que fàtigam os exércitos nas marchas, e lhes
impedem o mandar partidas em avançada, As forças navaes dos Portuguezes
entraram em Maldonado aos 23 de Outubro, porém a sua commnnicaçaõ com as tropas
de terra ainda naõ está estabelecida. Montevideo prepara-se para uma
resistência decidida, ainda que com fracos meios. Buenos-Ayres fica neutral, e
somente se occupa com os negócios do Peru."
FORTE de SANTA TERESA
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fortaleza_ST.jpg.
Fig. 06 – O estratégico Forte de Santa Teresa, construído
pelos portugueses, foi tomado pelos espanhóis e várias ocasiões. O projeto
e a construção do Forte de Santa Tereza fazia parte do ROSÁRIO de fortalezas que
CERCAVA a COLÔNIA LUSITANA. Era um ponto fortificado no litoral entre a
Fortaleza Jesus, Maria e José de Rio Grande e a Colônia do Sacramento. As suas
paredes externas estavam preparadas e em inclinação para resistirem aos impactos
do profeteis da artilharia. Hoje está muito bem preservado no território
uruguaio e no meio de um parque turístico administrado por este país.
Daqui tiraram vários jornalistas a
conclusão, de que se tinham perfeitamente realizado as prediçoens, de que
Artigas retorquiria a invasão com ataques aos dominios Portuguezes;—que esta
circumstancia tinha produzido grande susto no Rio-de-Janeiro;—que este susto se
augmentou com a derrota de uma das divisoens do General Curado:—que a Província
de S. Paulo he habitada por gente análoga em sentimentos ás tropas de Artigas,
&c. &c.
Fig. 07 – Nem
todas as populações indígenas da Bacia do Rio da Prata, e afluentes, haviam se
rendido às Reduções jesuíticas no período de 1630 e 1750. Mesmo aqueles que
passaram por este sistema europeu, refluíram para as práticas e aos costumes
ancestrais A liderança de Artigas deu-lhes um projeto coletivo conforme
suas tradições despojadas do sentimento de posse individual. Este traço
cultural os opunha diretamente com aqueles que se apropriavam das terras, das águas,
das florestas, dos campos e dos animais. Estava evidenciada a acusação contra os partidários de Artigas de roubos e
de apropriações de “BENS PARTICULARES”
mesmo os improdutivos.
Ora perguntanos aos nossos Leitores,
¿ se daquellas cartas se podiam tirar similhantes conclusoens ? Supponhamos,
que a victoria, mencionada na Gazeta do Rio-de-Janeiro, naõ he verdadeira, mas
foi uma derrota como dizem as cartas; vejamos ao que isso podia montar. O
excercito Portuguez, que actualmente tem entrado nos territórios de Montevideo,
consta de cinco a seis mil homens. Logo a direita deste exercito commandada
pelo General Curado, naõ pode com rehender mais da terça parte do exercito, ou
2.000 homens. As cartas dizem, que uma divisão de Curado he que fora batida; e
suppondo essa divisão a direita, ou a esquerda ou o centro, será uma terça
parte das tropas de Curado, ou pouco mais de seis centos homens. Eis aqui o que
se pode colligir das cartas, e o que se tem engrandecido na Inglaterra como a
derrota do exercito Portugnez. Vejamos agora as conclusoens, que nos parece se
devem legitimamente tirar daquellas noticias. Artigas, vendo-se atacado pelo
lado do AlbardaÕ, estrada de Sancta-Theresa, e costa do mar até Maldonado ao
longo do Rio da-Prata, retirou-se dali
para o unico refugio qne lbe restava, que eram, no interior, as margens do
Uruguay ; e as Missoens.
