quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

NÃO FOI no GRITO - 068


O GRITO ABAFADO das RUAS
em JANEIRO de 2013

Se o povo não tem pão, coma brioches

Frase atribuída à rainha Maria Antonieta

Os pensamentos permanecem enquanto as cabeças rolam. Rolam como aquela onipotente, onisciente e coroada Maria Antonieta. O seu pensamento que permanece em 2013 diria “se o transporte está ruim, por que o povo não anda de Rolls Royce” Ou diante da noticias dos barracos da favela, perguntaria espantada: – “Por que eles não moram numa cobertura em Copacabana?”.
Fig. 01 – O nomadismo urbano de bandos de jovens sem rumo possui um pretexto de anarquismo que joga os seus autores na pura contemplação de sua natural finitude e miséria física, moral e estética. O resultado é o isolamento e uma reserva de ódio recalcado que pode cair, num segundo momento, sobre eles e de quem estiver próximo deles. O pretexto de reunir estas energias críticas pode ser um time, uma ideologia e, até um projeto positivo que redunde num trabalho coletivo benfazejo a todos. Caso contrário será mais uma “oficina do diabo” no dito popular.

E existem pessoas, instituições, classes inteiras que se agarram como carrapatos ao pensamento da rainha pernóstica e distante de tudo a que cheira a povo. Um dos presidentes brasileiros foi franco e direto na sua preferência: “gostava mais do odor das cavalariças do que o cheiro do povo”.

Fig. 02 – Declarar-se publicamente anarquista, de boca para fora, deixa um rastro de entropia física, moral e estética
 
Na contra-ofensiva as pichações físicas, aqui mostradas e comentadas, constituem “café pequeno” diante das recorrentes pichações morais  das altas esferas administrativas e que poluem o ambiente político de uma nação. Pichações morais que provocam cenários hediondos na política, na mídia e com feios e abomináveis respingos no judiciário e especialmente respingam sobre o seu próprio poder do qual se originam que usam, conspurcam e  fazem questão de desconhecer as consequências do mal que  provocam. Se os pichadores de espaço público depredam o património físico,  os degenerados que se valem da pichação moral, depredam o patrimônio imaterial de uma nação e com isto dão licença para a barbárie econômica.
Fig. 03 – Um rastro de destruição física é coerente,  consequente e torna evidente, aos olhos de todos, a destruição moral, estética e material que segue num ritmo acelerado aquilo que pensa, julga e condena.  Onde passam os pensamentos guerra dez anos depois passam os canhões” já afirmava Napoleão Bonaparte.  Ao declara-se anarquista, mesmo que seja apenas  de boca para fora, produz um tipo de ‘contemplação’  que julga tudo errado, inútil e abre a vontade para a depredação imediata, definitiva e radical que possa contrariar tal mentalidade.

É necessário um “basta” as pichações morais como aquelas físicas. Um “basta” não pode iniciar sem que outro “basta”. Não pode iniciar estancar uma pichação física sem um final total e absoluto das pichações morais.  Ambas necessitam dar um passo decisivo para um contrato público e para o imediato estancamento dos gastos patrimoniais, simbólicos e políticos.

Fig. 04 – Na lógica anarquista, mesmo que seja de boca para fora, os julgamentos são totalitários, definitivos, absolutos e irrecorríveis. Para esta lógica não existe o contraditório, mesmo que prática o portador desta ideologia seja da classe alta ou média. Sigam-se lideranças destas...

O perigo ronda e se avoluma de tal forma que este claro pacto político e material levará a coisa bem piores do que a Revolução Francesa outras nas tendências daquelas das atuais primaveras árabes. Antes de 1789 a França também parecia um paraíso. O mesmo poder dito para o mundo de 2013 e com maiores evidências para quem se situa numa determinada casta social, econômica, cultural e política. As pichações morais e patrimoniais parecem suaves brisas contrárias e algumas nuvens escuras no panorama destes apaniguados pelo poder. Poder que se encontra momentaneamente em suas insubstituíveis e bondosas  mãos. Poder que é cobiçado pelos seus concorrentes mais próximos. Cobiça pelo poder que arma cenários, na tendência das pichações morais entre leninistas e trotskistas, entre girondinos e jacobinos entre guelfos e gibelinos.

