terça-feira, 12 de julho de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 002

MENTALIDADE da CORTE LUSA

no BRASIL OU

O BRASIL visto de LONDRES

em JULHO de 1811

A maioria da população, sem recursos para financiar

a sua permanência no Brasil, teve de ficar em Lisboa”

Continuando a oferecer material para a tese de que a INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA “NÃO FOI NO GRITO”, destaca-se o que o CORREIO BRAZILIENSE publicou em julho de 1811. Neste material é possível verificar os prognósticos e os cenários daquilo que significava a soberania jurídica e formal nacional, 11 anos antes de se consumar. O que é possível destacara é que ninguém foi pego de surpresa e que houve muito trabalho preparatório para pavimentar este projeto de soberania brasileira.


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Fig. O1 – Fuga de DOM JOÃO IV e CORTE de LISBOA no dia 29 de novembro de 1807

É necessário alertar que acontecia no Brasil nesta época passou para um segundo plano da atenção mundial. Esta falta de atenção e foco ao Brasil, foi devido aos ruídos dos confrontos e das consequências das Guerras Napoleônicas e uma nova realidade política para os povos europeus. Guerras e realidade política cujos panos de fundo foram a 1ª era industrial, as consequências geopolíticas da Independência Norte-Americana e as anuências favoráveis aos apelos da Revolução Francesa, tão bem como as violentas reações contra ela e tudo o que significava.


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http://doportoenaoso.blogspot.com/2010/07/uma-visita-ao-porto-com-d-pedro-ii.html

Fig. 02 – General JUNOT protegendo a cidade de LISBOA em 1808 por Domingos Antônio de SEQUEIRA 1768-1837


O povo de Portugal contava, em 1811, com a sua corte instalada no Rio de Janeiro, permanecendo apenas com as pessoas sem recursos financeiros para migrar ao Brasil, em 1808. Na América os 15.000 nobres, as classes abonadas portuguesas e os seus lacaios, absolutamente nada produziram na terra do seu refúgio e nem tinham preparo ou disposição para tal. Repatriaram tudo o que puderam levar de volta à Europa ao final do seu exílio involuntário em 1821.


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Fig. O3 – Mapa da Fuga de DOM JOÃO IV ao BRASIL 1807-1808.


Mas é hora de ler o que o Correio Braziliense publicou no mês de julho de 1811, há duzentos anos atrás:

Nos tinhamos novas misérias de que fallar, sobre a negregada guerra dos diamantes; porque o que temos dicto sobre esta matéria ainda naõ fez a face vermelha, a certos homens (que parece terem-na forrada de cobre) os quaes nos tem dado motivos a novas censuras; deferimos porem isso, até ver como acaba a ultima scena que ainda está pendente; e no entanto daremos uma vista geral à politica da Corte do Brazil.

Sempre julgamos, que éra mui duro aos povos do Brazil estarem íiigeitos á metrópole na Europa, e com una Governo em sistema colonial, que longe de unir os povos entre si, serve effectivamente de fazer de uma sò naçaõ duas naçõens ditferentes, naõ somente com interesses diversos, mas atè, em muitos casos, oppostos. E se a respeito do Brazil jnlgamos aquelle systema árduo, havendo a excusa de que originariameute as povoaçoens da America foram emanaçoens da Europa, a quem naturalmente ficaram sugeitas, quanto mais árduo naõ suppomos ser que os habitantes da Europa fiquem sugeitos, no mesmo systema colonial, ás povoaçoens da America?

Parece-nos que he este o momento de remediar para o futuro um mal iminente desta natureza, e julgamos a matéria mui digna de contemplação.


