quinta-feira, 12 de maio de 2022
222- NÃO FOI NO GRITO – MAIO de 1822 e 2022
A ABUNDÂNCIA do BRASIL e
a MISÉRIA de PORTUGAL
….“A demais, deste exemplo, deve aprender o Governo do Brasil a não confiar nas tropas para sua segurança interna, a qual só deve depender da boa vontade do povo. Os soldados servem para defender o pais dos inimigos externos: quanto ao interior, as leis devem ser tais, que cada juiz da vintena seja capaz de se fazer obedecer, todas as vezes que fole em nome da leu ; e todo o Governo, que nau puder conservar-se assim, não merece o trabalho de o manter. A expedição, que de Lisboa se mandou ultimamente para o Rio de Janeiro, ali chegou com efeito, mas foi mandada voltar, e tornou a sair aos 23 de Janeiro, porém delia desembarcaram, e entraram no serviço do Brazil 600 ou 700 homens que preferiram viver na abundancia do Brasil, a voltar para a miséria de Portugal.”
CORREIO BRAZILIENSE MAIO de 1822VOL. XXVIII. N." 168. p. 575.
Fig, 01 – A Quinta da BOA VISTA era uma referência urbana e geográfica do poder central do Brasil e do poder lusitano no Brasil . O seu fascínio não era devido aos fatores estéticos ou visuais. Porém foi nele que atuou o núcleo de primeiro poder brasileiro a se formar e resistir às pretensões colonialistas lusitanas
A hipótese de que de PORTUGAL procurou e provocou a INDEPENDÊNCIA do BRASIL se confirma com o movimento e pelo fato que levou Dom Pedro optar publicamente pelo “FICO” e à zua permanência no Rio de Janeiro. Enquanto isto, ele estava se cercando de um exército de nacionais em franco conflito com as tropas portuguesas sob o comando do General Jorge de AVILEZ ZUZARTE de SOUZA TAVARES.
Foi, certamente, um alivio para o Principe, para a capital e para o Brasil ver estas tropas rumando barra afora do Rio de Janeiro
CORREIO BRAZILIENSE MAIO de 1822 Vol. XXVIII. N." 168. 3 Y- POLÍTICA. pp.477-480
REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGARVES.
Decreto de S. A. R.o Principe Regente do Brazil, para a convocação de Procuradores dos Povos na Capital.
Tendo eu annuido aos repetidos votos e desejos dos leaes habitantes desta Corte, edas provincias de S. Paulo,e Minas Geraes, que me requerêram houvesse eu de conservar a Regência deste Reyno, que meu Augusto Pay me havia conferido, até que pela Constituição da Monarchia se lhe desse uma final organização, sabia, justa e adequada aos seus inalienáveis direitos, decoro e futura felicidade: porquanto, de outro modo, este rico e vasto Reyno do Brazil fícaría presineiro dos males da anarchia e da guerra civil; e desejando eu para utilidade geral do Reyno Unido, e particular do bom povo do Brazil, ir d'antemão dispondo e arreigando o systema constitucional, que elle merece, e eu jurei dar-lhe, formando desde já um centro de meios e de fins, com que melhor se sustente e defenda a integridade e liberdade deste fertilissimo e grandioso paiz, e se promova a sua futura felicidade. Hei por bem mandar convocar um Conselho de Procuradores geraes das Províncias do Brazil, que as representem interinamente, nomeando aquellas, que tem até quatro Deputados em Cortes, um : as que tem de quatro até oito, d o u s ; e as outras, daqui para cima, três: os quaes Procuradores geraes poderão ser removidos dos seus cargos, pelas suas respectivas provincias, no casode naõ desempenharem devidamente as suas obrigaçoens, se assim o requererem os dous termos das suas Câmaras, em vereaçaõ geral e extraordinária, procedendo-se ã nomeação de outros em seu lugar.
