sábado, 24 de setembro de 2016

142 - NÃO FOI NO GRITO

O RIO GRANDE do SUL NUNCA FOI INDEPENDENTE.
Fig. 01 –  O mito do centauro, do cavaleiro em perpetuo movimento e do herói sem infância conhecida perpassa numerosas  culturas mundiais. Este mito ganho contornos e corpo no espaço aberto e ancestral do Rio Grande do Sul e sem cercas. O peão ibérico montou a cavalo e se promoveu em  “CAVALEIRO ANDANTE”.  A PÀTIA deste centauro e cavaleiro a está distante e avesso ao sedentarismo acumulador de um sistema econômico, social e político escravocrata encastelado na CASA GRANDE com SENZALA no seu PORÂO,

 “É preciso que V. Excia, saiba, Senhor Regente, que é obra difícil, senão impossível, escravizar o Rio Grande, impondo-lhe governadores despóticos e tirânicos. Em nome do Rio Grande, como brasileiro, eu lhe digo, Senhor regente, reflita bem antes de responder, porque de sua resposta depende talvez o sossego do Brasil. Dela resultará a satisfação dos justos desejos de um punhado de brasileiros que defendeu contra a voracidade espanhola um nesga fecunda da Pátria; e dela também poderá resultar um luta sangrenta, a ruina da Província ou a formação de um novo estado dentro do Brasil”.


Carta de Bento Gonçalves ao Regente Padre Feijó do dia 20 de setembro de 1835


Fig. 02 –  A imagem do Bairro Navegantes  da plácida Poro Alegre  - desenhada em Paris, por Jean Batista DEBRET e que ele denominou de Paranaguá - evidencia o ambiente no da capital do Rio Grande do Sul antes da Revolução Farroupilha .  Ponto de convergência de rrotas, de viajantes e riquezas da PROVÌNCIA de SÂO PEDRO também foi o foco dos descontentamentos políticos, econômicos e sociais desta antiga Capitania sujeita a uma corte monocrática, centralista e acumuladora. Porém nunca interessou separar este território da Nação Brasileira.  
A tese geral, que perpassa a presente postagem,  é que a REVOLUÇÂO FARROUPILHA foi uma das etapas da conquista da INDEPENDÊNCIA no do BRASIL.  Esta postagem segue o contraditório deste blog de que “NÃO FOI no GRITO”  do IPIRANGA que o BRASIL CONQUISTOU DEFINITIVAMENTE a sua SOBERANIA e IDENTIDADE NACIONAL. Esta conquista foi lenta, silenciosa e pertinaz. Silêncio, pertinácia que se prolonga nos dias atuais e perpassa inteligências, vontades e sentimentos do PODER ORIGINÁRIO BRASILEIRO.
Aldo LOCATELLI (1915-1962)- “A MUDANÇA da CAPITAL para PORTO ALEGRE” mural (1961) atualmente na FIERGS
Fig. 03 –  Uma série de etnias locais ou advindas de outra partes se aglutinou no Rio Grande do Sul, sob a alta visão do lusitano e constituíram efetivamente o seu PODER ORIGNÀRIO..  Qualquer reducionismo, maniqueísmo ou criação de um TIPO ÙNICO é um atentado contra estas etnias que formaram - nesta parte do mundo - o seu lar. Lar que querem pacifico e produtivo para si e para os seus descendentes  
Evidente que esta tese rebela-se contra a opinião geral, maliciosa e parcial de que o RIO GRANDE do SUL FOI INDEPENDENTE e SOBERANO de 1835 até 1845. De outra parte é contra a tese de que o sul-rio-grandense era belicoso, raivoso e arbitrário. Esta imagem e tese da belicosidade nativa estuda, e desmontada por Athos corrigiu (1971, p.449)[1] brilhantemente ao  afirmar  que: 

