BRASIL JUNHO de 1813 e JUNHO de 2013
CRÉDITO PÚBLICO e um ATRAVESSADOR.
CRÉDITO PÚBLICO e um ATRAVESSADOR.
“A convicção dos homens não admite coação; pelo contrário esta produz a
obstinação, e o aferro á opinião que alguém tem, ainda que o temor possa
algumas vezes obrigar o individuo a obrar contra a sua persuasão”
CORREIO BRAZILIENSE, nº 061
– Junho de 1813, p. 716.
James GILRAY 1758-1815 “Tempo muito
escorregadio” 1808
Fig. 01 – O
cavalheiro, apesar de todos os cuidados,
escorrega tentando salvar o seu barômetro que a avisa da condições adversas. Ao
seu redor a sociedade se industrializa e não dá menor importância a desastrado
que esparrama o seu dinheiro e plena calçada.
Num banco o crédito e a
confiança são essenciais. Porém na medida em a propaganda e marketing realizam
montagens desta mesma confiança e deste crédito. Quando as suas vítimas
descobrem o logro o pilantra já vai longe e em segurança nos paraísos fiscais.
Porém o mais comum é que mediadores, atravessadores corrompem os contratos sem
levantar suspeitas e agem solertes nos seus interesses no interior e sob a
proteção da instituição bancária. As fortunas particulares e as garantias
governamentais nada significam nesta montagem. Montagens e paraísos fiscais que
destroem a logica administrativa e comprometem a própria governabilidade de
grandes e pequenos estados. Evidente que o lucro fácil, a fuga dos impostos
devidos e o sigilo são atrativos para todos os lados menos para o bem estar
coletivo e de quem fato produziu este capital. Em junho de 1813 era o escravo
brasileiro que produzia este capital. Nos dias atuais ele é produzido pela
imensa mão de obra aviltada e presa em “generosos” cartões de crédito.
Georg CRUIKDANK 1792-1878 SOCIEDADE
Fig. 02 – OS
CLUBES BRITÂNICOS constituíam uma forma de organização do Poder Originário. Além do intuito social e esportivo forneciam
oportunidades e valiosos contatos para as associações financeiras e o mundo dos negócios.
CORREIO BRAZILIENSE nº 061 – Junho de 1813 pp.
714-717
COMMERCIO E ARTES.
Estabelicimento do
Banco no Rio-de-Janeiro.
XXL UTILIDADE de um banco nacional, e dos banqueiros,
particulares, he taõ conhecida nos melhoramentos que se tem introduzido no
Commercio da Europa, que naõ julgamos necessário demorar-nos em provalla. A
experiência dos bancos dc Amsterdam, de Hamburgo, da Inglaterra, dos Estados Unidos,
põem esta matéria em tal clareza, que ninguém ja duvida das vantagens que o
commercio tira destes estabelicimentos. Mas esta mesma experiência, quando naõ
fosse o mero racionio, que assim o demonstra, ensina, que os bancos sejam
nacionais sejam de particulares só podem ser úteis, so podem manter áos
individuos negociantes com soccorros pecuniários, em tanto quanto sustentam o
seu credito ; porque o principal, e mais interessante fundo de um banco,
consiste no seu credito ; ou, por outros termos, na opinião que o publico faz
da punctualidade de seus pagamentos, e cumprimento de seus ajustes.
Georg CRUIKDANK 1792-1878
Monstruosidades 1818
Fig. 03- A
era industrial dedicou-se a gerar novas necessidades. A fabricação de
tecidos, as manufaturas e enfim a moda tornou-se extravagante que a pragmática
sociedade britânica soava como ridícula. A indústria e comércio redesenhar as
modas de todos os povos. Sobre esta necessidade criaram a “ciência” do Folclore,
em 1846.
Todos clamam por uma educação
universal. Contudo numa meia cultura a propaganda e marketing são devastadores. A meia
cultura é o paraíso no qual os mediadores e atravessadores erguem suas tendas e
onde podem realizar montagens sem levantar suspeitas.
Vejamos até que ponto estas doutrinas saõ aplicáveis
ao Banco Nacional do Rio-de-Janeiro. No primeiro estabelicimento daquella útil
instituição, se deo ao Banco do Rio-de-Janeiro o seu regimento por Authoridade
Reggia: nada ha mais necessário, e conveniente ao fim de um Banco Nacional:
depois incumbio-lhe o Governo a administração das importantes rendas chamadas
contractos, dos diamantes, páo Brazil, Marfim,
& c ; o que juncto aos outros fundos, dava ao Banco um certo character de respeitabilidade
mercantil, que devia contribuir immenso para o seu credito, tanto no interior
como no estrangeiro.
A
isto se ajunctou a importante e essencial cláusula de que o Governo se naõ intrometteria
com as operaçoens do banco, nem com os objectos de sua repartição.
Georg CRUIKDANK 1792-1878 Obra de Baco 1860
Fig. 04 - O Império
Britânico atingiu o seu apogeu ao longo do reinado (1837-1901) da Rainha
Vitória (1819-1901). Fruto de acúmulo de pessoas, de máquinas e de matérias
primas, carreou para Londres, imensos capitais reproduziam-se na medida em que
eram ostentados e sob uma rígida disciplina financeira.
(clique
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A distância entre as boas
ideias a sua colocação no mundo prático. “O
demasiado bem querer e de incerto jeito já temos o mal por principiar”
escrevia o mineiro Guimarães Rosa. Assim o Banco que o Brasil iniciava após
trezentos anos de regime Colonial nascia corroído, por dentro, pelos
aproveitadores de sempre em posições privilegiadas.
Naõ
obstantes as boas ideas, com que se concebeo este plano, deram-se passos na
practica, que nós previmos aquelle mesmo tempo que seriam a ruina do credito do
Banco; e os seus effeitos tem completamente justificado a nossa infeliz predicçaõ.
O banco nomeou, como tinha direito de fazer, os seus agentes em Londres, para
lhe administrarem os contractos de sua incumbência: deram-se as ordens tanto
pelo Governo como pelo Banco, para pôr em execução esta nomeação; porém o
Embaixador Portuguez era Londres naõ quiz estar por isso, nomeou a quem lhe
pareceo para esta administração, e o privilegio concedido ao banco ficou
somente no papel.
Fig. 05 – A corrupção da moeda sempre teve os “falsos moedeiros”
para enganar a boa fé No século XX o gráfico SALOMON SMOLIANOFF, nascido na Rússia, em
1897, produziu cédulas falsas do erário germânico. Descoberta a sua habilidade foi coagido a produzir
cédulas falsas do erário britânico para os nazistas. A imitação e a impressão
eram tão perfeitas que levou a descoberta do golpe. Após a guerra refugiou-se
em Porto Alegre onde produziu alguns quadros e veio falecer em 1976.
Acustumados,
como nós estamos, a ver o modo porque os Negócios de Portugal saõ conduzidos em
Londres, achamos aquelle procedimento do Embaixador taõ natural, que naõ nos
causou a menor admiração ; mas naõ podemos deixar de nos indignar contra o modo
indecente porque elle poz em practica a sua opposiçaõ áo banco do
Rio-de-Janeiro ; e contra o desprezo que aquelle altivo ministro mostrou ás
Ordens Supremas de seu Soberano, a este respeito. Também naõ podemos deixar de
notar as funestas conseqüências daquelle procedimento no credito do Banco; porque,
se um mero individuo fora de Portugal, sem sombra de authoridade, de poder, nem
de jurisdicçaõ; de mero facto, e própria vontade, d;iva um taõ profundo golpe
aos privilégios do Banco, á face do mundo commercial*; ¿ quanto naõ deviam
recear os particulares, de que o mesmo Governo Portuguez se deliberasse algum dia a lançar maõ de parte ou de todos
os fundos que o mesmo banco possuísse ? He indifferente que o Governo o faça,
ou naõ, que o tenha feito, ou naõ ; que o premedite fazer ou naõ; basta este
temor no publico para que ninguém queira arriscar os seus haveres neste Banco.
