A PRINCESA LEOPOLDINA CONECTA a CORTE do RIO DE
JANEIRO ao MUNDO CIVILIZADO de MARÇO de 1817.
A Corte do Rio de Janeiro ganhou, em março de
1817, as manchetes internacionais[1]
e o interesse de uma leva de cientistas, de artistas e de comerciantes com
projetos voltados para a efetiva realidade do mundo brasileiro. A corte de uma
das princesas, das mais antigas casas reais e consideradas cortes europeias, estava
arregimentando políticos, militares e empresários para o seu casamento com o
herdeiro da coroa estabelecida no Rio de Janeiro.
Se um lado este projeto era temerário, na
contrapartida significava prestígio, lucros e consolidação de algo que parecia
efêmero. Para tanto havia necessidade de um governo competente. Atualizado, ágil
e coerente com os governos das nações civilizadas da época.
Fig. 01 – A transferência da Corte Lusitana, de
LISBOA ao RIO de JANEIRO, trouxe vantagens tanto ao Brasil como deu
oportunidade a esta corte europeia de se adaptar - não só ao NOVO MUNDO - como também ao NOVO TEMPO, a NOVA SOCIEDADE e
a NOVA ECONOMIA que emergiram após a Revolução Francesa e ao final da tropelias
napoleônicas. Os dois monarcas DOM JOÂO VI como DOM PEDRO I souberam
ter suficiente INTELIGÊNCIA, VONTADE e SENTIMENTOS nestas novas circunstâncias.
CORREIO
BRAZILIENSE VOL. XVIII. Nº 106, MARÇO de 1817 pp.300-304.
Ministros de Estado no Rio-de-Janeiro.
He bem sabido, que as differentes Repartiçoens
das Secretarias de Estado no Rio de-Janeiro. se achavam todas servidas por dous
Secretários de Estado unicamente, a saber o Marquez de Aguiar[1]
« o Conde da Barca; agora, porém, se acha somente o Conde com todas as
Repartiçoens[2]; porque as moléstias e
idade do Marquez, o incapacitam absolutamente para o serviço publico.
[1] MARQUES de AGUIAR
– Fernando José de Portugal e Castro (1752-1817) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Jos%C3%A9_de_Portugal_e_Castro
[2] CASA da
SUPLICAÇÂO e DEMAIS REPARTIÇÔES http://linux.an.gov.br/mapa/?p=2832
MARQUES de AGUIAR – Fernando
José de Portugal e Castro (1752-1817) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Jos%C3%A9_de_Portugal_e_Castro
Fig. 02 – Com a doença do MARQUES de AGUIAR - Fernando
José de Portugal e Castro (1752-1817) - e a sua morte em 1817 - a Corte Lusitana, de LISBOA refugiada no RIO de JANEIRO, confiou as suas
competências ao CONDE da BARCA. Este
também viria a sucumbir no Rio de Janeiro Este duplo desaparecimento evidencia a sabedoria dos dois monarcas DOM JOÂO VI como DOM PEDRO I que
souberam contornar este duplo revés e ter suficiente INTELIGÊNCIA, VONTADE
e SENTIMENTOS nestas circunstâncias
adversas.
O decreto que encarrega o Conde da Barca das
Repartiçoens, que elle ainda naõ tinha, he o seguinte.
“Hei
por bem encarregar o Conde da Barca, Ministro e Secretario de Estado dos
Negócios da Marinha e Dominios Ultramarinos, da Presidência interina do meu
Real Erário, em quanto durar o impedimento de moléstia do Marquez de Aguiar,
rubricando por commissaõ os despachos interlocutorios, e de tarifa, dados em
conseqüência de folhas processadas, e por mim mandadas pagar ao actual
Thesoureiro Mor do mesmo Erário, Baraõ de S. Lourenço[1].
