PORTARIA ou
PORCARIA
do CENTRALISMO MONOCRÁTICO
LUSITANO.
A
imediata e implacável repressão à REVOLTA de PERNAMBUCO expôs, em JULHO de 1817,
aos olhos de todos, o triunfo de um
CENTRALISMO MONOCRÁTICO ABSOLUTO BRASILEIRO. CENTRALISMO MONOCRÁTICO ABSOLUTO
BRASILEIRO que ainda se MANTÉM ATIVO e em PÉ em julho de 2017.
Fig. 01 – O monarca Dom João VI refugiado no Rio de
Janeiro era duplamente prisioneiro do
poder econômico, militar e político britânico. Em território lusitano europeu mandava
o Marechal Beresford com o apoio
industrial e territorial após o desastrado tratado de Methuen inglês. Na
América o império britânico era hegemônico nas rotas marítimas e terrestres
ampliando a ação dos seus ágeis e espertos negociantes[1].
Na medida em que o movimento
revolucionário de 1817 de Pernambuco era inspirado na Revolução Norte Americana
e Francesa era uma ameaça aos interesses britânicos e os seus sócios
domiciliados no Brasil; O Correio Brazilense tornou-se uma das vozes destes
sócios lusitanos e brasileiros e tratou de descarregar todas as suas baterias
contras estes “SEDICIOSOS e INOPORTUNOS”. O acúmulo em LONDRES de 1817 fazia
gravitar ao redor dos seus interesses Dom João VI, os seus cortesãos, os donos
das fortunas e também das letras impressas.
Nestes
dois séculos todos os movimentos regionalistas do atual território refluíram e
até reforçaram o CENTRALISMO
MONOCRÁTICO BRASILEIRO
ABSOLUTO. O caso do URUGUAI foi uma ocupação enquanto o Brasil aguardava
a constituição de um governo legítimo e autônomo deste território ocupado pelas
armas. Repetia-se a tomada da Guiana Francesa que retornou tão logo que a
França se reequilibrou.
No
aspecto material, técnico, econômico e politico a ERA INDUSTRIAL impunha a
lógica do ACÚMULO de gente, insumos, maquinas e capitais. Este acúmulo necessitava
se centralizado presentemente e um único trono personalizado e CULPADO de TUDO.
Qualquer desvio deste projeto era não só herético como altamente subversivo e
receber as mais graves e extremas sanções como aconteceu com os Revolucionários
de 1817 de Pernambuco e em Portugal com execução pública e infamante do General
Gomes Freire de Andrade e Castro (1857-1817)[2].
O
próprio editor do Correio Braziliense aderia e defendia este CENTRALISMO MONOCRÁTICO. Ele raciocinava e agia na lógica
da ERA INDUSTRIAL na qual o ACÚMULO de gente, matérias primas tecnologia e
capitais ainda favorecia este CENTRALISMO
MONOCRÁTICO. Já em julho de 2017, a mesma Inglaterra está
deixando a UNIÃO EUROPEIA (BREXIT), pois o ACÚMULO da ERA INDUSTRIAL se
pulverizou e não se dá mais em seu território e os britânicos necessitam repartir o seu PODER com nações
como a debilitada e convulsionada Grécia. Coisa absolutamente incongruente com
o pouco PODER que ainda possuem entre 180 nações soberanas. A política é salvar
o pouco que sobrou do ACÚMULO da ERA INDUSTRIAL
Correio
Brasiliense. VOL. XIX. No. 110, pp.
104-113
Reflexoens
sobre as novidades deste mes.
Fig. 02 – Portugal não só necessitava do Marechal
Beresford com todo apoio industrial e econômico britânico. O grande número de
lusitanos domiciliados, em julho de 1817, em Londres era índice desta dependência econômico,
militar, econômica e até política. De outra parte a drástica solução
militar dada ao movimento de 1817 de Pernambuco era uma resposta ás ameaças.
deste ponto geográfico, cair em mãos
rebeldes aos desígnios britânicos. Ponto com possibilidade de amigos de Napoleão
Bonaparte estabelecer uma base em Recife
para resgatá-lo da Ilha de Santa Helena. O editor do Correio Braziliense
colocou o seu jornal a serviço do controle central britânico sob pretexto
e égide da defesa da corte do Rio de
Janeiro sócia e devedora da coroa inglesa.