He justo que digamos aqui a nossa opinião a este
respeito; e he que S.A. R. nunca soffrerá que se desviem os fundos do banco,
nem se alterem os principios de sua administração commercial; e assim somos de
opinião, que, vistos estes sentimentos do Príncipe, nenhum Ministro no Rio-de-Janeiro
se atreverá juncto a elle a obrar cousa que injurie o credito do Banco;
qualquer que tenha sido o procedimento de um ministro, que, por estar longe, e
por outros motivos que elle Ia sabe tractou de bagatela as ordens de seu amo, e
a importância do credito de um Banco Nacional. Mas por mais persuadidos que nos
estejamos disso, os mais naõ o estaõ; e o temor de perder o que he seu, fará
sempre que os individuos se recusem a depositar os seus fundos num Banco, em
quem naõ confiam.
LONDRES 1926 - documentário
em GASPAR COLOR multidão
Fig. 06- O
acúmulo de pessoas, máquinas e matérias primas em Londres continuou a crescer.
Com esta multidão, imensos capitais reproduziam-se na medida em que eram
ostentados e sob uma rígida disciplina financeira apropriada.
O papel da imprensa é a
circulação contínua de informações fidedigna na sua eterna vigilância e na busca da luz da verdade. O Correio Braziliense
abastecia-se em diversas fontes num ambiente onde havia vários jornais.
Inclusive aqueles que oferecia o contraditório. É isto que é possível ler no
texto a seguir:
Induzio-nos a fazer estas observaçoens, a noticia de
que o Governo do Brazil, naõ só ordenou a certas corporaçoens publicas, mas até
a alguns individuos, a que depositassem os seus fundos, e entrassem com acçoens
para o banco. Esta medida longe de fazer bem, ou remediar o mal que principiou
o Embaixador era Londres, naõ pôde deixar de o aggravar ; porque o credito do
banco depende da convicção dos individuos sobre a punctualidade dos pagamentos
do mesmo banco; óra a convicção dos homens naó admitte coacçaõ ; pelo contrario
esta produz a obstinação, e o afferro á opinião que alguem tem, ainda que o
temor possa algumas vezes obrigar o individuo a obrar contra a sua persuasão.
Conhecendo, pois, as boas intençoens de S.A. R. a
este respeito, e a grande utilidade que se pode seguir ao
commercio do Brazil, daquelle estabelecimento de um banco nacional; nos aventuramos
a recommendar, com muitas esperanças de bom êxito, a adopçaõ de um systema de medidas,
que, remediando o mal que o Embaixador fez, melhore progressivamente o credito
do Banco. Isto já se naõ pode obter de um golpe ; porque aquelle facto dos diamantes
está ainda na lembrança de todos; mas gradualmente he mui possivel melhorar as
cousas, havendo o maior cuidado em que o Governo naõ tenha outra ingerência com
os negócios do branco se naõ em ver que naõ negoceie em objectos que saõ alem
de sua competência.
Fig. 07 – Os
gastos suntuários e francamente deletérios para a economia fazia parte da
cultura do romantismo. A busca do exótico, as viagens por ambientes
curiosos e fora da rigorosa economia anglo saxã encontrava nas
ilhas gregas exemplos de desperdícios inexplicáveis. Em 1813 a Grécia estava
entrando numa ara de busca de soberania que ela iria proclamar em 1822 e
conseguir de fato em 1830, Sempre sob o patrocínio dos britânicos.
