A
CORRUPÇÃO ENDÊMICA no BRASIL.
Fig. 01 – Na população parecem raros aqueles que, em 2106, ainda não perceberam que o maior perigo, a ameaça e o inimigo é
AQUELE QUE ESTÁ e se MOVE no interior do BRASIL e NÂO aqueles de FORA.
Ao mesmo tempo o pensamento desta
população não esbarra tantas vezes na pauta fixa da cartilha maniqueista do
capitalismo x comunismo. O inimigo externo, o maniqueismo das facções
ideológicas e a corrupção continuam a serem exibidas como “DESCULPAS de PLANTÃO” baratas para encobrir o enfrentamento efetivo das questões politicas,
econômicas e sociais.
“. O imposto sobre a carne verde*,
é confiado a fieis, que fazem as cobranças nos açougues, sem que haja meio
nenhum de averiguar as fraudes, e conluios desses fieis com os marchantes
carniceiros ; e assim o produto deste rendimento no ano de 1815, foi de vinte
contos de reis menos que ao ano de 1814; sem que ninguém averiguasse a causa de
tal diminuição. Igual sorte tem o Jardim Publico, que se projetou na mesma
cidade de Pernambuco, para onde se deviam transplantar varias arvores e plantas
de Caiena. Tem-se nisto gasto vários contos de reis, e nada de tal Jardim aparecer.”.
CORREIO
BRAZILIENSE VOL. XVI. No. 97 junho
de 1816. Miscellanea. p.631
Fig. 02 – O indígena brasileiro não havia
desenvolvido o senso de posse individual.
Assim os europeus, motivados pela posse individual, não tiveram
escrúpulos em se lançarem para a prática
do saque dos bens do território brasileiro O inevitável choque entre
estas duas culturas humanas deu
margem a muitos mal-entendidos,
transmissão de doenças além da pura e simples usurpação ds território de
sobrevivência de uma cultura coletadora. Estes mal entendidos foram descritos, séculos depois, por LEVI STRAUS nas
circunstâncias dos TRISTES TRÓPICOS onde imperava o regime que ainda oscila
entre o “CRU e o ASSADO”.
O redator do CORREIO BRAZILIENSE já afirmara em texto
do ano de 1814[1]
que “as pessoas serão boas ou más,
acidentalmente; o sistema é que acusamos de mau radicalmente”. Este mesmo
redator, em texto do mês de junho de
1816 desvela alguns índices da corrupção do “sistema radicalmente mau”. Estes índices, e as suas causas foram
cultivado silenciosamente ao longo de dois séculos. No mês de junho de 2016 esta
corrupção possui muitos pontos em comum com os eventos do Brasil recentemente
elevado a Reino Unido.
[1] in CORREIO
BRAZILIENSE, novembro de 1814, p. 710 http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2014_11_01_archive.html
Fig. 03 – O ciclo da apropriação das madeiras nobres
ainda não se concluiu no Brasil. Em junho de 1816 as motosserras, os caminhos
clandestinos e as mais variadas dissimulações continuam os saques das madeiras
nobres da floresta amazônica. O comercio ilegal do PAU BRASIL não cessou e as rotas dos
traficantes fornecem aos monopólios mundiais e indispensáveis para a fabricação
arcos de violinos[1].
.A diferença que antes este aque era para um ente público e conhecido que
era a corte de Lisboa. Em junho de 2016, além de ser carreao para os cofres dos
bancos suíços são destinados a um soma
de pequenos paraísos fiscais espalhados móveis pelo planeta afora
No presente número a questão era introduzir a imigração
europeia. Esta nova população era proveniente, em geral, de segmentos subalternos,
necessitados e/ou perseguidos. Devido a esta origem subalterna esta nova
população de adventícios - nas mãos dos mais antigos atravessadores, mediadores
da terra e exploradores do alheio - corria sérios riscos de piorar e regredir
econômica, social e socialmente.
A pandemia da corrupção nacional encontraria, tanto em
junho de 1816 como em junho de 2016, meios para inviabilizar internamente
qualquer política proveniente do governo central.