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Fig. O4 – Entrada de DOM JOÃO IV em Salvador Bahia no dia 24 de janeiro de 1808- Cândido PORTINARI - tela de 381 cm x 580 cm 1952


Ha três annos que o Governo Portuguez se estabeleceo na America, e ainda naõ vemos uma só medida adoptada para arranjar um systema de administração para o Império Portuguez, e esta demora pôde ser fatal, pois foi em conseqüência de uma sirailhante procrastinaçaõ, que uunca se arranjou nem em Portugal nem na Hespanha uma forma de Governo accommodado á natureza de um Império cujas provincias se acham taõ distantes, e as colônias, que se foram formando na America, foram ficando, e ficaram para sempre, debaixo de uma sugeiçaõ impolitica, e prejudicial, tanto ás mesmas colônias como â metrópole.

A frota portuguesa partiu de Lisboa no dia 29 de novembro de 1807. Poucas vezes o Brasil recebeu um reforço de sua população numa única migração. Calcula-se um reforço de 15.000 pessoas em 1808 e vinda da elite e das classes abonadas portuguesas. Foi a migração de corte inteira.


La flota comprendía 15 navíos de Guerra, el núcleo fundamental de la Marina de Guerra. Los restantes navíos en astillero para reparación, fueron tomados por los franceses. Pero además de los 15 navíos referidos partían también 20 navíos mercantes, con todos los que, sin obligación oficial de hacerlo, quisieran acompañar a la familia real lo que, en la práctica, incluía prácticamente todo el estrato superior de la sociedad, que consideraba fundamental el vivir en la corte (cerca de 15.000 personas, acompañadas de los bienes que no querían ver saqueados por los franceses y que acabarían por quedarse en Brasil). En Lisboa quedó la mayoría de la población, sin recursos para financiar una estancia en Brasil, los militares que recibieron órdenes de mantenerse en sus puestos y los afrancesados, que veían con agrado la invasión francesa, por afirmar que contribuiría a la modernización del país

EL EJÉRCITO PORTUGUÉS Y EL NUEVO EJÉRCITO ANGLO-PORTUGUÉS EN 1808 Nota nº 38 p. 251pp 236-265

Nuño CORREIA BARRENTO DE LEMOS PIRES

http://www.portalcultura.mde.es/Galerias/revistas/ficheros/RHM_entredosmayo.pdf


Devemos aqui considerar os casos em que a família Real volte para a Europa, ou que continue a residir no Brazil; porque em nenhum delles julgamos que convém o actual estabelicimento das cousas. Se a familia Real continua a viver no Brazil < como pode ser compatível, naõ ja com a boa administração da justiça, mas até com a decência, que um povo que foi metrópole fique reduzido a colônia?

He verdade que naõ ha um Vice-Rey em Portugal; mas há com tudo uma combinação de Vice-Reys, o que he igualmente inconveniente, e perigoso. O poder supremo e sem limitaçoens naõ deve nunca estar confiado a outras maõs senaõ ás do Soberano ; e de poderem os Governadores de Portugal obrar com poder supremo, já ali se tem sentido os mesmos inales de arbitrariedade, que soffriam os povos do Brazil de seus Governadores Militares. A tyrannia pôde ser exercitada por muitos assim como por um só, e talvez a de muitos he a mais pezaJa. 0 fim da legislação está em prevenir, que os que governam, seja um, ou sejam muitos, naõ abusem do seu poder ; obrando contra as leys, e fazendo-se tyrannos. A forma de administração de governo em Portugal, que actualmente está estabelecida, foi tirada dos exemplos dos reys antigos, que fizeram jornadas á África nas guerras contra os Mouros ; mas aquelles exemplos saÕ absolutamente inadmissíveis no presente caso ; porque alem de ser mui breve a distancia de Portugal á costa da Barbaria, era o tempo da auzencia dos Reys curto; agora no caso actual todas as aprarencias saõ de uma demora dillatada, como o indicam naõ só as circunstancias da Europa; mas até os arranjamentos da Corte do Rio de Janeiro, aonde vemos criar, os mesmos tribunaes, que ha era Lisboa, o que certamente naõ annuncia estada breve. Os Governadores de Lisboa constituídos com o poder de legislar, de impor tributos e de suspender o curso das leys, como tem practicado, ficam constituídos em taõ alta dignidade, representação, e dependência, que se unirmos isto ás relaçoens de farnilía, e influencia, que necessariamente devem gozar, par

Muito menos será nunca possivel punir homens assim munidos de taõ grr.ndes poderes, pela má administração dos negócios públicos; porque nenhum individho tomará a seu cargo o trabalho de ir expor a má conducta de homens taõ poderosos, tendo nisso tanto a perder, e nada a ganhar individualmente.