[1] - BARÂO de SÂO LOURENÇA Francisco Bento Maria Targini
(1752-1827) - https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Bento_Maria_Targini
BARÂO de SÂO LOURENÇA Francisco Bento Maria Targini
(1752-1827) - https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Bento_Maria_Targini
Fig. 03 – O BARÂO de SÂO LOURENÇO - Francisco Bento Maria Targini (1752-1827) foi
o tesoureiro da Corte Lusitana de LISBOA refugiada no RIO de JANEIRO. Apesar
das discordâncias do CORREIO BRAZILIENSE em relação à sua política, à sua
titularidade de nobreza e dos seus negócios, Targini mostrou serviço além de um
conhecimento da nova Filosofia de KANT
bem superior à média da nobreza e da corte portuguesa
O mesmo Conde da Barca o tenha assim entendido, e
nesta conformidade o faça executar, expedindo as competentes ordens, por este
Decreto somente, sem embargo de quaesquer leys, regimentos ou disposiçoens em
contrario. Palácio do Rio-de-Janeiro em 30 de Dezembro de 1816. Com a rubrica
d' El Rey nosso Senhor.— Cumpra-se e registe-se. Rio-de-Janeiro, em dous de
Janeiro de 1817. Com a rubrica do Exellentissimo Conde da Barca."
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Ara%C3%BAjo_e_Azevedo + https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Antonio_de_Azevedo3.jpg
Fig. 04 – O
CONDE da BARCA - Antônio Araújo e Azevedo 1754-1817) foi um dos ministros que
mais incentivou a transferência da Corte Lusitana, de LISBOA ao RIO de JANEIRO.
Faleceu nesta cidade, em 1817, depois do colocar os fundamentos de instituições
científicas e históricas e artísticas. Com o seu conhecimento diplomáticos
- adquiridos na França, Alemanha e
Rússia – foi responsável pela ao Brasil da
MISSÃO ARTÌSTICA FRANCESA. Evidente
que a sua INTELIGÊNCIA, sua VONTADE e os SENTIMENTOS submergiram numa cultura
entrópica. Com sua morte precoce suas iniciativas foram transformadas em
atividades burocráticas e aptas apenas para justificar cargos de cujas
competências o seu dono pouco conhecia, queria ou sabia apreciar.
Naõ podemos deixar de lamentar o estado, em que
por tam longo tempo se tem conservado o Ministério do Brazil, unicamente nas
maõ de duas pessoas, e agora reduzido só a uma única.
Fig. 05 – Um
NOVO MUNDO, uma NOVA SOCIEDADE e uma
NOVA ECONOMIA estavam emergindo
nu NOVO TEMPO que se seguiu à Revolução Francesa e ao final das tropelias
napoleônicas. O mapa POLITICO mundial se redesenhava enquanto a maioria das
colônias ibéricas, na América,
proclamavam a sua soberania. O casamento de Princesa Leopoldina com Dom Pedro I deve ser visto
neste novo contexto. A corte
lusitana do Rio de Janeiro aproveitava a distância geográfica de Portugal, ao
mesmo tempo em que estavam reatando os laços com as tradicionais monarquias
europeias..
[clique
sobre o mapa para ver detalhes]
Na marcha ordinária dos Negócios, se tem sempre
julgado necessarios os serviços de quatro Secretários de Estado nas quatro
principaes Repartiçoens, e nas presentes circumstancias do Brazil, aonde he
preciso crear tudo de novo, e attender a uma infinidade de estabelecimentos,
que se devem accommodar a um paiz nascente he impessivel, que um ou dous
Secretários de Estado possam attender a tudo. A conseqüência inevitável desta
falta de Ministros responsáveis he, que os negócios saõ dirigidos por officiaes
de Secretaria e outros agentes subalternos, com manifesto detrimento da causa
publica.
Fig. 06 – O
“BANDO” era uma das formas de comunicação
da Corte Lusitana do RIO de JANEIRO com as comunidades de todo interior
do Brasil. O meio de comunicação oral e visual era destinada à uma
população analfabeta e sem outros meios de comunicação com o mundo exterior. Ao
mesmo tempo o ritual do “BANDO” era uma forma de intimidar, manter submissa e
coagir uma população pacata. A maioria
das comunicações era para arrecadar novos e mais impostos.. Os textos eram
fixados nos pelourinhos. A população se vingou da designação “BANDO” e o atribuiu a qualquer
ajuntamento de malfeitores. Da mesma forma esta população irá atribuir aos seus
cães os títulos nobiliárquicos após a queda da monarquia brasileira. .
