UMA PONTE LONGE DEMAIS.
“O espirito
publico e vontade nacional, aonde alguma existe, são compostos de tantos
elementos diferentes, que é extremamente difícil evitar erros mesmo mui grosseiros,
julgando deles separadamente; e mais ainda, quando se deseja exercitar neles
uma influencia direta”. Correio Braziliense dezembro de 1815 Politica, pp. 661/2
Fig. 01 – O impasse diante da ponte sobre o Rio Oiapoque não é só de ordem ECONÔMICA. Esta ponte se esforça, em
vão, unir dois PARADIGMAS ANTAGÔNICOS. A Economia BRASILEIRA ainda continua a
mercê do colonizador que, por sua vez, devia até as calças aos ingleses. Porém ele é apenas um índice de algo
mais profundo.
Dois paradigmas em confronto não tem nada a conversar um com o outro.
As interações e as trocas emperram, isto se não congelam completamente. Forçar
o diálogo significa deflagrar a guerra, a lógica dos canhões e tentativa de
abater o oponente pelas baionetas. “Baionetas com as quais é possível fazer
tudo, menos ficar sentado sobre elas” conforme o esperto conselho de Charles-Maurice de
TALLEYRAND-PÉRIGOD (1754-1838)[1] ao
corso Napoleão. Lição que o diplomata do Reino da Prússia, Johann Wilhelm Christian Carl Ferdinand, o Barão von HUMBOLDT (1767-1835)[2],
tentativa traduzir num texto diplomático. Enquanto o seu irmão Alexandre von Humboldt (1769-1859)
ainda buscava colocar no mundo da Ciência os resultados de sua viagem ao NOVO
MUNDO ente 1798-1804.
O Brasil havia conquistado, em 1809, a Guiana Francesa pelas baionetas em represália
à invasão de Portugal pelos exércitos franceses. Cessada a causa o Brasil
devolveu este território em 1816[3].
Porém em dezembro de 2015, continuou a flagrante distinção entre a
herança do sistema monocrático LUSITANO com o FRANCÊS. Este com um firme pacto
constitucional ORIGINÁRIO do seu PODER nacional, enquanto o BRASILEIRO está
remoendo e se alimentando do seu pacto PROVENIENTE da dominação colonial
escravagista e com profundo sabor medieval.
Frente a estes dois paradigmas tão distintos, não é de estranhar que em
dezembro de 2015 continua o enigma e o mistério da construção da ponte no rio
Oiapoque e o seu abandono total.
Frente a estes dois paradigmas, tão distintos, se escondem as
verdadeiras razões que impeliram o governo de Portugal proibir a entrada, no
território brasileiro, do cientista Alexandre von HUMBOLDT[4]
que percorreu as Américas. Evidente que foi antes da abertura dos portos em
1808. Enquanto isto cientistas russos, austríacos e principalmente franceses estavam
preparando MISSÕES CIENTÍFICAS destinadas varar o território brasileiro em
todos os sentidos, rumos e ritmos. MISSÕES CIENTÍFICAS impelidas pela lógica e as necessidades da ERA
INDUSTRIAL emergente.
[1] - Charles-Maurice de
TALLEYRAND-PÉRIGOD (1754-1838) https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles-Maurice_de_Talleyrand-P%C3%A9rigord
[3] BRASIL: Do OIAPOQUE ao CHUI. NÃO FOI
no GRITO nº 078 http://naofoinogrito.blogspot.com.br/2013/08/nao-foi-no-grito-078.html
Fig. 02 – O imperador NAPOLEÃO BONAPARTE jogado ao na rede de intrigas e
interesses de toda espécie. O mérito do Corso foi reunir - ao redor desta rede - os mais
disparatado paradigmas para jogá-lo no espaço imponderável enquanto cada ator
de farsa cuidou e salvou a “SUA COROA, SUA TERRA e o SEU POVO”..
Porém voltando aos fatos de dezembro de 1815 e ao complexo quadro de
recomposição de uma lógica mínima após a violenta erupção da Revolução Francesa
(1789-1793) e do tumultuado e agressivo império de Napoleão Bonaparte fazia
emergir uma lógica nova e absolutamente imprevisível para os antigos paradigmas
administrativos. As convulsões europeias serviram para fazer emergir a
nacionalidades do Novo Mundo no caminho aberto pelos Estados Unidos em 1776. Esta
mesma Europa está sendo convulsionada, em dezembro de 2015, por ondas de
imigrantes que refluem indignados e cheios de razões das suas antigas colônias
e é sacudida por sequências de atos de terror.
WEITSCH Friedrich
George ( 1755-1828) Alexandre von Humboldt (1769-1859) pintura 1808 óleo 126 x
92.5 cm
Fig. 03 – Alexander von HUMBOLDT é até os dias atuais um representante da
identidade europeia emergida das luzes da RAZÂO e do ENCICLOPEDISMO ILMINADO ao
lado do seu irmão mais velho Johann Wilhelm Christian Carl Ferdinand, o Barão
von HUMBOLDT. Colocados e agindo na raiz da CIÊNCIA
de INVESTIGAÇAO da NATUREZA os dois representam uma perfeita legitimação da
“superioridade” do VELHO MUNDO. Superioridade amplamente usada e abusada para
praticar um colonialismo científico, tecnológico e social. TECNOLOGIA que se se
sentiu autorizada, pela CIÊNCIA do seu tempo,
a devastar, acumular e transformar da linha de montagem da ERA
INDUSTRIAL e à custa da NATUREZA intocada.