certamente, as lutas que tivemos de sustentar desde os tempos recuados da Colônia, na defesa de nosso território e na fixação de suas fronteiras, em muito entorpeceram e retardaram nosso processo cultural. Não, porém, tanto quanto seria natural que ocorresse, uma vez evidenciada historicamente a belicosidade crioula, arrolada por aí, com um abusivo relevo, entre virtudes que nos compõem a fisionomia moral. Nossa história está realmente pontilhada de embates sangrentos. Mas lutas e guerras não foram desencadeadas por nós, senão que tivemos de arrostá-las compelidos pelas circunstâncias. Nunca deixamos de ser um povo amante da paz. E, em nossos anseios de construção, sempre desejosos dela. Tropelias e bravatas de certos gaúchos em disponibilidade forçada, não têm o menor  lastro Histórico:  pertencem aos domínios da anedota que os próprios rio-grandenses exploram, com malícia, para a desmoralização daqueles que o fazem, com  malignidade.
DAMASCENO, Athos (190241975). Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre :  Globo, 1971. 540p.


[1]             
             DAMASCENO, Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre :  Globo, 1971. 540p.

Fernando CORONA (1895-1979)  e Claudio CARRICONDE (1934-1981) Condomínio TANNHAUSER Pr. Rui Barbosa nº 220 - POA
Fig. 04 –  O mundo em eterno movimento evidencia queo  PODER ORIGINÀRIO sul-rio-grandense não é constituído por  uma única etnia, tipo ou existe e nem único caminho. A mudança constante ainda que lenta é simbolizada pela carreta das duas rodas e herdada dos ancestrais romanos.
Do lado do IMPERIO BRASILIRO o que é certo que a proclamação da independência brasileira libertou tiranos e atravessadores que se aproveitaram da ruptura dos grilhões lusitanos para instalar a SUA escravidão. Portugal já havia abolido a escravidão em Portugal no governo do Marquês do Pombal. Talvez uma das razões do ódio de muitos brasileiros escravocratas contra o ILUMINISMO, e o MINISTRO POMBAL, era que viam nele, e no seu projeto, ameaçadas as suas sinistras intenções de manter a metade da população brasileira sob o seu jugo servil. Certamente a grande decepção provocada pela REVOLUÇÂO FARROUPILHA foi derrotada interna e externamente por este estamento escravocrata[1]

A REVOLUÇÃO FARROUPILHA também não é única e original no âmbito brasileiro do Primeiro Império e do período regencial.
Fig. 05 –  A população sul-rio-grandense possui profundos traços, história e a mentalidade em comum o povo uruguaio. População originária de índios, espanhóis, africanos e lusitanos também esteve em perpetuo movimento.  Após o Estado Novo (1937-1945) brasileiro  cultura, a tradição e a educação uruguaias foram inspiração,  escola e paradigma  da  retomada do regionalismo sul-rio-grandense- A cartilha do “QUERES LER”, as bombachas, as danças e canções uruguaias pontilharam e orientaram esta busca da identidade sul-rio-grandense.  
A renúncia de Dom Pedro I, em 1831, decorreu, entre outros motivos, pelo apego dos barões do café ao sistema escravocrata. Quando perceberam que irem perder a sua base econômica, política e social fundamentada na força do trabalho servil atropelaram, golpearam e assaltaram a autoridade máxima da nação.
Helios SEELINGER (1878-1965)- PELO RIO GRANDE PELO BRASIL Museu de Piratini 
Fig. 06 –  O movimento que precedeu a REVOLUÇÂO de 1930 recebeu forma e visualidade neste quadro de Hélios SEELINGER denominado “O RIO GRANDE de PÈ PELO BRASIL”.  No cerne deste ideal está a frase de Bento Gonçalves  “formação de um novo estado dentro do Brasil”
Não foi menor do que a brasileira,  a ganância de mando, a confusão política, econômica e legal no lado interno da REPÚBLICA do RIO GRANDE do SUL. A predominância econômica sobre a política comandava a acumulação do capital e que verticalizava para exercer o mandonismo, o coronelismo de um lado. O PODER ORIGINÀRIO, das riquezas e do poder era ignorado, atropelado e saqueado tanto pelos imperiais como os  republicanos.

Para este o PODER ORIGINÀRIO não adiantava passar de um para outro regime.  Um século após os primórdios da Revolução, em 1926, e as vésperas da Revolução de 1930, a nova geração de articulistas escrevia  e publicava na revista Madrugada[1]

“a mudança do regime monárquico foi apenas, entre nós, uma substituição de acento grave por agudo, na personagem governativa, o que vale dizer uma pura questão gramatical”.

