sexta-feira, 20 de setembro de 2013

NÃO FOI no GRITO 081.

HELENISMO – MANEIRISMO  e POS-MODERNIDADE: três épocas de mudanças.

O Tempo flui sem gritos, alarmas e sem recuos. Em certas épocas e lugares este Tempo flui de forma linear, simples e uníssono para a percepção humana. Em outras épocas este Tempo é percebido como enovelado, simultâneo e numa diversidade estonteante.

Fig. 01 –  Alexandre Magno desbarata os “imortais” e se aproxima perigosamente do Imperador persa Dario III na batalha de Isso em 333 aC. Um confronto entre a mentalidade oriental dos persas e europeia representada por Alexandre filho macedônio Felipe e conquistador da Grécia.   

Os gregos conceituava o termo “época” (epoche’)[1] com um período em relação ao qual suspendiam os seus juízos e  sobre o qual ainda não tinham um veredito definitivo. Para eles próprios chegou a época na qual se misturam e se aniquilam vários processos históricos em furiosa transição. Era o Helenismo. Nele viram sumir as suas certezas construídas e cultivadas no período anterior. Perderam o vigor para cultivar e reproduzir a sua própria cultura. Derrotaram o império e a cultura persa. Mas a façanha foi realizada pelos macedônios....

Um hedonista - estátua de bronze
Fig. 02 – Na época helenística  a vida material e a natureza substituíram o ideal e a superação que haviam feito a glória do período áureo de Péricles, Sócrates e Fídias. As manifestações das artes tornaram-se descritivas  buscando o seu público .por meio do  deboche, da descrição anedótica e incapaz dos altos projetos do  período anterior. Os pragmáticos romanso aproveitaram esta porta aberta poara eles e levaram os pensadores gregos pcom escravos sofisticados.
..
 Uma época de transição carece de um projeto e uma ação coletiva que oriente para um ponto afluente unívoco,  legível e fixo. A massa humana está sem direção, se conflita e se desgasta  ao longo  desta época da História. Buscavam e não está ao seu alcance um novo ponto equilíbrio homeostático e provisório entre imensa e desconhecidas forças contrárias. Nestas épocas de mudança paira uma enorme interrogação entre os agentes e participantes. Entre as variados exclamações mais desencontradas, ruídos e mesmo entre os gritos mais altos  ninguém possui um rumo do qual esteja seguro.
A época que preparou a soberania brasileira é completamente diferente do Maneirismo e da Pós-modernidade. A preparação da independência do Brasil transcorreu impulsionada pelas  revoluções triunfantes norte-americanas e francesas. Revoluções que eram expressões coletivas sustentadas nas suas bases pela infraestrutura industrial e orientadas  para um ponto afluente unívoco,  legível e fixo. Os Estados nacionais contemporâneos formaram-se no meio de vivas expressões de uma enorme crença legível e fixada no horizonte de um progresso linear, ilimitado e eterno. Expressões que mais tarde se tornaram mais legíveis e se identificaram e reconheceram na lógica taylorista da linha de montagem industrial.  Mas tudo isto revelou-se ilusório, passageiro e cobrando altos preços de toda ordem.

Pompéia PINTURA ROMANA  - Máscara –
Fig. 03 –  A máscara da tragédia romana numa pintura de Pompéia expressa um dos polos do maniqueísmo da luta entre o Bem o Mal,  entre os polos extremos da gargalhada e do choro necessários parsa a atenção de um  público disperso a que apenas importava o pão e o circo. A fórmula é a mesma para os dias atuais. Mudaram apenas os veículos de comunicação,.

O Helenismo já era portador desta ilusão passageira e cobrando altos preços de toda ordem. Esta época pode ser colocada entre as  conquistas de Alexandre Magno e a ruina definitiva do Império Romano. Marcado por uma profunda atomização de valores materiais e imateriais, pela escravidão legal e por corrupções de toda ordem. No seu final  derivou para a mais obscura Idade Média e terreno fértil para toda  a barbárie e aniquilamento de tudo que era artificial.

TICIANO VECELLIO c.1490-1576 -Alegoria do Tempo governado pela Prudência  - c.1556 - National Galery Londres
Fig. 04 –  O Maneirismo é a época paralela à perda da crença do homem como medida de todas as coisas, cultivada pelo Renascimento italiano e da imagem medieval dos astros girando ao redor da Terra como centro do Universo.  Na imagem da Prudência, na pintura de Ticiano, existe ainda um  equilíbrio central e que será rompido com a Europa numa crise entre a Reforma e Contra Reforma e do novo e Velho Mundo e do qual emergem percepções e paradigmas contrários entre si.