A Europa que rebrotava em dezembro de 1815 no complexo quadro de
recomposição de uma lógica mínima necessitava o exercício de uma RAZÂO
inclusiva e capaz agregar os espíritos dos EGOS pulverizados pela violenta
erupção destas individualidades e sacudidos pela Revolução Francesa (1789-1793)
e do tumultuado e agressivo império de Napoleão Bonaparte. Uma destas
personalidades enciclopédicas era Alexander HUMBOLDT Testado na sua viagem, entre 1799 e 1804, pelas distâncias continentais
profundos silêncios do Novo Mundo. Estava de volta ao
burburinho europeu quando o seu
irmão e diplomata Johann Wilhelm
Christian Carl Ferdinand, o Barão von HUMBOLDT deu
forma política, econômica e social para as novas circunstâncias Certamente
era alguém qualificado para traçar um novo paradigma para um equilíbrio homeostático
característico.
BRASIL
em DEZEMBRO de 1815. CORREIO BRAZILIENSE
VOL. XV. Nº. 91. 4 Q POLÍTICA.- pp.653 - 667
Documentos
Importantes relativos á Negociação da Paz Geral em Paris.
Memória
confidencial do Baraõ de Humboldt, Ministro Plenipotenciario d'El Rey de
Prussia, sobre as Bases da presente Paz.
A.
SITUAÇÃO das Potências Alliadas, relativamente á França, ou ao Governo Francez,
he tam complicada, que se faz mui essencial definílla com grande precisão. Por
uma parte, ella tem evidentemente sido taõ differente em diversas epochas, no
decurso dos acontecimentos desde a invasão de Napoleaõ, quando elle sahio de
Elba, que naõ podemos deixar de fazer distincçoens; por outra parte, naõ temos
ainda chegado ao ponto em que a França, c o Governo Francez podem ser olhados
como termos synonimos.
Quando
as Potências publicaram a sua Declaração de 13 de Março, ainda subsistia em
França o Governo legitimo, e se achava unicamente atacado por um punhado de
homens, ou, ao menos, parecia isto ser assim; porque a verdade he, que este
punhado de homens nunca poderia ter derribado o tbrono, sem a indifferença com
que, ao menos, grande parte da naçaõ esperava, uns com satisfacçaõ, outros com
pezar e dôr, o êxito da revolução, que estava preparada. Foi entaõ que as
Potências vieram a ser verdadeiramente alliadas de Luiz XVIII. A Declaração
promette a El Rey de França, e á Naçaõ (que suppunba unida com elle) succorros,
e somente no caso, em que esses succorros fossem pedidos. Ella suppôem um
Governo independente em França, e respeita a sua authoridade. O tractado de 25
de Março foi também concebido no mesmo sentido. O artigo 18 expressa o
propósito de supportar a França contra Napoleaõ, e faz mençaõ da requisição das
forças das Potências por Luiz XVIII. porém, ao mesmo tempo, menciona também o
auxilio, que El Rey traria para o objecto do tractado, o que suficientemente
determina a applicaçaõ, que esta estipulaçaõ suppôem. Alem disto, estes
tractados evidentemente tem o character de formar uma liga Europea, para a
segurança da Europa, contra o estado de cousas em França, que a podia ameaçar.
Este éra o seu fim essencial. O primeiro artigo falia somente disto; e este
tractado he assim mui notavelmente distincto, por isso, da Declaração de 13 de
Março. S. M. Christianissima naõ accedeo a esta alliança, assignando um
tractado formal. Somente se pedio e se aceitou uma Nota de adhesaõ da parte de
seu Ministro. Ao momento da ratificação deste tractado, se tornaram as
circumstancias mui differentes. O Governo Britannico declarou positivamente a
todas as outras Potências, que accedêram a esta Declaração, que elle naõ
entrava em ajustes de continuar a guerra, com a intenção de impor um Governo á
França. As desgraças, que tam gloriosamente se acham agora remediadas,
expulsaram o legitimo Rey de seu reyno. O Governo de França foi officialmente
distincto, olhou-se como cousa possível, que o
Governo naõ reassumiria os seus
direitos. A alliança tomou entaõ o character de uma liga dirigida contra
França, pelos alliados, para sua própria segurança. Puzéram-se os exércitos em
movimento—Napoleaõ começou a guerra—o dia 18 a terminou, e os Alliados entraram
em Paris. Seria deslocar todas as ideas, e mudar arbitrariamente o sentido das
palavras, negar que a França éra entaõ inimiga dos Alliados, e que a parte
subjugada veio a ser sua conquista.
Fig. 04 – O fantasma e o vírus oculto de NAPOLEÂO BONAPARTE era algo real e
materializado em legiões e seguidores. Seguidores que não esqueciam o
ANTIGO REGIME MONOCRÁTICO onde eram servos de uma dinastia que se
considerava a si mesma como
“TAUMATURGA”. Assim a situação de LUIS XVIII sob a
mesa é um índice de algo mais profundo. Os comensais
estão no DILEMA de INTERVIR ou de OBSERVAR APENAS estes DOIS PARADIGMAS
FRANCESES em CONFRONTO. O texto do Barão von HUMBOLDT tentava transformar esta
CONTRADIÇÂO entre paradigmas excludentes em COMPLEMENTARIEDADE
El Rey
Luiz XVIII. naõ estava ali; elle tinha constantemente preservado todos os seus
direitos, sempre imprescriptiveis: estes direitos foram reconhecidos pelas
Potências, porém, de facto, elle naõ exercitava authoridade, nem tinha contribuído
cousa alguma para o bom successo. Os ajustes dos Alliados, para com elle, eram
o que se mostrou pelo theor e ratificação do tractado de 25 de Março, ao menos
coordinado com outras consideraçoens, e naõ lhes impunha obrigaçoens absolutas.
