BRASIL em janeiro de 1815
e 2015
INTRIGAS JORNALÍSTICAS
Fig. 01 - Até o advento da imprensa industrial os
reis e bispos eram os formadores absolutos da opinião e que deveria predominar
nas populações dos seus respetivos territórios.
As únicas fontes de informação provinham das notícias que eles permitiam
que circular. Com a Revolução Inglesa, Norte-Americana(1776) e Francesa (1789) que guilhotinou a sua
realeza, os jornais assumiram este papel. Com este poder era natural o confronto
entre concepções antagônicas do Evidente quanda a plebe se julgava rei
bispo ou autoridade, os conflitos entre estes novos soberanos eram rotina e os
novos formadores de opinião.
A era industrial estava tomando conta do planeta após as revoluções
inglesa (1642-1645),
americana (1776) e francesa (1789) e das quais as máquinas eram um índice e uma
motivação material. A mente, a vontade e a inteligência receberam recursos
físicos e técnicos para se expressarem e se colocarem de uma forma inédita no mundo.
A criação dos jornais, a sua impressão e a circulação dependiam cada vez mais das
máquinas que acompanhavam e davam corpo físico a este despontar de uma nova
era.
Os problemas, as dúvidas e os conflitos era muitos e apenas estavam
começando como é possível verificar no texto a seguir:
CORREIO BRAZILIENSE
DE JANEIRO, 1815.VOL.
XIV. Nº. 80. pp 136-140 -
CORRESPONDENCIA.
Carta ao
Redactor sobre o Investigador.
Parabens
e mais parabéns, Senhor Redactor! que ja o seo Jornal faz moça na consciência
do Paralvilho ! ao ponto de
estar fazendo há 3 mezes, rabiscas, e convocar hum congresso da boa gente! para
se publicarem no se o Moniteur de
Janeiro! Sem me approveitar da fama, que aqui he constante sobre o autor da
grande, e informe Tirada! e quem estiver, como eu, accostumado á ver os seos
chefes d'obra! e quem tiver recebido cartas suas, nas quaes em 10, 8 tem
postscriptum quasi sempre maior que a carta! sabe imediatamente quem he o
deplomatico autor de tam sabia Lenda.
ALBERT SAMUEL ANKER 1831-1910 - ESCRITURÁRIO 1899
Fig. 02 - A indústria gráfica foi a grande
beneficiada com a alfabetização gradativas de suas populações. Populações
convidadas ao exercício do seu LIVRE ARBÌTRIO passava a ser produtor,
distribuidor e consumidor destes texto impressos e economicamente mais
acessíveis na medida de sua produção em escala. A indústria da produção de
máquinas impressoras foi uma fonte de renda da Inglaterra.
Sem duvida depois da introducçaõ da imprensa na Europa
se naõ podem lizongear os sábios de ter servido essa de instrumento á chefe»
d'obra, e de deplomacia, como lhe tem succedido desde 1809. Os mais celebres na
historia da literatura roividica saõ,
os artigos mandados inserir no Correio
de Londres de 15, 19, e '22 de
Dezembro, de 1809, muito principalmente n'este ultimo e agora no seo Jornal Scientifico ! A grande falia Bacanal, que elle fez a 18 de
Dezembro do dito anno era uma taverna de 5. James-street, de que nem ainda, depois de passados os fumos
embriagantes se arrepeudeo, a mandou pelo Mineralogista do Strand, com o nome entam Ae Morgan, ao Redactor do Correio de Londres para se inserir a todo o custo no dito Jornal: a qual
eu vi escrita pelo M____er, emmendada e borrada pelo patram, n'esta tinha V.
M.ce, a desgraça de ser elogiado por
aquelle mesmo que agora o descompoe! Isto porque o seduetor das Mulheres Cazadas! assim como dos
Jornalistas, andava entam por intervenção do seo Mercúrio ! seo actual agente em Vienna ; cuidando
em o seduzir para que naõ fallasse mais nas propriedades Portuguezas e mudasse para Partidos Francezes no Rio! para Cortes! para inveclivas contra Antônio d' Aranjo, &c. &c.
Graças, e graças ao Senhor Redactor, que já naõ merece elogios fúnebres de tal
alma! mas sim notas deplomaticos, com a declaração de que continuar- se haõ !