Fig. 04 – O indígena foi vítima do trabalho escravo praticado por europeus de diversas procedências e
nacionalidades que buscavam o pau-brasil. A CONFEDERAÇÂO DOS VELHOS da TERRA
(TAMOIOS[1])
tentou colocar um limite Porém ressurgiram as antigas rivalidades, guerras e
assassinatos que os indígenas já praticavam entre si mesmos. .O inimigo
morava na própria terra. Esta não tinha um projeto unitário e muito menos
consciência do potencial ou das razões porque o estrangeiro tanto cobiçava o
que ele não atribuía nenhum valor aquilo que que estava no seu território de
passagem e de caça.
O editor do CORREIO
BRAZILIENSE traça um quadro pontual a partir das suas informações que ele
obtinha em Londres em junho de 1816:
CORREIO BRAZILIENSE VOL. XVI. No. 97, junho de 1816. Miscellanea. pp.630-631
Immigraçaõ
no Brazil (e a corrupção endêmica).
As despezas, que o Estado fizer, com
esta concurrencia de população para o interior; e com a facilidade dos meios de
communicaçaõ, será repaga em quádrupla vantagem. A única cautella, que deve
haver, consiste em naõ tomar o Governo sobre si, senaõ a direcçaõ geral,
evitando monopólios de toda e qualquer sorte, e cuidando em que a administração
da Fazenda Real, seja exposta aos olhos de todos, a fim de que todos possam
notar os pontos em que pôde haver abusos; porque sem esta circumstancia nunca
elles chegam a ser conhecidos. Com éstas cautellas, o plano, que suggerimos,
nem pôde ser de despezas além das forças do Governo do- Brazil; nem as despezas
demasiadas, comparadas com os benefícios que dali devem resultar. Mas segundo a
forma actual da administração da Fazenda Real, naõ podem nunca os rendimentos
luzir, nem ainda chegar para as despezas ordinárias. E vejamos sobre isto o que
acontece em Pernambuco.
Fig. 05 – O saque dos bens do território brasileiro
da época do PAU BRASIL continuou com a Invasão Holandesa. Estes estavam
interessados, desta vez, na PRODUÇÂO e o COMECIO do AÇUCAR. A narrativa de Gaspar
Barleus está pontilhada de atos de corrupção tanto dos próprios holandeses com
aqueles da terra. Esta projeto holandês
veio abaixo quando o Conde Maurício de Nassau se afastou do governo. Restou o
caos que Evaldo Cabral de Mello descreve na sua obra. .
Ha naquella cidade um armazém
destinado ao deposito do páo Brazil, e confiado ao cuidado de um administrador,
que tem o nome de Fiel; com um collega, que se chama o Escrivão. O primeiro tem
a seu cargo as compras e remessas, o segundo a escripturaçaõ deste negocio, que
he como se sabe da Fazenda Real. He permittido a todos cortarem o páo Brazil em
qualquer parte, com tanto que o tragam a vender ao tal Fiel, que o deve pagar a
1.600 reis por quintal. Este Fiel recebe todos os mezes do Erário certa porçaõ
de dinheiro como adiantamento; e ajusta mensalmente as suas contas: isto he, dá
parte do dinheiro que tem recebido, e do páo que tem embarcado, e exportado;
mas como naõ se indaga o balanço do páo, que fica cada mez em ser no armazém,
he necessário absolutamente confiar na boa fé e probidade do Fiel; que nem
sempre he exacta; porque ja houve um, que, quando se lhe deo balanço ao
armazém, tinha desencaminhado settenta mil cruzados.
Fig. 06 – Muito antes de
Portugal perder a sua colônia brasileira esta nação já havia perdido a sua autonomia financeira e comercial. A sua
dependência de outras nações colonialistas foi reforçada e ganhou corpo na sua maior colônia com o ciclo pau brasil,
do açúcar e depois ao ouro brasileiro. Porém com a Independência brasileira continuou o saque dos bens do território iniciada com o
ciclo do PAU BRASIL .O saque continua na medida em que se abriu o vasto
interior brasileiro. O saque das florestas transformou-se e agro negócios cujos
insumos, sementes e comércio são controlados e manipulados de além das
fronteiras nacionais. O NIOBIO é a nova fonte de contrabando sem que as
autoridades brasileiras esbocem qualquer limite eficaz[1].