Por outra parte a França em vaõ quereria lançar toda a culpa a Napoleaõ. Ella
tinha (o que be a única vista practica da questão) participado cora elle de tal
maneira, que era impossivel aos Alliados separar a Naçaõ do Usurpador. Elle naõ
foi tornado a collocar sobre o throno, meramente pelas bayonetas, que o
cercavam, e inspirando terror; porém sim instituio um Governo, convocou as
Cameras, introduzio formulas, que éra impossivel introduzir, se a vontade da
maior parte do povo naõ concorresse nisso, directa ou indirectamente. Diga o
que disser o partido opposto, o que elle fez em três mezes desta usurpaçaõ naõ
foi meramente a obra da força. Nem mesmo se pôde dizer, que elle commetteo acto
algum de rigor. Elle oppoz aos Alliados naõ um punhado de homens partidistas de
sua causa, mas um exercito de quasi 200.000 homens, tirados de toda a extençaõ
da França, e este exercito pelejou com coragem e perseverança: e apenas haverá algum Francez
que duvide, que, se a batalha de 18 lhe fosse favorável, elle teria podido
obter mui pacificamente novos reforços para seu exercito, prolongado a guerra,
feito, se os alliados o soffrecem, uma paz, e reynado como reynou antes de
1813. Immediatamente depois da tomada de Paris pelos Alliados, voltou El Rey,
colocou-se sobre o throno; e as Potências Alliadas começaram a negociar com
elle, foi entaõ, que se começou a estabelecer o estado das cousas, como antes
da crisis; e comtudo, com duas immensas feiçoens de differença. 1. As Potências
Alliadas tem tido uma terrivel experiência, e tem feito grandes sacrifícios:
ellas tem visto, que o Governo Real em França naõ podia cahir pela mais
temerária e precária entrepreza; que nem á idea de sua legitimidade, nem a
convicção de sua moderação e brandura, nem a influencia, que exercitou em
França, durante quasi um anno, pôde impedir que a naçaõ se armasse, debaixo das
ordens de Napoleaõ, contra a Europa; e que sem o mui assignalado valor dos
exércitos, e sem os raros talentos dos generaes, contra quem se dirigi o primeiro encontro, facilmente teria a Europa
sido outra vez submergida em uma guerra, que houvera sido taõ longa como
desastrosa. Consequentemente ellas estaõ authorizadas, e, por amor de seus
subditos, obrigadas a usar todas as precauçoens necessárias para evitar que se
renove outro desastre simiIhante ; e as suas relaçoens com o Governo, tornado a
colocar sobre o throno, devem evidentemente ser modiâcadas por este primário, e
importantíssimo objecto de seu dever. A sua alliança foi sempre, desde o
principio, e he agora inteiramente uma liga defensiva da Europa, contra a
postura ameaçadora dos negócios em França ; e por isso deve conservar este
character, e ellas devem subordinar a este fim todas as outras consideraçoens.
Se estas reflexoens nos obrigam a pensar em garantias, os sacrifícios, que
temos feito, requerem de nos que pensemos em indemnizaçoens. 2. Ainda que El
Rey voltou, e toda a França, com poucas excepçoens, tem arvorado o signal
externo de submissão ao seu poder, comtudo he apenas possivel olhar para o Rey,
e para a França, como uma e mesma Potência. A authoridade Real naõ está ainda
firme e consolidada, e nós ficaremos postos em uma evidente contradicçaõ; se
para a fortalecer nós pouparmos á França condiçoens penosas, e enfraquecermos
com isso a superioridade dos exércitos estrangeiros, que saõ agora o seu
verdadeiro apoio.
Fig. 05 – O gigantesco investimento de Alexander HUMBOLDT na sua viagem pelo Novo
Continente entre 1799 e 1804 foi barrado na fronteira do território colonial
brasileiro. Após esta viagem o seu companheiro e cientista francês Aimé Jacques
Alexander Goujaud BONPLAND (773-1858) [1] fixou residência na região das antigas
Missões jesuíticas. Os dois aproveitaram
para estarem distantes dos momentos tormentosos políticos pós Revolução
Francesa e ascensão de Napoleão Bonaparte. Porém o seu projeto era profundamente
coerente com as novas ciências experimentais, as técnicas emergentes e as novas
economias.