REYNO
UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGARVES.
O
Edictor deite Periódico publicou no principio deste N*. (na repartição de
Política por um engano) o Aviso, sobre a prohibiçaõ do Correio Braziliense em
Portugal[1].
A matéria he demasiado insignificante, para que similhante documento, posto que
relativo a este Jornal, fosse inserido naquelle lugar; mas como elle principiou
o N<>., também por elle começamos as nossas observaçoens, sobre as
occunencias deste mez. A ordem, a que o tal documento se refere, foi expedida a
instâncias do celebre Inspector de Moinhos de vento, Conde de Linhares, e
renovada agora por sen illustre irmaõ o Principal Souza; em combinação com o
Marechal Lord Beresford- e seu intimo amigo, (pois se acham, mui cordeaes,
sobre este assumpto) o Secretario do Governo o Sr. Forjaz :e como nunca foi
publica, àquella ordem aqui a inserimos para informação de nossos Leitores;
posto que isto seja trovoada velha. Aviso:
"
Illmo. e Exmo. Senhor. " O Príncipe Regente Nosso Senhor tem sido servido
determinar ímmediatamente, que se proliiba neste Reyno e seus Domínios, a
entrada e publicação do Periódico intitulado Correio Braziliense; assim como de
todos os mais escriptos do seu furioso e malévolo Author. O que V. Exa. fará
presente na Meza do Desembargo do Paço, para que haja de expedir ao dicto
respeito as ordens necessárias.—Deus guarde a V. Exa. Palácio do Governo, em 2
de Março, de 1812.
(Assignado)
ALEXANDRE JOZE FERREIRA CASTELLO. " Senhor Francisco da Cunha e Menezes.
" Cumpra-se e registe-se, e se passem as ordens necessárias. Lisboa 9 de
Março de 1812. " Com três rabricas dos Ministros da Meza do Dezembargo do
Paço. O Edictal da Meza do Dezembargo do Paço, que manda cumprir a ordem do
Governo, sobre esta prohibiçaõ, deveria seguirse á tal Portaria; porém foi
mettido na Miscellanea, a p. 64 e por outra troca na Política se inserio um indulto
ou permissão do Delegado Apostólico, Maclii, para que quem nas tivesse azeite
pudesse adubar a sua comida com gordura de porco ; se tivesse a tal gordura de
porco; Alem disto, por outro erro typographico, á Portaria se lhe chamou
Porcaria. O Leitor terá a bondade desculpar estas confusoens da gordura de
porco, do Correio Braziliense, do Lord Marechal, &c considerando o susto,
que devia causar ao pobre Edictor, o ver renovada, pelo apoio do Todo Poderoso
Marechal do Exercito, a prohibiçaõ de 1812.
Fig. 03 – O regime colonial jogou a pesada máquina
militar sobre a capitania de Pernambuco
fazendo sentir toda a dominação
monocrática lusitana. Maquina
militar desproporcional comparada ao poder civil. Apesar das melhores intenções
e proclamações humanitárias, racionais e políticas toda a população escrava estava evidentemente
excluída liminarmente deste poder civil
[Clique sobre a imagem para ampliar]
Revolução em Pernambuco.
Pelas
ultimas noticias chegadas de Lisboa se sabe, que a revolução de Pernambuco está
de todo suppressa; havendo as tropas, que marcharam da Bahia dado batalha aos
rebeldes, e derrotado-os inteiramente, nas vizinhanças de Pernambuco; ao mesmo
tempo que da esquadra do bloqueio desembarcou alguma gente, que, combinada com
os da terra, tomaram posse da cidade aos 20 ou 21 de Maio; havendo durado o
Governo Provisório 74 dias. Os cabeças dos insurgentes, depois de derrotados,
fugiram para o interior, com cousa de 200 ou 300 sequazes. Naõ éra de esperar
outro fim a uma insurreição, que, supposto tivesse elementos antigos, foi obra
do momento, parto da inconsideraçaõ, e nunca sustendada por plano combinado: pois
tudo mo9tra naõ só a precipitação, erros, e injustiça dos cabeças; mas a sua
total ignorância em matérias de Governo, administração, e modo de conduzir os
negócios públicos: em uma palavra naõ mostraram outra qualidade recommendavel,
senaõ a energia, que he filha do enthusiasmo, em todos os casos de revoluçoens.