A Corte
Lusitana buscava reproduzir-se a mesma por meio dos seus perpétuos associados.
Por
exemplo; o Conde da Barca, impossibilitado de attender a todas as repartiçoens,
de que se acha encarregado, deixa os negócios do Erário à disposição do
Thesoureiro Mor .* este vale-se do Samuel, ou de outro agente desconhecido, o
qual talvez entregue ainda a terceira pessoa aquillo de que o incumbiram;
depois as contas saõ examinadas em particular, talvez por amigos desses que as
fizeram, e como nunca apparecem em publico, naõ ha meio nenhum de ratificar os
erros, ou descubrir as fraudes nos casos em que ellas se tenham practicado, por
algum desses indivíduos. He preciso confessar, que a escolha de Ministros de
Estado se tem cada vez feito mais e mais dificultosa em Portugal; pela feita de
educação publica, da leitura de livros e jornaes políticos, e pela negligencia
de fazer viajar em character diplomático pessoas de instrucçaõ e talentos, que
aprendam practicamente, nos paizes estrangeiros, os systemas de governo e as
formas de administração, que se vam adoptando nos differentes paizes da Europa
e da América.
A endogenia, que a Corte Lusitana praticava desde
séculos, estava chegando ao seu final
com a emergia e domínio da lógica instaurada pela Era Industrial. Outra lógica
- derivada de uma nova infraestrutura – solapava uma a uma os rituais, os mitos
e as práticas deste sistema de governo. A circulação das informações tonava-se
mais rápida e eficiente. Os controles
da inquisição, as fortalezas que cercavam a posse da colônia e a velha hierarquia
nobiliárquica estavam se tornado não só obsoletas, mas ridículas e pouca
eficácia política, social ou econômica.
Se as pessoas, que cercam, a El Rey, ou saõ conhecidas por Sua
Majestade, forem todas da classe daquellas, que naõ tem outras ideas senaõ as
que adquirem no seu paiz, e cheias dos prejuizos de educação e de familia, que
contrahem naturalmente os homens, que naõ associam senaõ com um pequeno numero
de pessoas, he claro que EI Rey naõ pode fazer a sua escolha para Ministros
senaõ d' entre essas pessoas que conhece, e por tanto seraõ os seus Ministros
pessoas de acanhadas ideas, que desejarão continuar com os systemas velhos, no
meio de um mundo moral novo, e faraõ com que a sua naçaõ fique estacionaria,
quando naõ dê passos retrogrades, ao mesmo tempo que os demais povos vam
fazendo melhoramentos em todos os ramos, das sciencias, das artes, e da civilizaçaõ.
He por este motivo, que o plano de
admitir a liberdade dos Cultos no Brazil, tem encontrado a mais decidida
opposiçaõ em um individuo, que suppsoto naõ seja Ministro d'Estado tem grande
influencia nos negócios públicos na Corte do Rio-de-Janeiro; e que supposto
seja homem muito honrado, e talvez hábil jurisconsulto Portuguez, nunca fez
estudos políticos, que o habilitassem a julgar com exactidaõ sobre matérias de
Estado, e nunca vio mais terra do que aquella em que nasceo; e por tanto naõ
poderá jamais comparar os methodos de administração, que ha no mundo, para delles
tirar o que for melhor para seu paiz
A PRINCESA LEOPOLDINA nos
JORNAIS de VIENA http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ctscb20080212b.htm
Fig. 07 – As tratativas e o efetivo casamento de
PRINCESA LEOPOLDINA (1797-1826) com DOM PEDRO I
foram meios postos ao alcance da Corte Lusitana de LISBOA refugiada no
RIO de JANEIRO. Trouxeram meios para se conectar com um NOVO TEMPO, uma NOVA
SOCIEDADE, uma NOVA ECONOMIA e uma NOVA
POLÌTICA.. Se Portugal - muito menos
o Brasil - tiveram raros momentos significativos no Congresso de Viena, no contraditório o efetivo casamento de DONA
LEOPOLDINA trouxe INTELIGÊNCIA,
VONTADE e SENTIMENTOS essenciais para a emergência, exercício e manutenção
da soberania brasileira
Casamento
de S. A. R, o Principe da Beira.