Estes Procuradores seraõ nomeados pelos Eleitores deParrochia, junetos nas cabeças de comarca, cujas eleiçoens seraõ apuradas pela Câmara da Capital da Provincia, saindo eleitos a final os que tiverem maior numero de votos entre os nomeados, e em caso de empate decidirá a sorte ; procedendo-se em todas estas nomea- çoens e apuraçoens, na conformidade das instrucçoens, que mandou executar meu Augusto Pay, pelo Decreto de 7 de Março de 18-21, na parte em que for applicavel, e naõ se achar revogada pelo presente Decreto.
Seraõ as attribuiçoens deste Conselho: Io Aconselhar-me, todas as vezes, que por mim lhe for mandado,em todos os negócios mais importantes e ditnceis: 2o Examinar os grandes projectos de reforma, que se deverão fazer na administração geral e particular do Estado, que forem c o m m u n i c a d o s : 3.° Propôr-me as medidas e planos, que lhe parecerem mais urgentes e vantajosos ao bem do Reyno Unido, e à prosperidade do Brazil .-4o. Advogar e zelar cada um dos seus Membros, pela utilidade de sua provincia respectiva.
Este Conselho se reunirá em uma salla do meu Paço, todas as vezes, que eu o mandar convocar; e, além disto, todas as outras mais, que parecer ao mesmo Conselho necessário de se reunir, se assim o exigir a urgência dos negócios públicos, para o que me dará parte pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Reyno.
Este Conselho será por mim presidido, e ás suas sessoens assistirão os meus Ministros e Secretários de Estado, que teraõ nellas assento e voto. Para o bom regimen e expediente dos negócios, nomeará o Conselho,por pluridade de votos para Vice-Presidente mensal dentre os seus Membros, que poderá ser reeleito de novo, se assim lhe parecer conveniente; e nomeará de fora um Secretario, sem voto, que fará o protocolo das sessoens, e redigirá e escreverá os projectos approvados, e as decisoens, que se tomarem em Conselho.
Logo que estiverem reunidos os procuradores de trêsprovincias, entrará o Conselho no exercio das suas funcçoens. Para honrar, como devo, tam úteis cidadãos, hei porbem conceder-lhe so tractamento de Excellencia, em quanto exercerem os seus importantes empregos ; e mando outro sim, que, nas funcçoens publicas, preceda o Conselho a todas as outras Corporaçoens do Estado, e gozem os seus membros de todas as proeminencias de que gozavam até aqui os Conselheiros de Estado, no Reyno de Portugal.
Fig, 02 – O advogado e cientista José Bonifácio de Andrade e Silva foi constituite brasileiro nas Cortes de Portugal e o mentor dos passos para desvinciliar o Brasil do domínio de Portugal . Por meio de seus conhecimentos jurídicos soube contornar os impulsos autoritários do ainda jovem principie Dom Pedo. Ao mesmo tempoatuou como um conselheiro eficaz para Dona Leopoldina. O presente texto do Correio Braziliense revela um preludio de uma CONSTITUINTE formada por brasileiros representativos das diversas regiões e categorias sócias. Como Jose´r Bonifácio era Intransigente, não lhe faltaram inimigos de sua integridade moral, científica e política
Jozé Bonifácio de Andrade e Silva, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Reyno e Estrangeiros, o tenha assim entendido e faça executar, com os despachos necessários.
Paço em 10 de Fevereiro de 1822.
Com a Rubrica de S. A. R. o Príncipe Regente.
Jozé Bonifácio de Andrade e Silva
CORREIO BRAZILIENSE MAIO de 1822VOL. XXVIII. N." 168. 3 Y Miscellanea Refiexoens sobre as novidades deste mez.pp.569 575
«REYNO UNIDO DE PORTUGAL BRAZIL E ALGARVES.
Procedimentos das Cortes, sobre o Brazil.
Começamos este N.° por um Decreto de S. A. R. o Principe Regente do Brazil; pelo qual manda convocar Procuradores dos povos das diversas provincias do Brazil; e he esse decreto contra assig-nado pelo Secretario de Estado Jozé Bonifácio de Andrade e Silva. Reflietamos primeiro nestas duas circumstancias; quemexpedio o Decreto; equem o contrasignou.