Este acontecimento, desastroso como he em dous sentidos, que ao depois
explicaremos, produzirá com tudo um effeito benéfico; e ne demonstrar ao povo
do Brazil, que as reformas nunca se devem procurar por meios injustos, quaes
saõ os da opposiçaõ de força ao Governo, e effuzaõ de sangue. Um rey de
Inglaterra (Ricardo II)[1]
achando-se entre os rebeldes, em uma grande commocaõ popular em Londres, gritou
ao povo, vendo a sua vida em grande perigo. '¿ Quereis vós matar o vosso Rey ? ¿ Quem entaõ remediará vossos aggravos? "
Esta máxima he applicavel a todos os Governos; porque, destruído o Governo ¿
quem ha de remediar os males e abusos da Naçaõ ? Os Demagogos em Pernambuco esperavam, ou
talvez intentaram persuadir a seus ignorantes sequazes, que deviam esperar,
soccorros de Potências Estrangeiras. Este he o outro absurdo de quem suppoem,
que as revoluçoens saõ o meio de melhorar a naçaõ. Jamais se vio que uma Naçaõ
se intromettesse nas disputas civis de outra Naçaõ, sem ser para peiorar as
cousas, e tirar proveito de ambos os partidos disputantes. Se a historia naõ
estivesse cheia de factos, que provam isto, bastava o exemplo do que fizeram os
Francezes durante a sua revolução- Em todos os paizes aonde foram recebidas as
armas de França, com esperanças de introduzirem melhoramentos do Governo,
fizeram os Francezes o mais escandaloso abuso da boa fé e ignorância daquelles,
que assim os receberam.
Fig. 04 – O regime colonial jogou a pesada máquina
militar sobre a capitania de Pernambuco anulando
as melhores intenções e proclamações humanitárias, racionais e políticas dos
patriotas de primeira hora Estas intenções foram aniquiladas pelo velho
poder da maquina militar desproporcional comparada ao poder civil. Este poder civil só ganhou alguma visibilidade um
século depois com a adoção da sua bandeiro pelo estado republicano do
Pernambuco. Porém, na prática, 200 anos após o evento libertário de Recife, de
1817, pouco deste ideal aterrissou e chegou
ao mundo empírico e quotidiano brasileiro
A Itália e a Hollanda, saõ horrososas provas
desta Verdade histórica. No caso actual de Pernambuco, aconteceo, que a
Inglaterra prohibio logo a. exportação de armamentos, e até que se enviassem
cartas para Pernambuco. Os Estados Unidos passaram uma ley para o mesmo fim,
que deixamos copiada a p. 95 com a representação do Ministro Portuguez em
Washington, que promoveo aquella medida. Mas supponhamos, que estas duas
naçoens, de quem os revolucionários do Brazil esperavam algum auxilio, naõ
obravam como obraram, e permRtiam que se mandassem petrechos de guerra aos
insurgentes; isso sô seria para continuar a guerra civil, e esses estrangeiros
tirarem partido das águas envoltas, vendendo ali as suas mercadorias, sem se
importar com os vencidos nem com os vencedores.
Fig. 05 – Um assunto tabu, para o jornalismo da época,
era a possibilidade do resgate de Napoleão Bonaparte a partir da capitania de
Pernambuco na costa do nordeste brasileiro. Jogo no qual estavam os fortes
interesses britânicos e dos seus sócios. Do outro estavam os interesses
comerciais, políticos e militares do recém-abatido império napoleônico e dos
seus sócios. Tanto ingleses como franceses ocultavam as suas intenções e as
cobriam com retórica ao estilo do que apresenta este número de julho de 1817 do
Correio Braziliense. O assunto morreu e foi sepultado definitivamente com a
morte de Napoleão Bonaparte em 1821
[Clique sobre a imagem para ampliar]
Esta
he a política que vemos seguida quanto ás Colônias Hespanholas ¿ e porque
haviam os insurgentes do Brazil esperar outros resultados ? Quanto aos dous
sentidos, em que dissemos que esta revolução deve ser desastrosa; o primeiro
he, que a Naçaõ tem de pagar mais tributos, para resarcir as despezas,
necessariamente incurridas, para supprimir a insurreição; e estas despezas por
força haõ de ser mui consideráveis, tanto de presente, como em suas
conseqüências.