S. A. I. a Archiduqueza Leopoldina de Áustria
partirá de Vienna para o Brazil no mez de Junho; em uma esquadra Portugueza que
a irá receber em Liorne ou Trieste: o commando desta esquadra foi dado ao
Chefe-de-Esquadra Henrique da Fonceca Souza Prego, que arvorará a sua bandeira
na náo D. Joaõ Vl, que se acha actualmente no Tejo.
DONA LEOPOLDINA nos JORNAIS de VIENA http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ctscb20080212b.htm
Fig. 08 – O único porto marítimo que o Império AUSTRO-HÚNGARO
possuía, em 1817, era o de TRIESTE. Para este porto foi mandada a esquadra lusa,
fundeada em LISBOA, para o transporte de Dona Leopoldina bem como de sua corte
de damas, cientistas, artistas e operários
para a viagem até a Corte Lusitana, do RIO de JANEIRO. Nestas circunstâncias DOM JOÂO VI como DOM PEDRO I souberam
cercar com as suas INTELIGÊNCIAS,
VONTADES e SENTIMENTOS o evento e abrilhantá-lo
com o máximo de publicidade,
A ceremonia de entregar a Princeza terá lugar no Rio-de-Janeiro; e o
Conde Von Eltz a acompanhará como Commissario do Imperador para a entrega. Toda
a corte da Princeza, portanto, a seguirá até o Rio-de-Janeiro; e tem havido
muitas Senhoras da primeira grandeza, que tem mettido empenhos para ser da
comitiva; a (-fiai se diz será composta do Senescal, Conde Edling (de idadede
84 annos) seis Damas do Palácio; quatro Pages, seis nobres Húngaros; seis
guardas Austríacos, seis Camaristas, um Esmoler Mor ou Capelão
DONA LEOPOLDINA nos JORNAIS de VIENA http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/ctscb20080212b.htm
Fig. 09 – O ambiente de origem – Palácio de AUGARTEN
- de Dona Leopoldina antes de sua transferência da Corte Lusitana, de LISBOA ao
RIO de JANEIRO, trouxe vantagens tanto ao Brasil como deu oportunidade a esta
corte europeia de se adaptar - não só ao NOVO MUNDO - como também ao NOVO TEMPO, a NOVA SOCIEDADE e
a NOVA ECONOMIA que emergiram após a Revolução Francesa e ao final da tropelias
napoleônicas. Os dois monarcas DOM JOÂO VI como DOM PEDRO I souberam
ter suficiente INTELIGÊNCIA, VONTADE e SENTIMENTOS nestas novas circunstâncias
A isto accresse que muitos homens de letras,
artistas, e considerável numero de trabalhores tem requerido passagem para o
Brazil nesta occasiaõ; e naõ podemos deixar de dizer aqui, que he este um dos
melhores presentes, que a Princeza podia levar ao Brazil.
Fig. 10 – Francisco I, o pai da Princesa Leopoldina, foi o anfitrião do Congresso de
Viena que traçou os destinos da civilização ocidental após a Revolução Francesa e ao final da
tropelias napoleônicas. Humilhado por Napoleão que lhe tirou o título de
Imperador após a derrota de Austerlitz e
ao mesmo tempo em que uma das suas filhas havia sido humilhada pelo audacioso
corso.. O casamento de sua filha a Princesa Leopoldina com o príncipe DOM PEDRO trouxe para o Novo Mundo a INTELIGÊNCIA, a VONTADE e os
SENTIMENTOS cultivados numa das cortes e numa das mais antigas da Europa
Enquanto a Corte Lusitana seguia a própria lógica
o povo de Lisboa estava chegando ao desespero com a falta de produtos de
primeira necessidade.