Fig. 08 – A soberania Uruguai foi conquistada sobre a
mobilidade da “Republica das Carretas”. Os revolucionários farroupilhas irão
usar esta estratégia entre 1835 e 1845 para despistar as tropas imperiais. O triunfo desta soberania era frágil e
carente de qualquer centralismo. Porém foi a semente que permitiu um pacto
nacional que permaneceu no tempo e apesar dos constantes tropeços autoritários
característicos de culturas abertas e em constante mudança
Dizem esses Jornalistas, que
Artigas, portanto, está retorquindo aos Portuguezes, havendo-lhe invadido o seu
território; mas isto está taõ longe de ser assim, que as margens do Uruguay,
esse theatro da supposta victoria de Artigas, estaõ muito além das fronteiras
do Brazil como se pôde ver no mappa que publicamos a p. 134, do Corr. Braz.
Vol. XVII. He logo a crassa ignorância, ou a má intenção de desencaminhar seus
leitores, quem podia iuduzir taes Jornalistas a tirar daquellas cartas (e naõ
citam outra authoridade) similhante conclusão. Das mesmos cartas, pois, se vê,
que Artigas tem abandonado os territórios mais contíguos ao Brazil, que saõ a
estrada de Sancta-Theresa, aonde dizem as cartas, que toda a opposiçaõ está
reduzida a guerrilhas; o Albardaõ, em cuja estrada fica Castilhos, de que,
segundo as mesmas cartas estaõ de posse os Portuguezes; Maldonado, aonde está a
esquadra Portugueza; e em fim Monte-video aonde dizem as cartas que há fracos
meios de resistência.
Fig. 09 – O
general LECOR e as tropas brasileiras entraram em Montevideo no dia 20
de janeiro de 1817. Esta ocupação
durou dez anos sob a denominação e a bandeira da PROVÌNCIA CISPLATINA do
Brasil. As tropas brasileiras se retiraram da Cisplatina com um governo uruguaio
constituído e com Artigas exilado no Paraguai, a partir de 1820, onde veio a falecer, em 1850, sem retornar
para a sua pátria. .
Que Artigas havia de fugir para as
margens do Uruguay, sempre nós suppuzemos; porque naõ lhe restava outro
refugio, a naõ querer lançar-se ao mar. Nas margens do Uruguay se podem
fortificar os Portuguezes, quanto baste para protegerem os seus territórios,
contra as incursoens e roubos dos partidistas de Artigas; o qual, se ainda ali
for eficazmente perseguido, poderá retirar-se mais para o interior até Sancta
Fé; porém quanto mais se afastar, tanto mais ganhará o Brazil; porque menos tem
a temer de suas pilhagens, e correrias. Estas desconcertadas conclusoens, que
se tem tirado de noticias particulares, teria o Governo do Brazil obviado, se
publicasse regularmente no Rio-de-Janeiro os officios dos Generaes empregados
naquella campanha, com as particularidades, que saõ essenciaes, para que as
narraçoens historioas mereçam o devido credito. He nisto que com sobeja razaõ
nos devemos queixar de continuar a Corte no pernicioso systema de naõ informar
o publico dos factos importantes, que se vâm passando; porque em conseqüência
desse silencio todo o mundo suspeita o que he peior; espalham-se rumores
desavantajosos, que se acreditam; porque naõ saõ desmentidos; o povo
desgosta-se de uma guerra, que suppoem mal succedida, em conseqüência dessas
falsas informaçoens; a naçaõ adquire mal nomeada no estrangeiro; e em fim tudo
vai mal pela única razaõ de naõ se querer dar ao publico fiel conta das novidades
importantes.
Fig. 10 – O silencioso e obsequioso ritual do beija
mão real ocultava e dissipava a sombra de qualquer catástrofe Sempre havia
o recuso a CULPADO de TUDO sentado no trono real e que não podia se queixar da
sua corte atolada em mesuras, desfiles e eventos de toda ordem.. Afinala
Prfovíncia Cisplatina e o Rio da Prata ficavam muito distantes desta cena e nem
entrava da cogitação dos áulicos que apenas queriam os cargos nobiliárquicos.
Nem obsta a isto o dizer-se, que se
o Governo publicar os acontecimentos adversos desanimará a naçaõ; pelo
contrario, uma exposição verdadeira, mesmo de successos desastrosos, anima os
povos a vingar as afrontas, e a veracidade da exposição influe sempre na naçaõ
correspondente confiança em seu Governo; quando essa confiança nunca pôde ser
obtida pelo mysterioso segredo, que se guardar sobre os successos da guerra.
Fig. 11 – Entre tantas fontes de intrigas certamente as
opiniões e aspirações no âmbito do Rio da Prata da PRINCESSA do BRASIL eram
conhecidas. Dona Carlota Joaquina, como filha do Rei da Espanha, não ocultava
para ninguém o seu projeto de firmar o seu poder na Bacia do Rio da Prata Os jornalistas tinha ali uma fonte que
evidentemente não divulgavam publicamente e muito menos, em textos impressos.
Isto pelo que pertence aos factos;
mas he preciso também dizer alguma cousa sobre as theorias, que adoptam nesta
matéria alguns Jornalistas
contemporâneos. Dizem elles que o titulo apparente da guerra do Brazil contra
Artigas he o máo comportamento deste; mas que o motivo verdadeiro he a ambição
do Gabinete do Rio-de-Janeiro. Esta accusaçaõ he verdadeiramente mui séria, e
naõ se pôde sem injustiça avançar, sem prova; e com tudo esses Jornalistas
atiram ao mundo com tal proposição; sem terem a bondade de produzir uma só
prova, nem ainda conjectural, em apoio de um ataque de tal natureza, contra o
character moral do Gabinete do Rio-de-Janeiro. O máo comportamento de Artigas.
a usurpaçaõ do Governo que exercita, sem titulo algum, mesmo até sem nome, que
lhe atribua character publico, saõ factos notórios, e reconhecidos pelo Governo
e Povo de Buenos-Ayres, que tem publicado ao mundo as suas queixas contra o
usurpador Artigas, e que (até mesmo segundo as cartas, que acima copiamos) está
em boa intelligencia com a Corte do Rio-de-Janeiro, a pezar desta guerra contra
Artigas. Mas naõ pararam aqui essas accusaçoens destituídas de provas, contra a
Corte do Rio-de-Janeiro: os Jornalistas, de que falíamos, inventaram mais;
dizendo que o attaque, que os Portuguezes faziam a Montevideo, éra em
conseqüência de tractados com a Corte de Madrid, que lhe cedia aquelle
território a troco de um auxilio e ajuda, para reconquistar o resto das
colônias revoltadas. Disto produziram os taes Jornalistas algumas provas; uma
foi o ter-se isso asseverado em uma Gazeta de Cadiz; outra o dizello assim uma
proclamaçaõ attribuida ao General Lecor, e que também de Cadiz foi remettida a
Inglaterra.
Indústrias da
BASF em Ludwigshafen ano de1881
Fig. 12 – Enquanto as ex-colônias ibéricas se
debatiam entre a herança colonial e as aspirações de sus soberanias nacionais,
a Europa iniciava um novo ciclo colonial baseado na ERA IDUSTRIAL. Esta não só
necessitava acumular insumos, para as suas máquinas, mas estabelecer
territórios cativos para escoar rápida,
eficazmente e com lucros crescentes esta produção. Assim esta lógica capitalista dividiu ou
aglomerou o planeta pela lógica
industrial e comercial sem consultar o PODER ORIGINÀRIO das nações tuteladas.
He obvio, que, nos esforços que tem
feito o Governo Hespanhol, par occultar a seus subditos o verdadeiro estado de
suas colônias, lhe importava muito fazer persuadir o publico, de que a Corte de
Hespanha esperava do Gabinete do Rio-de-Janeiro poderosos auxílios, para
reconquistar e submetter suas colônias; mas,, porque importa ao Governo Hespanhol
pulicar esses rumores, segue-se que um Jornalista, obrigado a ajuizar das
novidades com critica saã, deva dar credito a similhantes boatos ? Rumores
muito mais dignos de attençaõ, e criveis por sua natureza, dizem; que em Madrid
fizeram a mais terrível sensação as novidades da invasão de Montevideo; e que o
Gabinete Hespanhol se tem por isso formalizado mui seriamente, e feito ásperas
representaçoens ao Gabinete do Rio-de-Janeiro; principalmente a instigaçaõ de
Cevalhos decidido inimigo dos Portuguezes.
RUGENDAS Viagem
ao BRASIL 1835.Acampamento de tropeiros
Fig. 13 – As vastidões continentais do Brasil eram
ligadas entre si por tropeiros e raros
viajantes além de representes comerciais Uma viagem de Rio Pardo até São Borja
levava meses como aconteceu para Arsène Isabelle[1] no ano de 1834
Quanto á
injustiça da guerra, que faz o Brazil contra Artigas, tem-se querido provar,
exaltando o character daquelle homem, que notoriamente éra um contrabandista,
ou salteador (porque estes officios saõ análogos, tanto naquelle paiz como em
Hes-* punha) e que sem eleição do povo, nomeação d' outro governo, nem titulo
algum bom ou máo, se apoderou, por meio da força de seus sequazes, do governo
de Montevideo. Os elogios, pois que se tem escripto em Londres, em louvor
daquelle homem, só podem ter sido dictados por algum de seus partidistas, que
neste paiz resida; porque saõ diametralmente oppostos aos factos. O General
Curado, homem mui conhecido naquelle paiz, por ter ha muitos annos commandado
no Rio-Grande um regimento de Cavallaria, e pelos serviços, que fez na Europa,
he um dos chefes mais próprios para commandar tropas, na qualidade de guerra,
que he necessário fazer contra Artigas. Só a ignorância dos negócios daquelle
paiz pôde por em parallelo o character daquelle sugeito, e a causa que elle
defende, com Artigas, e suas qualidades moraes ou sua situação politica. As
prezas que os Corsários de Montevideo tem feito de alguns navios Portuguezes;
he um dos argumentos, que se tem alegado, contra a impolitica desta guerra, da
parte do Brazil; e, o que mais he, até contra a sua justiça. Quanto á
impolitica, he verdade que he incommodo para a naçaõ perder alguns de seus
vasos; e para os particulares talvez seja sua total ruina; mas j aonde se deo
guerra alguma, sem que haja o pezo das perdas, e o dezar das derrotas? Neste
caso as forças que Montevideo pode deitar ao mar, saõ tam insignificantes, que
as suas tomadias apenas devem entrar em linha de conta; principalmente se no
Brazil tomarem sobre isso medíocres precauçoens Mas ja que os jornalistas, que
alegam este objecto das prezas, faliam tanto contra o direito que tem o
Gabinete do Rio-de-Janeiro para fazer esta guerra contra Artigas, perguntáramos
nós ¿ com que authondode andam pelo mar corsários de Artigas ?,; Com que titulo
se assigna elle para dar Cartas-de-marca, ou que legalidade pôde dar a seus
corsários, para que naõ sejam tractados como piratas em qualquer naçaõ
civilizada, aonde similhante questão for legalmente examinada ou processada?
Declarou-se ja Artigas chefe de alguma naçaõ independente, para assumir o
direito de conceder cartas-de-marca, ou mostra-se assas poderoso em seu governo
para castigar esses seus corsários, que no mar se portarem mal, ou se fizerem
reos de algum crime contra o direito das gentes ? Quando as tropas do Brazil tomarem
Maldonado e Montevideo ¿ que portos restam a Artigas, para receber os seus
corsários, e estabelecer tribunaes de Almirantado, aonde suas prezas sejam
legalmente condemnadas ? E, sem esta formalidade,; que seraõ esses corsários
senaõ piratas, e suas prezas senaõ roubos P Achamos que, insensível mente, o
nosso artigo, sobre a guerra do Rio-da-Prata, se estendeo alem do que
intentávamos, portanto paremos aqui: os Jornalistas Inglezes naõ deixarão de
continuar a dar-nos occasiaõ de reassumir a matéria.