Segundo;
isto deve causar um espirito de suspeita da parte do Governo; que temerá toda e
qualquer proposta de reforma, como symptoma de revolução; e uma conrespondente
timidez da parte do povo, que receará pedir reforma alguma, com o temor» que
dahi se sígam revoluçoens, ou suspeitas de haverem vistas atraiçoadas; e
portanto os homens bons e cordatos, que realmente desejam ver remediados os
abusos de sua pátria, antes se sugeitaraõ aos males presentes do que se
arriscarão ao máximo dos males, que he a dissolução do Governo. Assim devemos
agradecer aos demagogos de Pernambuco, o necessário retardamento, em muitos
pontos, na melhoria política da pátria; porque até o mesmo nome de reforma será
por muito tempo odioso. Se o povo porem, como nos julgamos, deve tirar deste
acontecimento uma liçaõ útil, para conhecer que as revoluçoens naõ saõ o meio
de melhoramento da naçaõ ; também esperamos, por outra parte, que o Governo se
aproveite do que succedeo em Pernambuco, para olhar com differentes vistas,
para as causas remotas das revoluçoens. Naõ basta dizer que o Governo tem
forças bastantes, e energia bastante, como sem duvida se mostrou nesta
occasiaõ, para submetter e castigar as rebelioens; porque estas saõ sempre um
mal muito considerável, ainda quando supprimidas: e portanto o remédio próprio,
e necessário, he mostrar o Governo sempre um desejo de melhoramentos
progressivos, com o que, ainda quando se naõ realizem sempre, se conserva a
massa geral do povo, e os komens bons e espirituosos da naçaõ, consolados pelas
esperanças de futuros mais prósperos. Quanto ás conspiraçoens (que distinguimos
das rebelioens ou insurreiçoens, por constarem estas de uma combinação de
poucos indivíduos, sem fundamento em desgosto do povo) nunca saõ os terríveis ao Governo, porque nestas sempre a
opinião da naçaõ vai em apoio da authoridade legitima. Agora he preciso
dizermos alguma cousa sobre o Investigador No. 73; que achou um pontinho por
onde se vingar do que nos lhe attribuimos, de fallar contra a guerra do
Rio-da-Prata para a fazer impopular; e pegou-se a uma passagem do nosso N***.
de Maio, p. 558., aonde dissemos " que os abusos ali mencionados eram
causa de se aborrecer o Governo." E daqui conclue, (p. 131) que o nosso
artigo he " uma satyra directa do Governo do Brazil, e uma apologia mui
clara, naõ só da revolução de Pernambuco mas de todas as revoluçoens."
Fig. 06 – A capitania da Paraíba forneceu o jovem mártir
José PEREGRINO XAVIER de CARVALHO que aso 19
anos teve as mãos amputadas, em
vida, e depois foi enforcado em Recife. O estado republicano da Paraíba rendeu-lhe homenagem
em 1917 e mandou pintar um quadro que colocou com honra no Palácio da
Redenção na atual capital do Estado
Antônio PARREIRAS (1860-1937) “JOSE
PEREGRINO de CARVALHO JURA FIDELIDADE à REVOLUÇAO” Tela 1918 209 x 400
cm – Palácio da Redenção – JOÂO PESSOA PB
José PEREGRINO de CARVALHO jura
ao seu pai que não abandonará a
Revolução
[Clique sobre a imagem para ampliar]
Não
nos enfadamos porque faça o seu officio, e se aproveite destas passagens
destacadas para nos combater ; principalmente, quando o faz com decência; pois
este artigo contra nós, já naõ vem com a regateirisse Funchalense; e com tudo
convém responder-lhe aposite. Que ha abusos do Governo, e principalmente na
forma da Administração publica do Brazil, temos asseverado, e asseveramos
ainda; naõ obstante a lista de benefícios que alega o Investigador. Nisto
concorda aquelle Jornal também; porque a p. 131, em que assim nos ataca, diz
elle isto :— " Naõ duvidamos de que ainda ali se precisam muitas reformas,
tanto na parte da legislação, como na parte administrativa; e que as leys, que
govenaram o Brazil como colônia, e paiz despovoado, naõ o podem Ja governar
como reyno, e paiz que diariamente cresce em povoaçaÕ e em riqueza: desta nossa
opinião saõ provas os diversos artigos, que a este respeito se acham no
Investigador Portuguez." Estas tem sido e saõ as opinioens do Correio
Braziliense; e único ponto porque combatemos a Administração : e, se he satyra
ao Governo, o nós asseverarmos isto; porque o naõ será também no Investigador?