Se os Portuguezes naõ estivessem por dura experiência bem inteirados da
capacidade, e dos serviços de tal deplomatico bastava-lhe conhecer as suas
producçoens n'este gênero para ajuizarem para o resto. Basta de preâmbulo,
vanaos á nota deplomatica do Investigador
O CLUBE dos PENSASORES Der-Denkerclub em_1819
Fig. 03 - A conquista da liberdade de associação
formação de grupos de interesse, de
partidos e ideologias necessitava da imprensa para fazer circular as suas
ideias e conseguir a adesão de prosélitos para reforçar numericamente partidos,
correntes filosóficas. O LIVRE ARBÌTRIO passou a ser exercício coletivo. O PODER ORIGINÀRIO de uma nação
tinha na imprensa um instrumento deste exercício coletivo da voz negado e
controlado em outros foros do poder monocrático e central. Grupos de interesses
econômicos entendeu logo o poder deste instrumento e fundaram jornais com amplo
lastro monetário dos seus controladores.
Principia
o Appendice, pag. 506, com um N. B. Primeiro Sinnete do autor, e principal
Redactor do Investigador ! Depois, a Carla aos Investigadores contem 4 linhas,
e o postscrijitum 48 ! Serunda,
e principal característica do Protector.
V. M.ce.
certamente naõ preciza clientes; sei que tem pólvora e baila de subejo; e oxalá
se quizesse servir da fabrica dos fogueteiros d' arroios e South Audley! pois sei que n' outro
tempo se lhe mandou bastante provimento pelo Poeta Forumfias—Farofias, &c.
&c. com que tanto quis incendiar a naçaõ, que elle agora chama Triste', e com que tam precário quiz
fazer o Governo, e o Throno Portuguez ! eu me explico .- V. M.ce. tem em seo
poder, se naõ queimasse, obras, e artigos encomendados, e remetidos pelo dito
Autor para se publicarem no seo Jornal! E para se fazer justiça ao Correio
Braziliense teve principio, e data d'esse tempo o nome, que alguns lhe deraõ de
incendiario, e revolucionário; quando era soprado e bafejado pelo deplomatico,
hoje Redactor de um Moniteur. No
entanto sem idea de coadjutor, nem mesmo sem me querer meter nos dnellos dos
outros desejo, e até ambiciono pôr me a campo, e dizer alguma coiza ao
impostor, que ha muito se desmascarou, e agora, mais que nunca, com o cavaco
que quis dar, pensando meter uma lança era África ! quando aliás naõ fez, que
marrar em si mesmo, segundo as suas próprias expressoens ou zurrar ; e pela sua
lingoagem se deo a a conhecer!
George Caleb BINGHAM -_The_County_Election
Fig. 04 - A Inglaterra já possuia uma monarquia constitucional desde
a Revolução de Cromwell. Este pacto nacional britânico exigia a atenção, esclarecimento
e manifestação da voz e da vez do seu PODER ORIGINÀRIO. Esta Revolução
Puritana Britânica (1642-1645) não
ficava fixa num momento do passado mitificado pelo governo de plantão. Ao
contrário: esta revolução era trazida para o presente, discutida e VOTADA em todas as comunidades. O papel do
jornal era indispensável neste processo de atualização da inteligência, das
vontades e sensibilidades populares. A imagem acima evidência os leitores dos
jornais. Ao mesmo mostra a ausência da figura e da voz feminina e que conquistara arduamente o seu lugar, na
Inglaterra, apenas no início do século
XX pelas sufragistas britânicas
He
gallante o tom, como começa á elogiar o seo próprio Jornal ! e he gallante,
ainda que requer muito pouca vergonha para dizer o Seductor de todos os Sexos ! ' e estados ! Que resistam (os seus opperarios) inabaláveis á
qualquer seducçaõ ! &c. &c.
He
impossível ser se mais Impostor: ainda
que com menos felicidade, e successo ; he um mau Impostor, porque tudo que elle
aqui quer impurrar a V. M.ce., ou a outros; he privativo d'elle. Quem he que
sopprou o fogo das intrigas domesticas? Quem he que se quis servir dos prelos
estrangeiros para calumnias; e perturbar a sua pátria? se naõ elle ! como ja
disse; e como V. M.ce. melhor que ninguem sabe. E tem o descaramento de dar o
titulo de triste á nossa pátria! Quem he que lhe tem dado motivos de luto e
tristeza? Se naõ o Imposto r! e
Degradador Deplomatico '. Elle bem sabe de que he credor á Naçaõ ! eo que elle
se empenhara em lhe pagar os seos serviços fúnebres por isso naõ quer sahir
d'aqui, nem a pao.