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Fig. O5 – RIO de JANEIRO - c. 1808


Se ua outra hypothese, voltar a Família Real para Portugal, e Continuar o systema colonial, e os vexames dos que governam, provenientes da arbitrariedade, e naõ execução das leys, será sentido agora pelos povos do Brazil com mais força, do que o éra d'antes da chegada da Família Real ao Brazil; he logo da primeira necessidade, que d'ante maõ se lancem as medidas necessárias para acautellar os desgostos, que podem provir ao diante do systema actual. Quando se naõ mude o presente governo colonial, e a Corte continue a residir no Rio de Janeiro; perde a Metropole com isso immenso, e o Brazil naõ ganha cousa alguma, ao mesmo tempo que tudo se pôde remediar aboliiulo.se, ou modiíicando-se, a forma de administração colonial.

Quando Portugal naõ tivesse perdido outra cousa, com a mudança da corte para o Brazil, basta o perder a proximidade do Soberano, Vendo-se agora os habitantes de Lisboa, obrigados a recorrer ao Rio de-Janeuo, O Brazil naõ ganhou porem nesta perca de Lisboa; por que de muilns partes do Brazil he mais diíficil ir ao Rio de Janeiro do que a Lisboa. Do Para por exemplo vem cartas a Inglaterra, para daqui serem remetlidas para o Río-de-Janeiro ; cdo Maranhão mandou at|ui o doido do Governador um prezo, entregue ao Embaixador Portuguez, para daqui este, lei Io conrespondente de loucos, o enviar para o Rio, o que se executou na maneira mais surrateira, que pôde ser, pai a naõ dar maior escândalo.


https://capeiaarraiana.wordpress.com/tag/terceira-invasao/

Fig. O6– Os franceses retiram-se de Portugal em 1811 – Detalhe em

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Estes males, portanto, assim de Portugal como do Brazil, naõ se remedeiam senaõ com a cxtincçaõ do systema colonial. As cidades, e as províncias devem ter o seu Governo Municipal; e os Governadores, devem ter um conselho a quem estejam ligados, para as suas decisoens de importância. Nós naÕ entramos por agora nas particularidades, nem do plano de dar a todo o Império Portuguez uma forma de administração geral, extingnindo o systema colonial, nem dos grandes perigos a que toda a naçaõ Portugueza está exposta, se se naÕ attender a este ponto. Contentamonos com dizer, que He precizo mudar o systema actual das cousas; e que o Governo do Rio-de-Janeiro conhecerá com facilidade, que assim o deve aconselhar ao Soberano, se reflectir um momento nos procedimentos, e medidas de reforma, que se vam adoptando nas Cortes de Hespanha ; e na» cominoçoens que lá lhe estaõ próximas na America Hespanhola.

CORREIO BRAZILIENSE - VOL. V - nº 038

DE JULHO. 1811Miscclânia BRAZIL..pp.128-131

http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/060000-038#page/1/mode/1up