Fig. 05 – Uma peça de marketing e propaganda mistura comércio, religião, símbolos materiais e imateriais. Este truque foi tentado por outra companhia italiana, no século XX. Parece que efeito não passou de uma pequena marola na mídia. Ignora-se se esta resiliência moral e simbólica propiciou mais empregos e trabalho para os jovens, aportando um efetivo ingresso de caixa. Certamente era o efetivo lucro econômico, que interessava aos seus financiadores desta campanha publicitária. Parece que desta imagem nem mídia mereceu.

 Partidos que pincharam o termo TRABALHO nas suas siglas como tantas outras palavras de ordem, são meros recursos retóricos. Na prática diária perderam toda a sua origem semântica quase desde a origem destas agremiações. Hoje são tristes cortejos de zumbis a cadáveres daquilo que enunciam no seu programa inaugural. Sé que tiveram algum projeto diferente da mera conquista e de sua própria manutenção no poder. Projeto transformado em programa sério que os mantenham unidos entre si mesmos. Projeto transformado em programa e capaz de retornar ao poder do qual dizem ser os mediadores diante do Estado brasileiro como agentes de mudança coerente com a sua sigla e para o bem comum.

Fig. 06 – As ditas “primaveras árabes” revelam o imenso tempo nos quais os respectivos  pactos nacionais estiveram longe do Poder Originário e em lugar ignorado. As manifestações e expressões reprimidas longamente, explodem incontroláveis, repetem as cenas da Revolução Francesa com todo o circo de horrores que todas estas explosões.

A esperança é que atrás desta geração de jovens e de políticos militantes surja outra que consiga contrariar o tradicionalista Paixão Cortes quando sentenciou (1984: 7)[1] que "o brasileiro fala muito, documenta pouco, analisa menos e conclui definitivamente, a sua moda, na hora que interessa. Para a geração 2013 esta frase ainda é refúgio, salvação e sorte daqueles. Abriga aqueles não querem mudar, impossibilitando-os de realizar uma ruptura epistêmica e incapaz de deixar um espaço conceitual para um autêntico e coerente Poder Originário.


[1] - PAIXÃO CORTES, João Carlos. Aspectos da música e fonografias gaúchas. Porto Alegre: Repressom   1984    
 

 
Fig. 07 –Mesmo que estas explosões sejam estetizadas e tenham a fortuna de uma imensa mídia, de um nutrido mercado de arte  e um cortejos de seguidores elas apenas arranham a superfície do problema efetivo e real . Com esta estratégia possuem muito mais em ocultar a verdade oculta  elas

O reducionismo e as naturalizações entrópicas constituem portos seguros para quem não querem mudar. O fazer pelo fazer impede qualquer ruptura epistêmica e é incapaz de deixar um espaço conceitual para um autêntico saber e um agir coerentes.  O mundo conceitual, coerente com o agir, necessita preparação e correção para produzir algo de útil além de degradantes slogans pichados em paredes alheias. Afinal somos aquilo que lemos e escrevemos.
Fig. 08 – Declarar-se anarquista, de boca para fora,  é tão confortável e vazio de sentido, quanto declarar-se rico por qualquer motivo que seja. Ambas as declarações são peças de marketing e propaganda que escondem outras motivações, vivências e heranças culturais bem distintas daquilo que declaram na superfície de uma parede pública.

 
FONTES IMPRESSAS

FOUCAULT, Michel(1926-1984).  Microfísica do poder. Rio de Janeiro : Graal, 1995. 295.

FREUD, Sigmund.(1858-1939).O mal estar na civilização (1930). Rio de Janeiro : Imago, 1974. pp. 66-150.  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v.13)

MACHADO da SILVA  Juremir Resiliência de político. CORREIO do POVO - ANO 118 - Nº 116 - PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 24 DE JANEIRO DE 2013  - 2

Fig. 09 – O anarquista, de boca para fora, explora as suas próprias contradições e não é capaz de formular um projeto digno deste nome. Projeto que o tire da cômoda posição de cima do muro donde joga pedras sobre a multidão que passa. Projeto para transformar em complementariedade as suas contradições. Projeto, que ao menos, se proponha criar condições mínimas de diálogo e de interação com a sua própria categoria social, classe de trabalho ou de interesses.


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

BANSKY

GRAFITEIROS em AÇÃO no FÓRUM MUNDIAL – CP - 27.01.2013

MARIA ANTONIETA

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