Tendo a
Naçaõ tomado uma posição hostil contra as Potências Alliadas, ellas naõ podem
olhar para França como se repentinamente se tivesse tornado amiga. Como os
arranjamentos da paz de Paris teriam servido, se naõ fosse um feliz concurso de
circumstancias, e de facto serviram a Bonaparte: as Potências naõ podem deixar
de temer, na mesma proporção, que os arranjamentos, que se fizerem agora se
possam voltar só em proveito daquella parte da Naçaõ, que se oppuzer outra vez
aos Bourbons. As relaçoens dos Alliados com El Rey ficam outra vez modificadas
pela consideração de que a duração da authoridade Real, e a submissão da naçaõ,
dependem das medidas que se adoptarem. Se, depois deste esboço puramente histórico,
se perguntar o que he que os Alliados tem direito de obrar a respeito da
França, e de seu Governo; e o que seria mal que permittissem ; fica fácil o
responder, logo que a questão se exponha de maneira conveniente. Como a causa
da guerra, e o fim da alliança foi a segurança da Europa, isso deve também ser
a base da pacificação; e os Alliados tem o incontestável direito de exigir da
França, e de seu Governo, tudo quanto julgarem necessário para esta segurança,
nem EI Rey, nem a Naçaõ podem disputar este direito. A naçaõ naõ tem direito,
que possa reclamar sem El Rey; ella soffreo apparecer identificada com
Napoleaõ, e foi conquistada por elle. El Rey, pelas desgraças, que lhe
aconteceram, ficou fora da liga; elle pedio somente o auxilio dos Alliados, e
estes somente concluíram o que tinham emprehendido; he só a elles que compete
julgar do que he necessário fazer, para que naõ se exponham para o futuro aos
mesmos sacrifícios.
Fig. 06 – A viagem pelo Novo Continente
entre 1799 e 1804 teve a iniciativa de Alexander HUMBOLDT. O seu
companheiro e cientista francês BONPLAND (773-1858) se credenciara, como botânico, junto com Napoleão Bonaparte e a imperatriz
Josefina. Terminado o ciclo napoleônico fixou, em 1817, residência na região das antigas Missões
jesuíticas. HUMBOLDT continuou o seu
projeto coerente com as novas ciências experimentais, as técnicas
emergentes e as novas economias europeias e germânicas.
Pretende-se, que o direito das Potências
Alliadas naõ se extende á violação da integridade do território Francez, visto
que as Potências Alliadas, fazendo a guerra a Napoleaõ e seus adherentes, naõ
consideraram a França como paiz inimigo, e por isso naõ podem agora exercitar
nella o direito de conquista. Porém este raciocínio, que he ja defeituoso;
porque naõ considera os differentes characteres, que a Alliança das Potências
tem tomado, só tem apparencia de verdadeiro olhado por uma parte. He bem certo,
que a presente guerra naõ devera ser, nem tem sido uma guerra de conquista. As
Potências obrariam inteiramente contra os seus princípios, se ellas se
engrandecessem á custa da França, meramente para tirarem proveito de suas
desgraças. Porém, naõ obstante isto, a conquista existe de facto; e se a medida
de diminuir os limites de França for considerada como a mais conveniente para
os fins da alliança, he incontestável, que elles tem o direito de a executar.
Nem o tractado de 25 de Março, nem a Nota de adhesaõ apresentada pelos
Plenipotenciarios de França, nem as Declaraçoens de 13 de Março, e 12 de Maio,
contém alguma promessa, directa ou explicita, das Potências, de naõ tocarem na
integridade da França; elles se limitaram meramente á declaração de manter a
paz de Paris, e se examinarmos attentamente os termos do lº artigo do tractado, que he o fundamento de todas as
dcclaraçoens posteriores, se verá que contém mais um mutuo ajuste dos Alliados,
de naõ soffrer, que a paz de Paris seja alterada contra elles, do que uma
obrigação de sua parte para com a França, de naõ mudar o que diz respeito a
ella. Se o artigo tem este ultimo sentido, a restricçaõ, que se addio á
ratificação, teria mudado inteiramente a sua natureza. Porém ainda quando se
desejasse interpretallo assim, he indubitavel, que o comportamento da França,
que, em vez de fazer uso do auxilio das Potências Alliadas para se ver livre de
Napoleaõ, se armou contra ellas, lhes tem dado pleno direito de pensar somente
em sua própria segurança. Em geral, nada he taõ singular como o raciocinio de
que, como Napoleaõ foi tomado, acabou a guerra, e os Alliados naõ tem mais que
pedir da França.
Fig. 07 – O mapa francês contemporâneo mostra a GUIANA FRANCESA cujo território é
formado por 80.000 km² onde vivem
aproximadamente 200.000 habitantes.
Estes gozam todos os direitos da
cidadania europeia no meio da selva tropical.. Separados do Brasil pelo RIO OIAPOQUE, a PONTE, se inviabilizou entre dois paradigmas
políticos, econômicos e sociais. Pode-se
cogitar no DILEMA idêntico dos
CIDADÂOS em INTERVIR ou APENAS OBSERVAR
PARADIGMA FRANCO-BRASILEIROS no CONFRONTO
A guerra terminará somente, quando as
Potências Alliadas tiverem obtido as garantias e indemnizaçoens, que tem
direito de requerer: e estas Potências com justiça exigem também da França,
depois de removido Napoleaõ, pinhores de que outra tentativa os naõ forçará de
novo a pegar em armas. Se as Potências, dizendo que faziam a guerra somente
contra Bonaparte, e seus adherentes, separaram delle a naçaõ, esta, para se
aproveitar das declaraçoens em seu favor devia separar-se delle na realidade, e
naõ ficar passiva, e até mesmo pelejar pelo usurpador; devia, pelo contrario,
contribuir para se livrar delle. O memorial, que deo origem a estas reflexoens,
estabelece uma grande differença* entre uma cessaõ territorial, e a imposição
de contribuiçoens, ainda quando seja seguida pela occupaçaõ das provincias.