Os articulistas constatavam que

 “passamos do governo dos reis ao império dos reis, entidades perfeitamente concretas, bem soantes, amadas e poderosas”. 

Personagens sustentadas, não pela sua competência política, cultural ou ideológica, mas pelas puras forças do regime patrimonialista do estamento de dominadores do estado imperial transfigurado apenas semanticamente em república. Continuava atacando:

“Sucedendo à aristocracia complicada dos brasões com coroa, os aristocratas do dinheiro formam um núcleo de cabeças ocas e barrigas fartas enchendo as ruas das mesmíssimas carruagens doiradas e vistosas nas quais os condes de antanho descansavam a indiscutível nobreza dos seus assentos’”.

A economia patrimonialista imperial encontrou apenas outras formas de escravidão no uso do ‘pátrio poder’ corrompido, permitindo a esses personagens, travestidos de republicanos, viver sem precisar trabalhar e para produzir algo honesto.

“Os Paes da pátria’ como esses Paes que notando na filha um Dom que a faz preciosa, exploram-na em seu próprio benefício, dormem regaladamente, na metade do anno, para na outra metade fruirem os milreis que a coitada ganhou a custa do seu trabalho”.

Esse grupo de jovens intelectuais editorialistas[2] da Madrugada[3] foi comandado por Theodomiro Tostes, Augusto Meyer, João Sant’Anna[4] e Azevedo Cavalcante e não podiam ser mais enfáticos na necessidade de mudar  o regime da Velha República.


[1]  Revista Madrugada Porto Alegre, ano 1, nº 5. Dia 04 de Dezembro 1926 (sem paginação).
[2]  -   Direção da Revista Madrugada, ano .1 nº3 1926.     CD-ROM - Disco 6 -  IMAGENS. .
[3]  -   COSME, Sotero. Capa n.º 1 da Rev.Madrugada e [IA.3.4 – 015-a]   COSME, Sotero . Capa da Revista Madrugada nº 3 1926  ..
[4] - João Sant’Anna era secretário da Sociedade Riograndense de Bellas Artes que promoveu em Porto Alegre, o Salão de Outono, de maio a junho de 1925, e que pretendia institucionalizar o evento e lhe dar continuidade. Ficou num único evento. A Sociedade tinha por presidente honorário Borges de Medeiros e Otávio Rocha. O presidente efetivo era Francisco Bento Junior. Vice-Presidente Fabio de Barros e o tesoureiro era Bernardo Jamardo. A abertura foi presidida por Manuel André da Rocha, membro do CC-ILBA-RS.    Revista Máscara, Porto Alegre, ano 7, nº 7, jun.1925.                                      
Nelson  BOEIRA FAEDRICH (1912-1994) – detalhe do cartaz da Exposição Farroupilha  de 1935.
Fig. 07 –  A EXPOSIÇÂO do CENTENÁRIO  da REVOLUÇÂO FARROUPILHA em 1935 foi um movimento social, político e econômico, sufocado pelo ESTADO NOVO, porém serviu de motivador da redemocratização sul-rio-grandense após 1946.  Até o presente não houve evento de tal magnitude no Rio Grande do Sul. No plano econômico e social este evento criou CHURRASCARIA PROFISSINAL e EMPRESARIAL, que se multiplicou e se espalhou pelo mundo afora.  CHURRASCARIA cuja franquia abeta e livre teve, em 1935. .o seu primeiro ponto no Parque Farroupilha.
Para a ideologia imperial, escravocrata - ainda agrilhoada com a mentalidade colonial lusitana - só podia parecer confusa administração farroupilha de Porto Alegre ente 20.09.1835 até 15.07.1836[1] .

Internamente - na República do Piratini- o silencioso duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires evidencia as profundas diferenças que vicejavam entre os paradigmas que orientavam as lideranças dos revoltosos.