O mesmo  pode ser dito do Maneirismo. Esta época cobre á a profunda crise ao Renascimento italiano desembocou  na Reforma e Contrarreforma. Época da divisão do mundo europeu num maniqueísmo  mutuamente excludente. Terreno para as cruéis dúvidas de Galileu Galilei (1564-1642), de René Descartes (1595-1650) e de Baruch Espinoza (1632-1677). Ao longo do Maneirismo forma de cobiça de toda ordem alimentaram e justificaram a devastação de culturas ancestrais não europeias. Cobiça de ouro e de poder derivaram para o 1º colonialismo moderno europeu. Época  na qual floresceu e se reproduziu o pretexto para a retomada do exercício legal da escravidão humana.

Artemisia GENTILESCHI  1593-1654 - Judith e Holofernes 1612    http://en.wikipedia.org/wiki/Artemisia_Gentileschi
Fig. 05 –  A violenta cena pintada pela artista Artemisia GENTILESCHI  mostra toda a revolta simbólica desta moça artista violentada no atelier do seu pai. Esat obra constitui uma metáfora do Maneirismo que estava dilacerando a cultura europeia, atingida por uma violenta crise interna diante de outros paradigmas sobre os quais necessitava recorrer á tipo de violência possível para dominá-los e subjugá-los pelo colonialismo desenfreado, por devastações atrozes e na busca de lucros crescentes e desmesurados.
O Maneirismo representa um confronto entre a mentalidade eurocêntrica e os outros paradigmas que eram sistematicamente desqualificados e dominados.
.
O triunfo da Razão materializou-se na lógica da 1ª era Industrial. Porém o “Sono da Razão” e os seus monstros e seus fantasmagóricos zumbis desembocou nas orgias sanguinárias da 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Estas guerras fratricidas foram alimentadas pelas armas das  suas linhas de montagem. A humanidade profundamente decepcionada procurou, para sair deste pesadelo,  uma nova lógica nas profundidades da matéria e na vida. E período da Pós-modernidade, das dúvidas, de profundas e preocupantes percepções das finitudes e preços a pagar pelos saques feitos sobre a Natureza.

Lorenzo LOTTO  1480-1556 - Andrea Odoni  O Colecionador c.1527
Fig. 06 –  O Maneirismo se expressou pela  ganância e o acúmulo de bens materiais e imateriais do comércio com obras de arte, Comércio que mergulha as suas raízes no comércio da estatuetas femininas da pré-história,  no período helenísticos com as cópias de estátuas clássicas gregas  Obras que tinham perdido a sua função inicial e queagora eram transformadas em mercadoria, cópia e acúmulo. Este acúmulo que ir´par retomar as formas das pinacotecas, gliptotecas helenísticas.

Todas as grandes esperanças foram gradativamente se deslocando para o Novo Mundo e do Extremo Oriente. Este deslocamento foi registrado nas páginas do Correio Baziliernse (1808-1822) Estes registros foram  auferidas e divulgadas através de Londres, um das metrópoles da era industrial. Os europeus reagiram a este deslocamento para uma segundo fase de um feroz e competitivo colonialismo científico e industrial. Nestas as colônias eram, ao mesmo tempo,  fornecedores e consumidores das linhas de montagem europeias. Mesmo as novas soberanias nacionais muitas vezes eram quintais de abastecimento,  depósito dos produtos e comercio das linhas de montagem dos países hegemônicos.

David TENIERS (1610-1690) – Pinacoteca do Arquiduque da Áustria -  1647 óleo 106 x 129   http://en.wikipedia.org/wiki/David_Teniers_the_Younger
Fig. 07 –  O Maneirismo europeu acumulou diversas tendências estéticas num conjunto eclético e demostrava o poder material e imaterial dos seus proprietários.  Este acúmulo e centralização do poder irá progressivamente desembocar nas figuras dos tiranos iluminados.  Estes foram índices e motivos dos confrontos com a mentalidade pragmática da era industrial e a construção dos Estados Nacionais.  Herdeiros destes acúmulos trataram de criar instituições públicas para as  quais transferiram gradativamente estes acervos.