Agora, pois, que vamos conformes quanto ao mal, a accusaçaÕ só pôde recahir
quanto ao remédio proposto; e perguntamos; ¿ Aonde, e em que parte deste Jornal
s& recommendou ja mais uma revolução como remédio próprio aos abusos, que
desejamos reformados? Nisto estamos tam firmes, que só a cavilaçaõ pode torcer
as nossas expressoens*. e disso naõ esta livre, nem aBibliaquando he
commetvtada por pessoas, que a querem applicar a seus sinistros fins. O
Investigador achou, que tinha grande partido em atacarnos, pegando-se ao que
nós dissemos, sobre o descontentamento dos homens bons e espirituosos da Naçaõ.
He claro, que esta he a classe de gente, a quem o Governo deve convencer das
suas boas intençoens no melhoramento das cousas publicas; porque a classe
ignorante vai com a torrente; e a outra classe dos empregados, e parasitas do
Governo, ou egohas, naõ fazem caso nenhum da utilidade o-v bem geral: com tanto
que recebam seus ordenados, e comam e bebam descançados, tudo o mais he indifferente;
e os que estaõ em poder ou authoridade, logo que se lhes falia em reforma,
temem que se lhes tirem as commodidades, em que sévam a sua priguiça, e por
isso chamam a toda a reforma revolução, e a toda a demonstração de abusos
Jacobinismo .* e os que, por espírito de patriotismo, apontam esses males, saõ
denunciados como perturbadores do socego publico; porque perturbam a fruição
dos mal ganhados prazeres desses egoístas.
Assim
recommendamos ao Investigador, que mude de rumo, quando escrever contra nós,
naõ produzindo accusaçoens de que naõ tem prova; e que talvez fossem sugeridas
por algum sequaz de Napoleaõ, que sabemos assiste ao contovêlo de pessoas, cuja
graduação devia servir de escudo, contra a intrusão de taes conselheiros; que
para mostrar o pé de cabra, como os rapazes dizem do demo, acabou o artigo, a
p. 132, com a fraze Bonapartista "Tudo a favor do povo nada pelo
povo." Esta máxima posto que verdadeira, e que he a nossa, assim como de
todos os homens cordatos, seria exprimida por outros termos, e naõ nas palavras
de Bonaparte, se naõ fosse dictada pelo co
nselheiro
a que aludimos.
REVOLUÇÂO
de PERNAMBUCO de 1817
Fig. 07 – O breve período de independência regime colonial teve variadas durações em
cada uma das três capitanias que aderiram ao movimento de autonomia da pesada
máquina militar da dominação
monocrática lusitana Como capitanias a maquina militar ocupava todo o espaço do poder civil e fez valer a sua força e truculência.
Quem agradecia e subvencionava esta
máquina militar eram os negociantes de Portugal como fica claro no texto
que se segue
[Clique sobre a imagem para ampliar]
Contribuição dos Negociantes de
Portugal, para o armamento contra Pernambuco.