Porem ¿ existe tal differença, quanto ao direito ? ¿ Naõ he também sufficiente
um direito de conquista, para impor taes contribuiçoens ? ¿ Naõ he todo o
direito de conquista, segundo a solida theoria do direito das gentes, limitado
pela necessidade de garantias e indemnizaçoens ? Se ha o poder de exigir
indemnizaçoens ¿naõ haverá o direito de as fixar ou em território ou em
dinheiro? ¿ E poderá dizer-se, que a França pode fornecer legitimamente uma
contribuição considerável, como meio de conciliar a preservação de sua
integridade territorial com o que ella deve á segurança geral, ao mesmo tempo
que se mantém que os Alliados naõ tem direito de infringir aquella integridade?
¿ Como seria, entaõ, a França obrigada a fazer sacrifícios para preservar o que
ninguém tem o direito de atacar? Satisfeita a questão do direito, temos agora
de determinar, quaes saÕ as garantias, e indemnizaçoens, que se devem exigir da
França, e que medidas he próprio, que se tomem, para que naõ fiquemos expostos
a novos perigos de sua parte. Todos concordam, em que ha dous meios de obter
este fim. Um he trazer outra vez e restabelecer a tranquillidade em França ;
acabando o que se chama a revolução: o outro, he fazer, por differentes
methodos, e de um modo temporário, uma nova balança de forças entre a França e
os Estados vizinhos, para prevenir que ella ataque os seus direitos. Nada he
certamente taõ saudável, e taõ necessário, como procurar a tranquillidade da
França, neutralizar as paixoens, e unir todos os interesses para a conservação
da authoridade legitima. Porem como a solida politica prefere o que está
inteiramente em seu poder, esta empreza deve ser subordinada á outra—o
estabelicimento de uma proporção relativa de força adaptada ás circumstancias;
e nada que seja verdadeiramente essencial, neste ultimo ponto de vista, se deve
abandonar no primeiro. O espirito publico e vontade nacional, aonde alguma
existe, saõ compostos de tantos elementos differentes, que he extremamente
difficil evitar erros mesmo mui grosseiros, julgando delles separadamente; e
mais ainda, quando se deseja exercitar nelles uma influencia directa.
MONFORT, Antoine Alphonse (1802-1884)_-_Adieux_de_Napoleon_a_la_Garde_imperiale
no pátio do Castelo de Fontainbleu[1]
Fig. 08 – A fidelidade da GUARDA IMPERIAL para Napoleão Bonaparte e pelo qual
tinha expostas as suas próprias vidas e conseguira reunir 200.000 deles para a
decisiva Batalha de Waterloo era índice que os aliados deveriam considerar e
neutralizar. No paradigma oposto estava a SOCIEDADE CIVIL FRANCESA que
suportava este militarismo sem retorno e sem soldo. Qualquer intervenção
externa poderia arruinar qualquer equilíbrio homeostático que se conseguisse
pontualmente e num determinado instante.
A
influencia de Potências estrangeiras naturalmente fere o orgulho nacional, e o
mesmo direito de ingerência he muito mais duvidoso do que o direito de
providenciar inteiramente para a própria segurança* Os Alliados tem prestado ao
Governo todo o auxilio, que delles depende, para remover o seu mais cruel
inimigo, espalhar e desarmar o resto; agora elle deve-se sustentar a si mesmo;
porém he ainda muito mais duvidoso, se elle poderá preservar a sua authoridade
e independência, e ter, por algum tempo ainda, em seu poder o offerecer á
Europa uma suficiente garantia para justificar a relaxaçaõ de outras medidas de
precaução e segurança. A revolução Franceza foi a conseqüência da fraqueza do
Governo; e somente pôde ser terminada por um governo forte, porém ao mesmo
tempo justo e legitimo. Consequentemente será difficil ver o seu fim, em quanto
as Potências estrangeiras exercitarem a sua tutella sobre a França. O mais que
esta tutella pôde fazer, he prevenir os crimes, em quanto ella durar; as
tentativas para fazer o Governo agradável á naçaõ, ou para induzir o Governo a
fazer-se elle mesmo amado, nunca produzirão grande effeito. A parte da Naçaõ,
que pôde apreciar o merecimento do Governo, naõ he aquella que he susceptível
de distúrbios; e aquella parte que naõ está acustumada a permanecer quieta naõ
pôde ser refreada senaõ pela força da authoridade. O apoio do Governo na sua
verdadeira independência será assim, por longo tempo, sugéito a serias duvidas,
e o mesmo systema da presente pacificação, em que a segurança geral se deva
fazer dependente daquella, ou que requeira um juizo seguro e preciso, sobre
este objecto, será sugeito a grandes inconvenientes, e pôde ser chamado
errôneo. Porém naõ he menos verdade, que, regulando o que a sua própria
segurança requer, a preservaçaõ do Governo Real deve ser um dos primeiros
cuidados das Potências Alliadas. Por conseqüência uma nova repartição das
forças respectivas, como único methodo, que resta, para pôr a Europa em segurança
contra novos perigos; e entre os differentes methodos, que se podem adoptar, seja para
enfraquecer a França, seja para fortalecer os seus vizinhos, o mais simples, o
mais consistente, e o mais conforme ao systema geral das Potências Alliadas, se
verá que he o de procurar para os Estados, limitrophes da França, uma fronteira
segura, dando-lhes, como meio de defensa as praças fortes de que a França,
desde que as possuio, tem feito uso, corno pontos de aggressaÕ. O
engrandecimento que dahi resultaria a esses Estados seria demasiado
inconsideravel para requerer novo trabalho no estabelicimento da balança da
Europa, e naõ traria mudança essencial á decisão do Congresso de Vienna. He no
espirito deste acto, que naõ devem soffrer ataque, nem a independência dos
Paizes Baixos, nem a* da Alemanha; e esse seria o resultado de tal medida.