Como o presente blog é publicado na época corrente da Pós-modernidade e com o uso dos seus meios técnicos  e não possui a visão de conjunto suficiente sobre si mesma muito menos num desfecho futuro.  Permite-se apenas que esta época corrente se espelhe em períodos semelhantes como aquelas do Helenismo e do Maneirismo. Em ambos apenas nasceu outra mentalidade e a necessidade de abandonar hábitos e mentalidades anteriores. Enquanto desmoronava o passado, que agora é considerado de ouro,  as novas incertezas  e as ameaças crescem diante de um futuro insondável.

Damien HIRST,  1965 - Bezerro de Ouro 2008 - vendido por 16.5 milhões de dólares
Fig. 08 –  A adoração do bezerro de  ouro foi inspiração deste  artista britânico expressar as dúvidas, as confusões e os valores contraditório cultivados pela pós-modernidade.  A instalação na qual ele embalsamou e mergulhou em formol um bovino recupera antigas simbologias egípcias numa paródia e ironia características de períodos confusos como o da pós-modernidade.

As INUTEIS e as CARAS FICÇOES geradas ao longo destas épocas de passagem constituem a parte mais assustadora. Em período de  um transição de um paradigma para outro, as crenças e esperanças humanas anteriores são substituídas por outras  incertezas. Esta transição costuma gerar racionalizações de toda ordem. Racionalizações que despertam ficções tão ou mais perigosas do que aquelas que a humanidade acaba de abandonar. O problema  é que estas ficções  são novas, sem contraditório ou teste de realidade. Assim nestas épocas de passagem emergem - das férteis e ativas mentes humanas - ficções que com passar do tempo se revelam não só inúteis,  mas tendenciosas e perigosas.

Marina ABRAMOVIC (1946 - 0 - o artista está presente   http://hemisphericinstitute.org/hemi/fr/e-misferica-72/levine
Fig. 09 –  A artista marina Abarmovic subverte, desafia e apresenta obras nas quais o artista, suas criações  e o público se confundem em lancinantes happenings,  instalações, figuras estáticas vivas. Propõe confrontos entre a mídia tradicional das artes visuais, a sua reprodução mecânica com a presença da Natureza viva  e palpitante mas imobilizada pelo seu projeto mental.

A passagem dos estados soberanos - da primeira era industrial para os estados em rede da era pós-industrial - revela-se tão  tendenciosa e perigosa como do Helenismo e do Maneirismo.   Além de potencializar a inutilidade e o alto preço e induzem perigosas esperanças, pois não possuem o fundamento do Poder Originário para se concretizam. Ficções como os estapafúrdios BRIC’s ou outras especulações não possuem o menor suporte e raízes num poder de origem. Possuem a sua fonte em mentes humanas cansadas e castigadas por esforços mentais febris e excitadas que geram ficções fantasmagóricas. Ficções alimentadas por agentes mergulhados no marketing e na propaganda de percepções incendiadas pelos seus oniscientes, onipotentes, universais e eternas.

Brian ROGERS  - Memória Seletiva - in  NYT em 11.01.2011   http://www.artistcommunities.org/dance-resources/casestudies-collaboration.html
Fig. 10 –  As mídias pós-modernas permitem editara em tempo real misturando a imagem construída com a Natureza gerando obras hibridas Obras desta natureza geram confrontos, destaques e esquecimentos  

Estes esforçados cidadãos são vitimas da sua ingenuidade ou cegueira decorrente dos  miseráveis contratos com a  servidão. Quando querem agradar ou servir são vítimas assíduas e preferenciais de ícones que encobrem monstruosas formas de escravidão mental, cultural e até econômica. Monstros que exigem das suas vítimas imediata perda de identidade, de personalidade e de individualidade. Estes monstros manejam com habilidade os sentimentos contraditórios entre culpa e perdão, desestabilizam as suas vítimas e lhes furtam a liberdade. No maniqueísmo entre culpa e perdão habilmente manejado pela mídia industrial das grandes personagens. “Menti, menti de novo que algo sempre irá permanecer”. A fama, a riquezas e a fortuna   cultura hegemônica ocidental  ganhou fortuna nos manuais escolares.

IMMENDORF, Jorg - 1945-2007 Chanceler Schroeder - c.2005
Fig. 11 –  As mídias tradicionais são incorporadas em novos contextos e ganham destaques inesperados .Um confronto entre a mentalidade industrial linear e fixa abre espaço para representações  múltiplas e mutantes da Pós-modernidade
Na conclusão é necessário insistir de que as rememorações e as narrativas da História possuem a plenitude de seu sentido no seu conhecimento para não repetir épocas e muito menos recair nas suas limitações e erros.

