terça-feira, 8 de dezembro de 2020

204 – NÃO FOI NO GRITO,

 



Um PROJETO para uma NAÇÂO na ERA INDUSTRIAL


A questão, hoje em dia, não é se figurarão os nobres, que ninguém respeita, ou se haverá um Rey, a quem todos querem ; e cuja autoridade por isso ninguém disputa: a questão é o estabelecer tais formalidades no Governo; que os empregados públicos estejam sujeitos a uma verdadeira e eficaz responsabilidade. Menos disto nada aceitará a Nação ; e com isto será sempre salva e respeitada a dignidade do Soberano”. CORREIO BRAZILIENSE Londres - Dezembro de 1820, fl. 717

 

Em dezembro de 1820 tratava-se de criar um sistema de governo de uma nação apta a deixar para traz o ANTIGO REGIME, superar a polarização na figura monocrática do soberano para atingir o ponto em que cada cidadão fosse competente para expressar o todo nacional. Esta competência era em particular  de cada servidor para ser sábio e eficaz nas funções que a lei exigia do seu cargo.

No entanto estava ali castas de privilegiados, com sangue azul, cercado de heráldicas ancestrais e que queriam mandar a qualquer preço e pretexto.

Em dezembro de 1820, há indícios evidente de que estas castas lusitanas alimentavam o projeto de separar Portugal do Brasil e se unir com s Espanha. O pretexto era  Revolução do Porto que infiltraram e misturaram com os seus interesses políticos tentado puxar para o seu lado as consequências. Os interesses, desta casta infiltrada, estavam acima do projeto de manter a unidade do vasto império lusitano. Como sempre estas castas estavam usando as massas populares inconscientes e perigosas paradas dominantes nas quais haviam sempre mandado e desmandado. Estes calculavam  apropriar-se da energia popular no momento para dar um sentido em direção à conservação do poder político em suas mãos, por mais mesquinhos que fossem.

Fig. 01 – Na imagem o solene “TE DEUM” celebrado no início da Revolução do Porto.  Nesse meio tempo as castas dominantes articulavam-se seguindo a velha norma” SE NÂO PODES com o INIMIGO: JUNTE-SE a ELE

 

Estes poucos usavam como pretexto de sua ação disfarçada pelo populismo da miséria dos demais, A miséria geral do povo de Portugal , em dezembro de 1820, vem descrita em textos como:

em consequência da invasão francesa e da abertura dos portos do Brasil às nações amigas, a miséria no Reino ia em crescimento assustador. Cada ano assinalava nova redução na Marinha; aumentava a importação dos gêneros de primeira necessidade, a começar pelo trigo; fechavam-se as fábricas, os produtos vencidos da concorrência inglesa no ultramar, e os operários, famintos, tornavam-se mendigos ou ladrões. Em 1820 a penúria atingia o extremo. Esgotado inteiramente, o erário não pagava os funcionários públicos nem restituía os depósitos. Queixavam-se os soldados de que havia oito meses não recebiam os soldos, e nem mesmo os compromissos sagrados do montepio eram satisfeitos”; in DEPUTADOS BRASILEIROS nas CORTES GERAIS

\\Fsseep\03073_03.TXT\03073.vp (senado.leg.br)

 

Esta situação explosiva de miséria generalizada tornou-se alimento habilmente explorado por estes poucos. Nem a uns e nem para outros interessava o longínquo e superior projeto de manter a unidade do vasto império lusitano.

As Cortes de Portugal, de 1820, não fizeram menção das Províncias Ultramarinas. É verdade que essa menção não traria consigo resultados práticos. No entanto a omissão indica, que ha, entre as pessoas influentes na revolução, quem especule em relação da separação do Brasil de Portugal. 


Fig. 02 – Geograficamente a região do Porto esteva mais exposta as ideias industriais do que restante de Portugal apegada aos métodos ancestrais da ERA AGRÍCOLA.  As quintas, desta região, estavam sob o controle britânico. Este controle inglês era assegurado pelo odiado BERESFORDT. Este foi desestabilizado pela revolta popular.  As castas dominantes comerciavam mais com Londres do que com Lisboa. Estas castas, que eram favoráveis ao sistema britânico, conseguiram com poucas manobras o controle de PORTUGAL CONTINENTAL. O resto do reino permanecia como mercado cativa britânico. Isto é verdade na medida em que atualmente MOÇAMBIQUE integra o Commonwealth britânico

 

CORREIO BRAZILIENSE Londres dezembro de 1820 VOL . XXV . N° . 151. 4 x 8 Miseellanea 711- - 718

Partido Aristocrata.

Tocamos acima a circunstancia de que no novo plano para a convocação das Cortes de Portugal, se naõ fez mençaõ das Provincias Ultramarinas : essa mençaõ, he verdade, naõ traria, talvez, com sigo resultados practicos; mas a omissão indica, que ha, entre as pessoas influentes na revolução, quem calcule sobre a separação do Brazil. O grito pela Constituição Hespanhola dá a entender os desejos do partido Hespanhol; e uma gazeta de Lisboa asseverou, que os mesmos Membros do Governo gritaram das janellas do palácio " Viva a Constituição Hespanhola." Isto foi negado pelo Diário do Governo ; mas o outro tornou a asseverar o que tinha escripto. Estas e outras aberraçoens, que, se possam observar na revolução, attribuimos nós aos máos conselhos do Partido Aristocrático, que naõ cuidou em atalhar as conseqüências funestas de uma rebelliaõ aberta, o que se poderia fazer, cedendo a tempo á torrente da opinião do nosso século. O grito em Lisboa pela Constituição Hespanhola, formou seu écho em outras partes, que nos parece alguma cousa mais do que mero accaso ; e uma carta de Madrid de 23 de Novembro, inserta no Constitucionnel, de 3 de Dezembro, contém o seguinte; " Depois da chegada de um correio de Lisboa circularam aqui rumores de singular natureza ' nada menos que a importante medida adoptada pelo Supremo Conselho de Portugal, de pôr aquelle reyno debaixo da protecçaõ de Hespanha ; até se assevera, que se urge fortemente uma completa e absoluta uniaõ entre os dous reynos. Porém he possível, que este rumor se originasse no desejo que eutretem muitos Hespanhoes illustrados, de que se effeitue tal uniaõ; porque os dous reynos tem certa identidade topographica; e porque o bom successo da revolução em Portugal, seria uma segurança para a consolidação da nossa. Portugal, em certo ponto de vista, he como o posto avançado da Hespanha, se aquelle naõ cubrir ou defender esta pôde fazer a Hespanha vulnerável. Os nossos interesses, portanto, devem unir-nos aos seus interesses ; as nossas situaçoens topographicas nos põem em proximidade, o que reciprocamente multiplica as nossas relaçoens phisicas e moraes. A desfeita, que soffressem os constitucionalistas Portuguezes, nestas circumstancias, seria para nós o precursor de difiiculdades, que os inimigos tanto externos como internos naõ deixariam de produzir em nossas novas instituiçoens. Repito-vos, temos razoens sufficientes para nos devermos guardar contra a influencia e ataques do estrangeiro, dirigidos a frustrar a feliz consumação dos novos destinos de Portugal." 


Pastor Português in “El PAIS” de 19.04.2020

Fig. 03 – Portugal da ERA AGRÍCOLA- PASTORIL exigia um imenso espaço geográfico para cada empreendedor. Os braços e as mentes que sobravam eram acumuladas em cidades como do Porto e de LISBOA. Este acúmulo urbano, da população, gerava imensas necessidades, frustrações e descontentamentos. Além do mais não havia como retornar posas terras ancestrais que haviam  caído nas mãos da aristocracia que as transformaram em áreas de lazer, quintas não autossustentáveis ou simplesmente improdutivas.

" Tornando á sua situação actual, e fazendo abstracçaõ dos rumores, que correm, he indubitavel, que este paiz soffre grande crise. Por tudo quanto aqui sabemos parece, que alguns dos principaes authores e actores desta revolução tem, naõ digo abandonado absolutamente a causa da liberdade, mas variado singularmente em sua marcha, e sua direcçaõ ; sabemos que se excitou grande influencia por certas reunioens, cujos conciliabulos secretos se faziam em casa de distinctos membros de algumas companhias Inglezas ou Irlandezas, que tem estabelecimentos de Commercio em Lisboa

MANUEL FERNANRESTOMÀS 1771-1822

O POLÍTICO PORTUGUÊS QUE "MORREU À FOME" - roinesxxi (sapo.pt)

Fig. 04 – Manuel FERNANDES TOMÁS foi um dos autênticos SERVIDORES PÚBLICOS que tomou ao pé da letra os postulados maiores da REVOLUÇÂO de PORTO.  Colocou em prática a sua tese de que esta “FUNÇÂO PÚBLICA NÂO FOSSE REMUNERDA” Contribui gratuitamente com todos os seus conhecimentos, tempo e energias pessoais até ao seus esgotamento total e a sua morte por inanição

Sabemos que certos Portuguezes, pensando, sem duvida, que estaõ fazendo um serviço á sua pátria, usam seus maiores esforços, em Londres, para induzir o Governo Britannico, a que tome parte activa nos negócios de Portugal. Sabemos que uma personagem diplomática Portugueza, que acaba de sair de nossa cidade, e cuja chegada a Paris terá talvez tido lugar, quando recebêres esta carta, naõ omitte nem exhortaçoens nem rogativas para com Lord B a fim de persuadir seu Governo a adoptar medidas decisivas; sem duvida, a que mande um exercito, aliado e pacifico, para Portugal, para o restabelicimento da ordem e bom Governo. Sabemos outro sim, que outro diplomata Britannico,' o qual, depois da revolução de Portugal saio da Itália, com o pretexto do processo da Raynha, se occupava muito menos com aquelle caso, do que cem a revolução de Portugal, e suas conseqüências. Quando se pézam e combinam estas circumstancias, podemos justamente deduzir, conjecturalmente, pelo menos, a inferenuia, de que Portugal naõ pôde tardarem desejar alguma sorte de connesaõ com a Hespanha. Por esta razaõ me apresso a communicar-vos os rumores produzidos com a chegada do Correio Portuguez."