[1] MONFORT https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/archive/2/25/20130519035414%21Montfort_-_Adieux_de_Napoleon_a_la_Garde_imperiale.jpg
GRANADEIRIO
PORTUGUES Horácio VERNET 1811
Fig. 09 – O reino de Portugal teve o seu território europeu invadido pelas forças
a MILITARES FRANCESAS. Porém esta
invasão contou com apoios internos
importantes. De lá partiram duas divisões da GRANDE ARMADA NAPOLEÔNICA na
Invasão da Rússia em 1812. Estes se fizeram notar e o pintor Vernet, representou
um destes soldados vestidos com seu traje marrom . Porém esta adesão aos ideais
revolucionários franceses se fez sentir entre intelectuais, políticos e
especialmente entre artistas. A permanência da corte lusitana no Brasil esperava
que os paradigmas antagônicos conseguissem um pacto e um contrato nacionais.
A
Belgia adquiriria vários pontos importantes, a Alemanha se extenderia pelo lado
do Alto Rheno, o que seria muito menos prejudicial, porque os tractados
concluídos em Vienna sempre deixam uma aberta para arranjamentos entre a
Áustria e Baviera, que se naõ podem realizar, senaõ á custa de alguns dos
pequenos príncipes da Alemanha: e se facilitariam prodigiosamente com alguma
acquisiçaõ naquella parle. A Prussia ganharia bastante em ver os seus vizinhos
tam fortificados, que ella se pudesse limitar a poucos objectos, tendentes
somente ao fim de completar o seu próprio systema de defeza. Naõ he meramente
depois do tempo de Napoleaõ, ou da revolução, que a França tem feito tentativas
para invadir a Belgia; ella as renovou sempre de tempos a tempos, e as praças,
que se lhe devem tomar, tem servido de bazes ás suas operaçoens militares.
Fig. 10 – O poeta John Christoph Friedrich von SCHHILLER (1759-1805)[1]
, tento ao seu lado esquerdo dos irmãos Alexander
von HUMBOLDT e Johann Wilhelm Christian Carl Ferdinand, o Barão
von HUMBOLDT (1767-1835) em companhia de Johann Wolfgang von GOETHE[2]
em WEIMER. A imagem
deste momento de encontro é ao longo dos tormentosos dias políticos da crescente ascensão de Napoleão
Bonaparte, da divulgação da Revolução Francesa e devastação da PRIMEIRA ERA INDUSTRIAL.
A
Alemanha, de sua parte, he um Estado essencialmente pacifico; por conseqüência,
a tranquillidade da Europa deve ganhar por esta mudança de fronteira. Alem
disto as cortes de Alemanha devem achar um interesse particular, em reclamar
uma parte do que se lhes tirou injustamente. Todos os outros meios de
enfraquecer a França, que o memorial, de que se tracta, comprehende debaixo dos
nomes geraes de garantias reaes, ainda que esta palavra (que no entanto devemos
notar) naõ he propriamente contraposta á garantia moral, a qual sem duvida pôde
também ser mui real, saõ ou impossíveis ou até mesmo injustos (visto que privam
a França de todo o material de sua força militar, e destroem as suas fontes) ou
tam complicados, que o seu mesmo emprego daria oceasiaõ a novos inconvenientes.
Este defeito se pôde particularmente notar aquella medida, cuja execução o
Memorial propõem definitivamente, que, depois de ter excluído, da Europa, por
ley, a Napoleaõ Bonaparte, e á sua familia do throno da França (o que pareceria
dar demasiada importância a um homem, que se manda para Santa Helena, e a
pessoas que nunca tiveram graduação alguma senaõ por meio delle) e depois de
ter posto em estado de vigor a parte defensiva do tractado de Chaumont, as
Potências Alliadas tomassem e conservassem uma posição miiitar em França para o
dobrado fim de segurar o pagamento de uma grande contribuição, e de ver se se
consolidava o estado interior da França, e que as Potências limitrophes da
França empregassem esta contribuição em fortificar as suas fronteiras por novas
fortalezas, que deviam construir.
Fig. 11 – O ambiente da GUIANA FRANCESA busca unir as tradições europeias,
africanas e indígenas.. Porém o controle político, econômico e social está
nas mãos francesas de uma longa e ininterrupta ocupação e hegemonia colonial.