A velha política do “PÃO e CIRCO” - ou dos
espetáculos públicos, propiciados e patrocinados pela corte e pelos seus
associados, com o dinheiro dos tributos do povo - não fechava as contas.
Evidente que estes produtos estavam nas mãos e sob o controle dos associados à
corte.
Com o
esgotamento das minas de ouro do Brasil e os juros escorchantes provocados pela
derrapada do Tratado de Methuen[1]
e a sequencia dos ajustes a favor dos bancos e a mistura explosiva da política
e da economia, tirava qualquer margem de negociação da diplomacia lusitana.
Acresce-se a negação e a proibição de instaurar a lógica da Era Industrial no
Brasil pelo alvará de Dona Maria, publicado em 05 de janeiro de 1785[2],
reduzia o povo português como cativo dos associados e aproveitadores das
benesses da corte e o tornava dependente e refém para a satisfação das suas
necessidades básicas.
As ordens e as contraordens - provenientes de um governo formado por
associados e aproveitadores das benesses da corte – tendia a só aumentar a
confusão e o desespero.
LISBOA. Edictal
do Senado da Câmara, sobre a escacez do paõ.
CORREIO
BRAZILIENSE VOL. XVIII. Nº 106, MARÇO de 1817 p. 239
SENDO presente no Senado da Câmara, pela
Representação do Administrador da Almotaceria, de dezesete do corrente, quo
nestes próximos dias passados tem havido falta de Paõ. Ordena o mesmo Senado,
que em quanto durar a dieta falta fique prohibida a factura, e venda de toda a
qualidade de Bolos, e Bíscoutaria, dando para o consummo dos que se acharem
feitos, tres dias, depois da affixaçaõ deste Edital; e isto debaixo da pena do
perdimento de todos os Bolos, e Bíscoutaria, que for achada exposta à venda, ou
nas suas respectivas Fabricas, e de dous mil reis de condemnaçaõ, a metade para
a Fazenda da Cidade, e outra para os officiaes, que fizerem a apprehensaõ.
Lisboa 18 de Janeiro de 1817.
MANOEL CYPRIANO DA COSTA.
Fig. 11 – O PELOURINHO era o local e a forma de a
Corte Lusitana, de LISBOA - depois a do RIO de JANEIRO - impor, por escrito, as suas ordens e suas
contraordens. No Brasil era também o lugar da aplicação dos castigos
exemplares. Qualquer desrespeito, ou atentado, a eles significava um desafio ao
poder metropolitano português. Por estas razões os PELOURINHOS do BRASIL
foram arrasados a partir do dia 07 de setembro de 1822. Permanecerem as praças
com estas designações do instrumento visível do colonialismo lusitano. O
PELOURINHO de Alcântara do Maranhão foi localizado no lixo da cidade, quase um
século depois da independência.
Edictal do Senado revogando o Edictal acima.
Tendo constado no Senado da Câmara, que a falta
de Paõ, que houve nestes últimos dias nas Praças desta Cidade, procedera de
terem alguns Padeiros deixado de entrar nas mesmas Praças com as quantitades de
Paõ, a que se haviaõ obrigado, pretextando por esta fôrma faltas de Trigos,
quando agora se vem a conhecer o contrario. Manda o Senado ficar sem effeito o
Edictal que em conseqüência havia mandado affixar, podendo-se continuar na
fartura, e venda de toda a Bíscoutaria, prohibida pelo referido Edictal. Lisboa 27 de Janeiro de 1817.