Estes descontentamentos, as trocas de lados e os abandonos do movimento revolucionário de um lado mostram os altos ideais liderados por Bento Gonçalves.  Ideais  que não conseguiam baixar a prática em ações concretas para demover do seu lugar nem as forças imperiais brasileiras e nem da republica sul-rio-grandense . Forças cujo único temor  era de perder a sua base econômica, política e social fundamentada na força do trabalho servil.


[1] FRANCO, Sérgio da Costa (1928- ).PORTO ALEGRE situada um capitulo da Revolução Farroupilha 1836-1840 (2ª ed.)- Porto Alegre: Cidade, letras & vida - 2011 136 p. il.

Fig. 08 –  O mural de Danúbio GONÇALVES cria algumas imagens da formação do PODER ORIGINÀRIO SUL-RIO-GRANDENSE.  Ao mesmo tempo é uma recuperação e atualização do azulejo lusitano inteiramente refigurado e objetivando em sentenças fundamentais que  evidenciam mentalidades, projetos e eventos modeladores de uma identidade regional sul-rio-grandense.  


Uma independência sempre significa a busca de reconhecimento desta soberania por outros estados soberanos. A oferta de ajuda aos Farroupilhas, vinda de Juan Manuel Rosas da Argentina, foi prontamente repelida. Em 1844,  pelos líderes farroupilhas nos seus piores momentos. No vizinho Uruguai a rebeldia e a busca do apoio popular por José Artigas (1764-1850)[1] acabou no exílio deste líder no Paraguai. O Uruguai obteve a sua soberania em 1828 e com a primeira constituição em 1830.
Francis PELICHEK – “A evocação da Revolução Farroupilha e Revolução de 1930” cartão postal da Editora Globo -
Fig. 09 –  O artista tcheco, Francis PELICHEK (1896-1937) se integrou e expressou por imagens a epopeia farroupilha e insistentemente lembrada no âmbito da REVOLUÇÂO de 1930 e na Exposição Farroupilha de 1935.  A imagem aproxima a realidade com os ideais de Bento Gonçalves, relembrados todos os anos no 20 de setembro.
A INDEPENDÊNCIA e a separação do RIO GRANDE do SUL do Brasil é um grande mito. Mito que alguns gaúchos em disponibilidade gostam de brandir aos quatro ventos. O projeto que alentou a décadas farroupilha foi resumido e colocado em letra de forma na derradeira frase da carta Bento Gonçalves ao regente Padre Feijó: “a formação de um novo estado dentro do Brasil”.
Fig. 10 –  O mapa do Rio Grande do Sul da época da Revolução Farroupilha era o mesmo que herdara do regime do BRASIL REINO UNIDO com PORTUGAL e ALGARVES no período da Guerra Cisplatina.  A intervenção na Província Cisplatina mobilizou os argentinos e despertou os patriotas uruguaios que buscaram abrigo com os britânicos interessados no comércio.
O RIO GRANDE do SUL teve o seu projeto reconhecido , em 1889, por meio da instauração do REGIME REPUBLICANO no Brasil. Depois de 54 anos, do inicio da REVOLUÇÂO FAROUPILHA, percebeu atendido o ideal pelo qual de Bento Gonçalves  se batera entre 1835-1845. O texto  do Decreto Nº 01 de 15 de novembro de 1889 , ia além de toda a medida, quando escrevia no seu artigo 3º quecada um desses Estados, no exercício de sua legítima soberania, decretará oportunamente a sua constituição  definitiva. Elegendo os seus corpos deliberantes e os seus governos locais”.
Augusto Luís de FREITAS (1863-1962) – “Batalha da Azenha – Mural de 1925 para o Palácio Governo e atualmente no prédio do Instituto de educação Flores da Cunha – Porto Alegre
Fig. 11 –  Na madrugada do dia 20 de setembro de 1835 as ideias de Bento Gonçalves ganharam corpo em um punhado de cavaleiros que surpreendeu, derrotou e tomou a capital da Província do Rio Grande do Sul.  Cavaleiros que não adotaram uniforme, ordem unida e rígidas hierarquias militares. Fieis apenas ao PODER OROGINÀRIO que representavam, foram alcunhados como FARRAPOS -  não só pelo seu traje e comportamentos - mas também pela sua aversão a um pensamento único e um ortodoxia rígida ao modelo dos imperiais e seus representantes e exército profissional.
Esta "soberania" foi vivamente contestada pelo Estado Novo (1937-1945), o seu hino proibido e a bandeira do Rio Grande do Sul queimada, junto com aquelas dos demais estados.