CATTELAN Maurizio  -Rotunda GUGGENHEIM  NYT 08.11.201
Fig. 12 –  A pós modernidade busca recursos espetaculares e de fácil leitura e compreensão e das quais não é possível afastar os recursos que os artista do helenismo e do maneirismo recorreiam com frequência para cahamar atenção dos seus observadores solicitadas poelos mais variodos estímulos Um confronto entre a mentalidade seletiva, refinada e linear diante de mentalidades acumuladoras, ecléticas e múltiplas

Apesar dos ruídos e dos estímulos sensoriais cumulativos da pós, modernidade, maneirismo e helenismo, a  autêntica História insiste na atenção e na percepção da inexorável passagem do Tempo que flui sem gritos, alarmas e possíveis recuos.

FONTES BIBLIOGRAFICAS:
LISBOA, João Francisco 1812-1863 Jornal de Timon – Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004, 326 p. – Edições do Senado v.28

TAYLOR CALDWELL, Janet Miriam Holland (1900-1985) - Médico de homens e de almas (53ª ed) Rio de janeiro: Record, 2013 – 699 p.  ISBN 978-85-01-1240-1


FONTES NUMERICAS DIGITAIS:
BRICS ALIMENTADOS pela projeção da CURVA do seu CONSUMO.

DETROIT INSTITUTO de ARTES

NADA CRESCE na SOMBRA das GRANDES ARVORES

POLITICO PRIMITIVO

PODER ORIGINÀRIO


SUFUCAR a CONCORRÊNCIA a QUALQUER PREÇO

Este material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação histórica deste idioma.

Comunicação por e-mail 

Face book em:

  blog : 1ª geração
ARTE

  blog : 1ª geração
FAMÍLIA SIMON

  blog :  1ª geração NÃO FOI no GRITO
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog
SUMÁRIO do 2º ANO de postagens do blog

  blog 5ª geração + site
a partir de 24.01.2013
PODER ORIGINÀRIO

Site desde 2008
 
Vídeo:

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

NÃO FOI no GRITO 080.

BRASIL e CHINA:

COINCIDÊNCIAS em 1813 e 2013.

”A comparação da China com o Brazil, naõ he descomedida, em ponto da capacidade de terreno, fertilidade do chaõ, bondade do clima, e facilidade de communicaçoens internas. Logo ; julgamos mui ajuizado imitar no Brazil a politica dos Chinezes: e o primeiro passo que lembra logo he o augmento da população; naõ uma população inútil quasi, ou adventicia; como saõ, por exemplo, os escravos Africanos, ou os negociantes estrangeiros...”
CORREIO BRAZILIENSE VOL. XI. Nº 64 set. 1813  pp. 490

Fig. 01 – Em época na qual a exaltação do EGO e das teorias políticas centradas no EU do cidadão este se percebia constrangido construir coerentemente o seu próprio mundo. As possibilidades esta construção era negada pela sua cultura de origem em acelerado processo de industrialização, urbanização e formação de gigantescos rebanhos nos quais o OUTRO e o COLETIVO eram soberanos e abafava as vozes e vez do EGO romântico. Este EGO excluído  migrava e reproduzia nas novas paragens o paradigma impossível na sua terra de origem.



O estrangeiro possui um estatuto singular. No momento em que alguém cruza a linha da fronteira da sua pátria potencializa a sua capacidade de perceber, agir e transferir para a nova terra culturas, economias e tecnologias.  Potencialidade que o próprio migrante não percebe na sua terra de origem. Ali começo a perceber a sua terra de origem. Inclusive o editor do Correio Braziliense tinha migrado para o ambiente londrino. Ao romper com sua história o seu passado, MUDA também em direção do futuro e do que ainda não é a sua história pessoal.

CRUIKSHANG Isaac 1756-1811  - Percorrendo o interior da Inglaterra 1797- VIDA RURAL INGLESA
Fig. 02 – O interior das ilhas britânicas começou a se esvaziar com a era industrial. As populações locais, entregues á pouco rentável agricultura medieval, viram desaparecer as novas gerações, transformados em proletários da era industrial. Com escassa terra própria, técnicas rudimentares e com severo clima nórdico restava-lhes o caminho das novas colônias britânicas. Vantagem britânica em implantar e manter uma população fiel aos seus hábitos num império no qual o Sol não se punha.