A chegada do Conselheiro Saldanha a Paris, deixando o seu lugar em Madrid, he attribuidaa insinuaçoens do Conde de Palmella; e com o fim de reunir em Paris, um Congresso de Diplomatas Portuguezes, que se acham servindo de Ministros em varias Cortes da Europa, e conforme o resultado dessas conferências ir um delles Tropau, representar os negócios de Portugal aos Soberanos os Alliados, e pedir auxílios para derribar a revolução Portugueza


Fig. 05 – As castas habituadas a mandar, entenderam logo a necessária habilidade de transformar em imagens, em espetáculos para encher os olhos do populacho com desfiles e ostentação de poder Por meio destes espetáculos estas castas dominantes articulavam-se seguindo a velha norma ”SE NÂO PODES com o INIMIGO, JUNTE-SE a ELE” Mecanismo por meio do qual  podem se valer do dinheiro, da experiência e da malícia para indicar ao populacho o  caminho que lhes interessava

 

. Com effeito, depois que chegou o Paris o Conselheiro Saldanha, saio daquella cidade, aos 6 de Dezembro, um dos officiaes, que se acham banidos de Portugal, por haver sido partidista Francez, e que recebera certa pensaõ pela Embaixada por algum tempo, partindo agora para Madrid, com sua mulher e filha ; e disse-se que o objecto da sua missaõ, éra organizar uma Legiaõ, que se poderá chamar anti-Luzitana, e servir na invasão de Portugal. Pareceria incrível, se naõ fosse tam conforme á experiência diária, que uns poucos de ministros d' El Rey em várias Cortes Estrangeiras, tomassem sobre si decidir e obrar sobre matérias de tanta importância, sem ordem do seu Socerano, e sem saber qual será a sua vontade, a respeito da nova ordem de cousas, que teve lugar em Portugal. Este procedimento he sem exemplo na historia da Diplomacia.

Se, portanto, houvesse ainda alguma duvida, sobre a existência de um partido oligarhico, que deseja governar soberanamente Portugal; o projectado conciliabulo de Diplomatas em Paris poria a matéria fora de questão. Os três Ministros agora em Paris, saõ o Marquez de Marialva, o Conselheiro Saldanha, e o Visconde de Santarém ; mas esperava-se ali tambem o Brito, D. José Lobo. &r. O Conde de Palmella, que se tem apresentado ao Mundo como campeão do partido Aristocrático, offerecendo-se até a tomar sobre si a responsabilidade pelas medidas dos ex-Covernadores de Portugal, será tomado como orgaõ desse partido, e por isso examinaremos as suas ideas a este respeito. Diz o Manifesto Roevidico, a quem tivemos de noticiar no nosso N.° passado, que " logo que o Conde de Palmella annuucinu a sua partida, lançaram (o Corr. Braz., &c.) maõ de todos os meios delles conhecidos, para ver se o podiam intrigar e indispor com El Rey e na opinião publica, a fim de que elle ficasse impossibilitado de propor cousa alguma, para conseguir o que éra da mais urgente necessidade adoptar, para arquietar as fermentaçoens que existiam em Portugal."

Quando o Conde blazonava, e fazia fallar seus trombeteiros, de que éra preciso por o edifício social sobre novas bazes, tinha era vista o querer passar por homem de ideas liberaes, e rapaz de conformar-se, em matérias de governo com as opinioens, nosso século; mas quem o conhecia de perto, e quem sabia do qne se passava, naõ podia deixar de lamentar, que tal homem e á frente de tal partido, pudesse chegar a ter decidida influencia nos conselhos do Soberano, e nos negócios nacionaes. Paru chegarmos a esta conclusão basta considerarmos o que elle fez em Lisboa; nas medidas que ali aconselhou, quando tomou parte nas deliberaçoens dos ex-Governadores.

Entre tanto, eram as Cortes compostas desses Nobres, que o Conde de Palmella recommendava, com a capa de ideas liberaes, e da necessidade de novas bazes para o edifício social, que acabariam com fazer El Rey mero cancellario, para assignar as ordens desses poucos Aristocratas, que governassem o Reyno


Pedro de SOUSA de HOLSTEIN (1781-1850) Duque de PALMELLA
na Revolução do Porto

http://mapa.an.gov.br/index.php/publicacoes2/70-biografias/448-pedro-de-sousa-e-holstein-duque-de-palmela

Fig. 06 – Nascido e educado para mandar e ser obedecido, o nobre CONDE de PALMELLA rapidamente articulou-se com as demais nobrezas europeias para dar o runo quew as castas privilegiadas sempre usufruíram. Os seus conhecimentos, suas energias pessoais  e habilidades para colocar todos os servidores públicos ao seu serviço e interesses

Quanto á Naçaõ, o povo e os cabeças da revolução conheceram logo, que taes eram as Cortes, que o Conde de Palmella lhes offerecia, como bazes novas do edifício social; eram as novas bazes nada mais, que as Cortes velhas, em que esses Nobres seriam os únicos que influíssem ; em que naõ haveria um só Deputado eleito pelo povo; e em que os Procuradores das Câmaras, poucos em numero, seriam eleitos por essas Câmaras, presididas por Ministros nomeados pelo Governo, istohe pelos Fidalgos Governantes do Reyno; e sendo Camaristas aquellas pessoas, que o Dezembargo do Paço quer que o sejam. 
Taes eram as Cortes, chamadas novas bazes do edifício social, cujo plano os Revolucionários repelllram, e regeitáram com o maior desprezo, expondo ao publico aastucia dos intrigantes. Diz o rifaõ, que na terra dos cegos quem tem um olho he rey: outra liçaõ diz, que na terra dos cegos quem tem um olho he torto: esta segunda liçaõ será a Targinica, como se pôde concluir do retracto, que acompanha a ultima edicçaõ da Arte de Furtar, impressa em Londres. Mas, se o Conde de Palmella, á falta de gente de conhecimentos, na sua classe, passava entre os seus por homem de habilidade, pela máxima da primeira Usaõ do provérbio; pela segunda lhe fizeram conhecer os Revolucionários de Portugal, que conheciam a tortuosidade da sua política; e a revolução da é a conhecer a elle, e a todo o mundo, que se os talentos dos Portuguezes até aqui naõ apparcciam, éra porque essa Aristocracia os sopitava ; e que ninguém cairá em admittir Cortes constituídas pelo Conde de Palmella por tal maneiro, que só sirvam de pôr freio á authoridade do Soberano, para mais a seu salvo pizar sobre o povo. A questão, hoje em dia, naõ he se figurarão os nobres, que ninguém respeita, ou se haverá um Rey, a quem todos querem ; e cuja authoridade por isso ninguém disputa: a questão he o estabelecer taes formalidades no Governo; que os empregados públicos estejam sugeitos a uma verdadeira e efficaz responsabilidade. Menos disto nada aceitará a Naçaõ ; e com isto será sempre salva e respeitada a dignidade do Soberano.


José Feliciano FERNANDES PINHEIRO (1774-1847) por Henrique MANZO Museu Paulistano USP

Retrato de José Feliciano Fernandes Pinheiro (Visconde de São Leopoldo) - Henrique Manzo — Google Arts & Culture

Fig. 07 – O paulista José Feliciano FERNANDES PINHEIRO foi um dos constituintes de Portugal e assinou as suas finais, Ele era o presidente da Província do Rio Grande do Sul em 1824. Nesta ocasião foi valioso para os primeiros imigrantes alemães. Em 1827 conseguiu a instalação das faculdades de direito de Olinda e de São Paulo Posteriormente recebeu título de Visconde de São Leopoldo. Como um dos “Capa Preta” de Cimbra ele se enquadra naqueles brasileiros estudados por GAUER (2001e que cimentaram as bases do ESTADO SOBERANO  BRASILEIRO.

O Portuguez Constitucional de 24 de Novembro, diz isto:—" " Senhor Redactor!—Naõ pôde bem julgar de minha admiração, quando hontem ouvi dizer em boa sociedade, que alguns Fidalgos de Lisboa haviam entregado uma representação paia S. M., na qual, expondo-lhe as tristes circumstancias de Poitugal, declaravam haverem jurado a Constituição obrigados pela força, mas que fariam quanto lhes fosse possível para empatarem o juramento dado, protestando sua adbesaõ ao throno na forma antiga: isto me affirmáram pessoas, que naõ se illudem ! E qne lhe parece, Sr. Redactor, será verdade ? oh ! se for confirmado um tal perjúrio, que devem esperar Suas Excellencias da Naçaõ ? Um punhado de homens pretenderão oppôi-se aos desejos de todos os Portuguezes ? Eu naõ posso tal accreditai í mas se assim for, terei que dar a fazer a todos os vidraceiros de Lisboa; porque naõ deve manchar as paginas da nossa presente historia um só facto escripto com letras de sangue : naõ quero tomar-lhe mais o tempo, e so lhe protesto, que, a pezar dos Fidalgos de Portugal, e de todos os Fidalgos do mundo, Portugal terá uma Constituição, he o que lhe pôde affiançar seu admirador.—O Patriota Transtagano.—A vóz publica diz que sim: eu naõ sei, mas naõ duvido. E quem se encarregaria da entrega ? Foi... . foi ... . tudo se saberá, e vai sabendo.