Além
da portaria dos Governadores do Reyno; que publicamos a p. 5; recebemos também
uma copia da circular expedida aos negociantes de Lisboa, pela Juncta do
Commercio; pedindo-lhe uma contribuição, para aprestar o armamento destinado a
obrar contra os Insurgentes de Pernambuco. A presteza dos Governadores, em dar
algumas providencias, a esle respeito, como foi fazer sair a íragata Pérola
para bloquear Pernambuco, e dar ao commandante uma proclamaçaõ, que copiamos a
p. 7; para a dirigir aos paizes revoltados, he mui digna de louvor; assim como
o he também a promptidaõ, com que muitos particulares se offerecêram a prestar
o auxilio que podiam. E com tudo, alguma cousa se nos offèrece a dizer a este
assumpto, que naõ pôde ter lugar neste N°. por nos chegarem estes documentos
demasiado tarde, mas tomaremos oceasiaõ de o fazermos no Nº. seguinte. He
verdade que com as agoas passadas naõ móe o moinho; porém dos factos passados
aprende o prudente a tirar experiência para o futuro.
Fig. 08 – Os descontentamentos, as sedições e as revoltas
públicas não se restringia ao âmbito da longínqua capitania de Pernambuco fazendo e reagindo à
dominação monocrática lusitana. A população
metrópole de Portugal começou a entender a se movimentar fornecendo índices alarmantes
deste descontentamento. Assim surgiram em Lisboa e no Porto movimentos que
teriam respostas fáceis entre populares esmagados pela maquina militar controlada
pelo britânico Lord BERESFORD e desproporcional ao poder civil que legalmente
não tinha o menor meio de expressão
Conjuração em Portugal.
A
p 4 copiamos um artigo, publicado pelos Governadores de Portugal, na Gazeta de
Lisboa, sobre a conspiração, que se diz ter sido ali descuberta. O Governo
assevera naquelle artigo, que está procedendo com toda a legalidade na
investigação do crime; e no entanto começa por prejudicar a causa dos prezos,
declarando d' ante maõ que a existência da conjuração está provada; e nomeando
uma commissaÕ de Juizes seus, que haõ de ser premiado» se condenarem os réos.
Se tal modo de proceder he conforme aos procedimentos legaes desejávamos ver
citadas a leys, por que he permittido ao Governo declarar culpado a réo algum,
antes de se lhe fazer o processo. Que «os digam qual he a ley do código
Portuguez, ou de qualquer outra naçaõ civilizada, aonde se permitta declarar,
por authoridade do Governo, que os denunciados por qualquer crime, saõ com
efleito culpados, antes de serem ouvidos em sua defeza. A razaõ natural mostra,
que uma asseveração da existência do crime, pela authoridade do Governo, deve
prejudicar a mente dos juizes, ainda imparciaes, que houverem depois de julgar
a causa de taes reos. Mas quanto á imparcialidade de juizes, que saõ nomeados
pela parte offendida, que he o Governo, e o qual tem o poder de os premiar, se
a sentença for dada conforme as suas vistas; he fora de toda a experiência
humana esperar imparcialidade, em taes circumstancias.
Fig. 09 – O regime lusitano começou a providenciar SOPA
PARA OS POBRES em LISBOA para encobrir
com migalhas os potenciais descontentamentos, as sedições e as revoltas da
“VOZ PÙBLICA”. Esta ação era a reedição da velha estratégia romana
improvisada do “PÃO e CIRCO”. O “CIRCO” i ficava na conta da maquina militar controlada pelo britânico Lord
BERESFORD - o Marechal General de
Portugal - que reagia com execuções sumárias e publicas dos lideres para
intimidar qualquer veleidade de manifestação da população metrópole especialmente
em Lisboa e no Porto
[Clique sobre a imagem para ampliar]
Se
a vóz publica, em Lisboa, merece algum credito, os presos, nesta occasiaõ, saõ
pessoas desaffcictas ao Marechal General, o qual também se diz fora o que
descubríra a conjuração. Nos dissemos ja em outra occasiaõ que, naõ obstante os
grandes serviços que Lord Beresford tinha feito a Portugal, na organização de
seu exercito, o grande poder e influencia, que elle obteve, quando foi ao
Rio-de-Janeiro, éra bastante causa para produzir desgosto» até aos mesmos
Governadores do Reyno, cujo partido tomamos nessa occasiaõ, contra o Marechal.