A pior injúria que um Estado pode fazer para si mesmo é tentar reduzir a sua população a um único TIPO. Velhas nações rejuvenescem com a recepção da diversidade de imigrantes. A triste realidade do tipo humano - uniforme e fixo - tentado pelo regime nazista na Alemanha gerou um conflito mundial no século XX. A tese contrária está rejuvenescendo a Alemanha e visível numa forte e decisiva onda de imigrantes.  Etnias e culturas, vindas de todas as partes do mundo, estão elevando, no século XXI, a população alemã para 80 milhões de habitantes.
PRAIA na CHINA -  Le Monde 13.06.2013
Fig. 03 – As teorias de Malthus estavam vinculadas às  percepções e à infraestrutura possível para a era agrícola. Para esta percepção desta praia chinesa de 2013 seria absurda e impossível

BRAZIL Reflexoens sobre as novidades deste mez. Miscellanea

CORREIO BRAZILIENSE VOL. XI. Nº 64 set. 1813  pp. 490 492
 -    
A p. 366, deste N". achará o Leytor o Convênio, feito pelos Commissarios Inglezes e Portuguezes, á cerca das estipulaçoens do tractado de commercio ; e depois algumas breves observaçoens nossas a esse respeito.

Damos sinceramente os pezames ao Soberano, e ao povo do Brazil; por uma transacçaõ desta natureza; mas em vez de consummir o tempo em lamentaçoens inúteis, sobre o que está feito, ratificado, e de novo approvado; aconselharíamos, que cuidassem no Brazil em appellar para o único recurso que lhes resta, que he o melhoramento interno de seu paiz. He verdade, que, depois de estar uma naçaõ ligada por um tal tractado de commercio, recommendar-lhe, que cuide de sua prosperidade, he o mesmo, que deitar um homem, ao mar com um pezo ao pescoço, e dizer, que se esforce a nadar para a terra; porém, se o pezo naõ for taõ grande que absolutamente o faça mergulhar logo ; he do seu dever esforçar-se por chegar à praia. Nestes termos, ainda que o tractado seja, como convém todos hoje em dia, um grande impedimento à prosperidade do Brazil, com tudo, uma vez que isto ja naõ tem remédio, deve-se olhar para os ramos de industria e prosperidade nacional, que admittirem melhoramento, e nadar com o pezo ao pescoço o melhor que puder ser.

OLIMPIADAS 2012 - Londres - a entrada da era industrial
Fig. 04 – A abertura das Olimpíadas de 2012, em Londres, foi oportunidade para os ingleses reviver par si mesmos, e para o mundo, quadros de sua História. Num destes quadros mostravam elementos visuais da passagem da era agrícola para a era industrial britânica. A  passagem desta infraestrutura certamente foi lenta,  percebida por poucos mas irreversível.  Os meios de comunicação, a necessária logística e a acumulação de pessoas, de máquinas e capital mantiveram o fluxo do poder britânico e que, no século XIX,  irá se expandir por meio de colonialismo de segunda geração sustentando pelas máquinas, comércio e tratados altamente favoráveis.

Por varias vezes temos apontado a necessidade de estabelecer um plano combinado, e continuado com perseverança, segundo o qual, melhorando ao mesmo tempo as finanças publicas, e a industria particular, se sustentem mutuamente uns aos outros, todos estes ramos de prosperidade nacional, que podem ser a gloria de um Soberano Pay da Pátria, e de ura Povo cheio de riquezas naturaes. Mas quando falíamos agora a respeito daquellas partes de um tal plano, que poderiam de algum tênue modo contrabalançar as desavantagens deste tractado, viria a ser perigoso o publicar aqui ns nossas ideas, porque o mesmo acto de as manifestar, daria occasiaõ a i-eu os rivaes cuidassem em as contraminar. Ligados, portanto, com estas poderosas consideraçoens, julgamos que nos devemos limitar a ideas mui geraes ; e com tudo taes, que sirvam de estimulo e de despertar a attençaõ dos homens, que estando á testa dos Negócios no Brazil, quizerem servir com honra, e ser de utilidade a sua Pátria.

CRUISKIANG George 1792-1878 -O NOVO CLUBE
Fig. 05 – A cultura britânica progredia por meio de rígidas normas sociais, políticas e econômicas. Ela encontrava nos seus clubes uma das expressões maiores  e consagradas. Porém o horror se instalou quando começaram a se imaginar que estes lugares, quase sagrados, poderiam ser invadidos por pessoas pouco habituadas aos seus costumes e hábitos. Em 2013 esta realidade é concreta e real com os milhares de imigrados das suas ex-colônias. Na prática existe a casta dos britânicos e dos outros.