** Nota do Redactor do Portuguez Constitucional."

O Conde de Palmella, que saio de Lisboa no paquete Inglez, Montague, para o Rio-de-Janeiro, aos7 de Novembro, foi arribado a Gibraltar. Mas vindo ali ter uma fragata Austríaca, que de Tiieste saia para a China, com escala pelo Brazil, nella se embarcou o Conde, para seguir sna derrota. Resta vermos, se elle ainda terá cabimento no Ministério, e quando o tenha, quaes seraõ as novas bazes, que recommendará paia o edifício social


Fig. 08 – Portugal estava iniciando o processo de sua fragmentação quando outras nações estravam no caminho de angariar e ampliar o seu sistema colonial.  Uma das razões das outras nações era sua crescente ERA INDUSTRIAL que exigia vasta áreas sob o seu domínio como fontes variadas de matérias primas e constituir mercados cativos dos produtos das suas máquinas. Portugal aferrava-se à era Agrícola e economia do escambo medieval.

 

No Brasil, de dezembro de 2020, como em Portugal de dezembro de 1820, a questão de fundo não foi e nem são as  figurações de uma casta burocrática, que ninguém respeita, ou se haverá o cargo de um PRESIDENTE e que todo almejam e cuja autoridade por isso ninguém desconsidera. A questão foi, e continua sendo, o de estabelecer as formalidades no Governo aos quais os servidores dos públicos estejam sujeitos numa verdadeira e eficaz responsabilidade. Menos disto nada aceitará a Nação e com isto será sempre salva e respeitada a dignidade a soberania de um povo, de um governo e de sua Pátria comum.

No Brasil, em dezembro de 2020, os servidores públicos tem por norte, nas suas funções, a legalidade, a impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

GAUER, Ruth Maria Chittó. A construção do Estado-nação no Brasil: a  contribuição dos egressos de Coimbra . Curitiba : Juruá. 2001. 336 p

 

O TRIUNFO da REVOLUÇÃO do  PORTO.

https://naofoinogrito.blogspot.com/2020/10/203-nao-foi-no-grito.html

 

DEPUTADOS BRASILEIROS nas CORTES GERAIS

\\Fsseep\03073_03.TXT\03073.vp (senado.leg.br)

 

CASTAS imagem

File:Casta painting all.jpg - Wikimedia Commons

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Castas Racial Classifications (latinamericanstudies.org)

 

As CORTES de 1820

Constituent Cortes of 1820 - Wikipedia

 

REVOLUÇÂO do PORTO 1820

A Revolução do Porto (rio.rj.gov.br)

 

BICENTENÁRIO

Porto celebra 200 anos de uma revolução liberal que foi sua antes de ser do país | História | PÚBLICO (publico.pt)

 

MANUEL FERNANRESTOMÀS 1771-1822

O POLÍTICO PORTUGUÊS QUE "MORREU À FOME" - roinesxxi (sapo.pt)

CÒDIGO PENAL BRASILEIRO de 1830

Há 190 anos, o primeiro Código Penal do Brasil fixava punições distintas para livres e escravos | Atualidade | EL PAÍS Brasil (elpais.com)


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terça-feira, 6 de outubro de 2020

203 – NÃO FOI NO GRITO,


O TRIUNFO da REVOLUÇÃO do  PORTO.

O modo porque os Governos costumam e devem tratar as rebeliões, depende inteiramente das circunstancias, Quando os rebeldes constituem uma parte considerável da Nação, já não se pode considerar a rebelião como se fosse tentativa de algum indivíduo ou poucos indivíduos, contra a ordem geralmente recebida ; então temos uma dissenção civil, e quando não fosse o direito (que mal se pôde considerar achando-se a nação em revolução) a prudência pede, que os Governos façam a devida distinção, entre estes dois casos tão essencialmente diferentes

Correio Brazilense.  outubro de 1820 VOL. XXV N°. , p 149 3 L 449 Miscelânea.

 

Em outubro de 1820 PORTUGAL tornou o PROCESSO da PROCLAMAÇÃO visível e irreversível da sua INDEPENDENCIA em relação ao BRASIL. Este processo tornou-se visível na REVOLUÇÃO do PORTO, iniciada em 24 de agosto de 1820 e irreversível com a ENTRADA TRIUNFAL das CORTES em LISBOA em 05 de outubro do mesmo ano,.

Constituía-se, de fato, um NOVO GOVERNO distante da antigo REGIME MONICRÀTICO e PERSONALISTA. A este foi dada uma sobrevida com o retorno de Dom João VI para LISBOA. O preço desta sobrevida foi a perda de suas prerrogativas monocráticas e a sua submissão e juramento à CARTA CONSTUTUCIONL elaborada pelas CORTES em LISBOA. A ENTRADA TRIUNFAL das CORTES em LISBOA também decretava a obsolescência do REINO UNIDO PORTUGAL, BRASIL e ALGARVES sugerido pelo CONGRESSO da VIENA. Diante das CORTES  o BRASIL  constava apenas formalmente. Estas novas circunstâncias provam que “NÂO FOI NO GRITO” do IPIRANGA de 07 de setembro de 1822

 As  CORTES em LISBOA tinham experiência e aviso suficiente para entender que  “A LEI PRECEDE os FATOS”. Os que desconheciam este fato acabaram no patíbulo como “LESAS MAJESTADES”. Foi o caso de Tiradentes, do General Andrade e o recente trágico fim dos Revolucionários de Recife de 1817. Sabendo disto as CORTES de LISBOA tinham toda a pressa possível e não puderam ou quiseram esperar os deputados brasileiros. Os que conseguiram ir não tiveram nenhuma voz ativa nesta CORTES LUSITANAS. As CORTES, com a LEI nas suas mãos, estavam seguros de uma CONTRA-REVOLUÇÃO

 


Fig. 01 – A imagem as CORTES CONSTITUNTES  entram no palácio governamental da  PRAÇA do ROSSIO para dar curso ao desenho e escrita de uma CONSTITUIÇÂO LUSITANA que buscava uma coerência com o TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE LUSITANA.  Apesar de formalmente convidados, os potencias candidatos a constituintes do BRASIL, perceberam que eram estranhos neste ambiente lusitano e que estava se fechando sobre si mesmo e no qual DOM JOÃO VI passaria a ser mera figura simbólica

 

Entrada a Juncta Suprema em Lisboa.

Lisboa 5 de Outubro.

 

Hoje pelas onze horas do dia, ao estrondo de uma salva real do Castello de S. Jorge, tivemos o gosto de ver chegar a esta capital a divisão das tropas do Norte, (e parte das do Sul), a qual entrou na Praça do Rocio, (onde se achava postado o Reg. d* Infanteira N. 4. da Guarniçaõ de Lisboa), por baixo do Arco triumphal erectoá sahida da rua do Amparo, donde se lançavam flores, e foguetes do ar á chegada dos diversos corpos. Vinha ã frente destas briosas tropas Sua Excellencia o Marechal de Campo Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, Commandante dos Exércitos do Sul e Norte, com o seu luzido Estado-maior; e fazendo entre os vivas do circumstante povo e tropa postada, as devidas continências ao Governo, cujos membros se achavam na varanda do Palácio, e a seu lado o muito honrado Juiz do Povo com seu Escrivão, passou a postar-se juncto do Portaõ do Palácio, e foram desfilando as tropas do modo seguinte pela sua frente. Abriam a marcha três EsquadroenS do Regimento de Cavalleria N. 2, três do N. 5, e um do N. 10. Vinha depois um parque de artilhería de 5 peças de campanha e 1 obuz (do Reg. d' Artilhería N. 4), ao qual se seguiam quatro Batalhoens de Caçadores. Apparecendo entaõ o Commendador Coronel Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira, foi recebido com enthusiasmo'pelo publico, reconhecido ao muito que a nossa boa causa deve á sua enérgica cooperação Proseguio a marcha das tropas do modo seguinte: um Batalhão de Caçadores com a Brigada de Infanteria N. 6 e 18, outro com a Brigada 9 e 21; segundo parque de artilhería como o precedente; outro Batalhão de Caçadores, 1 Batalhão do Regimento de Infanteria N. 11, e outro d' Infanteria N. 12; os Regimentos N. 22, 3, 24, e 1 Batalhão do N. 15. Após estes vinha outro parque de 5 peças, e cobriam a marcha 2 Esquadroens de Cavallaria N. 6. e 3 do N. 12. O bello porte de todas estas tropas, que entravam no seio da Capital a gozar dos applausos dos seus habitadores, lhes grangeava sinceros vivas de reconhecimento, quaes se deram aos seus dignos Irmaõs d' armas da guarniçaõ desta cidade no memorável dia 15 de Septembro. Acabando de desfilar as tropas, e achando-se o illustre Commendador Cabreira na Varanda do Palácio do Governo, fez dalli uma breve falia ao povo, e levantando os vivas aos sagrados objectos da Religião, d' El Rey e sua Augusta Dynastia, das Cortes, e da desejada Constituição, mostrando infiammado seu coração em transporte de júbilo, foi correspondido pelos vivas cheios de enthusiasmo do immenso povo alli presente, o qual, a sahir do Palácio o mesmo Chefe, o levou entre vivas quasi nos braços para lhe manifestar deste modo mais o seu regozijo e satisfacçaõ. Os vivas ao Excellentissimo Principal Decano, Presidente do Governo, varaõ caro por suas virtudes a todos os Portuguezes, eram repetidos com a maior effusaõ de coração, sendo naõ menos fervorosos os que se davam aos outros Senhores do Governo. A constante allegria, o inalterável socego do povo em geral, saõ sem duvida um admirável testemunho da confiança, que ha de ver em breve um feliz resultado da grande empreza, que se tomou de fazer prospera e segura a existência desta Monarchia. A illuminaçaõ espontânea, que fizeram os habitantes da cidade, a multidão do povo que passeava pelas ruas, e os applausos festivos nos theatros, completaram o prazer deste allegre dia. 