[1] ISABELLE. Arsène (1807-1888)[1], - Viagem
ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul tradução e nota sobre o autor
Teodomiro Tostes; Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão] Brasília :
Senado Federal 2010 , XXXI p. + 314 p.( Ed. Senado Federal v.61)
Fig. 14 – O cenário de fevereiro de 2017 mostra o
resultado de “UTI
POSSEDETIS _ ITA POSEDIATIS” de
Alexandre de Gusmão. Porém este ideal - do plano conceitual - custou trabalho,
sangue e lagrimas de ambas as partes em litigio em 1750. Os pontos fortes desta
posse foram as cidades de Rio Pardo e de São Borja. Os habitantes do lado espanhol - onde se incluíam as Missões
Jesuíticas da margem esquerda do Rio Uruguai - ofereceram tenaz e continuada
resistência aos lusitanos e depois a Brasil Independente. O desfecho custou o
silêncio obsequioso de Joaquina Carlota e o trono e a coroa do sei filho Primeiro
Imperador Brasileiro. .
Embaixador Inglez para o Brazil,
Diz o rumor, que o Gabinete Inglez
se resolveo por fim a nomear Ministro, que resida na Corte do Rio-de-Janeiro, e
que este será Mr. Thornton, que fora Cônsul em Baltimore, e que actualmente se
acha Ministro Plenipotenciario em Suécia.
SIQUEIRA Domingos 1768-1835 Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_Gravura 42
x 78 cm https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_-_Domingos_Sequeira.png
Fig. 15 – Em Lisboa os problemas se acumulavam e explodiam pelas ruas e
praças enquanto governo e a corte do Rio de Janeiro se
engalfinhavam com os rebeldes do Rio da Prata
Na imagem a multidão a espera de alimentos no Largo
do Arroio em Lisboa
[clique sobre a imagem para ver detalhes]
Monte-Pio Literário de Lisboa,
Concluímos no nosso N°. passado a
publicação do compromisso do Monte-Pio-Literário de Lisboa, que a grande
affluencia de outras matérias nos obrigou a differir até entaõ. Agora
publicamos a p. 202, a conta da receita e despeza desta Sociedade; qne mostra
as boas intençoens e integridade de seus administradores e membros. Também nos
tem chegado á maõ grande copia de documentos, relativos ás transacçoens da
Sociedade; e, supposto que os naõ publiquemos; porque o seu volume seja incompatível
com os limites de nosso Periódico; com tudo a sua leitura nos servio de muito,
para formarmos idea clara do que he a Sociedade do Monte-PioLiterario. Pelo que
respeita o compromisso, seria alheio do nosso propósito fazer delle analyze
miúda, que talvez nem sempre admitia com vantagem; mas em geral podemos dizer,
que, havendo a prudência nelle introduzido todas as disposiçoens, que parecem
análogas ao character e estado actual da naçaõ, fazem com que esta Sociedade deva
ser olhada como muito respeitável, por todos os lados. E com tudo o Governo
julgou, na confirmação do Compromisso, que devia pôr espias á Sociedade; e
portanto ordenou que um Magistrado, que se nomeou, assistisse ás sessoens. Naõ
brigaremos por este motivo com um Governo, que he zeloso e tímido, porque he
fraco e ignorante, nem com isto se devem escandalizar os Compromissarios, ou
Membros da Sociedade; he isso um defeito dos tempos, e do estado da educação
publica e particular da sua naçaõ: elles, que estaõ á frente deste importante
ramo, de que depende em tam grande parte a felicidade mandana dos homens— a
educação — cuidem em melhorar as geraçoens vindouras o mais que puderem. A
posteridade e a historia imparcial lhe saberá dar os verdadeiros agradecimentos.