Pensar de commercio marítimo, depois de similhante tractado, he tempo perdido : d'onde concluímos, que o único recurso vera a ser a industria interna. A China naõ tem commercio externo, e com tudo he um prospero, rico, e respeitável paiz. A comparação da China com o Brazil, naõ he descomedida, em ponto da capacidade de terreno, fertilidade do chaõ, bondade do clima, c facilidade de communicaçoens internas. Logo ; julgamos mui ajuizado imitar no Brazil a politica dos Chinezes: e o primeiro passo que lembra logo he o augmento da população; naõ uma população inútil quasi, ou adventicia; como saõ, por exemplo, os escravos Africanos, ou os negociantes estrangeiros, que temporariamente residem nos portos de mar, para seus fins commerciaes; mas sim uma população composta de colônias Europeas, das naçoens mais bem entendidas na agricultura, nas artes, e nas sciencias; que assentando o seu domicilio no paiz, e enlaçando-se com as familias nacionaes, venham elles, e seus descendentes a ser cidadãos úteis.

CRUIKDHANK George - 1792-1878 - John BULL VISÃO CLARA  da ESCRAVIDÃO 1826
Fig. 06 – Os atravessadores, mediadores e tuteladores da opinião pública britânica e mundial a respeito da ESCRAVIDÂO AFRICANA manipulavam e apresentavam informações forjadas em esquemas prévios e que eram apresentados, por teóricos,  políticos, empresas e jornais como autênticos dados objetivos colhidos in loco.   O público não tinha meios de conferir a verdade com os próprios sentidos era refém desta FABRICAÇÂO da VERDADE

IMAGEM MANIPULADA, em 2013,  para OUTROS FINS



Contra este augmento de população, produzido por colônias estrangeiras, só se podem alegar dous inconveniente»; um he, as despezas que saõ necessárias para obter esta população no paiz | outro, a diversidade de seitas, e religioens.

Fig. 07 – As travessias oceânicas em vagarosos e perigosos navios, movidos pelos ventos, nem sempre favoráveis, demoravam meses. A chegada em terra firme era cercada de intensa expectativa e não menores perigos e de desamparo de meios técnicos e suporte logístico. Recrutados  para a produção  agrícola tiveram, não só se adaptar à uma terra onde esta atividade era estranha e sem recursos, mas também não podiam retornar para a  sua terra de origem, nem para turismo.


Quanto à primeira; quando observamos o grande numero de gente, que de vários paizes da Europa, principalmente da Alemanha e Irlanda, concorrem aos Estados Unidos, até sugeitando-se a servir como escravos, depois que lá chegam, por um certo numero de annos, quanto baste para pagar as despezas da passagem ; naõ temos a menor duvida de que se podem arranjar planos para este fim, que  sejam mui pouco dispendiosos: alem de que, a riqueza que provém do augmento de população he taõ importante, que comparados com ella os gastos da imigração, vem estes a reduzir-se a quasi nada; considerada a utilidade do Estado.

LAFAYETTE (1757-1834) visita  em 1784 a GEORGE WASHINGTON (1732-1799)  e a sua família
Fig. 08 – Em 1784, logo após  a proclamação da Independência norte-americana, e antes da Revolução Francesa de 1789, o francês Lafaytte realizou uma visita a George Washington. O grande e consequente projeto dos imigrantes ingleses reproduziu nas novas paragens o paradigma impossível na sua terra de origem. Gozando de uma autonomia social, política e econômica rapidamente superaram a  sua terra de origem Em 1813 estavam travando e sustentando uma guerra anglo norte-americana e que fez com que os ianques mantivessem uma relação com a França e impensável para os ingleses em franca guerra também com as tropas napoleônicas..

Quanto á segunda; nenhuma pessoa, por mais escrupulosa, que seja, no Brazil, pensará que he mais peccado ser Luterano, Calvinista, &c. no Brazil, do que o he sêllo na Alemanha, Hollanda, &c.;

logo naõ pôde peputar-se mal algum, que aquellas pessoas, que seguem as suas seitas nas suas terras originaes, as vaõ taõbem seguir ao Brazil. Poderá talvez alegar-se que o que ha nisto de máo he o perigo do contagio 5 porém, como a experiência de todas as idades tem mostrado, que os povos recebem, antes do que dem a religião  ao paiz para onde se mudam ; a probabilidade está, que os protestantes, que se mudarem da Europa para o Brazil, se faraõ catholicos mais depressa, do que nenhum catholico dela se fará protestante; d'onde, considerando a probabilidade da conversão destes estrangeiros de varias seitas, taõ longe está de ser um mal, que he um grande beneficio que se faz á religião, pela grande oportunidade que a todos se offerece de se converterem; o que sem duvida accontencerá, se naõ se usarem de meios coactivos, nem directos nem indirectos, mas somente da persuasão, e bom tractamento.