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Retrato_de_Gaspar_Teixeira_de_Magalh%C3%A3es_e_Lacerda,_1.%C2%BA_Visconde_de_Peso_da_R%C3%A9gua.png

Fig. 02 – Retrato do Marechal de Campo Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, Visconde de Peso da Régua.  Originário a alta nobreza, teve papel preponderante na Revolução do Porto.  No entanto, após o retorno e a morte de Dom João Vi apoiou a Dom Miguel, cercou a cidade do Porto e foi derrotado por Dom Pedro I ou Dom Pedro IV de PORTUGAL

 

Quartel General em Sacavem, no l.° d" Outubro 1820. Ordem do Dia. Por Ordem do Supremo Governo do Reyno. Sua Excellencia o Senhor Marechal de Campo Commandante em Chefe dos Exércitos do Sul e Norte manda declarar-lhes, que a parte do Governo do Reyno, que se acha em Lisboa, e o muito Honrado Juis daquelle fiel povo, era nome dellé, acaba de convidar o exercito de entrar na capital do Reyno, e a abraçar alli os seus dignos Irmaõs d' Armas da guarniçaõ: achando-se porém a retaguarda do Exercito ainda distante, precisando toda a tropa descanço, e tempo para se preparar com o seu costumado asseio, e bizzarria a gozar o dia de gloria, e prazer, em que verá o fructo dos seus heróicos trabalhos na alegria, e satisfacçaõ daquelle povo, e exercito, e dignos do fraternal auxilio, que lhe prestamos, para a nossa commum regeneração, naõ poderá entrar antes do dia 3, ou 4 de Outubro. Sua Excellencia exige a mais rigorosa disciplina, efaz responsáveis os Senhores Commandantes de Brigada, e Corpos, da mais pequena falta delia; e espera do zelo dos Senhores officiaes, e do bom espirito da tropa, que este exercito, que primeiro quebrou os ferros da sua Pátria, se lhe naõ faça pezado, e se mostre pelo seu comportamento digno do bom acolhimento que recebe dos seus compatriotas. Previne Sua Excellencia, que devendo unicamente uma brigada augmentar a guarniçaõ, e devendo isto fazerse por turno, nenhum official tem direito a pedir quartel na cidade, se naõ os que pertencerem á brigada, que estiver na guarniçaõ. JOSÉ DE SOUSA PEREIRA S. PAYO, Ajudante General


Fig. 03 –Uma FORMAÇAO MILITAR em LISBOA, demonstra a influência da ordem e da disciplina nos exércitos da primeira ERA INDUSTRIAL. As ARMAS eram produtos industriais,  além deste ordem unida destes exércitos. O apelo dos políticos, dos empresários fabricantes de armas e dos temerários e aventureiros sempre iniciam por seduzir os militares. Estes, por suas próprias formações, companhias e protocolos de ação, necessitam extinguir, em sis mesmos, qualquer sentimento ou reflexão própria e individual. Nesta disponibilidade de ação e vazio mental são presas fáceis e disponíveis daqueles que pensam, sentem e agem em seu nome 

 

Reflexoens sobre as novidades deste mez.

 REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGARVES.

Revolução de Portugal.

Havíamos no nosso N." passado feito o resumo da revoluçafl de Portugal, segundo as melhores noticias, que pudemos obter; e deixamos a Juncta Provisória do Supremo Governo do Reyno em Coimbra, dirigindo-se a Lisboa; e nesta cidade os Governadores do Reyno, tracta tido de convocar as Cortes. Neste estado se achavam as cousas, quando os Governadores do Reyno escreveram á Juncta Provisória a carta, que publicamos a p. 363; propondo-lhe que se submettesse por bons modos a seu mando ; mas este passo só servio de dará Juncta Provisoria mais uma occasiaõ de mostrar o desprezo, com que olhava para os Governadores do Reyno, o que fez em sua proclamaçaõ, p. 367, e depois na carta a p. 372. A Juncta Provisória estava ja em Coimbra, quando os Governadores do Rey no resolveram ainda dar outro inútil passo, e foi mandar o Marechal Povoas fazer com ella tractados de ajustes. lias dos documentos publicados de p. 392 em diante se vê, como esta abertura foi tractada: com effeito os Governadores parece que naõ propunham medida alguma, e só queriam ouvir as proposiçoens da Juncta; assim esta valeo*se de uma falta de de formalidade no sobrescripto, e no modo porque o Marechal se annunciou, para naõ abrir a Carta; recambiou-a fechada, e mandou sair o mensageiro de Coimbra, dentro em poucas horas. Depois de todos estes passos humilhantes e contradictorios, os Governadores do Reyno naõ possuíam ja a menor força moral, e suas medidas vacilantes tinham desanimado até seus mais accerrimos partidistas. 



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Fig. 04 – A atual PRAÇA do ROSSIO de Lisboa está carregada de HISTÓRIA recente e que recua às épocas gregas, fenícias e romanas.  As reuniões das CORTES CONSTITUINTES, realizadas, em outubro de 1820, neste entorno, transfiguraram o sentido deste ambiente  e que marcaram a entrada de uma política portuguesa própria e cada vez mais distante do BRASIL A preservação  desta memória  e do patrimônio ganham um sentido econômico na medida em que Lisboa vive, em outubro de 2020., cada vez mais  das rendas do turismo interno e externo

Por fim no dia 15 de Septembro as tropas da guarniçaõ de Lisboa marcharam de seus diversos quartéis para a praça do Rocio, clamaram por novo Governo, ajunctou-se uma multidão de povo, que se unio no mesmo grito, mandaram buscar o Juiz do Povo, e por intervenção deste foi nomeado outro Governo. As particularidades deste successo, ficam referidas a p. 378, conforme o que publicou a Gazeta de Lisboa, no dia 16 de Septembro. Em tudo isto naõ apparecem os Governadores do Reyno, nem os seus Secretários, nem o seu Coadjuctor Conde de Palmela; parece que até nem se sabia de sua existência, senaõ porque o novo Governo) movido de compaixão por suas pessoas, e para evitar desordens» lhes mandou por guardas em suas casas, para os proteger contra algum insulto popular. 0 novo Governo, que se intitulou provisório, mandou logo pôr um embargo para que naõ saíssem navios de Lisboa; e depois, examinando o Erário, publicou a conta, que copiamos a p. 383; e como achou o Erário exhausto, pedio uma subscripçaõ voluntária, a qual foi conrespondida com numerosos donativos, tomando-se as devidas precauçoens, para que elles fossem apulicados aos fins, que se destinavam; e expediram ao povo a proclamaçaõ a p. 381. Feito isto mandaram a carta, que fica copiada a p. 388, á Juncta Provisória, que tinha ja saido, ou estava a ponto de sair de Coimbra : e chegando a Alcobaça expedio a resposta, que se acha a p. 400, e a portaria de p. 401, pela qual unlo a si o Governo Interino de Lisboa, e se dividio em duas secçoens, uma encarregada da Administração do Reyno, outra da convocação das Cortes. O Governo Interino de Lisboa, aceitando as medidas da Juncta Provisória, esta marchou para Lisboa aonde fez a sua entrada publica, aos 5 de Outubro, da maneira que se vè pelo extracto da gazeta copiado a p. 443 ; e apparecendo os membros do Governo ás janellas do Palácio, foram saudados com as acclamaçoens do innumeravel povo, que enchia a praça, e expediram a proclamaçaõ copiada a p. 408. Vejamos agora uma pequena parte do contraste, entre o antigo e novo Governo. Os Governadores do Reyno, em sua primeira proclamaçaõ, tractaram de rebeldes a Juncta do Porto e seus sequazes. Legalmente fallando, qualquer opposiçaõ armada contra as authoridades constituídas he uma rebelliaõ ; mas o modo porque os Governos custumam e devem tractar as rebellioes, depende inteiramente das circumstaucias, Quando os rebeldes constituem uma parte considerarei da Naçaõ, ja naõ se pode considerar a rebelliaõ como se fosse tentativa de algun indivíduo ou poucos individuos, contra a ordem geralmente recebida ; entaõ temos uma dissençaõ civil, e quando naõ fosse o direito (que mal se pôde considerar achando-se a naçaõ em revolução) a prudência pede, que os Governos façam a devida distincçaõ, entre estes dous casos tam essencialmente differentes. Mas os Governadores de Lisboa, sem considerar a magnitude da revolução, tractaram os Portuenses de rebeldes : e logo depois sem cuidar em medidas, que vigorassem o seu partido, cedem d revolução, chamando Cortes, e indicando assim, que elles eram os que tinham andado errados, e que a Juncta Provisória éra a que obrara com acerto. Esta declaração, portanto, devia ser o golpe mortal a seu partido. Depois, escrevem a esses que tam pouco antes haviam tracta-. do como rebeldes, a carta de p. 363, em tom tam humilde, que naõ podia ter outra resposta senaõ o desprezo ; e ainda assim tem asimpHcidade de exigir, que a naçaõ tenha nelles confiança! Ora; que confiança se podia pôr em homens, que mostravam iam inconseqüente character ? Mas todo o Governo estava montado neste systema de illusaõ e engano ; e por isso cahio o seu poder, como, quando corre a cortina do theatio, desapparecem as vistas. A gazeta de papel pardo, que no dia 15 pela manhaS declarava, que èra só um partido astucioso, que procurava com falsidades inspirar desconfiança do Governo, essa mesma gazeta, no mesmo dia pela noite, preparava o artigo, que publicou na manhaS seguinte, que éra chegado o momento de suffocar, pela unanimidade dos votos da naçaõ, o germen de civis discórdias. E taes eram os podres esteios em que se apoiva tal Governo! Os interessantes documentos, que se acham de p. 389 em diante, mostrarão a actividade tanto do Governo Provisório de Lisboa, como da Juncta, que, como mostra o documento de p. 401, se dividio em duas secçoens ; mas além disto notaremos algumas das medidas em particular, e primeiramente, quanto á escolha de pessoas. Quando os Governadores do Reyno se viram nos apertos, pela revolução do Porto, desapparecêo o nome de seu Secretario Salter, tal vez se puzesse na lista dos doentes; e, para o substituir, nomearam os Governadores ao Dezembargador Antônio Gomez Ribeiro. De todos quantos homens podiam lembrar, naõ havia outro que fosse mais geralmente detestado, ja por seu character individual, ja porqne fora antigamente encarregado da commissaõ, para devassar d'uma supposta sublevaçaõ da província das Minas no Brazil, ja porque fura o Juiz, que coiideinnara o infeliz Gomez Freire. Deixemos de parte a questão, se o ódio geral contra o character deste indivíduo éra ou naõ bem merecido; mas perguntamos s se uma pessoa tam geralmente mal vista, éra própria para o lugar de Secretario do Governo, em um momento mais do que todos, em que esse Governo precisava de popularidade ? Agora o contraste ; os membros do novo Governo Provisorio em Lisboa foram nomeados tumultuariamente, he verdade, e sem as formalidades, que se observaram no Porto, mas só se escolheram aquelles, que tinham a aura popular. Sobre tudo esse Goyerno Provisório teve logo para seu Secretario o Desembargador Felipe Ferreira de Araújo e Castro; homem geralmente conhecido por sua probidade, seus talentos, seus estudos ; naõ havia ninguém que naõ conhecesse as boas qualidades e aptidão daquelle indivíduo para os maiores empregos, excepto os Governadores do Reyno, que deixavam na obscuridade tam conspicuo merecimento. Assim soube logo a revolução aproveitar-se de uma pérola, que d'antes estava atirada ao monturo ; e de Secretario do Governo Provisório passou a ser membro da Juncta Suprema, depois da uniaõ, como se vedo officio a p. 411. Naõ se achava no Governo antigo, para pôr í frente do Erário, senaõ um marquez de Borba, que nunca servira em repartição alguma, nem mostrara jamais que houvera feito alguns estudos, que para tal emprego o qualificassem ; ainda independentemente de seu character moral. A revolução achou logo o Desembargador Manuel Fernandez Thomuz, cujos talentos éram já mui conhecidos, e que foi posto nesta repartição pela segui» te' Portaria. " Sendo indispensável, que no Erário haja Adoiinistiadm Geral, com a jurisdicçaõ da Presidência delle ; determina a Juncta Provisional do Governo Supremo do Reyno, que o Deputado da mesma Juncta Manuel Fernandes Thomaz, encarregado dos Negócios do Reyno e Fazenda, sirva o referido lugar de Administrador geral do dicto Erário ; o qual o terá assim entendido e executará, expedindindo as participaçoens, que se fizerem necessárias. Palácio do Governo em 4 de Outubro de 1820." " Com as Rubricas dos Governadores do Reyno."