Uma economia, como todo o
processo que se quer produtivo, necessita de tempo para amadurecer. Este
amadurecimento necessita contar com um processo movido por um projeto que
inspira confiança, impessoalidade, moralidade comprovada, publicidade contratual
e eficiência nos resultados. Numa região que emergia do regime colonial estas
virtudes eram novas e estranhas.
As
mais positivas seguranças em promessa, a este respeito; e a mais inviolável
observância em as guardar, na practica ; saõ os únicos meios de obter aquelle
flm.
A
liberalidade do banco, em fazer empréstimos aos que nelle depositam seus fundos
; a determinação do Governo em mostrar por todos os modos possíveis, que as
operaçoens do banco, e os fundos nelles depositados saõ taõ independentes do
Governo, como se estivessem n'um paiz estrangeiro; dará sem duvida, depois de
alguns anos de experiência, aquella solidez ao credito do Banco Nacional do Rio-de-Janeiro,
sem a qual he impossível que subsista, nem com honra para a naçaõ, nem com
vantagem para o commercio.
Renan SANTOS in CP 04.06.2012 b
Fig. 08 – A
escravidão voluntária era a alternativa para a qual estavam pendendo as pessoas
que nasceram e que se criaram num regime colonial como o brasileiro. Havia
necessidade de libertar, educar e dar provas concretas do potencial humano no
gozo pleno de sua autonomia.
A desconfiança já pairava, em
junho de 1813, em relação aos mediadores, os atravessadores e tituladores do
Rei, do Capital nacional e do Poder Originário. Estes mesmos conseguem drenar e
inviabilizar as economias de povos, de culturas inteiras, em junho de 2013.
Estes mediadores, atravessadores e tituladores aprenderam e sofisticaram este
saber maligno. Os novos meios tecnológicos projetaram este saber maligno por
meio de uma engenharia social, política e econômica que mais discrimina do que
ajuda o Poder Originário.
Honoré DAUMIER
Fig. 09 – O
individuo romântico também podia cair na anarquia de costumes e tornar-se um
perdulário compulsivo e inconsequente.
O individuo de junho de 1813 buscava libertar-se e não mais admitia
nenhuma coação. Há duzentos atrás o individuo já estava na busca da sua liberdade
e da cidadania. Em nome destes valores não podia aceitar um contrato no qual
ele desconhecia o que ele iria perder e ganhar antes, durante e após qualquer
ação coletiva.
Este contrato parece ainda mais obscuro em junho de 2013. Agora ele está
envolvido em propaganda subliminar e marketing que o deixa ainda mais a mercê
de mediadores, os atravessadores e tituladores dos quais poucos conhecem as
credenciais.
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
BANCO do BRASIL
COBRANÇAS ABUSIVAS
dos BANCOS
¿ CHIPRE é um PAÍS EUROPEU ?
¿ POR QUE os EUROPEUS se METERAM NISTO ?
CONTO do BILHETE PREMIADO
CORREIO BRASILIENSE
- Junho de 1813 - nº 61
INCONSCIENTE FORJA
IMAGENS OBSESSIVAS
JUNTAR o BOLO de TODOS para o
PROVEITO de ALGUNS
MAPA dos PARAISOS
FISCAIS
PARA INGLES VER
PARAISOS FISCAIS
PARIS PARECE HOSTIL e
de FATO é HOSTIL
PECUNIA NON OLET
PERÍODO JOANINO no BRASIL
(1808-1821)
SALOMON SMOLIANOFF
VAN MEEGEREN (1889-1947) o
FALSIFICADOR de VERMER (1632-1675)
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1º blog :¿ QUE
É ARTE ?
2º blog : MATHIAS
SIMON
3º blog NÃO
FOI no GRITO
SUMÁRIO do 1º ANO de postagens do blog NÃO FOI no GRITO
4º blog + site a partir de 24.01.2013
PODER ORIGINÁRIO
RESUMO do
texto: PODER ORIGINÀRIO:
TEXTO: expandido
do PODER ORIGINÀRIO
Site
CURRÍCULO LATTES
Vídeo:
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