WEINGÄRTNER Pedro 1853-1929 - Barra do Ribeiro - 1914 óleo 37.2 x 64.4 cm- Tarasantchi p.100
Fig. 09  A agricultura esta quase ausente no imensos espaço brasileiros. A ocupação territorial era realizada pelo avanço das manadas de gado e pata dos boisabriam precários caminhos logo engolidos pela natureza. O imigrante europeu, depois asiático, teve generosos espaços e oportunidades para praticar uma lavoura cada vez mais intensiva e em lugares densamente florestados e que eram desprezados pelos primitivos pecuaristas, Além disto, introduziram a monetarização corrente em vez do escambo de favores e produtos.

Entre as medidas accidentaes nos melhoramentos do Brazil, contamos a introducçaõ das machinas úteis á agricultura e ás artes. A Inglaterra somente, poderia fornecer, neste gênero, emprego para um agente da Corte do Brazil, que fosse encarregado deste ramo.

He prohibida em Inglaterra a exportação de certas machinas, mas naõ de todas; e o agente empregado neste serviço deveria usar de sua discrição. Quando se compara o systema de agricultura do Brazil, com o da Inglaterra, fica taõ patente o ponto de civilização de ambas as naçoens, que o contraste salta aos olhos: e conhecendo os meios porque a Inglaterra se tem melhorado ; naõ ha motivo para que  Portugal naõ siga o mesmo, no Brazil; principalmente agora, que tendo-se lançado os fundamentos á ruina do commercio externo, por meio deste tractado ; he de indispensável necessidade o fazer valer os recursos internos ; os quaes se devem deduzir do aumento de população, do melhoramento da agricultura, da introducçaõ das artes: tudo isto fomentado pelas bem reguladas finanças do Estado.



Tractados com Inglaterra.

Nós desejamos, que a Corte o Brazil, reflectindo, com madureza, no tractado Roevidico, se acabasse de persuadir de quam ruinosos saõ os tractados feitos por pessoas inhabeis. A tomada de algums navios Portuguezes, que andavam no commercio da escravatura, deo lugar a que se fizessem em Londres reclamaçoens a este respeito; e ouvimos, que por occasiaõ disto se emtablou uma negociação, para Portugal ceder á Inglaterra Bissáo e Cacheo - abolindo-se, em compensação disto, a divida do ultimo empréstimo.

Flavio SCHOLLES – Trabalhadoras rurais
Fig. 10 – As atividades agrícolas recaiam especialmente sobre as mulheres em épocas de guerras. A intensa migração para o meio urbano continua ativa tanto no Brasil como na China de 2013. No Brasil cercou praticamente todas as cidades de favelas e de  sub habitações. Em compensação os campos foram entregues aos agro-negócios e produção de comodites que se estão informatizando com a revolução do domínio do código genético e as correções intensivas dos solos.


Em nome do bom senso; basta de tractados; basta o que tem feito os Negociadores Portuguezes. Se os navios fôram tomados indevidamente, em conseqüência de entrarem em um negocio de escravatura, que lhes éra permittido pelo tractado, naõ ha mais nada que fazer senaõ pedir aducadamente a sua restituição, naõ saõ precisos tractados, nem ha nisto que fallar em compensaçoens reciprocas.


Fig. 11 – Festejos em São Leopoldo, em 1924, um século após o intenso investimento imperial e provincial na imigração  massiva e financiada pelo erário público. Estes investimentos mostravam não só um retorno de impostos, mas um desenvolvimento sustentável muito superior aos depauperados campos de pastagens extensivas da campanha  sul-rio-grandense. Assim foi possível, em 1924 evidenciar nos festejos, realizados no lugar da chegada dos primeiros imigrantes deste projeto, uma demonstração pública deste acerto, continuidade e reprodução. Entre tantas identidades que buscam preservar este legado está:

Se o tractado naõ justificava aquellas negociaçoens, perca-se muito embora o seu valor, naõ se sacrifiquem de mais a mais os territórios da Naçaõ. Portugal tem com que possa pagar as suas dividas; naõ he preciso vender os seus dominios. Se se fazem novos tractados, manejados pelos mesmos Negociadores, de certo haverá novos motivos de desgosto entre as duas Naçoens.