http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_da_Costa

Fig. O7 – Hipólito Jose da Costa Pereira Furtado de Mendonça – 1774-1832

Óleo sobre tela 76 X 63 cm Palácio Itamarati Brasília

Não se devia esperar muita coisa positiva e renovadora da corte lusitana no Rio de Janeiro em 1808 além da tradicional propagando com a pintura do céu cor-de-rosa realizada pelos áulicos e aproveitadores de sempre. Corte que se julgava vacinada contra o Iluminismo e a Enciclopédia com o expurgo de Dona Maria I contra os integrantes do governo do Marquês de Pombal e condenação à forca de Tiradentes. Corte que deixou o território metropolitano despojado de todos os recursos financeiros na debandada das 35 naus que partiram de Lisboa em 29.11.1807, face ao exército maltrapilho de Junot. Todo o trabalho e as economias do Vice-Reinado dos 13 anos no Brasil pertenciam a uma elite que tinha medo e vergonha de trabalhar com as mãos. Corte, que ao saber que estava seguro e arrumado de novo em Portugal sacou tudo que lhe pertencia e transportando novamente para a Europa determinando a insolvência do 1º Banco do Brasil, que se consumou em 1829.



http://imper

iobrazil.blogspot.com/2010/05/dom-joao-vi.html

Fig. O8 – Regresso de DOM JOÃO VI a PORTUGAL em 04 de julho de 1821

No Brasil vingou e permaneceu a cultura do lazer da corte lusitana, da falta de trabalho produtivo com as mãos e a exacerbada mística alienante nascida do casamento do poder civil com a religião. A moralidade de fachada, as crenças na autoridade formal e a heteronomia da vontade escrava encontram legitimação nesta cultura de alienação e se alimenta até os dias presentes.

TEXTO do JORNAL CORREIO BRAZILIENSE

http://www.brasiliana.usp.br/

OUTRAS FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS

GENERAL Jean Ardoche JUNOT 1771-1813

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Marguerite_G%C3%A9rard_-_La_Duchesse_Abrantes_et_le_General_Junot.jpg

Guerra na Península Ibérica

http://en.wikipedia.org/wiki/Peninsular_War

Batalha do Porto 12.05.1809

http://en.wikipedia.org/wiki/Second_Battle_of_Porto

Batalha de ALBUERA mai 1811

http://mfvgmourao.blogspot.com/2011/05/albuera-16-de-maio-de-1811.html

EXÈRCITO FRANCÊS em PORTUGAL

https://capeiaarraiana.wordpress.com/category/arquivo-historico/

SEQUEIRA , Domingos Antônio de 1768-1837 – JUNOT PROTEGE a de LISBOA 1808

http://pinturaportuguesa.blogs.sapo.pt/arquivo/105437.html

http://doportoenaoso.blogspot.com/2010/07/uma-visita-ao-porto-com-d-pedro-ii.html

PORTUGAL EN 1808. OTRO ESCENARIO DE LA GUERRA PENINSULAR pp.191-235 por Antonio Pedro VICENTE1

EL EJÉRCITO PORTUGUÉS Y EL NUEVO EJÉRCITO ANGLO-PORTUGUÉS EN 1808 pp 236-265

Nuño CORREIA BARRENTO DE LEMOS PIRES1

FRANCIA Y LA GUERRA DE LA INDEPENDENCIA EN 1808 (DE BAILÉN A CHAMARTÍN): LA INFORMACIÓN Y LA ACCIÓN p. 285 -311 por Jean René AYMES em :

http://www.portalcultura.mde.es/Galerias/revistas/ficheros/RHM_entredosmayo.pdf

Imagens da VIAGEM de DOM JOÃO VI e do BRASIL

http://imperiobrazil.blogspot.com/2010/05/dom-joao-vi.html

http://www.marcillio.com/rio/hijoa200.html 1808

Hipólito Jose da Costa Pereira Furtado Mendonça 1774-1832

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3lito_da_Costa


OURO DE LIBOA e a CONVENÇÃO de SINTRA

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNYRsyQBc6ozlM30qlvOAnBFUyG5HM1w6bpVrNij465lrvyLfLi9FgFHy7OKzw6re_Ixj8chGJFD5crrZajj_5UAAJDh1mjFAurGo7rYtjweiM8ifIwpcqd36CH6XIV5UFwOy_2CQZzhzp/s1600-h/convencao-de-sintra.jpg

Insolvência do 1º Banco do Brasil em 1829

http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=429393

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