Um Principe, que pudera ser o vinculo de uniaõ entre Portugal e Brazil, desamparado pelas Cortes, quando a Juncta da Bahia, servil das Cortes, se rebelou contra elle ; que foi mandado retirar-se á Europa, quando sua authoridade no Brazil devia ser de surmmna utilidade ; que se lhe destinou um desterro disfarçado para viajar, lêr a Medecina Domestica de Buchanan, sob tutores, que as Cortes lhe nomeariam, quando elle podia se a mais influente personagem nos negócios de ambos os Reynos Unidos. Este Principe, assim tractado pelas Cortes, a pezar deilas, tem assas influencia, para assignar similhante decreto noBrazil,
O Ministro, que contrasignou o decreto, he aquelle, que se propunha nas Cortes mandar prender e castigar, pela representação, que assignou em S. Paulo, e sem que nas mesmas Cortes houvesse quem avaliasse a influencia, que tal homem podia ter no Brazil, ao menos para o naõ offender desnecessariamente, como fizeram, Propondo tirar-lhe algum emolumento, que tinha em Portugal, ao momento que as Cortes recebiam a noticia dos grandes serviços, que tinha feito em S. Paulo, e pelo que nem agradecimentos lhe deram. Certo, esses agradecimentos naõ custavam dinheiro.
¿ Como estaõ mudadas as scenas ?
Mas voltemos ao Rio-de Janeiro. O Decreto, de que íallamoa, he bom começo do rumo, que vam a levar as cousas no Brazil: mas naõ basto ; porque he necessário saber qual he a vontade daquelles povos; e isso se naôpôde averiguar, sem ae convocar uuia proporcionada representaçaô. qne forme o Parlamento do Brazil; do contrario os poucosindivíduos, que ae chamam para aconselhar o Principe, podem illud.r-se, no que he a vontade geral, e sem éala nenhum Governo se pôde manter em nossos dias ; e por isso esperamos, que esse seja o primeiro conaelho, que os convocado» procuradoresdêmaS. A. R.
O Correio Braziliense está cheio de recoromendaçoens, fe.las em outra epocha a El Rey, para qne seguisse com tempo estepartido: os Anlicos e os Ministros tractâram sempre easaa sugestoens, como instigaçoens para a revolução, quando só tendíamos a prevenilla.recommendandoa El Rey, que se amoldasse ás ideas do século. Nada se fez, e El Rey foi obrigado a sugeitar-se ás leys, que lhe impuzèram.
Seguiram-se as Cortes, que, por se verem armadas em seu poder, visto que todo o mundo applaudia a queda do despoüsmo, julgaram que podiam desprezar a opinião publica do Brazil, estepaiz foi tractado do modo, que lemos visto ; nós começamos a reprovar esse systema, tivemos descomposluras etn resposta; mas a conseqüência foi a reacçaõ que vemos no Brazil; eque janaô podem as Cortes remediar ; porque chegaram as cousas a ponto, que o Brazil ha de fazer o que quizer, e uaò o que as Cortes lhe mandarem.
Resta pois fallar ao Ministério do Rio-de-Janeiro, e lembrar-lhe estes exemplos. Se os Ministros quizérem somente fazer uma farça de Representação Nacional; se annunciárem como do povo op.n.oens, que saõ só suas delles ; se obrarem com palavras a moderna e com factos á antiga moda ; breve será a duração de seupoder. Naô temos nenhuns motivos para dizer, que o faraó;mas temos tantos exemplos de ver os empregados públicos, cegos com o explendor da authoridade, julgarem que ella nunca selhe pôde arrancar das maõs ; que julgamos esta nossa advetência naô só útil mas necessária.