Dom Joao VI_-_retrato_no Palacio_Real_d'Ajuda.
DETALHE
Fig. 05 - O grande mérito de Dom João VI foi conduzir
o sistema monárquico lusitano para o
âmbito de uma monarquia constitucional. Condução sem grito, alarde ou derramamento
de sangue como aconteceu na Inglaterra (1649) e na França (1793) . Porém o
pacto nacional português estava muito distante da atenção, do esclarecimento
e da manifestação da voz e da vez do seu PODER ORIGINÀRIO. Este silêncio e
discrição permitiam tacitamente a escrita, a impressão na Inglaterra e a
circulação no reino lusitano do jornal
CORREIO BRAZILIENSE de Hipólito José da Costa.
No
segundo parágrafo, chama lhe no estilo das creanças pseudo Braziliense; isto porque ouvio fallar o Orangotau em pseudo e por que tem V. M.ce.
chamado pseudo ao Jornal de que elle he o primeiro agente. Isto he, que he
macaquisse ; ou para melhor dizer, monisse vista a idade, e figurai Chama lhe
libelista ! aquelle mesmo, que o quiz seduzir para fazer libellos, e calumnias
ao governo de S. A. R. e que espalhou
aqui ; que tudo era Traidor em Portugal quando ele e a sua família tem
sido os mãos por essência !
A$ expressoens
de enxafurdar-se, e outras
similhantes da ribeira nova, ainda que dizem bem no cujo por essência: houve
aqui empréstimo da parle do que lhe cura as mazellas, e lhe limpa os Cáusticos,
pois todos sabem a lingoagem deste operário de S. Jozé que por isso que exportado innocentemente de Portugal achou graça, o accolhimento uo que se
oppóem a tudo que he feito pelo governo de Lisboa, e do Brazil, e que acolhe
sempre com os braços abertos os que tem affinidade com elle. A linha 17 do
segundo parágrafo mostra o que sabe Portuguez, e a rellé, que assistio a esta
grande obra ! pois interpretam naõ
he erro de imprensa, nem do compositor; he sim cscolla da Ribeira ! o mesmo
digo da reposta na linha 3ª:
Vem outra macaquisse no dito parágrafo; e he : se bem me lembro em um dos seos
números disse V. M.ce., que o Irmam fora reprovado na Universidade de Coimbra :
e elle agora orangotang tias a
Universidade de Coimbra, e auctoridade dos seos condiscipulos, que naõ sei
aonde os foi buscar ; pois a gente que tem a honra de viver com ele nunca foraõ
condiscipulos de V. M.ce., nem mesmo viraõ a universidade por fora !
Gabriel von MAX- 1840-1915
- Macacos críticos 1889- óleo 84 x 106.5 cm
Fig. 06 - Antes de Darwin e a sua obra
científica as comparações maliciosas
entre os orangotangos e as criaturas humanas alimentavam intrigas a partir de
índices pontuais e sem fundamento ou propósito cientifico. Esta comparação
acintosa e por qualquer motivo era arma na mão de uma mentalidade acintosa de
uma imprensa que buscava visibilidade, circulação e dinheiro. De fato
buscava poder e autoridade para
deliberar e decidir por meio de uma opinião pública distorcida por ela e
facciosa nos seus interesses.
E para
que conheça o atrevimento do erangolang
chama-lhe ignorante em sciencias exactas ! e uza dos termos impressoens na mente ! quando devia saber, que nas
sciencias exactas que elle profana disse impressoens no cérebro, e sensassoens
na mente: porem isto he grego para o orangotang
acabando a pagina que, os taes
condiscípulos armados, "
duvidam se chega até as quatro
operaçoens, ou se contenta de
somar os lucros, que lhe resultam das exportulas, que lhe mandão os medrozos de
Portugal, e Brazil.- para que
se calle, e se contente com designallns
em massa debaixo do nome de godoyanos, nome, que ele tam estupidumente inventou, c applicou."
Ainda que o nosso heroe naõ faz uma exacta idea da extensão da
significação de Godoyano, visto que he tam miserável, que suppoe haja quem
dezejê, ao menos em massa, ser comutado em godoyano! assim-mesrno elle dôe se,
porque repete a lenda de godoyano muitas vezes, e já a pag 510, em que depois
de mencionai* tudo que lhe he applicavel, acaba em decifrar a seo modo, ainda
que sem ja se lembrar do que disse na pag. 508—quer dizer um valido, que
absorva toda a sua autoridade para abuzar d'ella escandalosamente como fez
Godoy a Carlos IV., ora quere-o mais asno? diz na pag. 508, que os medrozos de
Portugal, e Brazil lhe mandaõ esportulas para que se contente somente em
designalos em massa debaixo do nome de Godoyanos!
bagatella! Ele há muito tempo que pensa assim ! e naõ está persuadido
que o peor que elle tenha feito seja o ter absorvido toda a auctoridade do
Soberano! Éter abusado d'ella escandalozamente ! mizerias ! mizerias! Vamos
adiante, e contentemonos com a definiçaõ, que em tudo lhe he applicavel, menos
no ser valido : nem o podia ser, vislã a sagacidade, que admitte em S. A. R. !
Ter sido confundido com os premiados, e com os merecedores de o serem ;
agradeça-o ás intrigas!
Joseph WRIGHT of DERBY
(1734-1797) - Aula de Newton
Fig. 07 - A Inglaterra pagou caro entregar a
Ciências, as Comunicações e o Voto ao Poder Originário. Este preço foi pago individualmente por Charles Darwin com os
atrozes e constrangimentos que passou na sua pátria cujo governo não se
envolveu na intrega Em compensação surgiram
cientistas políticos, econômicos e
acadêmicos da grandeza e perspicácia de Isaac Newton. Estes intelectuais afirmaram-se
sem uma crença mítica no ESTADO NACIONAL. De outra parte também nõ o
naturalizaram sabendo que era uma construção artificial humana
Assim mesmo a naçaõ sabe distinguir os
titulos, e honras dadas por merecimento, das que se daõ por serviços á outrem !
Alem de que Valimento, e auctoridade saõ couzas muito differentes; um vassallo
pode ser valido, sem ter auctoridade. O Godoy comprometeo, e sacrificou a sua
pátria, a Europa, e a America, naõ como valido, mas como ministro, a quem tinha
dado Carlos IV. toda a auctoridade. E n'este sentido he o autor do artigo ainda
superior na maldade a Godoy, poisque sem lhe ter o soberano confiado a suma
auctoridade, elle a usurpou para comprometer c degradar o mesmo Soberano, e a
naçaõ ! Portanto em quanto a mim naõ deve ser classificado nos godoyanos, mas
sim denominado Napoleaõ 2°. e saõ Godoyanos os que ao pé do Soberano
desculpara, e engrandecem Napoleaõ 2 ' . ; Como fazia Godoy junto a Carlos IV.
a respeito de Napoleaõ Iº. He peor que Godoy, e da raça d' Ajacio ! Porque
aquelle tratante a pezar de tudo que fez para comprometer o Soberano, e a naçaõ
nunca lhe veio a cabeça, como á Napoleaõ 2º ' . cometter atentados contra o seo
Soberano, e avançar contra elle o que até he indecente, e horroroso repetir; e
se naõ se lembrar do que disse; já que tem a fraqueza, e o arrojo de fallar em
Lord Ellenborough, queira mecher na porquidade parto iramundo de taes
entranhas, que talvez se suffoque com o cheiro, ainda que congenial ! E talvez
se faça de todo publico, o autor de todas as calamidades Portuguezas o
hjpocrita, e desaforado Impostor, que ainda em cima se regozija de dar o
epiteto de triste a sua pátria !
Fig. 08 - Imagem
do ministro espanhol Manuel de Godoy y
Alvarez de Faria Rios Sanches Zarzosa (1767-1851) ou simplesmente GODOY para o
redator do Correio Braziliense. Confiado na espada e no compasso do
conquistador francês visava o poder, a fama e glória em nome da RAZÃO que os
franceses de Napoleão 1º se diziam representar e serem portadores. Não contava
com o sono, os cochilos e as longas “sestas” a que esta mesma RAZÂO se entregava. Como Goya ele também teve o seu
fim solo francês
Para
acabar com o primeiro ponto, reservando para outra occaziam o resto lhe direi,
que a prova de que o exportado de Lisboa taõ bem deu sua penada, (ao momento
que limpava os cáusticos de trás das orelhas do orangotang,) n'este chefe d'
obra. saõ naõ so asexpressoens limadas de enxafurdrar e Caraquenha, mas mesmo a pag. 519, se descobre
sobre o V. M.ce. naõ dar Iugar no seu Jornal a elogios do Patram ; pois sem V.
Mce. mo dizer sei, que elle andou fazendo de Mercúrio, com papeladas, tendo o
descaramento de se arrojar a pedir lhe as publicasse no Correio Braziliense;
isto he, a respeito ainda de se abrirem as Cartas dos Portuguezes aqui ; e he
precizo muito descaramento ; e ter ou
á melhor, ou a mais mesquinha idea de V. M.ce. ! fazerem o mais conforme ao
espirito do Evangelho para voltar a face para outra boflétada ! ou fazerem o
mais estúpido para publicar contradiçoens ao que V. M.ce. tinha provado; eo
mais he em abono de um seo inimigo declarado ! Se o autor do tratado quizer que
se lhe prove como em sua caza se abrem Cartas, e se ficaõ com ellas ! em vindo
o seo expresso do Brazil se lhe fará ver diante de Lord Ellenborough como elle
teve a ouzadia de o fazer conhecidamentc em L812 ! e como pela conducta dos
escriturarios deve responder opatram !
Fig. 09 - Nesta imagem fica evidente a pobreza do
cenário da corte lusitana refugiada no Rio de Janeiro. Dom João VI estava muito
longe do conforto e do esplendor do Palácio da Ajuda e, mais distante ainda, dos palácios dos demais reis e
príncipes europeus e os recursos, educação e requintes de súditos profissionais
dispensavam aos seus soberanos. Cercado de um povo
espantado com a presença de alguém que estava no topo da administração,
mitificado pelos áulicos e pela Igreja. Áulicos que jamais imaginava servir ao
seu soberano nestas condições e parcos recursos intelectuais, técnicos e
logísticos. Recursos logísticos, técnicos e intelectuais que podem ser medido
pelos jornais que ali eram produzidos, circulavam e eram lidos.
Acabo em
lhe dizer que aqui tem feito muita bulha nos caixeiros que naõ intendem Latim,
e que por isso ficaõ atordoados quando se lhe arruma algum texto venha, ou naõ
a propozito, e lhe chamaã logo um Salomão, pela regra d' dmirar o que se ignora
ao ponto de dizerem agora alguns que elle naõ he nada tollo, pois que maneja
latim! eu so admiro a ouzadia com que elle tradus a seo modo! ate nisto he
Napoleaõ pois que uzurpa com a maior ouzadia o sentido que os pobres auctores
deraõ aos seos discursos.
Perdoe, e
desculpe tudo que achar d' estilo áspero, porem que he para ser conforme ao tratado deplomatico.
Sou seo .
. . .
Joseph WRIGHT of DERBY
1734-1797 - O vácuo
Fig. 10- A
dramática imagem da pomba sendo sufocada pela falta de ar na campànulo de vácuo
pode ser vista como uma metáfora da falta de ar e de liberdade de imprensa A
Ciência estava busdcando metáfoura na cultura popular e se defundindo e
tentando explicar o mundo real e aquele
que a era industrial estava construindo com a ajuda das máquinas. Cabia aos
jornais, como o Correio Brasilense um setor com a divulgação destas
experiências e livros publicados sobre o tema
O texto mostra algumas páginas um jornal do início da era
industrial. O editor e proprietário do
Correio Braziliense adotou uma atitude
sem concessões ao contraditório e defende de forma intransigente os seus
pontos de vista. Pontos de vista que ele edita, transcreve e aprova por intermédio
de um leitor, real ou fictício, pois omite o nome do correspondente.
Nos dois séculos entre 1815 e 2015 aos poucos e depois de muitos
percalços fica cada vez mais evidente que qualquer condicionamento, limite e
norma terá eficácia e será respeitada na medida da interação de está envolvido
profissional e eticamente no processo da comunicação na direção bem Arendt (1983()
entende o termo processo. Como a ética médica, jurídica ou estética os que
dedicam a sua existência aos seis campos de forças necessitam ser ouvidos, seus
juízos ponderados e acatados no âmbito de suas competências. Certamente as
excomunhões reciprocas e a produção para os concorrentes nas concepções de
Bourdieu ( 1983 e 1992ª) ) mostra quem entende um ao
outro.