He possível pois em taes circumstancias, que alguns officiaes Portuguezes se
mostrassem ciosos, contra esta demasiada authoridade, concedida a um official
estrangeiro, e da qual nunca gozou, nem mesmo o Duque de Alafoens, quando foi
Marechal General juncto á Real Pessoa, a pezar de ser o Duque parente d' El
Rey. He também possível, que esses officiaes prezos nesta occasiaõ elevassem o
seu ciúme daquelle official estrangeiro até algum ponto imprudente, e talvez
altamente criminoso; porém quando dessa indisposição contra o Marechal se
argumenta para deslealdade contra El Rey, achamos que he um passo de tal
distancia, que julgamos a differença infinita; e parece-nos que para acreditar
que a conjuração existisse em toda a extençaõ, que o Gavcrno Portuguez indica,
convém esperar por provas ulteriores. No entanto, para se radicar no publico
este prejuízo contra os prezos, valeram-se também da capa da Religião, e o
Principal Sousa, que he um dos Governadores, juncto com os mais Principaes da
Patriarchal, imprimiram o papel, que copiamos a p, 65; mandando celebrar Te Deum
em acçaõ de graças, pela Descuberla de tam horrorosa conjuração; sem que os
taes Principaes digam, porque authoridade sabem, que a conjuração tinha essa
horrorosa exlençaõ de vistas malignas que se lhe attribuem. A decência pedia,
que esperassem, ao menos, que se lhe commuuicasse o fado depois das sentenças;
porém elles julgaram essencial naõ perder a occasiaõ deste episódio. Nós também
nos uaõ teríamos alargado tanto em expor as nossas observaçoens, antes de ver o
desfecho do enredo, se naõ fosse o considerarmos, que, como o nosso Periódico
ja naõ pode ser lido em Portugal, em conseqüência da recente prohibiçaõ, naõ
pôde também o que nós dizemos embaraçar de forma alguma, naquelle paiz, os
procedimentos do Governo, nem prejudicar a opinião do publico; ao mesmo tempo
que as nossas conjecturas podem divertir os nossos Leytores em Inglaterra, que
pela distancia em que se acham do lugar da scena, sem duvida gostarão de ouvir
a nossa opinião nesta matéria.
Fig. 10 – No Congresso de Viena de 1814 o regime colonial lusitano aceitou a sugestão
Charles Maurice de TALLEYRAND-PERIGORD (1754-1838)[1] - o ministro
plenipotenciário de Napoleão Bonaparte e depois, em 1817 com mesmo cargo na
corte dos reis Bourbons da França - de elevar o Brasil ao “estatuto de
REINO UNIDO”[2]
. A corte lusitana, refugiada do Rio
de Janeiro tratou de colocar a ideia no mundo empírico sem confessar a origem
da sugestão O resultado visível para a população foi o escudo (logo) que fazia propaganda,
de fato, da longa tradição monocrática, centralizadora e expansionista da corte
lusitana metropolitana .
Escudo de Armas do Brasil.
A
o. 11 copiamos a ley, pela qual S. M. concede ao Reyno do Brazil um Escudo d'
Armas, e as manda encorporar nas do Reyno Unido. Isto he conseqüência
necessária, de se ter mudado a denominação do Brazil, de Estado, como d' antes
se chamava, para Reyno, como agora se denomina. A escolha de uma esphera para
armas do Brazil, julgamos ser feita em allusaõ a El Rey D. Manuel, em cujo
reynado foi descoberto o Brazil, e se espalharam, por distantes partes do globo
as armas Portuguezas.
Segue
mais uma das defesas da interiorização geográfica da capital do Brasil
empreendida pelo Correio Braziliense. As capitais litorâneas estavam expostos a
investidas marítimas com recursos bélicos cada vez mais a poderosas,
experientes e temerárias. De outra parte o ESTADO CENTRALISTA e MONOCRÁTICO
seria obrigado a estar presente no interior remoto e desconhecido evitando os
seus fraccionamento..
Fig. 11 – A maioria e os maiores centros urbanos brasileiros - que se fundaram,
e desenvolveram e povoaram ao longo do
três século do regime colonial - estavam perigosamente expostos a investidas
marítimas com armas e naus cada vez mais poderosas das máquinas militares
industriais e diante dos quais o rosário
das frágeis e antiquadas fortalezas coloniais lusitanas nada podiam fazer. Assim
era prudente recuar para o interior e para o coração do Brasil. Diante deste
argumento o Correio Braziliense voltava a carga em julho de 1817.De outra parte
seria uma forma de manter a posse e a unidade deste continente brasileiro que era
três vezes maior do que o Império Romano no seu apogeu geográfico
Melhoramentos
no Brasil.