Supponhamos que o Fiel he sem
probidade, e que deseja abusar do encargo, que se lhe confiou, tem vários modos
de o fazer, sem que seja descuberto. 1º . He dizer que comprou vinte quintaes,
e comprar sò dez, mettendo na sua algibeira o importe dos outros dez. 2°.
Embarcar vinte a bordo de um navio, que vem para Inglaterra; e dizer que
embarcou só dez; e mandar receber os outros dez pelo sen agente na Inglaterra;
e metter o producto em casa. Dizem-nos alem disto, que nos roçados, que se
fazem naquella parte do Brazil, para plantar algodão, se lança fogo a matos
cheios desta preciosa madeira; desperdício indesculpável da pacte dos
indivíduos, e mui digno da attençaó do Governo, que por isso devia olhar. Mas
este systema de se naõ dar balanço ao armazém do páo Brazil; extende-se a
outras repartiçoens. A estância, aonde se guardam as madeiras de construcçaõ, pertencentes
á Fazenda Real, acha-se justamente nas mesmas circunstancias. Ha mais de quatro
annos se lhe mandou dar balanço; e ate agora tal balanço se naõ verificou.
[1] NIOBIO contrabanda do BRASIL http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com.br/2008/12/minerais-nobres-extraidos-da-mae.html
Fig. 07 – O pior inimigo - e o mais devastador - é
sempre o infiltrado e o que vive conosco.
A fidelidade de SILVÈRIO dos REIS ao REGIME COLONIAL arruinou o projeto do novo
BRASIL, d sua soberania e levou Tiradentes à forca. A distante corte de Lisboa manteve o Regime Colonial sob o seu controle. Comandada
por militares (CAPITANIAS), cercada de fortalezas e com patrulhas jurídicas,
econômicas e sociais mantinha uma ortodoxia absoluta. Este arcabouço, porém, mantinha-se
de pé graças as delações, aos favores pessoais e ao saque indiscriminado a tudo
aquilo que ali se depositava. Esta corrupção gerou o hábito de que “TUDO o QUE
È do ESTADO” pode ser saqueado pelo mais esperto, ágil, forte e em nome deste
mesmo ESTADO. Tudo isto era encobertoo com FESTAS e EVENTOS que Luis Edmundo
descreve na sua obra “O Rio de Janeiro
no tempo dos Vice Reis”
A administração das obras publicas
corre por igual maneira; nao havendo nem um Almoxarife, a quem se encarreguem
os materiaes comprados; contentaudo-se todos com a boa fé do engenheiro
inspector das obras, que faz as compras, as quaes paga o Erário, pelo simples
testemunho dos bilhetes do Engenheiro; e basta a sua palavra para se verificar
o consumo. O imposto sobre a carne verde*, he confiado a fieis, que fazem as
cobranças nos açougues, sem que haja meio nenhum de averiguar as fraudes, e
coloios desses fieis com os marchantes carniceiros ; e assim o producto deste
rendimento no anno de 1815, foi de vinte contos de reis menos que ao anno de
1814; sem que ninguém averiguasse a causa de tal diminuição. Igual sorte tem o
Jardim Publico, que se projectou na mesma cidade de Pernambuco, para onde se
deviam transplantar varias arvores e plantas de Cayenna. Tem-se nisto gasto
vários contos de reis, e nada de tal Jardim apparecer.
Fig. 08 – Em
junho de 2016 continuam os pesados tributos no Brasil. Como em junho de 1816 o povo continua a pagar
tributos para manter os gastos da pesada máquina administrativa do Estado e sua
máquina central. Sem combinar o ANTES, DURANTE e o DEPOIS e sem a anuência ou
menor retorno ao BEM PUBLICO. Cecília
Meireles transpôs ao mundo poético a epopeia e as circunstâncias da INCONFIDÊNCIA
MINEIRA. .
O cultivo silencioso da
corrupção do “sistema radicalmente mau” continuou ao longo de dois séculos. Tanto no mês de junho de 1816 como e 2016
esta corrupção possui muitos pontos em comum. No Brasil, do mês de junho de
1816, os índices, os eventos e as suas causas continuam a evidenciar e a
mostrar a mesma falta de um pacto social, econômico e político digno deste
nome.