Fig. 12 – Em 2013 a CHINA possui uma população semelhante a que todo o planeta Terra possui em 1813. Certamente o grande telhado da ‘cabana primitiva’  da Cidade Proibida de Pequim é uma metáfora do abrigo e da solução das necessidades básicas humanas a serem satisfeitas coletivamente e não para certas classes estado nacionais ou ideologias  como a  teoria de Malthus presas às  percepções e à infraestrutura a de um passado impossível para a era agrícola ou simples seleção das espécies comandada pela NATUREZA.


O Brasil estava se distinguindo, em setembro de 1813, da sombra política colonialista lusitana obtusa e dos contratos atrapalhados que esta lhe impunha. Esta distinção foi reforçada pelo investimento na entrada de consideráveis contingentes de imigrantes provenientes de todas as culturas, etnias e credos. Diante desta distinção não vingou mesmo o caminho de Commonwealth lusitano como era uma das esperanças de editor do Correio Braziliense.

 De outra parte certamente não é uma acaso de que Brasil e China sejam incluídos num bloco de nações denominados de BRIC. Cada um dos seus membros segue o seu caminho de plena soberania recíproca sem constituírem nenhuma administrativa ao estilo Commonwealth ou algo que consideram superiores.

Na sua base o PODER ORIGINARIO suas fontes nas novas  energias provenientes dos imigrantes de todas as culturas, etnias e credos. Eles foram desafiados na nova terra a mudar e tornarem o diferencial das suas mentalidades de origem coerentes com o projeto de soberana de uma nação nova e sem sombras de heteronomia. Desafio que venceram por mais longa que tenha sido a noite colonial brasileira. Estes imigrantes tiveram êxito naquilo no desafio que recebem todos aqueles realizam ao cruzar a linha da fronteira da sua pátria natal. Este desafio potencializa a sua capacidade de perceber, agir e transferir para a nova terra culturas, economias e tecnologias o melhor de sua herança material e imaterial. Possuem a chance desta fortuna mesmo que esta potencialidade material e imaterial não fosse percebida na terra de origem do próprio migrante. O contraste sempre ajuda nesta percepção,  na tomada de decisões e na avaliação das ações.

FONTES BIBLIOGRAFICAS:

Thomas MALTHUS 1766-1834
POPULAÇÂO e as TEORIAS de MALTHUS
Crescimento populacional humano em bilhões de habitantes a partir de 1850 até os dias de hoje:
  • 1 a 2 bilhões de pessoas entre 1850 a 1925 - 75 anos
  • 2 a 3 bilhões de pessoas entre 1925 a 1962 - 37 anos
  • 3 a 4 bilhões de pessoas entre 1962 a 1975 - 13 anos
  • 4 a 5 bilhões de pessoas entre 1975 a 1985 - 10 anos
  • 5 a 6 bilhões de pessoas entre 1985 a 1994 - 9 anos
  • 6 a 7 bilhões de pessoas entre 1994 a 2011 - 17 anos
  • A tendência é que nas próximas décadas a população comece a diminuir.
SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid :         Alianza. 1986,  817.  2v.

FONTES NUMERICAS DIGITAIS
ALEMANHA ELEVA a sua POPULAÇÂO GRAÇAS à IMIGRAÇÂO

CORREIO BRAZILIENSE – Agosto de 1813

CUSTO BENEFICIO para o BRASIL da IMIGRAÇÂO em LARGA ESCALA


BRASIL CHINA 2013

CHINA em 1813
POPULAÇAO e ETNIAS na CHINA

RASTROS da COLONIZAÇÂO

 SCHOLLES Flávio



Este material possui uso restrito ao apoio do processo continuado de ensino-aprendizagem
Não há pretensão de lucro ou de apoio financeiro nem ao autor e nem aos seus eventuais usuários
Este material é editado e divulgado em língua nacional brasileira e respeita a formação histórica deste idioma.

Comunicação por e-mail 

Face book em:

  blog : 1ª geração
ARTE

  blog : 1ª geração
FAMÍLIA SIMON


  blog :  1ª geração NÃO FOI no GRITO
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog
SUMÁRIO do 2º ANO de postagens do blog

  blog 5ª geração + site
a partir de 24.01.2013
PODER ORIGINÀRIO

Site desde 2008
 
Vídeo: