O CORREIO entre SÃO PAULO e PORTO ALEGRE.
O número do CORREIO BRAZILIENSE de abril de 1818
nos faz entrever, 200 anos depois, quem
distribuía e de que a forma chegavam os
números deste periódico aos seus
eventuais assinantes de PORTO ALEGRE, de RIO PARDO e de RIO GRANDE.
Fig. 01 – A imagem da Villa de São Paulo na época da Independência do
Brasil ainda ostenta os vestígios de antigos muros. Esta povoação tinha comunicações mais frequentes e já
regulamentadas com a corte do Rio de Janeiro através do rico vale do Rio
Paraíba que estava recebendo as primeiras fazendas de café. Outra era pelos
portos acoplados de Santos, São Vicente e
Bertioga de onde partiram os fundadores de São Paulo de Piratininga
A COMUNICAÇÃO INTERNA do BRASIL NÃO FOI
ESTABELECIDA no GRITO e deixada aos CUIDADOS de QUALQUER AVENTUREIRO. A intervenção
governamental nas COMUNICAÇÕES INTERNAS na em 1818 continuava a política do
Brasil Colonial rigidamente controlada por LISBOA. Com a mudança da corte ao
Rio de Janeiro este serviço foi
terceirizado. Porém permanecia como
concessão e com severo controle governamental. Ao mesmo era índice
múltiplo entre eles a densidade populacional, o número das pessoas
alfabetizadas, as trocas de informações, a circulação de bens materiais e do
grau de monetarização da economia substituindo o primitivo escambo.
Fig. 02 – A extensa rede de caminhos dos incas era percorrida regularmente
pelos CHASQUES que levavam as comunicações da administração central como
traziam as últimas notícias dos pontos mais longínquos deste império. Isto não acontecia com as tribos
dos indígenas do lado do litoral do Atlântico Sul. Esta regularidade de
correios entre São Paulo e Porto Alegre só veio a se efetivar a partir de 1817
Todos os grandes impérios da antiguidade haviam
praticado esta política. Roma controlava a sua província Lusitana por meio dos
serviços de comunicações que circulavam em vias cuidadosamente construídas,
mantidas e protegidas. O Império INCA abriu e manteve uma notável rede de comunicações[1]
na costa do Pacifico da América do Sul onde circulavam os CHASQUES[2]
transportando mensagens nos QUIPOS[3]. Estas comunicações regulares e
regulamentadas lhes permitiram a expansão e a garantia do controle de um vasto
império andino.
Fig. 03 – A comunicação inca estava mais confiada na boa memória dos seus
chasques. Como mnemotécnica usam leves
cordões (QUIPOS) cujo código completo ainda não decodificado completamente. Existem algumas hipóteses sobre o seu sistema numérico como da
figura acima.
Do lado do Atlântico da América do Sul as
primitivas tribos tinham as suas sendas. Porém a diversidade de etnias, línguas
e culturas não contava com este elemento unificador.
Fig. 04 – A imagem da Villa de Porto Alegre a quem de Jean Batista Debret atribuiu equivocadamente o nome de
Paranaguá. Acredita-se que esta imagem foi criada a partir de algum apontamento que Manuel
Araújo Porto-Alegre ofereceu ao seus
mestre que a elaborou no seu retorno para a França depois de 1831. Seria vista que o estafeta do correio teria se viesse de
Gravataí e se aproximasse pelo caminho que ladeava o Guaíba no atual Bairro
Navegantes
[clique sobre a imagem para ler as indicações]
De outra parte este serviço de correios permitiu
que a notícia da proclamação da independência chegasse rapidamente aos extremos
do território brasileiro. Dom Pedro I percorreu, em 1826[1],
os caminhos já consolidados e mantidos para o serviço do CORREIO.
Fig. 05 – Em 1809 a Capitania de Rio Grande de São Pedro do Sul era dividida
em quatro grandes municípios. As Missões só foram incorporadas efetivamente ao
Brasil em 1810 e, portanto, carecendo de comunicações via CORREIO. Os CORREIOS - planejados e colocados em prática a partir de 1817
- conectam as sedes de município com a corte do Rio de Janeiro via São Paulo.
Havia a tarefa da distribuição interna nestes Municípios. As condições das
estradas podem ser avaliadas em três relato de sucessivas viagens[1]. A primeira é de
Sant-Hilaire em 1820-1, a 2ª a Viagem de Dom Pedro I em 1826 e a 3ª Arsèse
Isabelle no ano de 1834. Este levou 45
dias numa viagem de São Borja até Rio Pardo
CORREIO BRAZILIENSE DE ABRIL, 1818, VOL. XX. No. 119 pp.329 – 337
POLITICA.
REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRAZIL, E ALGARVES.
Decreto para o estabelecimento de correios na capitania de S. Paulo ø
Rio-Grande do Sul.
Tendo determinado pelas cartas Regias da data deste, dirigidas aos
Governadores e Capitaens Generaes de S. Pedro do Rio-Grande, e de S. Paulo, o
estabelecimento de um correio regular entre estas duas provincias, sou servido
nomear para Administrador Geral do mesmo Correio a Jozé Pedro Cesar, por tempo
de dez annos, e o mais que decorrer, em quanto eu naõ mandar o contrario. E
pelo referido tempo esta administraçaõ comprehenderá os dous districtos desde o
Rio-Pardo até a cidade de S. Paulo; findos os quaes ficaraô sendo duas diversas
administracoens, cada uma no districto da Provincia respectiva. E o mesmo Jozé
Pedro Cesar fará o sobredicto estabelecimento á sua custa; para o que, pelo
dicto tempo, Ihe pertencerå o rendimento das passagens; que não estaõ
contracladas, na forma, que houve por bem determinar nas mesmas cartas Regias:
e observara o Regulamento Provisional, que com ellas baixa, assignado por Joaõ
Paulo Bezerra, do meu Conselho, Minîstro e Secretario de Estado dos Negocios da
Fazenda, Presidente do meu Real Erario, e nelle meu Lugar Tenente. O Conselho
da Fazenda o tenha assim entendido, para o executar pela parte que Ihe toca.
Palacio
do Rio-de-Janeiro em 24 de Septembro de 1817.
Com a Rubrica
de Sua Majestade.
[1] TRES VIAGENS ao RIO GRANDE do SUL:
VIAGEM de SAINT HILAIRE ao
RIO GRANDE do SUL em 1820 e 1821
ROTEIRO de DOM PEDRO I no RS
em 1826
VIAGEM de ARSENE
ISABELLE em 1834 entre Buenos Aires e
Porto Alegre
Fig. 06 – Em 1709 a Capitania de São Paulo ocupava quase a metade do
território da Colônia Brasileira . Esta situação perdurou até 12.09,1720 quando
a Capitania Minas Gerais recebia a autônoma administrativa de São Paulo. A gradativa
efetiva ocupação da Capitania do Rio Grande do Sul por Portugal
ainda não tinha recebido a sua primeira
capital e que só acontecerá em 1737 De
outra parte a cidade de Colônia do Sacramento fundado pelos portugueses em 1680
anunciava esta pretensão lusitana de estender este território até o Rio da
Prata. Com a falta de comunicação regular por terra frustrava esta intenção. Isto
viria a acontecer em 1817 quando Portugal já trocara, em 1750[1], a Colônia do Sacramento pelas território das
Missões
Carta
Regia.
Conde de Palma, Governador e Capitaõ Geral da Capitania de S. Paulo:
Amigo: Eu EI Rey vos envio muito saudar, como aquelle que amo. Sendo muito
conveniente o estabelicimento de um correio regular, entre ésta Côrte e a villa
de Porto Alegre, a fim de se facilitarem « reciprocas communicaõens e relaçoens
de umas com outras terras ; e verificando-se, na minha Real presenca, a possibilidade
deste estabelicimento, pelos exames e observacoens, que a este respeito fez
Jozé Pedro Cesar, seguindo o correio ao longo da costa: sou servido ordenar que
sem perda de tempo se haja de proceder a este estabelecimento, entre a cidade
de S. Paulo e a Villa de Porto Allegre.