Monumento na cidade de
CALABAR http://godwinpalmer.blogspot.com.br/2012/05/calabar-one-city-one-people.html
Fig. 09 – A posse física da terra e do poder sempre
foram realizadas pelas mãos. Porém estas mãos sem o cérebro, os olhos, os
ouvidos e a boca estão cegas, caladas e surdas. Assim, estas mãos, estão prontas a obedecer ao primeiro comando,
venha donde ver. È o território favorável aos atravessadores, delinquentes e
mediadores inescrupulosos que estão esperando estas condições para se
locupletarem e arruinar os melhores e
mais sublimes projetos.
O
confortável silêncio diante da ação predatório das “MÃOS LIGEIRAS” dos atravessadores, dos mediadores da terra e
exploradores do alheio é o melhor
fermento para aumentar e generalizar a corrupção. Este silêncio e inanição,
diante da corrupção, é o atalho para o retorno para os regimes coloniais, da
servidão e da escravidão. Não faltam pactos sociais, econômicos e jurídicos.
Contudo falta o seu conhecimento, a vontade de praticá-los e o efetivo
sentimento de solidariedade nacional com a origem e do seu destino destes
pactos sociais, econômicos e jurídicos.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BARLEUS,
Gaspar- História dos feitos recentemente praticados
durante oito anos no Brasil e noutra partes sob o governo do ilustríssimo
Maurício – Conde de Nassau etc- Rio de Janeiro: Ministério da Educação, 1940, 409 p.
Biblioteca Brasiliana USP
EDMUNDO, Luís - O Rio de Janeiro no tempo dos Vice-Resi-1763-1808 Brasília: Senado
Federal. 2000, 478 p.
Domínio Público - http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/sf000068.pdf
LÉVY- STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: 70, 1993, 404 p.
MELLO, Evaldo Cabral de. - A fronda dos mazombos contra mascates
Pernambuco 1666-1715 - São Paulo: Companhia das Letras 1995 530 p ISBN 85-7164-503-5
MEIRELES, Cecília (1901-1964) Romanceiro da Inconfidência – Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2005, 239 p ISBN 852091778X
CORREIO do POVO - Ano 121- nº 258 - p. 02 -14.06.2016 - O QUE CONVÉM
CALAR na ECONOMIA
Fig. 10 – O projeto da construção, da manutenção e da
reprodução de qualquer Estado Nacional digno deste nome, sempre custaram muito
empenho, trabalho continuado e recursos econômicos proporcionais ao pacto
social, jurídico e operacional almejados. Em todos os tempos e lugares isto
dependeu da anuência proveniente do poder que dá origem e mantém este projeto.
[Clique sobre o texto para poder ler]
FONTES NUMÈRICAS DIGITAIS
CONFEDERAÇÂO dos TAMOIOS
CRISE na EXPLORAÇÂO do AÇUCAR no NORDESTE BRASILEIRO
DOMINGOS
FERNANDES CALABAR
Cidade de CALABAR
ESPETÁCULO da
CORRUPÇÂO
IMPORTÂNCIA do
PAU BRASIL
INCONFIDÊNCIA MINEIRA
LEITORES e os
seus DIREITOS
NIOBIO contrabanda do BRASIL
OPERAÇÂO LAVA JATO
OPERAÇÂO RODIN
PAU BRASIL
PROTEGIDO por LEI
PAU BRASIL
para ARCOS de VIOLINOS
QUINTO dos
INFERNOS
TRAFICO PAU BRASIL
TRAFICO do PAU
BRASIL na época de Dom JOÃO VI
SILVÉRIO dos REIS
CORREIO do POVO - Ano 121- nº 259 - p. 02 -15.06.2016 –POLÍTICA &
ECONOMIA
Fig. 11 – De todos os lados brotam projetos pontuais
provenientes de indivíduos singulares da mais alta relevância. Contudo se o “SISTEMA é MAU em si MESMO” este
voluntarismo pontual apenas aumenta a
tenção social, econômica e jurídica. Estes projetos são remendos novos
sobre roupa velha e decomposta que não suporta mais nenhuma costura.. Estes
projetos pontuais possuem sentido na medida em que colaboram e apontam caminhos
públicos e honestos para o retorno e o trabalho continuado na ORIGEM do PODER e ao longo de TODO o seu
FLUXO
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