Cortes Constituintes de 1820 (por Roque Gameiro: Quadros da História de Portugal, 1917)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:As_Cortes_Constituintes_de_1820_(Roque_Gameiro,_Quadros_da_Hist%C3%B3ria_de_Portugal,_1917).png

Fig. 05 – AS CORTES CONSTITUINTES de 1820 reuniram-se em LISBOA e trataram de uma CONSTUTIÇÃO na QUAL o BRASIL retorna à sua CONDIÇÂO COLONIAL e sem direto a ter as suas próprias CORTES CONSTITUINTES, Os poucos e desavisados constituintes nascidos no Brasil eram tratados como mazommbos e desconsiderados pela sua origem colonial. Em outros termos isto significava a PROCLAMAÇÂO da INDEPENDÊNCIA de PORTUGAL em relação ao BRASIL Na parede imagem de DOM JOÃO VI como  mera figura simbólica, sem voz e vez nesta ambiente além de sua obrigação de jurar a Constituição elaborada por estas cortes.

 Seria impracticavel correr por todos os individuos do novo Governo, para mostrar como cada um delles tinha a aura popular ; basta notar, que de nenhum delles se soube aproveitar o passado Governo. Agora, quanto ás medidas ; a primeira e amais importante he o cliamenlo de Cortes, e o novo Governo, dando a isto o pelo requerido pela opinião publica, e havendo-se dividido a mesma. Juncta em duas secçoens, ficou uma dellas incumbida das medidas necessárias para esta convocação, exclusivamente de todos os mais negócios ; naõ se podia por tanto t radar com mais gravidade, nem dar maior respeito para com o publico a essa medida da Convocação de Cortes. Pelo contrario os Governadores do Reyno declararam o chamamento de Cortes; mas tam intempestivamente, e de maneira tam pouco calculada a inspirar confiança, .que uinguem créo na sinceridade da medida ; attribuiram-a todos a conselho artificioso do Conde de Palmela, riram-se do modo, porque tal medida se propunha pôr em execução, e ficaram os Governadores 110 mesmo estado de fraqueza moral em que dantes se achavam. Ja deixamos copiado a p. 383 o mappa do estado em que o Governo Provisório achou o Erário ; mas, depois de se nomearam clavictilarios, pela portaria p. 398, para guardar o Cofre dos donativos voluntários, ese publicaram listas dos contribuintes, e no que achamos uma contribuição de Évora. A demais, na gazeta de Lisboa de 4 de Outubro, se publicou circunstanciadamente a receita e despeza do Erário, desde 1º até 30 de Septembro. As particularidades das contas publicas em tam breve período, naõ saõ em si de nenhum interesse geral; mas servem de maneira mui conspicua, para attrahir ao Governo a confiança da Naçaõ, principalmente na crise actual.

Sobre este ponto tam essencial, nuõ disseram nada os Governadores do Reyno, nem lhes suggerio medida alguma o seu conselheiro Conde de Palmela; e por uma razaõ bem obvia; porque lhe podiam lançar em rosto, que o mesmo Conde fora quem pugnara, para que a Administração dos Diamantes estivesse em Londres e naõ em Lisboa ; e assim com muita razaõ se poderia duvidar da sinceridade de suas profissoeus de patriotismo. A Juncta Provisória havia também publicado ja, no Porto, um mappa demonstrativo da receita e despeza do Cofre do Thesouro Publico; desde 26 de Agosto até 6 de Septembro; em que se mostrou um saldo existente em Cofre de 52:052.839 reis: publicaçoens estas, que, mais que nenhumas vigoram a confiança do publico. Mesmo depois, a commissaõ de Governo, que ficou no Porto, publicou uma conta mensal da receita e despeza com as seguintes palavras no topo .-— " Vede aqui, pela primeira vez, a conta regular do dinheiro publico recebido no thesouro nacional, donde veio, como se dispendeo, e que balanço resta. Comparai a Administração nova com a antiga, e conhecereis o merecimento da nova Era, que começou aos 24 de Agosto passado." Mandou o Governo Provisório no dia 20 de Septembro expedir um Avizo á Juncta do Commercio, para que participasse por edictal, que estavam a sair a cruzar até a altura das ilhas a fragata Lealdade e escuna Constância, que daraõ comboio aos navios, que quizerem delle aproveitar-se. Assim se começou a tirar, ainda da pobreza em que se achava o Erário, meios de proteger o commercio. Depois se expedio o seguinte. Avizo. " O Governo Interino estabelecido em Lisboa manda, que V. S. faça proceder sem perda de tempo a uma vizita das Cadeia, a fim de se sentenciarem os culpados, na conformidade das ley»» enviando a esta Secretaria de Estado a conta de se haver assim executado, com o mappa dos condemnados, ou absolvidos, circumstancias notáveis de uns e outros, para que possa constar a effectiva observância das leys, e verificar-se assim a prompta punição do crime, como a ju ta protecçaõ, que se deve áinnocencia. O que participo a V. S. de ordem do mesmo Governo para que assim se execute. Deus guarde a V. S. Palácio do Governo em 27 de Septembro de 1820. FELIPE FERREIRA DE ARAÚJO E CASTRO. Senhor Antônio Jozé Guiaõ. 


Fig. 06 – A imagem do antigo REGIME MONOCRÁTICO e da NOBREZA de SANGUE estava para dar lugar a uma nova imagem na qual reinavam os discursos, os argumentos e a retórica   A silenciosa cerimônia de submissão e beija mão real estavam os duas contados.