Dona Leopoldina presidindo sessão do Conselho de Estado, por Georgina de Albuquerque. Na tela, José Bonifácio discursa para a princesa regente sobre a separação do Brasil de Portugal
Fig, 03 – Apesar de Dona Leopoldina não aparecer nos textos do CORREIO BRAZILIENSR a sua ação foi competente para encontrar os desvios para contornar as mais absurdas explicações para os erros, aberrações e crimes de um REGIME MONÁRQUICO ABSOLUTISTA e encontrar e os caminhos da civilização e da ordem . Esta nobre figura - ediuvada na corte da AUSTRIA - foi essencial nosdd primeiros passos da soberania brasuileira e a formação de um corte com nomes brasileiros.
He preciso indagar qual he a vontade geral; e isto se naõ pôde melhor fazer, do que tendo um Parlamento, composto de sufficiente numero de membros, escolhidos por toda a massa da Naçaõ. Sabida essa vontade geral, he preciso obrar sinceramente conforme a ella ; porque a simulação cedo ou tarde se descobre ; e quando descuberta, perdem os Ministros a confiança publica, e perdida ella, está derribado o Governo. Ultimamente hé preciso, attendendo com igualdade a todas as provincias, que por si mesmas se quizerem unir ao Principe, ir buscar o merecimento aonde quer que se achar, esquecendo o systema antigo de dar lugares para accommodar homens, e naõ nomear homens,que sirvam aos lugares. Isto foi uma das prineipaes causas daqueda do Governo passado ; eisto vai sendo motivo de acres queixas em Portugal contra o Governo actual, como se ouve diariamente, e selem continuados exemplos nas mesmas gazetas deLisboa.
Guardando, estas batizas, será impossível que se na mantenham com firmeza as resoluçnens, que tem adoptado o Rio, Minas, S. Paulo, e mais sul do Brazil; porque he mais que prová- vel, he quasi certo, que Bahia e Pernambuco se lhe unam em sentimentos, e naõ vemos por que o resto deixe de seguir o mesmo, principalmente com o tempo, e se para isso se naõ usar coacçaõ.
E sendo assim ¿ que parte da America apresenta mais elementos de prosperidade Nacional ? Seraõ somente os erros do Governo, que poderão frustrar as esperanças, que os dons da Natureza, diitribuidos naquelle paiz com maõ tam liberal, inculcama quem nisso reflecte.
As relaçoens políticas do Brazil com os novos Governos, estabelecidos na America Hespanhola, pédem immediata attençaõ :"isto também o separado Ministério do Brazil pôde ser útil a Portugal; porque adoptando S. A. R., neste ponto, as medidas, que ju|ga r convenientes aquelle paiz, fica Portugal livre da responsabilidade, que a Hespanha lhe quer impor, e com prompta resposta ás queixas, que está fazendo o Gabinete de Madrid,que he a impossibilidade da Corte de Lisboa forçar o Brazil a seguir outra linha de conducta, diversa da que entendem seus Ministros privativos.
Quanto ás demais Potências ; os Estados-Unidos, que tam conspicua parte representam no outro lado do Atlântico, tem resolvido reconhecer todos os Governos da America Hespanhola, e, á forliori, o mesmo diraõ a respeito do Brazil, A Inglaterra, que por tantos annos tem gozado do commercio directo do Brazil, naõ pode deixar de continuar a reconhecer aquelle Governo, como independente de Portugal, sempre qne as formulas publicas adoptadas forem taes, que naõ introduzam dificuldades técnicas no proceder do Gabinete lnglez.
A influencia do resto das Potências Europeas, no Brazil, limita-se unicamente á troca de seus gêneros e manufacturas; porque nenhuma dessas potências pôde influir directamente na política do Brazil: assim, esta parte da diplomacia Braziliense facilmente se arranja, com um enviado nos Estados Unidos, outro em Londres, e terceiro que corra, segundo as circumstancias exigirem, as Cortes da Europa, aonde convier. Cônsules, com funcçoens diplomáticas, juncto aos novos Governos da America Hespanhola, faraõ por óra o preciso, e daraô informação do que for necessário obrar de mais, para o futuro.