Fig. 16 – Conforme Paixão Cortes e Barbosa Lessa os
centros de tradições uruguaios foram a matriz e a fonte de inspiração para o
Movimento Tradicionalista sul-rio-grandense posterior, e como reação, à queima da bandeira
e a proibição do hino pelo Estado Novo. Os
uruguaios iniciaram cedo um culto de cada tradição dos variados povos, culturas
e etnias que entraram no pacto nacional. Não geraram um TIPO URUGUAIO e que
facilmente descambaria para uma determinada etnia, cultura ou MITO de ORIGEM
única e dominante sobre os OUTROS.
Na conclusão é necessário reconhecer o profundo respeito pelo PODER ORIGINÁRIO,
pela DEMOCRACIA e pela IGUALDADE destas gerações uruguaias. Porém os vindouros não
pararam de sofrer os mais diversos assaltantes da parte daqueles que povoam e
corrompem os regimes políticos abertos. O próprio Artigas foi vítima de uma
destas facções. Ao mesmo tempo as versões internas e externas - desta pequena e valorosa nação - ganharam
narrativas, rememorações e prêmios em cima dos interesses das mais variadas facções, ideologias e
tempos.
Os uruguaios
interpenetraram profunda e
continuadamente o Rio Grande do Sul trazendo a sua cultura. Assim a empresa
Júlio MAILHOS, de Montevidéu, colonizou praticamente
o município de SARANDI. Acredita-se que o nome SARANDI tenha sido uma homenagem
à Batalha de Sarandi travada no dia 21 de outubro de 1825 deixando os orientais
com a posse deste lugar[1].
Fig. 17 – Um representante da cultura rural e do
Movimento Tradicionalista caminha - em
pleno sol do mês de fevereiro de 2017 - no tórrido meio urbano de Porto
Alegre. Inclusive os pássaros migram
para o meio urbano na medida em que meio rural e o interior do Rio Grande do
Sul - especialmente no Uruguai – torna-se oco, silencioso e intoxicado por
herbicidas, fungicidas e agrotóxicos. Trata-se do triunfo da Época
PÒSINDUSTRIAL sobre a ERA INDUSTRIAL, ERA AGRICOLA e PASTORIAL Época PÒSINDUSTRIAL que cria, elabora a
memória da ERA INDUSTRIAL, AGRICOLA e PASTORIAL e faz circular os bens
simbólicos resultantes e que migram para os museus nos quais prospera a CULTURA
Conceitual e SIMBÓLICA.
Enquanto isto a FAMILIA
de Otávio CORREA mantinha suas propriedades no Uruguai e exportava o seu
gado via Montevideo. Estes feitos são contados em OTÀVIO CORRÊA o CIVIL dos !18 do Forte
Copacabana
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
ISABELLE. Arsène (1807-1888)[1], - Viagem
ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul tradução e nota sobre o autor
Teodomiro Tostes; Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão] Brasília :
Senado Federal 2010 , XXXI p. + 314 p.( Ed. Senado Federal v.61)
LICKS, Afonso O Civil Dos 18 Do Forte De Copacabana. Florianopolis: Ed. do Autor, 2016
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
“ARTIGAS: La Redota” o filme
CORREIO BRAZILIENSE fevereiro de 1817
BATALHA de SARANDI 12.10.1825
EXECUÇÃO de GOMES de ANDRADE em
18.10.1817
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FORTE de SANTA TERESA
JORNALISTAS BRASILEIROS em LONDRES
entre 1808-1822
JUAN MANUEL
BLANES (1830-1901) Retrato de Artigas
1884
LECOR ente a em MONTEVIDEU em 20 de
janeiro de 1817
PRÊMIO em CIMA
DE....
PRINCESA do
BRASIL
REVOLUÇÂO de
RECIFE de 1817
RUINAS da
Catedral de São Miguel da Missões por DEMERSAY em 1846
SARANDI-RS e a empresa Júlio MAILHOS
SOPA dos POBRES ARROIOS - Lisboa -
1813
“UTI
POSSEDETIS _ ITA POSEDIATIS”
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