 

Naõ podia escapar ao novo Governo, os entrávez, que o passado punha á Imprensa, assim nomeou logo uma Commissaõ de Censura, como se vê pelo documento p. 396. 0 contraste, pois, dos dous Governos salta aos olhos, nem sabemos como possa obscurecer-se; e na participação feita aos ministros estrangeiros (p. 389) assim como nas demais providencias, se manifesta uma dignidade de procedimento, que em vaõ se buscará na Administração de Forjaz e Companhia. Compárese mesmo o procedimento militar; veja-se a ordem dia a p. 445 no exercito na Juncta Provisória; e leia-se a proclamaçaõ do Conde de Barbacena, que copiamos no N.° passado p. 316. Causas da revolução em Portugal. Pareceria incrível se naõ nos fosse demonstrado, o desvario com que os partidistas do antigo systema de Governo tem querido explicar as causas da presente revolução, desviando-se sempre da verdadeira, enganando-se a si, e procurando enganar os outros, com o mais deeidido e grave perigo, tanto do Governo como da Naçaõ. Tem-se attribuido a revolução até ás bruchas; e isto nos commumea mui gravemente de Lisboa, alguém que tem pretençoens de politico, e que talvez depois de isto lêr deixe de nos importunar mais com sua conrespondencia. O argumento de qu. usa he, que só por arte do diabo se podia fazer uma revolução tam geral, sem que houvesse nem motivo justo de queixa, nem combinaçoens previas. O Padre Jozé Agostinho, com outros sandeos de sua laia, tem accusado os Sebastianistas, que na inocência de suas opinioens só poderiam ser assaltados pela mordaz disposição de tal energúmeno. Outros em fim, como o Conde da Feira, naõ tem duvida era jurar, que a revolução he obra dos Pedreiros Livres e de mais ninguém. Nem nos devemos admirar, que haja em Portugal quem assim pense, quando agora mesmo está o Imperador d'Alemanha pregando uma Cruzada, contra os Framaçons, Carbonari, Místicos, &c. e queixando-se mui peculiarmente dos jornaes e outras obras literárias, a quem as actuaes revoluçoens se attribuem. Mas ¿ aonde estavam os pedreiros livres e os jornaes na Hespanha ? ¿ Aonde os de Portugal ? ¿ Aonde nos mostrarão, quer em Hespanha, quer em Portugal, essas pretensas sociedades de Carbonari, ou outras de tendência política? 


Padre Jozé Agostinho

https://archive.org/details/osegredorevelado45barr

Fig. 07 – Os CULPADOS de TUDO surgem e são fabricados em todos os tempos e lugares independente de qualquer prova, lógica ou mínima veracidade. Este movimento, da busca do CULPADO de TUDO, está em plena ebulição, em outubro de  2020, com os denominados FAKE NEWS. Esta ebulição evidencia o papel de achar algum bode expiatório, uma desculpa por algum fracasso ou a simples debilidade mental 

 

No entanto, ue todos os jornaes eram rigorosamente prohibidos, excepto os que o Governo mantinha para nelles publicar só o que suppunha ser-lhe favorável, no entanto que o tracto social dos homens éra pesquizado e esquadrinhado ao mais intolerável ponto, a fim de que nem sombras restassem de associaçoens políticas ; arrebenta a revolução, e apparece logo geral, tanto em Hespanha, como em Portugal. Agora, que naõ foram os jornaes que tal effeito produziram, he evidente; porque taes jornaes naõ havia. Seriamos Pedreiros livres. Mas estes haviam de apparecer depois de declarada a revolução, quando ja naõ tinham que temer a perseguição do extincto Governo: mas naõ apparece o menor symptoma disso. Se se ajunctam em suas loges ainda, a practicar seus ritos e suas ceremonias, de certo os seus calumniadores os naõ mostraram na Hespanha ou em Portugal, tomando parte alguma nos negócios políticos depois da revolução. Ora ¿ he crivei, que se os effeitos revolucionários fossem filhos dessas associaçoens dos Framaçons, quando tivessem conseguido a mudança, deixassem de apparecer figurando n'uma obra que éra sua ? Naõ examinaremos aqui até que ponto o Gabinete de Áustria crê, ou naõ crê, nessas patranhas, que apregoa sobre os Framaçons ; mas em Portugal estamos persuadidos, que os mesmos, que imputam aos Framaçons ideas revolucionárias, e que os accusam de ser origem dos sentimentos desfavoreis ao Governo, naõ crem nisso que dizem, faliam assim por hypocrisia, e conhecem que saõ calumniadores. Eis aqui a prova. Entre outros estratagemas, que lembraram ao Conde da Feira e seus coadjuetores, para oppór um dique ao espirito revolucionário, que se manifestara abertamente no Porto, foi o solicitar que se reunissem em loges alguns poucos Framaçons, que havia em Lisboa, e procurar com sua influencia a creaçaõ de unia opinião publica, opposta ás ideas da revolução. Claro está, que os Framaçons, em Lisboa, saõ tam poucos, que, ainda que seu systema pacifico lhes permittisse, o que positivamente lhes prohibe, metter-se nas commoçoens políticas, naõ podiam ter pezo algum em contrabalançar a opinião publica de todo o Reyno, nem essa opinião éra cousa que se desfizesse em três dias ; mas a mesma tentativa, só de per si, prova a má fe com que esses Godoyanos calumniávam e calumniain os Framaçons, contra a verdade de que estaõ persuadidos. Parece evidente, que um tam pequeno numero, como he o dos Framaçons em Portugal, ainda que elles realmente trabalhassem por causar a revolução, naõ éra capaz de produzir tam geral sublevaçaõ ; para explicar tam extensivos effeitos, he preciso achar causas proporcionalmente geraes, mas a indagação das verdadeiras causas, he o que naõ faz conta aos Godoyanos; e por isso se apegam a esses ridículos subterfúgios. He manifesto que os custumes de Portugal tem mudado prodigiosamente, durante os cincoenta annos passados : ¿ e cuidou o Governo daquelle Reyno em mudar as suas instituiçoens políticas, de maneira que as adaptasse a esses custumes assim mudados ? Naõ.. Eis aqui pois uma causa geral, que devia pór toda a naçaõ em directa opposiçaõ com seu Governo. Porem desçamos a um exemplo na Administração. As rendas do Erário naõ eram adequadas ás despezas do Governo ; nem se podiam augmentar; porque a pobreza da Naçaõ naõ admittia a imposição de novos tributos. Logo, naõ havia outro remédio, senaõ cortar por todos os estabelecimentos públicos, que naõ fossem da primeira necessidade. Mas o Governo naõ pensou jamais em tal medida de economia; continuaram os gastos da mesma forma, com um déficit, que por força augmentava todos annos. Por conseqüência todo o Reyno se resentia desta penúria do Governo, que naõ podia deixar de acabar em uma banca rota. Eis aqui um motivo mais que bastante, para excitar o descontentamento geral contra o Governo, porque este mal éra geralmente sentido por todos, directa ou indirectamente. Ajunctem a isto os abusos na Administração da justiça; a existenria de um exercito, em tempo de paz, que nem a população nem as rendas do Erário podiam manter, sem vexame geral ; e outros muitos erros de igual tendência, e digam-nos ¿ se estas causas geraes naõ explicam melhor a revolução, do que os jornaes, que naõ havia, ou meia duzía de Framaçons, que nem tinham, nem podiam ter, por sua pequenhez, alguma influencia na opinião publica, senaõ em quanto, por ser uma classe perseguida, érain mais um motivo de queixa, contra as oppressoens injustas do Governo ? Nem he matéria indifferente, antes sim mui importante, examinar quaes saõ as verdadeiras causas do descontentamento publico; porque, dando-se ouvidos a exposiçoens factícias e impertinentes, se perde de vista a verdadeira origem do mal; e, sendo esta desconhecida, naõ he possivel atinar com o remédio ; e por fim chega a crise, quando ja nenhum remédio aproveita. Agora duas palavras sobre as Conseqüências da Revolução. Quando em numa Naçaõ apparece nova ordem de cousas politicas, effeito de commoçaõ popular, he impossível determinar as combinaçoens, que resultarão desuccessos imprevistos; e com tudo he licito conjecturar, com o auxilio da historia, e pelo conhecimento das circumstancias presentes, o que se acha ainda envolto na obscuridade do futuro. A naçaõ, que vio derribado um Governo, durante cuja administração observava e padecia tantos males, naturalmente se enche de alegria e de enthusiasmo; porque se persuade, que todas as suas difíieuldades devem desapparecer, com o Governo que as naõ tinha remediado; e naõ temos a menor duvida de que o Governo actual muito fará para isso, e que o chamamento de Cortes produzirá um espirito de energia nacional, que, sem esta circumstancia, seria impossível esperar ein Portugal. Eis aqui a parte favorável do quadro ; mas as pessoas prudentes, e que se naõ deixam levar do enthusiasmo cego (e neste numero da gente cordata contamos os membros da Juncta do Governo Supremo Provisório) naõ pódern deixar de prever as difiiculdades, que resultam a Portugal deste mesmo estado de cousas melhorado, em tantos respeitos, como dissemos acima. A mesma Juncta Suprema do Porto, na carta, que escreveo aos Governadores do Reyno, e que deixamos copiada a p. 372, reconhece a existência de partidos, que nós tínhamos indicado antes em vários números deste Periódico, fundados em informaçoeus particulares, e nos rumores públicos. Sobre isto assim se explica a Juncta nessa carta. " Vossas Excellencias sabem igualmente, que, para cumulo de nossas desgiaças, se haviam formado e iam engrossando em Portugal, nessa própria cidade, três diversos e oppostos partidos, que, com o aparente intuito de salvar a naçaõ, mas em realidade para conservarem ou promoverem seus particulares internes, urdiam o indigno projecto, ou de nos entregarem a uma naçaõ estranha, ou de nos manterem debaixo da vergonhosa tutella de outra, ou de derribarem do throno o nosso adorado Soberano, para lhe substituírem o chefe de uma illustre Casa Portugueza, cuja lealdade com tudo se recusaria, sem duvida, a k»m intempestiva honra.". Esse partido Hespanhol, cuja existência fica iudubitavel por este documento, manifestou-se por muitos modos, e naõ foi menos conspicuo o dos elogios, que se prodigalizaram em Portugal e fora delle, pelos Portuguezes desse partido, naõ somente á Constituição Hespanhola, mas até ao Rey Fernando, que alguns desses mesmos panegiristas haviam pouco d' antes pintado, como um Satanaz encarnado. Um escriptor Portuguez em Londres, copiou passagens de authores Portuguezes antigos, para provar, que se devia desvanecer a antipathia nacional entre Portuguezes e Hespanhoes; e até inventou o exdruxolo nome de Lusos-Hespanhoes-Constitueionaes, para dar designação a essa supposta uniaõ, de Portugal com Hespanha. Talvez até isto se negue, e se chame " notável descaramento em mentir;" mas nem por isso he menos verdade; nem pôde admirar, que quem sustentou as doutrinas do servil Investigador, e depois se tornou tam accerimo Campeão dos direitos populares , pregássse a sugeiçaõ de Portugal a Castella, e, quando vi o a revolução de Portugal seguir caminho diverso, se volte outra vez como catavento, segundo a parte de que sopra o favor. Mas quando se tracta de descaramento em mentir, perguntamos ¿ se naõ foi no Investigador Portuguez \ oi. XXII. p. 217, que se publicaram as Cortes de Lamego, copiadas por exteuso da obra de Brandão ? e, f se esse Investigador naõ éra o Jornal da Embaixada Portugueza em Londres ? e { quem éra o tal Ministro nessa epocha? Ora leiain-se os commeutarios do Investigador a p. 223, desse mesmo volume, sobre as actas das dietas Cortes, e conhecer-se-ha a tendência desse jornal da Embaixada Portutugueza em Londres. ¿ Naõ foi o mesmo Investigador a p. SC5 do mesmo vol., que publicou as actas das Cortes de Coimbra, em 1385, para dar seguuda prova da soberania nacional, que se propunha estabelecer, como aquella de que dependenia a soberania Real ? ¿ E quem éra o ministro Portuguez em Lonries, que entaõ protegia aquelle jornal ? 


João de Portugal, Duque de Valência de Campos (1352-1387)_Genealogia de_D. Manuel_Pereira, 3.ºm conde da Feira_ (1534)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cortes_de_Coimbra_de_1385

Fig. 08 – Em outubro de 1820 as nações europeias passaram a idealizar a sua memória medieva. Depois de exaurirem as fontes emanadas da ATENAS idealizada, este movimento trouxe à tona para Portugal as CORTES de COIMBRA medievais com as suas histórias regionais do ano de 1353.  O arsenal e a oficina desta fabricação de um passado glorioso, eram as ARTES, a HISTÒRIA e a LITERATURA. Este movimento das HISTORIAS REGIONAIS encaixava-se no nome genérico de ROMANTISMO.

 

 

O modo com que taes senhores tem querido provar, que aristocratas Portuguezes naõ podiam fomentar taes partidos, he usando do argumento theologico, tirado de um texto da Escriptura aonde se diz que por virtude de Belezebub se naõ podiam fazer milagres paraderribar Belzebub. Argumento este, que só se podia esperar da eschola de um militar-theo logo. Mas estando demonstrado, pela carta da Juncta Provisória, a existência do partido, que queria entregar o Reyno á Hespanha, ou fazèllo potência independente do Brazil, naõ ha contradicçaô em que os aristocratas de tal partido fomentassem surdamente a revolução, e depois se amargurem contra ella, quando levou o caminho popular, que naõ éra o que elles desejavam. E senaõ vejam como explicam pelo seu texto theologico, o facto do Duque de Orleans, um grande aristocrata Francez, ser promotor da revolução de França, e depois destestando-a quando veio a ser victima delia. Como quer que seja, esse partido Hespanhol, naõ pôde deixar de constituir uma das difficuldades do actual Governo de Portugal; principalmente se a intriga Hespanhola obrar depois da reunião das Cortes; porque a mesma liberdade da imprensa, que por força se ha de ampliar mais ou menos em Portugal, a mesma faculdade illimitada de fallar era Cortes, que por força haõ de gozar os deputados, ainda que em si mesmo sejam um bem, saõ com tudo um meio de que os partidos se podem servir, como se servem em outras partes, para adiantar suas vistas particulares e sinistras. A estas difiiculdades, que o Governo tem de encontrar, accresce a outra de transcendente importância, que he o modo e maneira de continuar a uniaõ de Portugal e Brazil; uniaõ a que parecem estar resolvidos os do Governo Provisório em Portugal; e que também parece ser a idea de toda a gente sensata, a pezar dos desvairados planos de meia dúzia d'alviíristas


Fig. 09 – O Rio de Janeiro tornou-se repentinamente o centro administrativo do vasto império lusitano que abrangia terras da EUROPA, da ÁFRICA, da ÁSIA e da AMERICA. Esta centralismo administrativa não podia deixar ter uma violenta, uma continuada e uma silenciosa reação de portuguesa, Como em todos os tempos e lugares convinha achar um culpado e um inimigo externo dos fracasso de Portugal tinha,, O culpado da vez , em outubro de 1820, era o Brasil. Os acusadores não se davam conta-  ou não queria, se dar conta - de que foram portugueses natos que sempre mandaram no Brasil. Aos mazombos cabia obedecer, trabalhar e entregar, o fruto de seu trabalho, a Lisboa

A dificuldade de continuar nessa uniaõ resulta de uma variedade de circumstancias, que seria demasiado longo especificar; mas basta lembrar, que, havendo Cortes em Portugal, e naõ as havendo no Brazil, esta disparidade, na mais essencial instituiçaõ politica, deve traçar uma linha de divisão, em vez de formar um laço de uniaõ entre os dous povos. Naõ deve aqui esquecer, que, nesta mesma occasiaõ, depois de ja declarado o systema da revolução, qua lie continuar Portugal unido com o Brazil, estaõ esses escriptores, a que «Iludimos, ou por ignorância ou por fins sinistros, atribuindo ao Brazil os males que soffria Portugal ; e exaqui meios e modos de soprar a discórdia, de fomentar as divisoens, que só podem ser úteis ás vistas do partido, que queria entregar Portugal a Hespanha, ou do outro, que desejava realizar o sonho, de fazer de Portugal uma naçaõ á parte, e cheia de grandeza, e respeitada no mundo. Mas vejamos como a mesma Juncta do Porto caracterizou esses partidos, na carta, que copiamos a p. 372. " Quaesquer que fossem as imaginadas vantagens destes projectos, elles tendiam essencialmente a roubar-nos a nossa independência, e a riscar da lista das naçoens um povo leal e bravo, que tem figurado entre ellas com tanta gloria: e, quando menos, a lançar do throno Portuguez uma Familia Augusta, que o possue por títulos tam legitimos, e que por sua clemência, bondade e amor de seus povos, tem adquirido os mais sagrados direitos á nossa obediência e fidelidade." 

Virtudes de Dão João VI por Domingos Siqueira 1768-1837

Fig. 10 – A glorificação de DOM JOÂO VI buscava as suas raízes e legitimidade que era conferida aos lusitanos nas CORTES de COIMBRA do ano de 1353.  Os artistas tratavam de atualizar esta glorificação num vasto arsenal de imagens extraídas das ARTES, da  LITERATURA e requentada conforme os humores estéticos de cada época .

 

Nestas expressoens reluze sentimentos patrióticos, bem differentes desses Luso-Hespanhoes-Constitucionaes; que passando de Investigadores a Campeoens, e dahi a partidistas da sugeiçaõ á Hespanha, assopram ainda o fogo da desunião, imputando ao Brazil os males, que tem soffrido Portugal. ¿ Que culpa tem o Brazil de que os Governadores de Portugal desattendessem as urgentes necessidades do Reyno ?    ¿ Porventura veio algum filho do Brazil governar Portugal, para que pelos actos desse individuo fosse accusado todo o seu paiz ? Nem um só. Portuguezes dos quatro costados foram sempre todos os Governadores do Reyno, e todos os seus Secretários e Conselheiros. Se quizerem levar a queixa mais longe, e attribuirem os males todos de Portugal ao Gabinete do Rio-de-Janeiro; outra vez lhes retorquimos que naõ ha nesse Gabinete um sô Ministro filho do Brazil; e o Primeiro Ministro até no nome he Portugal.