MANOEL CYPRIANO DA COSTA
SIQUEIRA Domingos 1768-1835 Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_Gravura 42
x 78 cm https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sopa_dos_Pobres_em_Arroios_(1813)_-_Domingos_Sequeira.png
Fig. 12 – A multidão a espera de PÃO no Largo do Arroio
em LISBOA fornece uma imagem do
regime da Corte Lusitana, refugiada ao RIO de JANEIRO em março de 1817. Um NOVO
TEMPO, uma NOVA SOCIEDADE e uma NOVA ECONOMIA baseado na ERA INDUSTRIAL era
posto em cheque pelo m regime
consolidado ao longo da ERA AGRICOLA A corte de DOM JOÂO VI conseguia contornar este cheque, com muita dificuldades. Porém nesta passagem
perdeu e entregou muitos dos privilégios acumulados por meio dos seus
cacoetes monárquicos e autocráticos. Para
procrastinar e contornar o perigo eminente de outra REVILUÇÂO FRANCESA as autoridades
residentes em Lisboa organizavam SOPAS coletivas para amainar a fúria popular.
Evidente que os atravessadores, os aproveitadores de qualquer desgraça coletiva
estavam escondendo alimentos e cobrando preços escorchantes dos infelizes
necessitados.. É o mesmo quadro se repete em março de 2017 com os refugiados
mundiais.
[clique sobre a imagem para ver detalhes]
Falta de paõ em Lisboa.
CORREIO
BRAZILIENSE VOL. XVIII. Nº 106, MARÇO de 1817 p. 304-305.
A p. 239 publicamos dous Edictaes do Senado da Canif
Lisboa, o segundo dos quaes revoga o primeiro, dane razaõ desta repentina
mudança, que o primeiro Edicts passado ignorando os que o faziam o verdadeiro
estado nrgocio sobre que davam as providencias. Porém naõ he so isso que nos
induz a fallar dos Editais ha outra razaõ, que he o naõ se dizer no segundo a
causa verdadeira de naõ poderem os padeiros de Lisboa fornecer a cidade com
paõ; causa que o Senado de Câmara naõ pode ignorar, se perguntasse a qualquer
padeiro a razaõ porque fazia paõ; e naõ haveria, quem lhe naõ pudesse dar a
eeplicaçaõ seguinte.
He custume, quando chega o Natal, fechar-se o ter
até que toma o balanço; e os padeiros, que isto sabem, vem-se de graõ a tempo,
para naõ faltarem com paõ cozii praça, pela porçaõ a que se obrigam. No tempo
do Admmistrador antigo trabalhava a contadoria mesmo nos dias-sar de modo que
em o primeiro dia de Janeiro logo o mercade dia publicamente.
Este anno esteve o terreiro fechado por alguns
vinte naõ só pelo balanço, mas também porque houve ali um pequeno roubo. O
Erário sempre teve também este custur suspender as suas operaçoens, quando dava
balanço; aprendendo aquellas repartiçoens da practica taõ usual particulares,
que dando balanço a seus livros e fazendí um dia determinado, nunca isso lhes
pôde impedir nem im a continuação de seu tracto: bem estava o mercador, se vez
que quizesse dar balanço a seus livros fosse obrigado char a porta. Porém,
deixando de parte o absurdo de tal custume, a vei he, que, neste caso
aproveitáram-se os padeiros da de si prolongaçaõ de tempo em que esteve o
terreiro fechado, taram em trazer paõ á praça dando em razaõ o naõ se vi graõ;
sendo o custume de se proverem de farinha de s excellente, para acautellar os
accidentes, de naõ haver vento que moam os moinhos, e outros.
Abrio-se o terreiro, com os mesmos preços, que
havia antes de se ter fechado, contra o que se esperava, pelo rumor de haver
falta de trigo, e foi o concurso dos compradores quasi levado ao ponto de
motim, porque todos esperavam próxima subida nos preços, o que se verificou,
ainda que gradualmente.