Fig. 07 – O detalhado mapa do Brasil que Jean
Baptiste publicou nos seus apontamentos da sus viagem ao Brasil possui problemas na indicação da
localização e hierarquia de importância das cidades Assim a vista de Porto Alegre é assinalada no litoral norte do
Espírito Santo e o seu verdadeiro lugar no mapa é ocupado por VIAMÂO De outra
parte o títulos das vilas e cidades de suas ilustrações não correspondem aos
seus lugares de origem. É o caso da confusão entre a vista de Porro Alegre
confundida com a vista de Paranaguá
[clique sobre a imagem para ler os nomes das localidades]
E porque me foi presente o offericimento, quc fez o dicto Jozé Pedro
Cesar. de estabelecer á sua custa este correio, partindo duas vezes em cada um
mez das villas do Rio-Pardo, Porto-Alegre, e Rio Grande, sendo-lhe concedidos
por tempo de dez annos os rendimentos de todas as passagens dos rios, e
enseadas, quese comprehenderem nos districtos, por onde passar o mesmo Correio,
desde a villa do Rio-Pardo até os Cubatoens de Sanctos; ficando porem obrigado
a entregar nas respectivas Junctas da Fazenda, a importancia das passagens, que
presentemente estiverem arrematadas. pelas mesmas Junctas, a fornecellas de
boas canôas, e barcas, e a entregar no fim dos dez annos, naô sô as mesmas
passagens, como tambem todo o estabelicimento do correio, da maneira que elle
deve ficar. Por esperar do seu zêlo e actividade o bom desempenho desta
commissaô, fui servido, por decreto da data desta, nomeállo Administrador Geral
do Correio, entre a Cidade de S. Paulo e a Villa de Porto Allegre, pelo tempo
dos dictos dez annos, e o mais que decorrer, em quanto eu naô mandar o
contrario : e pelos referidos dez annos lhe ficará pentencendo o rendimento de
todas as passagens dos rios e enseadas, que se encontrarem no caminho do dicto
correio, á excepçaõ da passagem de Sanctos aos Cubatoens, e das que se acham
contractadas; porém, findos os contractos, lhe ficaraô pertencendo os
rendimentos, que taes passagens produzîrem além dos contractos actuaes; com os
quaes precos elle ficará entrando nas respectivas Junctas de Fazenda; peios
sobredictos dez annos, com reserva somente da passagem de Sanctos aos
Cubatoens, que em nenhum caso lhe pertencerá, ainda depois de íindar o actual
contracto, e sendo feita á sua custa toda a despeza com os conductores das
malas do correio, e com as canoas e barcas, que forem necessarias; devendo tudo
entregar no fim dos dez annos para a minha Real Fazenda, se eu naõ for servido
renovar-lhe ésta graça, em tudo ou em parte, em attençaõ ao bom serviço, que
elle me tiver feito, e ao exacto cumprimento do Regulamento Provisional, que vai
assignado por Joaõ Paulo Bezerra, do meu Conselho, Ministro e Secretario d'
Estado dos Negocios da Fazenda, Presidente do meu Real Erario, e nlle meu Lugar
Tenente.
Fig. 08 – O Conde de Palma, Governador e Capitão Geral da Capitania de S. Paulo recebeu a incumbência de prolongar o Correio já existia entre o
Rio de Janeiro e São Paulo e estendê-lo até a Capitania de Rio Grande de São
Pedro do Sul . Os CORREIOS - planejados
e colocados em prática a partir de 1817 - conectam as sedes dos municípios da
capitania do Sul com a corte do Rio de Janeiro via São Paulo. Havia a tarefa da
distribuição interna nos distritos destes Municípios.
E no fim dos sobredictos dez annos, ficarao sendo duas administracoens,
uma pelo que pertencer ao limite da provincia de S. Pedro do Rio-Grande, e
outra para o districto da provincia de S. Paulo; assim como as passagens
ficaraõ pertencendo as respectivas provincias. O que me pareceo participar-vos,
para que no Vosso districto, e na Juncta da Fazenda dessa provincia, assim se fique
entendendo, e o fareis executar ; prestando-se todo o auxilio, que for
necessario, e dando-se os despachos eordens necessarias para se effectuar este
util estabelecimento.
Escripta no Palacio do Rio-de-Janeiro,
em 24 de Septembro, 1817.
REY.
Fig. 09 – MARQUES do ALEGRETE ou LUIS TELES da SILVA TELLES
CAMINHA e MENESES (1775-1828) estava dirigindo a Capitania de Rio
Grande de São Pedro do Sul, quando, a partir de 1817, se terceirizou a comunicações e o
serviço regular via CORREIO com São Paulo e desta capitania para a Corte
do Rio de Janeiro . Evidente que ja existia este serviço antes desta data, porém era
do Estado, entregue aos militares e que funcionava conforme as urgências do
exército. A CAPITANIA era comandada por um militar de carreira, um capitão
general ou alguém que assumia o governo junto com comando militar junto com os
demais serviços públicos desta organização estatal;
Para o Conde de Palma.
(A carta Regia, para o Marquez d'Alegrete, Governador e Capitaõ General
do Rio-Grande éra de similhante forma e têor.)
Regulamento Provisional, para o estabelimento do correio, entre a cidade
de S. Paulo e a villa de Porto Alegre da Capitania de S. Pedro do Rio Grande do
Sul.
1°. As Junctas de Fazenda das
Capitanias de S. Pedro do Rio-grande do Sul, e a do Governo de Sancla
Catherina,daraô todas as providencias, que forem necessarias para o prompto
estabelicimento do correio entre a cidade de S. Paulo e a villa de Porto
Alegre, de accordo com José Pedro Cesar, que se acha nomeado Administrador
Geral deste correio.
2. Marcar-se-haô e se faraõ publicos por editaes, os dias da chegada e
partida do correio entre S. Paulo e Porto Alegre, com escala por Sancta
Catherina, e se combinaraõ as marchas de modo, que a chegada do correio de S.
Paulo seja, ao mais tardar, no dia antecedente ao da partida do correio, que ja
se acha estabelecido, entre S. Paulo e esta Corte do Rio-de-Janeiro, para que
sîgam por elle as cartas, sem a menor demôra em S. Paulo, sendo para isto
necessario, que haja de partir de Porto Alegre de dez em dez dias um correio,
para chegar a S. Paulo na antevespera, ou, ao mais tardar, na vespera da
partida do correio para esta Côrte, gastando 20 dias no caminho desde Porto
Alegre até S. Paulo, e viceversa de S. Paulo para Porto Alegre.
Fig. 10 – São Paulo de Piratininga era um nó que recebia e distribuía as
riquezas que vinham dos mais variados pontos do Sul Brasil e as remetia para
todo interior do Brasil ou as encaminhava para porto de Santos de onde eram remetidos por via marítima para o Norte do Brasil ou os
mais variados portos dos demais continentes.
Os CORREIOS formava a arte leve
e ágil deste sistema conectando as sedes de município com a corte do Rio de
Janeiro via São Paulo.
3. Para a conrespondencia das povoaçoens mais notaveis, e que ficam fôra
do caminho do correio, escolhido pelo Administrador Geral, como saõ as villas
de Sanctos, Iguapé, Cananea, Paranagua, Rio-Grande, e Rio-Pardo, o
Administrador Geral serã obrigado a fazer transportar em dias assignalados as
cartas da conrespondencia destas povoaçoens, em malas separadas, para serem
entregues ao conductor da mala do correio principal, nos lugares mais proximos
por onde passar.
Fig. 11 – Viajantes da Capitania de Rio Grande de São
Pedro do Sul se encontravam com tropeiros, índios nômades ocasionalmente, A
partir de1817 podiam acompanhar ou cruzar com
os estafetas dos CORREIOS ou ultrapassavam a velha carreta, de duas
rodas, do tempos dos romanos ou destacamentos militares. Estava distante
ainda o serviço regular de diligências
4. Nestas povoaçoens em Sancta Catharina, e Porlo Alegre, deveraõ haver
administradores, nomeados pelas Junctas de Fazenda, pagos á custa da Real
Fazenda, para receberem as malas do correio, distribuirem as cartas, cobrarem
os portes, segundo a tabela que lhe for dada, e entregarem as malas com as cartas
que houverem aos conductores estabelecidos, e pagos á custa do Administrador
Geral; fazendo-se todo este expediente com a maior regularidade e exactidad,
sem que por modo algum se demore a entrega da mala, na prefixa hora marcada
pelo Admistrador Geral.
5. A forma das malas, e sua qualidade seraõ da escolha do Administrador
Geral, a quem competirå tambem fazer ésta despeza, sendo as malas seguras com
cadeados, cujas chaves estejam nas maôs dos administradores do correio, nos
lugares, a que saõ dirigidas.
6. Os concertos dos caminhos por terra, que o Administrador Geral
exigir, serao promptamente feitos á custa da Real Fazenda do respectivo
districto; e bem assim será promptamente feita a estrada de S. Paulo para a
Conceicaõ, que passa por Sancto Amaro, para se evitar a grande volta do correio
por Sanctos.
7. Os Governadores respectivos daraô as mais terminantes ordens para o
concerto dos caminhos, de modo que possam ser transitaveis de dia e de noite,
sem risco ou embaraço algum, e para que, no caso de algum incidente imprevisto
e que naô possa ser remediado pelo Administrador Geral, ou seus delegados, naô
haja de parar a conduçaõ das malas: sendo estas enviadas pelos commandantes dos
districtos ao lugar dos seus destinos, e pagando o Administrador Geral a
despeza, que se fizer nesta interina conducçaô.
Fig. 12 – Os rios da região tinham de serem vencidos em canoas ou simples
pelotas de couro de boi. Com a intensificação do fluxo de viajantes começara a
aparecer os serviços de balsas nos pontos estratégicos destes primitivos
caminhos O desenho de Debret mostra uma PELOAT sendo arrastada por um
escravo com uma corda entre os dentes puxando este primitivo meio de transpor
os largos cursos de águas, restingas e lagos
8. As canoas e barcas para as passagens dos rios, bahias e enseadas,
seraõ feitas e mantidas å custa do Administrador Geral, a quem será livre o dar
passagem aos que lha requererem, naô sendo pessoas suspeitas por falta dos competentes
passaportes; exigindo pela passagem o preco em que se convencionarem, podendo e
te ser fixado pela Juncta respectiva, no caso de abuso da parte do
Administrador Geral, ou de seus delegados, em prejuizo do commercio, e da
facilidade das communicacoens. Pelo que pertence porém ás canoas, e barcas de
passagem de rios e enseadas, que se acham ja estabelecidas, e arrematadas, ou
administradas pela Real Fazenda, continuará a exigir-se o preco, que está
estabelecido, sem alteracaô alguma, ainda depois de findar o tempo dos
contractos, que estiverem feitos, e tomar dellas entrega o Administrador Geral.
Fig. 13 – As lentas e sólidas carretas de duas rodas
já usadas pelos romanos chegaram no Brasil até os primórdios do século XX. m
1809 a Capitania de Rio Grande de São Pedro do Sul. Era o transporte pesado e
diferente das comunicações via CORREIO. Os produtos de exportação e
importação se valiam destes veículos paedra se deslocar até os rios, canais e
portos como de Rio Pardo, Porto Alegre,
Pelotas e Rio Grande.
9. Os conductores das malas do
correio, teraô prompta e livre passagem, nas canoas e barcas, que actualmente
estiverem arrematadas, sem que por motivo algum sêjam demorados, e dellas
tomarå posse o administrador geral, logo que findar o tempo dos actuaes
contractos; devendo de entaô por diante entrar no lugar dos contractadores, que
acabarem, para Ihe pertencer o seu rendimento, ficando obrigado sômente a
entrar no cofre das respectivas Junctas de Fazenda, com a quantia das
antecedentes arrematacoens, bem como faziam os arrematantes antecedentes, até
findar o tempo desta a Administraçaõ.
10. No fim de dez annos, concedidos ao Administrador Geral, receberá a
Real Fazenda este estabelicimento no pé em que se achar, sem se exigir
indemnizaçaõ alguma pelas canôas e barcas, e quaesquer obras, que lhe forem
relativas, no caso de naô ter sido prorogado o tempo da presente Administracaõ
Geral.
11. Os portes das cartas seraõ
arrecadados pelos Administradores, nomeados pelas Junctas de Fazenda respectivas:
por uma carta de quatro oitavas de pezo entre S. Paulo e Sancta Catharina
cobrar-se-ha cento e cincoenta reis: por uma de seis oitavas de pezo
cobrar-se-ha duzentos e vinte e cincoreis; e assim por diante, augmentando-se
settenta e cinco reis por cada duas oitavas, que crescer em pezo, e fazendo-se
a conta conrespondente aos pezos intermedios. Pelas cartas porém entre
Sancta-Catharina e Porto-AIegre cobrar-se-ha o mesmo que actualmente se cobra
pelas cartas entre ésta Côrte e a cidade de S. Paulo, que vem a ser cem reis
por cada carta de quatro oitavas de pezo,augmentando-se cincoenta reis em cada
duas oitavas que de mais tiver; por consequencia entre esta Corte e Porto
Alegre, pagar-se-ha por cada carta, que tiver de pezo quatro oitavas, trezentos
e cincoenta reis; por uma de seis oitavas de pezo quinhentos e vinte e cinco
reis, crescendo cento e setlenta e cinco reis por cada duas oitavas, que
crcscer no pezo.
12. As Junctas de Fazenda respectivas regularao os portes quedevem pagar
ascartas das villas e povoaeoens dos districtos da sua Jurisdiccaô, segundo as
distancias em que se acharem, participando-se reciprocamente aos
Administradores dos correios estabelecidos pelas Junctas, esses regulamentos,
para sua devida observancia; daraô o methodo claro e seguro para ésta
escripturacaõ, de modo que conste qual tenha sido o rendimento de cada uma das
Administracoens.
Fig. 14 – A ilha de Santa Catarina foi ponto de
chegada de trilhas indígenas que atravessavam o contente sul americano Assim há
vestígios de guaranis no Chile e as costas do Oceano Pacífico. Nos primórdios
da colonização Cabeça de Vaca a partir desta ilha chegou a pé ao Paraguai e
Assunção. Vitor Meireles retrata a sua cidade na vista da antiga cidade do
DESTERRO.
13. O producto dos portes das cartas, que se arrecadarem pelas Junctas
da Fazenda das Capitanias de S. Paulo e S. Pedro do Rio-Grande do Sul e da Ilha
de Sancta Catharina, será destinado ao pagamento das despezas que a Real
Fazenda fizer com este estabelecimento; e que se acham declaradas, supprindo-se
no caso de falta com quaesquer outros rendimentos das respectivas capitanias; e
no caso de sobra pertencerå ésta ao Administrador Geral do Correio, durante o
tempo da sua Administracaô: bem entendido, que sômente terá direito a requerer
o que sobrar da totalidade do rendimento dos portes de cartas, que se arrecada sem
nas capitanias de S. Paulo, e S. Pedro do Rio-Grande do Sul, e no districto do
Governo da Ilha de Sancta Catharina, depois de feitas todas as despezas
incumbidas á Real Fazenda, supprindo-se reciprocamente os cofres do rendimento
do correio destas tres capitanias, e sendo comprehendida nesta despeza a que
actualmente faz a Juncta da Fazenda da Capitania de S. Paulo com o correio para
esta côrte, que se deve reputar fazendo parte deste estabelecimento.
Fig. 15 – A primeira capital da Capitania de Rio Grande de São Pedro do
Sul foi cidade de Rio Grande erigida
em 1737. É o único porto oceânico do estado e sede de um dos quatro grandes
municípios do Rio Grande do Sul. Assim era ponto de confluência da navegação
interna como de caminhos que levam ao Rio Grande profundo e as antigas Missões e
ponto de chegada e expedição de comunicações via CORREIO para corte. Hipólito José das Costa (1774-1823) redator do CORREIO
BRAZILIENSE, havia se deslocado para a cidade de Rio Grande após o seu
nascimento na Colônia do Sacramento antes de ir a Porto Alegre e dali para
estudar Direito em Coimbra.
14. Depois do estabelicimento deste correio naô será permittido o mandar
cartas sern ser pela mala do correio, com a pena do pagamento do dobro do porte
estabelecido pela primeira vez; pela segunda, com a pena do quadruplo do porte;
e assim por diante: aquelles porém que quizerem conduzir cartas, o poderao
fazer, pagando em qualquer das Administraçoens o porte estabelecido, pondose
verba deste pagamento na mesma carta, para naô ser apprehendida.
O artigo 15 repete o 2 e esclarece que o
sistema de correios e comunicação entre o Rio de Janeiro e São Paulo[1]
funcionava regularmente nas mãos de outro concessionário.
15. Achando-se actualmente
arrematada pela Juncta da Fazenda da Capitania de S. Paulo a conducçaõ da mala
do Correio entre S. Paulo e ésta Côrte, logo que findar o tempo deste
contracto, deverå preferir o Administrador Geral querendo tomar a si ésta
incumbencia ; por ser conveniente que a marcha dos conductores das malas do
correio entre Porto Alegre e esta Côrte seja a mais exacta e regular, e por se
dever esperar, que isto se consiga, sendo toda ella dirigida pelo Administrador
Geral.
Palacio do Rio-de-Janeiro em 24 de Septembro, 1817.
JOAÔ PAULO BEZERRA.
No sentido político este sistema de comunicações
significava uma delegação de poderes e uma gradativo o aumento de
confiança depositado nas mentes e nas
mãos dos súditos.
No entanto esta abertura foi amplamente aproveitada pelos mediadores ,
atravessadores e concessionários do poder político que cobravam propina. Assim a
administração do REINO UNIDO PORTUGAL BRASSIL E ALGARVES do ano1818 é
estranhamente semelhante com a administração da REPÚBLICA FEDERATIVA do BRASIL
do ano de 2018. Em ambos os casos as “CAIXINHAS” das autoridades de plantão são
abundantemente providas pelos arrematadores dos SERVIÇOS GPVERNAMENTAIS. Se em
1818 não há menor notícia de uma CONCORRÊNCIA PÚBLICA, para arrematar o
serviço, em 2018 sabe-se de conluios entre os concorrentes formações de
carteis, com gordas propinas, para arrematar por preço superfaturado os
serviços a serem terceirizados.
E, ambos os casos, se o serviço chega a funcionar,
a sua prestação é tão precária que dá
margem para surgir negócios tão escusos
cobertos de marketing e propaganda paga duplamente pelo cidadão e pelo MESMO
SERVIÇO.
[1] São
Paulo 1821 aquarela Arnaud Julien https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Várzea_do_Carmo_por_Arnaud_Pallière.jpg
Fig. 16 – O essencial de qualquer
sistema de comunicação é a sua confiabilidade. O telégrafo estava muito longe de se constituir
num sistema confiável, conforme a notícia do dia 28 de março de 1918. Isto
apesar de ser uma forma elétrica para acompanhar e avaliar as COMUNICAÇÔES um
século após o estabelecimento de comunicações
físicas, via CORREIO, entre Capitania
de Rio Grande de São Pedro do Sul para a cidade de São PAULO. Hipólito José das Costa (1774-1823) redator do CORREIO
BRAZILIENSE, antes de ir a Porto Alegre havia se deslocado fisicamente pelas
precárias estradas físicas entre a cidade de Rio Grande e a Colônia do
Sacramento onde nascera e depois, por mar, para estudar Direito em Coimbra.
[clique sobre a imagem para ler o texto]
As promessas
de melhoria deste serviço de comunicação continuam a frustrar os usuários
brasileiros e abrir espaço para aventureiros e exploradores das carências das
comunicações. A entrada tardia do Brasil na ERA INDUSTRIAL foi precedida por um
péssimo e caro serviço de telégrafo.