A
primeira objecçaõ, que se pode fazer contra este plano he, que, em vez de
deixar quietamente o cuidado de sua própria defensa, e o de manter a
tranquillidade daquella parte da Europa aos Estados limitrophes da França, se
as suas fronteiras fossem reforçadas pelos pontos aggressivos do reyno;
estabelece uma superintendencia prolongada das Potências Alliadas, sobre o
socego exterior e interior da França, occasiona acantonamentos e marchas de
tropas, e demora a vinda do verdadeiro estado de paz por um numero indefinito
de annos; porque ¿ como poderá a execução do termo fixo, para o pagamento da
contribuição, coincidir precisamente com o período, em que o estado interior da
França possa dispensar a tal superintendência ; e por que symptomas seguros se
pôde isso averiguar ? Porquanto, a supposiçaõ do memorial de que El Rey de
França poderá reformar a monarchia Franceza de tal maneira, que os interesses
de todas as parles se reunam em um só interesse, e que o resultado seja uma
garantia moral do fim de toda a revolução »*m França, a penas se pôde realizar,
e nós devemos, como em todos os negócios humanos, contentar-nos com o estado
que se aproxime a isto.
Fig. 12 – A população total da GUIANA
FRANCESA está em elevação numérica. Mas na sua totalidade não atinge o número
que numerosas cidades e municípios da periferia das capitais estaduais
brasileiras, como Alvorada da periferia de Porto Alegre. O temor das
autoridades francesas é catastrófico deslocamento dos refugiados do Oriente Médio e e da África
do norte para a França poderia se
repetir se a PONTE SOBRE O RIO OIAPOQUE permitisse o acesso de brasileiros para
este território ultramarino.
Requerendo
que se empregue a contribuição na construcçaõ de fortalezas, se confundem as
ideas de garantias e de indemnizaçoens, c se estabelece uma evidente
desigualdade entre os Alliados, visto que os Estados limitrophes da França saõ
somente os que carregam com este pezo. Também naÕ pode, em geral, ser um meio
de preservar paz, o oppor fortalezas; e seria mais simples dar áquellas, que
formam, por confissão do mesmo memorial, uma linha immensa, e ameaçadora,
aquelles estados, que saÕ ameaçados por ellas, e cujas disposiçoens pacificas
naõ entram em duvida, deixando antes á França o cuidado de construir novas. Eda
conservaria ainda áquellas, que ficam mais para o interior de seu reyno. A
segunda consideração he, pela mesma França e authoridade Real. A cessaõ de
fortalezas e de território he uma sorte a que todos os Estados estaõ sugeitos;
he uma ferida dolorosa; porém depressa se cura e se esquece —mas naõ ha nada
tam humilhante, especialmente para uma naçaõ ebriegada, como justamente lhe
chama o Memorial de que se tracta, com orgulho e amor próprio, do que a
prolongada presença de tropas estrangeiras dentro de suas fronteiras. Por mais
precisos, que sejam, os regulamentos, e por mais estricta que seja a sua
execução, devem sempre resultar causas de disputas, que somente deixam ao
Governo a escolha entre a condescendência, que fere o orgulho nacional, e o
perigo de se querellar com as Potências Alliadas. He também inevitável, que as
provincias occupadas soffram consideravelmente; que os habitantes fiquem
descontentes; que se façam queixas diárias, as quaes inevitavelmente se voltam
contra o Governo; a elle se imputará naÕ somente o ter comprado por este
arranjamento a sua volta para França, mas também que elle he a causa de
prolongar este estado, para fazer uso das tropas estrangeiras em seu apoio; e
assim ficará infinitamente mais impopular por esta medida, do que pela da
cessaõ, que sendo uma conseqüência imraediata da guerra pode ser imputada a
Bonaparte. A terceira objecçaõ, e talvez a mais importante de todas he, que o
remédio proposto naõ offerece verdadeira garantia; pelo contrario tem o defeito
de naõ tirar á naçaõ Franceza os principaes meios de aggressaõ, e de a irritar
e exasperar ao ultimo ponto. Em vaõ se objectará, que a França, depois de pagar
todas as contribuiçoens, naõ poderá munir-se de todos os materiaes necessários
para a guerra. A Prussia tem mostrado ao que levaria similhante arranjamento, e
a que estado, ainda quando parece privado de todos os meios.
Fig. 13 – O indígena da GUIANA FRANCESA apresenta uma economia que também é
protegida pelo bloqueio da nova ponte sobre o Rio Oiapoque. No estágio do coletador e da caça e pesca primitivas oferecem poucos
atrativos para as trocas da ERA INDUSTRIAL e nuito menos para PÓS-INDUSTRIAL
Tirar á
França todas áquellas de suas fortalezas, que ameaçam seus vizinhos, he a única
garantia solida, que se pôde obter. Sem isso, nem o Governo, nem a Europa
estariam seguros de outra explosão. Quando chegasse o momento da evacuação, que
deve por fira chegar, visto que a occupaçaõ permanente por tropas estrangeiras,
posto que o Memorial a mencione entre as garantias reaes, apenas offerece idea
practica, os Estados vizinhos naõ teriam entaõ outra alguma vantagem mais do
que as suas novas fortalezas; ao mesmo tempo que a França conservaria as suas,
e faria a guerra com toda a energia que lhe daria o orgulho nacional humilhado,
e a pobreza causada ou augmentada pelo pagamento das contribuiçoens.