O
Almotacel deo parte ao Senado, que apparecia no mercado pouco paõ fabricado, o
Secretario, Manuel Cypriano, que fez e desfaz no Senado como lhe parece,
saío-se logo com o edictal de sua cabeça; a persuadir o povo que havia falta de
pad, de maneira que o Governo foi obrigado a mandar, por avizo, que se
publicasse o segundo Edictal, contradizendo o primeiro; e levantou os direitos
das barricas de farinha entradas pela barra. Ja que falíamos neste Secretario,
diremos também, que foi por cabeça delle, que se impôs um tributo para as
exéquias da Raynha, por cuja occasiaõ se queimou a Igreja de S. Juliaô. Aquelle
Secretario, juncto com o Juiz do Povo de quem he Assessor, apresentaram uma
conta de despezas nas taes exéquias, de nove mil e tantos cruzados; e se
expedio uma ordem para que os Juizes dos officios cobrassem uma derrama de
1.200 reis de cada Mestre de lojem, e 100 reis de cada official; o que se
calcula chegar a mais de 30.000 cruzados, quando as allegadas despezas eram
nove mil. He por estes e outros bons governos, que nos dizem achar-se em Lisboa
a carre de porco pelo preço he 6.400 porque ha um monopolista que tem 30.000
cabeças.
William Carr BERE SFORD 1768-1857 http://oficinadahistoriad.blogspot.com.br/2009/03/william-carr-beresford-1768-1854.html
Fig. 13 – A figura sinistra e truculenta de William
Carr BERSFORD (1768-1854) pairava silenciosa, ameaçadora e receosa de qualquer
questionamento no espaço vazio provocado pela transferência precipitada da
Corte Lusitana, de LISBOA ao RIO de JANEIRO. De um lado DOM JOÂO VI deviam-lhe
a sobrevida e defesa intransigente do território lusitano diante das ameaças
concretas das legiões de Napoleão Bonaparte. Desaparecido este perigo o oficial
irlandês deixou-se ficar. Nesta permanência mandou enforcar sumariamente General
Gomes FREIRE de ANDRADE e que mereceu execução exemplar[1] além dos seus liderados jovens oficiais de a
Academia Militar de Santarém. Contudo a estratégia britânica sempre foi
retirar-se para as suas ilhas depois de IMPOR AOS OUTROS a SUA ORDEM o que se
repete em março de 2017 com a retirada estratégica pelo BREXIT
O Almotacel deo parte ao Senado, que apparecia no
mercado pouco paõ fabricado, o Secretario, Manuel Cypriano, que fez e desfaz no
Senado como lhe parece, saío-se logo com o edictal de sua cabeça; a persuadir o
povo que havia falta de paõ, de maneira que o Governo foi obrigado a mandar,
por avizo, que se publicasse o segundo Edictal, contradizendo o primeiro; e
levantou os direitos das barricas de farinha entradas pela barra. Ja que
falíamos neste Secretario, diremos também, que foi por cabeça delle, que se
impôs um tributo para as exéquias da Raynha, por cuja occasiaõ se queimou a
Igreja de S. Juliaõ[2]. Aquelle Secretario,
juncto com o Juiz do Povo de quem he Assessor, apresentaram uma conta de
despezas nas taes exéquias, de nove mil e tantos cruzados; e se expedio uma
ordem para que os Juizes dos officios cobrassem uma derrama de 1.200 reis de
cada Mestre de lojem, e 100 reis de cada official; o que se calcula chegar a
mais de 30.000 cruzados, quando as allegadas despezas eram nove mil. He por
estes e outros bons governos, que nos dizem achar-se em Lisboa a carne de porco
pelo preço he 6.400 porque ha um monopolista que tem 30.000 cabeças.
[1] CONSPIRAÇÂO de SANTAREM de 1817 https://pt.wikipedia.org/wiki/Conspira%C3%A7%C3%A3o_de_1817
[2] - Igreja de São Julião – Portugal http://180graus.com/sao-juliao/iniciado-os-festejos-de-nossa-senhora-da-conceicao-em-sao-juliao
Jean Baptiste Debret-autorretrato trabalhando na taberna
Fig. 14 – Os efeitos benéficos e as mudanças
culturais, econômicas e políticas que se vislumbravam com o enlace das duas
casas reais eram todas apenas potenciais.. Os cientistas, artistas e
operários - hospedados na Corte Lusitana
de LISBOA instalada no RIO de JANEIRO na época de DOM
JOÂO VI - não encontravam ambiente, equipamentos e estímulos além da boa
vontade, da inteligência e dos parcos recursos que eles traziam da Europa.