Fig. 17 – O
Rio Grande do Sul continua, em 2018, como mero usuário dos meios impostos
por atravessadores e mediadores nas comunicações eletrônicas. Isto apesar dos
“QUIPOS” da comunicação se tornarem numéricos digitais porém sujeitos à rápida obsolescência
programada e por isto geram gastos e lixo sem limites. Se Hipólito José das Costa (1774-1823)
teve de procurar as condições políticas e técnicas britânicas para editar o
CORREIO BRAZILIENSE o Rio Grande do Sul continua a depender de equipamentos e
técnicas fornecidos por países adiantados. Equipamentos ao modelo da fibra-ótica oferecida como sucata e
técnicas de criação de soft-ware obsoletas
e sem vínculo com a cultura local e atual. Afinal ”O MEIO é a MENSAGEM” na
lição de Marshall McLUHAN (1911-1989)
A COMUNICAÇÃO INTERNA do BRASIL na ÉPOCA
PÓS-INDUSTRIAL acusa a falta de satélites próprios, e lançados por brasileiros,
o que torna as comunicações precárias e caras, além de excluir uma imensa
população nacional devido a carência de uma rede de retransmissores e de
conexões eletrônicas.
Apesar das
frequentes anúncios da intervenção governamental
nas COMUNICAÇÕES INTERNAS continua vigente a política do Brasil Colonial
rigidamente controlada por cima e por fora a partir de BRASÍLIA porém entregue,
confiada e deixada aos CUIDADOS de QUALQUER AVENTUREIRO nacional ou
internacional do qual o governante possa extorquir favores pessoais e dos seus
sócios. Esta terceirização[1]
chega indicar, apenas e tão somente, um FORMALISMO BUROCRÁTICO. Este FORMALISMO BUROCRÁTICO apenas indica o
grau e o número das pessoas alfabetizadas, a multiplicidade e a densidade
populacional, as trocas de informações, a circulação de bens materiais e do
grau de monetarização da economia substituindo o primitivo escambo. No entanto
esta COMUNICAÇÂO PRECÀRIA continua sendo cara, inacessível e inteiramente
disfuncional para a cultura do povo brasileiro, sua política e sua economia.
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
ISABELLE, Arsène
(1807-1888) Viagem ao Rio da Prata e ao Rio Grande do Sul.- Tradução e nota
sobre o autor de Teodomiro Tostes – Introdução de Augusto Meyer [2ª reimpressão]
Brasília: Senado Federal 2010 XXXI pp. + 3014 pp. (edição Senado Federal,
volume 61
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
HISTÓRIA
da CIDADE de SÂO PAULO
CISÃO
São PAULO - MINAS GERAIS em 12.09.1720
CONDE
da PALMA: Francisco de ASSIS MASCARENHAS (1779-18431
MARQUES de ALEGRETE - LUIS TELES da SILVA TELLES
CAMINHA e MENESES 1775-1828
https://www.geni.com/people/Luis-Teles-da-Silva-Caminha-e-Menezes-5-º-marquês-de-Alegrete/6000000024465970026
Casa
TELES e MENESES no BRASIL
CORRUPÇÂO na CORTE de DOM JOÃO VI quando o funcionário cobrava para sua caixinha
o valor de 17% por concessão
TRATADO de MADRID
VIAGEM
de SAINT HILAIRE ao RIO GRANDE do SUL em
1820 e 1821
ROTEIRO
de DOM PEDRO I no RS em 1826
VIAGEM
de ARSENE ISABELLE em 1834 entre Buenos
Aires e Porto Alegre
Concorrência
e formações de carteis
Maiores
carteis no Brasil recente
https://oglobo.globo.com/economia/confira-alguns-dos-maiores-carteis-da-historia-brasileira-21110811
O
GOVERNO do BRASIL se DESFAZ, 2018, do
SEU PATRIMÔNIO
TERCEIRAÇÃO no BRASIL de
2018 https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/artigos/463154663/terceirizacao-e-a-lei-13429-2017
A INTENET RUIM e CARA no BRASIL de 2018
O BRASIL
tem a 2ª INTERNET MAIS CARA do MUNDO
84
milhões de BRASILEIROS SEM INTERNET
[1]
TERCEIRAÇÃO no BRASIL de 2018 https://professoragiseleleite.jusbrasil.com.br/artigos/463154663/terceirizacao-e-a-lei-13429-2017
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