Porém, em 2016, o Brasil se auto designa idealmente como um Estado Federativo e horizontal, apesar de a prática exibir sinais claros da soberania monocrática e oligárquica vertical, a semelhança dos praticados pelo Regente Imperial Padre Feijó.
Fig. 12 –  A REPUBLICA do PIRATINI  foi proclamada no dia 11 de setembro de 1836 pelo coronel Antônio Souza Neto após a Batalha do Seival e formalmente instalada no   06 de novembro de 1836, Bento Gonçalves foi aclamado presidente, porém havia sida capturado pela forças imperiais assumiu José Gomes Vasconcelos Jardim. Evidente que a proclamação de Antônio Souza Neto não correspondia ao projeto de Bento Gonçalves de um ESTADO DENTRO do BRASIL o que gerou muitas confusões, equívocos e desagaste de preciosas energias.
Evidente que o ideal de Bento Gonçalves enfrentou resistências internas e deserções sorrateiras de companheiros. Porém o que de fato estava em jogo era a INDEPENDÊNCIA do BRASIL. INDEPENDÊNCIA e SOBERANIA solapadas por  grupos, indivíduos e instituições que estavam ainda acorrentados a mentalidades,  hábitos e práticas coloniais.
Fig. 13 –  Logo após a Independência vários  movimentos de afirmação da INDEPENCIA BRASILEIRA ocorreram em diversos pontos da NAÇÂO . O centro do seu objetivo era a descolonização que mantivera o Brasil durante três séculos sob um rígido controle externo. Porém livres de Portugal emergiu no Brasil o  mandonismo, o saque e a corrupção para ocupar o espaço vago  deixado pelo pelourinho lusitano. O espaço vago foi ocupado por caciques locais, coronéis e donos de latifúndios do tamanho de países europeus. 
A revolução entre 1835 até 1845  que Rio Grande do Sul buscava nas cidades e nos campos, foi a guerra para efetivar a soberania brasileira. Busca movida pelo projeto impulsionado pela mentalidade, por hábitos e por práticas de soberania e da independência brasileira, ao menos neste espaço geográfico da nação.
Lucílio  ALBUQUERQUE (1877-1939) - Garibaldi transporta os lanchões  Mural de 1925 para o Palácio Governo e atualmente no prédio do Instituto de educação Flores da Cunha – Porto Alegre
Fig. 14 –  O bloqueio marítimo do Sul do Brasil por uma marinha militar exercitada e experimentada da Guerra Cisplatina foi aplicado e rigidamente conduzido pela MARINHA IMPERIAL.  Sem acesso ao mar e as rotas comerciais restava ao Farroupilhas o comércio através do Uruguai e dos portos do Rio da Prata. Neste contexto se dá a epopeia do transporte de lanchões por terra ate Santa Catarina .

É necessário admitir que nem o Brasil e nem o Rio Grande do Sul possuem um projeto nacional o estadual capaz de ser fundamento de um pacto social, econômico e político. Que é pouca eficaz a racionalização legal do Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal colocado no prólogo da Constituição Brasileira de 1988. Todos passam por este silencioso aviso  sem prestarem atenção, sem saberem a sua origem histórica e muito menos com disposição para a sua prática. 
Fig. 15 –  A Revolução Farroupilha teve vários repiques ao longo da história Sul-rio-grandense. Em 1893, a Revolução Federalista. O próprio movimento da Revolução de 1930 evocou os acontecimentos de 1836 a 1845 como motivador de uma nova mudança no cenário político, econômico e social brasileiro. O Partido republicano Rio-grandense e a  constituinte castilhista foram berços e matrizes  do pensamento de Getúlio Vargas e de expressivas lideranças estaduais e nacionais..