Na conclusão
O Rio de Janeiro, como capital do REINO UNIDO,
modificou-se com presença, a permanência
e o efetivo funcionamento da corte lusitana.
Em contrapartida esta Corte Lusitana teve tempo,
meios e coragem para repensar a si mesma. No seu agir foi suficientemente ágil
para salvar, ao menos, a monarquia nos acontecimentos que tumultuavam a
metrópole lusitana. A falta de pão em
Lisboa em 1817 era um dos sintomas da falência do regime monárquico monocrático
e centralista construído e consolidado ao longo da ERA AGRICOLA.
Certamente a presença da corte, dos cientistas, e
dos operários que acompanharam Dona Leopoldina não foi uma simples migração de
uma única pessoa. Porém esta única pessoa arrastou consigo todo um sistema, uma
civilização em projeto nacional e de soberania.
No entanto, apesar deste passo, o cenário próximo
estava posto para as revoltas em Pernambuco, em Santarém culminando com o
movimento que iria eclodir, em 1820, na cidade do Porto. Resultados cujas
causas se acumulavam graças às práticas temerárias de um governo formado por
associados e aproveitadores das benesses da corte monárquica, monocrático e centralista construído e consolidado
ao longo da ERA AGRÍCOLA.
Fig. 15 – Em março de 2017 se evidenciam cada vez o final
de todas as esperanças e a fé cega nos ESTADOS NACIONAI. A multidão no Largo do
Arroio em LISBOA, em março de 1817, se
mundializou e não a espera só
PÃO, mas a DEMOCRACIA, o BEM ESTAR
e a SEGURANÇA constituídos,
mantidos reproduzidos ao longo da ERA INDUSTRIAL. As promessas e as esperanças da ERA INDUSTRIAL foram aniquiladas e
mostram a sua falácia, ao longo de um
NOVO TEMPO, uma NOVA SOCIEDADE e uma NOVA ECONOMIA da ÉPOCA PÓS-INDUSTRIAL Os mais diversos
regimes políticos, econômicos e sociais consolidado ao longo da ERA INDUSTRIAL estão em cheque
novamente
O DELITO da SOLIDARIEDADE com os REFUGIADOS
A confusão e o desespero - provocados pelas
ordens e as contraordens - só não foram mais catastróficos com o que restava da
reserva moral de uma dinastia que se abria para outras dinastias, se associava
a novos agentes e distintos dos britânicos. Certamente a distância, o silêncio
e a reflexão efetivados no Novo Mundo mostraram outros horizontes possíveis.
Em síntese estes acontecimentos NÃO FORAM
REALIZADOS NO GRITO. Porém contribuíram decisivamente para que o BRASIL se
aproximasse da linha definitiva na qual proclamasse a sua soberania e a assumisse de forma irreversível. Iria se somar aos
estados nacionais surgidos sob o impulso da ERA INDUSTRIAL. Em março de 2017 o
BRASIL está ensaiando os passos vacilantes e a mentalidade apropriada à ÉPOCA
PÓS-INDUSTRIAL para o convívio com 200 nações soberanas e o concerto planetário
de uma civilização planetária.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
CARGOS e FUNÇÔES
CASA da SUPLICAÇÂO
CONGRESSO de VIENA
CONSPIRAÇÂO de SANTAREM de 1817
CRONOLOGIA do PERÌODO JOANINO no BRASIL
CORREIO BRAZILIENSE de MARÇO de 1817
DONA LEOPOLDINA
DONA LEOPOLDINA nos JORNAIS de VIENA
Francisco I da AUSTRIA
OBJETOS de ÉPOCA
OLIVENÇA ou OLIVENZA
Os “BANDOS”
Os “BANDOS no CEARÀ
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/bando-o-braco-forte-do-governo-portugues-1.1461051
PRIMÓRDIOS da REVOLUÇÂO LIBERAL de 1820
RIO DE JANEIRO do BRASIL REINO UNIDO
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