BELL, Stephen – A
LIFE IN SHADOWN Aimé Bonapland
(1773-1858) in Soutern Sout Ameeica (1817-1858) Stanford-California:
Stanford University Press, 2010 315 p. ISBN 978-0-8047-5260-2
Fig. 14 – O irrequieto companheiro e cientista francês Aimé Jacues Alexnder
Goujaud BONPLAND (1773-1858) não sossegou na Europa pós-napoleônica. Em 1817 estava iniciando outra vida nas Américas
Incompreendido por um
paradigma que estava se libertando do jugo colonial europeu foi muitas vezes
apontado como uma “PERSONALIZAÇÃO das
FRUSTRAÇÕES COLETIVAS” destas novas soberanias nacionais mas profundamente
presas ainda aos hábitos, condutas e juízos coloniais europeus. Paradigmas e sistemas
antagônicos não possuem nada para conversar e interagir.
A passagem do Memorial, relativamente á
garantia, que se deve offerecer á França, no caso da occupaçaõ, naõ he taõ
clara, que se possa formar delia juizo. Porém he mui duvidoso, se a mera circunstância
de as tropas occuparem uma posição militar em França, poderia socegar os
espíritos da naçaõ, quanto á restituição do território occupado. Alem disto
seria difficil, que as Potências estrangeiras, habituadas a seguir constantemente
taõ perfeito systema de igualdade, quizessem renunciallo em ura caso taõ
importante. Conforme a estas consideraçoens uma cessaõ territorial, que
especialmente se applica ás fortalezas, e tendente só a fortalecer as
fronteiras dos Paizes Baixos, da Alemanha, e da Suissa, como garantia, e uma
contribuição como indemnizaçaõ, parece que he o que preencheria melhor as
vistas das Potências Alliadas, e o fim de sua Alliança; por quanto colocaria El
Rey em melhor posição, para reasumir com independência as rédeas do Governo;
evitaria outro sim a irritação das naçoens, que naturalmente se originaria da
prolongada presença das tropas estrangeiras, e do demasiado próximo Contacto,
com os alliados nos primeiros annos; e, se, apezar disto, acontecesse nova
guerra com a França, poria os Estados vizinhos em situação de fazer uma
resistência suficiente, sem se esgotarem com excessivos esforços. Quanto á
linha que se deve seguir agora, incontestavelmente he a que o Memorial
descreve. " Concordar sem demora nas garantias e indemnizaçoens, negociar
com o Governo Francez, e concluir um tractado entre a França e os
Alliados;" he isto matéria de grande urgência, e o único caminho, que se
pode seguir.
Fig. 15 – O abismo entre a CIÊNCIA FRANCESA e BRASILEIRA é gritante e se
aprofunda num ritmo desalentador. O Brasil - sem acesso ao ESPAÇO EXTERNO
como usuário cativo da INFORMATICA e distante da vanguarda da pesquisa de ponta
da BIO TECNOLOGIA - não possui nada para falar e reivindicar da GUIANA
FRANCESA. Assim a PONTE SOBRE O RIO OIAPOQUE é mais uma das muitas metáforas
destes paradigmas estranhos a um e ao outro.
O paradigma para um equilíbrio homeostático
característico destas novas circunstâncias traçado pelo saber e personalidade
enciclopédicas era Alexander HUMBOLDT reconduzia ao mínimo do exercício
de uma RAZÃO. Porém sua longa viagem pelo Novo
Mundo Novo entre 1799 e 1804, só
reforçou e cimentou a sua visão eurocêntrica. De fato estava nascendo o
colonialismo europeu do século XIX. O século XIX europeu recortava o planeta sólida base industrial. O
acúmulo de matérias primas, de técnicas, de capitais e de mão de obra
necessitava recortar territórios para despejar, comercializar e fazer circular
os produtos das linhas de montagem cada vez mais rápidos e eficientes.
Certamente o elogiou ao
estado prussiano e ao “pacifismo” germânico do Barão von HUMBOLDT soa
coerente com este projeto eurocêntrico. Na prática posterior os paradigmas
prussianos e os franceses em confronto um com o outro não tiveram nada a
conversar em muitos momentos da história. Quando tentaram forçar o diálogo
brotava a guerra, a lógica dos canhões e tentativa de abater o oponente pelas baionetas. O legado dos dois irmão continua por meio da
Universidade HUMBOLDT
Caso fosse dado a Hipólito José da COSTA acordar, em dezembro de 2015, certamente ele se
encontraria no meio dos alaridos dos migrantes, dos tiros dos terroristas e de
ruídos eletrônicos sem fim. Certamente, no meio destes ruídos, burburinhos, profundos
silêncios e distâncias continentes seria difícil, para ele ou qualquer outro,
distinguir a EXISTÊNCIA e reconhecer no
BRASIL um AUTÊNTICO “espirito público e
vontade nacional”.
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
Aimé Jacques Alexander
Goujaud BONPLAND (773-1858) in
BELL, Stephen – A
LIFE IN SHADOWN Aimé Bonapland
(1773-1858) in Soutern Sout Ameeica (1817-1858) Stanford-California:
Stanford University Press, 2010, 336 pp..
ISBN
978-0-8047-5260-2
Personagem de LUIZ ANTÔNIO
ASSIS BRASIL
CORREIO BRAZILIENSE
DEZEMBRO de 1815 e MEMÓRIA do BARÃO von HUMBOLDT
GUIANA FRANCESA – História
GUIANA FRANCESA ESPACIAL em dezembro de 2015
DEZEMBRO de 2015: ponte BRASIL OYAPOQUE
PONTE
do OIAPOQUE a ser INAUGURADA em JULHO de 2017
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