O estrangeiro, o escultor e o arquiteto espanhol Fernando Corona (1895-1979) acompanhou, a partir de 1912, na intimidade e partilhou a vida, no dia-a-dia - a criatura humana vivendo, trabalhando e civilizando a capital do Estado do Rio Grande do Sul A imagem que ele captou de Porto Alegre está  em seu diário(1937,  fl 373). Ali ele anotou:
Porto Alegre como capital do Estado é a cidade mais democrática de todas, dando exemplo de fidalguia a qualquer um. A sua riqueza foi conquistada com o trabalho de seus habitantes. Porto Alegre republicana foi sempre, desde sua formação democrática. Não tenho lembrança de ter visto na capital – milionários viver de rendimentos, a não ser o produto do seu trabalho. Desde que aqui cheguei notei que um simples pedreiro ou carpinteiro já era proprietário de seu chalé mesmo que fosse de tábua. A riqueza em Porto Alegre é muito dividida e os grandes industriais cresceram com o trabalho. A influência das colonizações  estrangeiras contribuiu muito para a democratização, pois, ao iniciarem o trabalho da estaca zero, o braço do patrão suou a lado do braço do operário. Sempre defendi esse principio, pois todos tem direito e um dever que se crescer na medida do progresso”.

Este registro de Fernando Corona pode ser expressão e síntese que ocorre nas cidades, campos do Rio Grande do Sul. Este arquiteto e escultor espanhol percorreu, trabalhou e viveu variadas,  experiências humanas e estéticas com profundas interações com o homem do campo e das cidades das quais Porto Alegre é a capital.
Fig. 16 –  O mapa do BRASIL REINO UNIDO com PORTUGAL e ALGARVES no período da Guerra Cisplatina.  A intervenção na Província Cisplatina mobilizou os argentinos e despertou os patriotas uruguaios que buscaram abrigo com os britânicos interessados no comércio.
Na conclusão da presente postagem foi possível verificar e apontar algumas das evidências que reforçam a tese que a REVOLUÇÃO FARROUPILHA foi uma das etapas da conquista da INDEPENDÊNCIA no do BRASIL. No contraditório - da opinião geral  - de que  FOI do GRITO  do IPIRANGA que o BRASIL CONQUISTOU DEFINITIVAMENTE a sua SOBERANIA. 

O presente blog aponta a complexidade, o tempo e as energias envolvidas na construção da IDENTIDADE NACIONAL e erguidas de baixo para cima, num movimento e de mudanças continuadas. Os GRITOS, os EVENTOS e as IDEOLOGIAS são meros episódios quando são instrumentos de VERTICALIZAÇÃO, de CENTRALISMO e MONOCRACIA PREPOTENTE. Episódios que assustam, anestesiam e desorientam o PODER ORIGINÀRIO de UMA NAÇÃO. Os  GRITOS,  os EVENTOS e  as IDEOLOGIAS são aparelhos usados para camuflar e esconder os mecanismo que movem os interesses de pitutos, atravessadores e mediadores sem ética.

O PODER CIRCULA ao longo da construção da IDENTIDADE NACIONAL. Quando esta circulação, do PODER, é estrangulada, capitalizada e imobilizada IDENTIDADE NACIONAL gangrena, provoca o colapso estrutural e prenuncia a  morte da liberdade do indivíduo, da sociedade e de uma civilização.
CORREIO do POVO ano 121 - Nº 358- p.02-  Dia 22.09.2016 - PAIXÃO CORTE
Fig. 17 –  As práticas, os estudos e a constante iteração ente passado e presente geraram gerações  que nunca sonharam ou obraram para a separação do Rio Grande do Sul do território e convívio harmonioso com toas as regiões, culturas que vieram se aquerenciar no BRASIL.  Paixão Corte -s nascido e criado entre o Brasil e o Uruguai - soube perceber a essência e a motivação da cultura uruguaia. Sob o olhar atento dos seus mestres de Poro Alegre foi estudar e trazer esta essência em Montevidéu.
  
FONTES BIBLIOGRÁFICAS

DAMASCENO, Athos (190241975). Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900)  Porto  Alegre :  Globo, 1971. 540p.
FLORES, Moacyr  et alii – TORRES da PROVÌNCIA História e Iconografia das Igrejas de Porto Alegre Fotos de Edelweiis Bassis. Porto Alegre : Palloti 2004 104 p.