Jean_Baptiste_Debret_-_Botica,_1823
Fig. 11 - Os
resultados da aliança entre a ciência e a indústria chegaram até a população no
início da era industrialsob a forma de remédios. Inicialmente artesanais e
embalados em vistoso vasilhame como os da figura de Debret. Na 2ª era
industrial entram em cena as máquinas para em produção e distribuição em escala.
A imprensa e o jornal conseguiam uma simbioso por meio da divulgação dos
remédios e os seus efeitos aguardados deles. Evidente que qualquer publicidade
enganosa era imediatamente percebida não só pela medicina como também pela população.consumidora destes produtos.
Os critérios econômicos, ideológicos ou culturais podem interagir no
sentido da complementariedade, sem os
critérios finais do jornalismo como mostra a pesquisa e livro de Marçal ( 2004)
na imprensa operária de Porto Alegre.
O massacre dos jornalistas da revista francesa Charlie Hebdo acendeu o
sinal vermelho dos cuidados para estas interferências extemporâneas. Se revela
a importância da comunicação revela o conflito aberto e aceso pela luta do
poder e controle da comunicação no mundo de janeiro de 2015.
No sentido geográfico o pensamento, redação e publicação do jornalismo,
de janeiro de 2015, está muito mais
atomizado e em migalhas se comparado a janeiro de 1815. Na
medida em que o editor e proprietário do Correio Braziliense dominava um visão
do conjunto brasileiro ele estava de posse
de um projeto de manter Portugal na linha do Commonwealth britânico.. Este
projeto naufragou com a independência e soberania brasileira. Por sua vez na
medida em que avançam os meios tecnológicos, os leitores, os jornalistas e
empresário segmentam subdividem e se dedicam cada vez mais a questões pontuais.
O “Armazém Literário Nacional” fragmentou-se em regional, estadual, municipal e
de bairro, dirigido a interesses pontuais e excludentes entre si. Se houve ganho
numérico é discutível a qualidade, a abrangência e a efetiva interação entre
leitores, jornalistas e empresário que detém a efetiva posse destes
veículos. Certo é que muito poucos tem o
alcance, profundidade e coerência de proprietário e editor do Correio
Braziliense de janeiro de 1815. A incerteza as ameaças e as efetivas demissões
de jornalistas em janeiro de 2015 certamente não estão na linha de um pacto
nacional por tempo indeterminado. Predomina o exercício da “Microfísica do
Poder” ainda na trilha de Foucault (1995)
FONTES
BIBLIOGRÀFICAS
ARENDT, Hannah
(1907-1975) Condition de l’homme
moderne. Londres: Calmann-Lévy 1983.
BARTHES,
Roland. Système de la mode. Paris: Seul, 1967. 327p.
BOURDIEU,
Pierre (1930 -2002) Economia das trocas simbólicas. São
Paulo: EDUSP- Perspectiva, 1987. 361p.
____. As regras da arte: gênese e
estrutura do campo literário. São Paulo : Companhia das Letras, 1996a.
421p.
FOUCAULT, Michel.
Microfísica do poder. Rio de Janeiro :
Graal, 1995. 295.
MARÇAL João Batista A Imprensa Operária do Rio Grande do Sul
1873-1974– Porto Alegre: do Autor – 2004, 288 p. il.
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS.
Commonwealth
DEMISSÔES em MASSA de JORNALISTAS BRASILEIROS em JANEIRO de 2015
ICONOGRAFIA – DOM JOÃO VI
Palácio da Ajuda
LISTA
do JORNAIS da REVOLUÇÂO FRANCESA 1789
UMBERTO
ECO e ROBERTO SAVIANO
MANIFESTO
a favor de um NOVO JORNALISMO
Manuel
de Godoy y Alvarez de Faria Rios Sanches Zarzosa (1767-1851)
Massacre dos jornalistas da revista Charlie Hebdo
2015 O QUE NÂO se DIZ e NÂO SE PUBLICA NOS JORNAIS
o que não se diz, do que não se discute na prática jornalística
REVOLUÇÂO PURITANA (1642-5)
VIRADEIRA
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Referências para Círio SIMON