¿Com que justiça, pois, se acusa o Brazil dos males de Portugal ? Se a queixa fosse contra o systema do Governo, contra os indivíduos, que o compõem, na Europa ou na America, o argumento seria sensato, mas uma accusaçaõ contra o Brazil he tam sobre maneira injusta, que só pode ter por fim provocar a retorçaõ, excitar os ódios, e crear divisoens só úteis ao partido da dominação estrangeira, que temos acabado de descrever, com as mesmas palavras da Juncta. Se o nosso fim fosse retorquir, e animar a contenda ¿ que série de males lhes naõ poderíamos alegar, feitos pelos Portuguezes no Brazil ? Mas nunca nos deixaremos levar de taes provocacoens. Desejamos correr o veo sobre scenas tristes, e somente mostrar, que a existência destes partidos, constituirão uma das grandes difiiculdades, com o que o novo Governo tem de luetar. Naõ temos duvida de que esse mesmo Governo cuidará em supitar taes partidos : tanto mais quanto vemos, que uma das accusaçoens, que faz ao Governo passado, he a de naõ haver reprimido esses partidos antipatrióticos. Quanto aos escriptores de cata-vento, naõ temos duvida que assim como inventaram o nome de Luso-Hespanhoes-Constitucionaes, gritarão contra essa antipatriotica uniaõ, logo que o Governo Provisório e a naçaõ se mostrarem, como se mostram ja, decididos pela uniaõ do Brazil; mas o Governo deve guardar-se da hyprocrisia de taes virn-casacas. Devemos ainda acerescentar, que até temos lido ein. escriptos, cujas ligaçoens com esse partido Hespanhol naõ seria difficil traçar, que " a opinião prevalente he, que a Juncta em Lisboa declarará uma Constituição similhante á de Hespanha, como passo preliminar para a uniaõ dos dous paizes, em forma de confederação, ou de algum systema livre de Governo para toda a Península." Que naõ he tal a opinião prevalente, se conhece bem das declaraçoens da Juncta, que deixamos apontadas ; mas inculca-se isso assim, para o fim desse partido ; e portanto destas mesmas falsas representaçoens se conhece a necessidade de estai em guarda contra as insidias de partidos antipatriotas, cujo fim he destruir a independência nacional. Por mais geraes, que sejam as causas do descontentamento da Naçaõ, por mais culpados, que hajam sido, os Governadores do Reyno, em naõ remediar isso a tempo, nem por isso deve o Governo perder de vista o grande perigo que ha, em que os intrigantes, fundando-se nesses mesmos factos, inventem exaggeraçuens, supponliam causas falsas, e irritem os ânimos a favor de diverso .'partidos, que, produzindo uma confusão ao depois irremediável, venham a concluir na subversão do Estado. Queremos de tudo isto concluir, que, se o Governo de Portugal tal qual se acha, e ao depois de formadas as Cortes, naõ se guardar das insidias desses partidos, que, como todos sabem, foram primeiro intentados por aristocratas degenerados, e depois seguidos por ignorantes ou facciosos palradores, corre Portugal o risco de fazer uma separação total ou parcial do Brazil, ficando entaõ uma potência tam acanhada, que mal poderá figurar no inundo com mais graduação do que a provincia da Andaluzia, e nesse estado de abatimento fácil preza será da Hespanha, quando terá um fim, que de certo naõ merece, o nome Portuguez, e até a linguagem Portugueza na Europa será extincla. Comportamento dos Empregados Públicos. Temos visto publicado, que o Ministio de Sua Majeslade fidelissima ein Hollanda, Brito, tomara sobre si negar passaportes a individuos ea navios, que se destinavam a Portugal. Lemos também, que o Ministro Portuguez em Hamburgo, naõ só publicara uma proclamaçaõ aos Portuguezes, contra a revolução de Portugal, mas diiigiia aos Ministros Estrangeiros um piotesto contra ella, de st u motu próprio. Sabemos de Fiança, que o Embaixador ern Paris, o Marquez de Marialva, recusara também dar passaportes para Portugal, o que causou em Baiona violentas diputas, entre proprietários de navios, e o Cônsul Portuguez.

Pela Carta que inserimos abaixo, na Conrespondencia, se verá, que o Encarregado de Negócios em Londres, Guerreiro, passou ainda mais longe, porque tentou pôr El Rey em Quarentena, recusando remetter-lhe cartas e periódicos, que se mandavam a Sua Majestade; levando essas cartas e esses periódicos, noticias, que éra importante que Sua Majestade soubesse pela via da imprensa, ja que por outros canaes lhe naõ deixam saber o que se passa. Ora ; que tristes reflexoens se naõ offerecem, vendo estes agentes diplomáticos tomar sobre si, evidentemente sem ordens algumas, medidas de hostilidade contra Partugal ! Mais, um Encarregado de Negócios d'El Rey recusar directamente o enviar a seu Soberano as cartas, que se lhe remettíain, e continham noticias, se desgradaveis, importantíssimas, para a salvação da Monarchia. Ministros, negando passaportes a vassallos Portuguezes, que desejavam regressar-se a suas casas, e á sua pátria, sem que contra elles se allegasse crime nem accusaçaõ alguma. 



 Fig. 11 – Em outubro de 1820 restava um doloroso pôr do sol sobre a debilitada marinha portuguesa e que não mais fazia o menor sentido e concorrência diante das demais potências marítimas.  Mesmo nestas tristes circunstâncias a burocracia conseguia manter a pequena frota lusitana presa, inoperante e encalhada nas docas aos portos. Certamente não cabia ao BRASIL a culpa deste colapso da marinha portuguesa.

 

Ministros, que negaram de seu próprio alvedrio passaportes a navios, que iam commerciar a Portugal, quando uma das queixas daquelle povo he, que o seu commercio se annihila pela improvidencia do Governo ; dando assim esses ministros a mais bem fundada prova ás queixas daquelles povos; e isto sem que para tal tivessem ordem de seu Soberano. A causa disto he a impunidade, com que se tem visto tantos empregados públicos desobedecerem a ordens positivas de sua Corte, chegando a insolencia ao ponto de que até um Guerreiro intente fechar a porta ás communicaçoens com seu Soberano, recusando a seu aibrtrio naõ remetter as cartas, que lhes saõ dirigidas pela Legaçaõ; quando o sagrado do sobrescripto pareceria bastante, para que Guerreiro mostrasse a taes cartas o mais profundo respeito. He escusado querer occultar factos tam escandalosamente públicos; as conseqüências de tal proceder nos empregados, obrando cada um como lhe parece, sem esperar por ordens ou 'nstrucçoens; mais, obrando em manifesta violação de seus deveres na falta de respeito ao Soberano ; naõ podem deixai de produzir uma anarchia, que faz impossível que dure o Governo, se as cousas se naõ remediarem a tempo. Quando vimos D. Miguel Forjaz feito Conde da Feira, seudu tam publico em Portugal o partido Hespanhol, que ali reynava e reyna ; e as nenhumas medidas, que o mesmo Forjaz tomou para o reprimir, naõ podemos deixar de prever, que as cousas se approximávam ao fim que tiveram. Vem a poz isso a carta, que elle escreveo ao Conde de Palmeila, e que houve bom cuidado de publicar, junetamente com a resposta na gazeta de Lisboa; naturalmente se offérece a questão i porque se publicaram taes cartas na gazeta, contra todo o custume daquelle Governo ? O Conde de Palmella naõ duvidou dizer na sua resposta, que tomava sobre si a parte da responsabilidade, que lhe tocava, pelas medidas do Governo de Lisboa, a que elle assistia coino conselheiro. Agora que todas essas medidas se mostram ter sido as mais impróprias, e absurdas ^¿ poderá o Conde recusarse a que o publico o chame a contas, por essa responsabilidade, a que elle ue offereceo? Tomemos, no sentido que o Conde de Palmella quizer, a sua expressão de ser necessário mudar as bazes do edifício social; qualquer que fosse a mudança que elle tivesse em vista ¿ porque naõ foi ao Rio-de-Janeiro, para a aconselhar ? Naõ somente podia fazello, mas foi expressamente mandado ir, por seu Soberano, para esse expresso fim, de ser ouvido, e cooperar nas medidas, que se queriam adoptar, e que a necessidade da occasiaõ requeria: em vez disto foi-se metter em Lisboa ; e naõ temos razaõ de lhe lançara culpa, pela responsabilidade a que elle voluntariamente se submetteo } A desgraça consiste, em que a responsabilidade dos empregados públicos, sobre o que tantas vezes temos insistido, naõ passa de meras palavras, a sua efficacia ainda a naõ vimos na practica. Cada empregado publico obra como lhe parece,

 

Após este leitura chega-se à conclusão de que  as  CORTES em LISBOA, de outubro de 1820, OBRARAM também “COMO LHES PARECIA”. Empolgados por um passado esplendoroso, sufocados por um presente atribulado e sem grandeza e alcance de oferecerem um futuro de um império lusitano, A verdade é que criaram por meio da LEI de CONSTITUIÇÂO, que deveriam PRECEDER os FATOS, talharam, ao seu talante e medida, uma pequena pátria fechada sobre si mesma e contrária a tudo o que PORTUGAL já fora algema vez

Uma vez que aqueles que se julgaram competentes para esta tarefa  não sentiram o menor remorso com a perda do Brasil uma vez que os seus interesses e dos seus sócios estivessem assegurados por LEI.

Em outubro de 2020, depois de dois séculos destes episódios não houve a coragem de se manter fora e independente da União Europeia como a Suíça e muito menos a energia e a competência de um BREXIT britânico

 Não adiantem desculpas: se “a LEI PRECEDE os FATOS” estes fatos são previsíveis pelo estadista a altura do seu momento. Em POLÌTICA, em ESPORTE e na ARTE não existe espaço para pedidos de perdão

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PRAÇA do ROSSIO

https://www.visitasvirtuais.com/local.aspx?id=PracaDomPedroIvRossio

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https://dicasdelisboa.com.br/pontos-turisticos/praca-do-rossio-dom-pedro-iv-em-lisboa-portugal/

Reunião da JUNTA

https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:A_faust%C3%ADssima_e_memoravel_reuni%C3%A3o_dos_illustrissimos_membros_da_Junta_Provisional_-_Ant%C3%B3nio_C%C3%A2ndido_Cordeiro_Pinheiro_Furtado,_c._1820,_Museu_de_Lisboa.png

 

CASTELO de SÂO JORGE LISBOA

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_S%C3%A3o_Jorge

 

Entrada a Junta Suprema em .Lisboa 5 de Outubro de 1820

https://pt.wikipedia.org/wiki/Junta_Provisional_do_Governo_Supremo_do_Reino

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Cortes_Gerais_e_Extraordin%C3%A1rias_da_Na%C3%A7%C3%A3o_Portuguesa

 

SEDE da JUNTA SUPREMA da REVOLUÇÂO de 1820

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pal%C3%A1cio_das_Necessidades_1997.JPG

PALÀCIO da RIBEIRA LISBOA

http://marinhadeguerraportuguesa.blogspot.com/2015/04/o-paco-real-da-ribeira-xvi-xviii_21.html

O CAÇADOR DE PEDREIROS-LIVRES: JOSÉ ANASTÁCIO LOPES CARDOSO E SUA AÇÃO CONTRA A MAÇONARIA LUSO-BRASÍLICA (1799-1804)

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-83092017000100310

Padre Jozé Agostinho

https://archive.org/details/osegredorevelado45barr



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