FRANCO, Sérgio da Costa (1928- ). Porto Alegre.: guia histórico. Porto  Alegre : UFRGS,  1983, 441 p.

-----------PORTO ALEGRE situada um capitulo da Revolução Farroupilha 1836-1840 (2ª ed.)- Porto Alegre: Cidade, letras & vida - 2011 136 p. il.

GONÇALVES, Danúbio. Ser ou não ser arte. Porto Alegre : Editora do Autor, 2003, 126 p.

MACEDO., Francisco Riopardense de. (   ) A Arquitetura no Rio Grande do Sul . in  RIOGRANDE do SUL: Terra e Povo. Porto Alegre : Globo 1964

---------------Porto Alegre: história e vida da cidade. Porto Alegre : UFRGS, 241p.

________. Porto Alegre: aspectos culturais. Porto Alegre : SMED/Div. De  Cultura, 1982, 122 p.

PORTO - ALEGRE, Apolinário (1844-1904).Populárium Sul-Rio-Grandense (2ª ed). (Lothar Hessel Org.) Porto Alegre : UFRGS, 1976, 429p.

SARAIVA Glaucus (1921-1983) Manual do tradicionalista: orientação geral para tradicionlistas e centros de tradições gaúchas. Porto Alegre : Sulina, 1968, Coleção Meridional nº 09

SIMON, Círio. « O ensino das artes visuais no Brasil : iluminismo e academia. In Caminhos para a Liberdade

       : A Revolução Francesa e a Inconfidência Mineira (as Letras e as Artes). Porto Alegre : UFRGS/PUCRS pp. 98-110 1991

----- - Clébio Guillon Sória  num Galope Incessante. Porto Alegre: Editora Letra 1 - 2014– pp.13- 59 – ISBN Nº  978-85-63800-07-7

VASCO PRADO: A escultura em traço -Curadoria e organização editorial de Paulo Amaral – Porto Alegre: EST Edições 2015 108 p. Il.   ISBN 978-85-68569-10-8
Fig. 18 –  A complexa heráldica que identificou a Revolução Farroupilha é índice das multiplicidade de paradigmas presentes no mundo simbólico de a REPÚBLICA das CARRETAS. Porém, nesta acusação é possível identificar  um dos traços do Sul-rio-grandense. Ele é o resultado da imigração e das mudanças dos velhos continentes para o Novo Mundo. Instalado e com o mínimo de recursos ele  penetrou no Oeste Brasileiros abrindo fronteriras agrícolas e oastris que  há muito ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Assim no cerne do cultivo das suas tradições está o mudança permanentete econômica socal e política 

FONTES NUMÉRICAS  e DIGITAIS.

CRONOLOGIA  da REVOLUÇÂO  FARROUPILHA

PERÌODO REGENCIAL BRASILEIRO

Bento GONÇALVES (1788-1847)

Carta de Bento Gonçalves ao Regente Padre Feijó do dia 20 de setembro de 1835

CASA BRANCA do MORRO SANTANA ZH 20.09.2016

CONFEDERAÇÂO DO EQUADOR

Duelo entre BENTO GONÇALVES e ONOFRE PIRES

ESTAMENTO conforme FAORO e MAX WEBER

LENÇO FARROUPILHA

PADRE FEIJÓ

PERSONAGENS FARROUPILHAS

ANITA GARIBALDI

LANCHÃO SEIVAL

CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

GUERRA da CISPLANTINA

INDEPENDÊNCIA do URUGUAI

Decreto nº 01 de 15 de novembro de 1889 que Proclama a República  de Bento

TELAS TOMBADAS pelo IPHAE

PODER ORIGINÁRIO

FACEBOOK
Fig. 19 –  É possível acusar a Revolução Farroupilha de a REPÚBLICA das CARRETAS. Porém, nesta acusação é possível identificar  um dos traços do Sul-rio-grandense. Ele é o resultado da imigração e das mudanças dos velhos continentes para o Novo Mundo. Instalado e com o mínimo de recursos ele  penetrou no Oeste Brasileiros abrindo fronteiras agrícolas e pastoris que  há muito ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Assim no cerne do cultivo das suas tradições está o mudança permanente econômica social e política 




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