A
p. 76 adiará o Leytor algumas importantes providencias sobre estradas no
Brazil. O que diz respeito á commnnicaçaô da capitania das Minas, pelas
campinas do Rio-Doce, cora a Capitania de Espírito Sancto, he matéria de grande
importância; e que nos dá grande prazer, pela coincidência que isso tem com as
nossas ideas. Sempre temos julgado que a capital do Brazil, em vez de ser uma
cidade marítima devia ser no interior; e em outros Nos. temos dado as nossas
razoeus; porque julgamos, que as cabeceiras do Rio-Doce, ou iminediaçoeus ás do
Rio-de-S. Francisco he o lugar mais conveniente para este fim. A abertura pois
daquellas estradas, e consequente introducçaõ de população, mostrará cada dia
mais a utilidade deste plano, e facilitará a sua execução.
Evidentemente
a orquestração auto laudatória deste ESTADO CENTRALISTA e MONOCRÁTICO também
construiu a narrativa gloriosa do “GRITO do IPIRANGA” entre tantas outras
narrativas dos fatos. De outra parte esta narrativa unitária e laudatória da
família real se manteve nos dois séculos subsequentes. Isto apesar do povo
Cristina Benevides e a VOZ do POVO
“E é mas
começou na Bahia, a luta. D PedroI gritou às margens do Ipiranga por que D.
Joao VI recomendou para que o nome da família ficasse na história. Mas a luta
pela Independência do Brasil começou antes para desembocar no 7 de setembro.
Foram muitas mortes de brasileiros pela Independia do Brasil, D. Pedro II só
fez aceitar por que teria guerra com brasileiros e de qualquer forma o nome da
família real ficaria na história da independência do Brasil. .D. Pedro I não
lutou por nada”.
Opinião de
leitor do Jornal A TARDE – SALVADOR
BAHIA 13:17:01 02-07-2017
O
numero de julho de 1817 do Correio Braziliense é singular por evidenciar os
desígnios do editor, dos seus leitores, dos interesses de um império lusitano
único e sob a tutela ou firme aliança britânica cada vez mais onipresente. No
aspecto técnico e econômico esta politica é um índice da emergente Era
Industrial. Industria que exigia acumulo em pontos geográficos privilegiado
para acumular e ter a mão gente (urbanização), de matérias primas, de técnicas
e de capitais.
CIDADE de
BANANAL Jean Baptiste DEBRET
Fig. 12 – O viajante desavisado que percorresse o
interior do Brasil, em julho de 1817, encontraria poucos índices que
encorajasse uma sustentação adequada e eficaz da soberania do Brasil.
Casas diante das quais as atuais favelas
e malocas são mansões indicavam uma população intencionalmente deprimida,
analfabeta e entregue ao regime colonial.
Regime colonial que lhe proibia qualquer ostentação luxo ou cultura
que não fosse filtrada pelo PODER CENTRAL e rigorosa e pontualmente controlada
ao poder eclesiástico designado pelo trono. Isto somado à população escrava normalmente em maior
número do que a população liberta
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS
BRASIL REINO UNIDO
CAIS do VALONGO: candidato a
PATRIMÔNIO da HUMANIDADE
Charles Maurice de TALLEYRAND-PERIGORD
CONGRESSO de VIENA
CORREIO BRAZILIENSE de JULHO de
1817 em
DECRETO Dom JOÃO VI
Distribuição da Sopa em Lisboa
O desastrado tratado de Londres
de 28.07.1817
ILHA
de SANTA HELENA
John CONSTABLE (1776-1838)
Lei do dia 16 de dezembro de 1815
que eleva o Brasil a Reino Unido
LORD BERESFORD e a CONSPIRAÇÂO de
1817 em PORTUGAL
RECIFE 1819
REVOLUÇÂO de 1817 em PERNAMBUCO
REVOLUÇÂO de 1817 na PARAIBA
NÃO FOI NO GRITO nº 151 -
NÃO FOI no GRITO nº 152 –
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