Mas ainda qne digamos, que saõ bastantes Cônsules, com funcçoens diplomáticas, nos novos Estados da America Hespanhola, nem por isso queremos menos preciar a importância das connexoens poüticas com esses Governos : pelo contrario as julgamos de peculiar importância ao Governo do Brazil.
Os regulamentos commerciaes, que esses novos Estados tem adotado; os meios e modos, porque tem mantido a sua independência ; a consideração, que vam adquirindo tanto na Europa como na America; tudo isto he objecto mui digno de contemplar-se pelo Governo do Brazil, e mui necesserio que se publique em todos os periódicos daquelle paiz, para que o povo, em geral, entenda as bazes firmes, sobre que se procede, e veja, pelo exemplo de seus vizinhos, até que ponto tem meios de dar execução a seus planos.
Se a Hespanha, com recursos tanto maiores do que Poitugal, nada pôde fazer, para forçar suas colônias a uma obediência cega á metrópole ; claro está que o poderoso Brazil nada tem a recear do fraco Governo de Lisboa, em suas injustas pretençoens : mas he preciso naõ commetter erros ; porque cada passo errado, he uma vantagem que se concede ao partido opponente.
Vejamos agora uma parte, em miúdo, do que se passa no Brazil, e seja isto a expulsão das tropas Europeas do Rio-de-Janeiro, que annunciamos no nosso N.° passado.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:General_Jorge_Avilez.jpg
Fig, 04– O grave conflito que o comandante das tropás lusitanae - General Jorge de AVILEZ ZUZARTE de SOUZA TAVARES - provocou acelerou a formação de um exército de nacionais vindos de São Paulo e Minas Gerais. O general lusitano acostumado com as mais absurdas explicações para os erros, aberrações e crimes de um REGIME MONÁRQUICO ABSOLUTISTA continuou fiela e este sitema que também se tornava obsoleto em Portugal
A p. 480 achará o Leitor o officio do General Zuzarte, commandante das tropas no Rio-de-Janeiro ; e em seguimento copiamos também os documentos mais importantes, que acompanhavam esse officio, He evidentee, que o General Zuzarte, e mais officiaes, que assignâram a carta de participação, sobre os acontecimentos no Rio, que deram occasiaõ á expulsão da tropa Europea, haviam de contar os factos a seu modo; e por isso pedia a razaõ, que, antes de se formar juizo sobre essa relação, se esperassem pelos officios de S. A. R. o Principe Regente, a ver o que que se dizia pela outra parte. Mas naõ succedeo assim, pela simples leitura da carta do General se propoz em Cortes voto de agrademimentos aquelles officiaes, e louvores ás tropas.
Nós, porém, julgando desses documentos contra producentem, tiramos uma conclusão directamente opposta á das Cortes, e naõ hesitamos em dizer, que toda a culpa esteve da parte das tropas.
Primeiramente, consta do officio do General Zuzarte, que ellemesmo pedira a sua demissão do Commando em Chefe ; e confessa, que antes de a receber, no dia 11,se amotinaram as tropas,dizendo, que naõ obedeceriam ao outro chefe. Vê-se daqui a falta de disciplina, ou espirito de rebelliaõ na tropa, que pretende ter o direito de escolher seu commandante, e naõ obedecer a outro algum, que o Governo lbe nomeie ; e os officiaes pretendem justificar essa rebelliaõ. Claro está, que com similhantetropa, cuja falta de disciplina chega a esse excesso, éra impossível que o Principe Regente pudesse manter a publica tranquillidade : poique até aqui naõ apparece outro motivo, para a rebelliaõ da tropa, se naõ o que lhe deo o mesmo General, pedindo a sua demissão.
No entanto, o Principe Regente deo as providencias, que pôde,para subjugar essa rebelliaõ e falta de disciplina das tropas; mandando armar as milícias do paiz, e mais tropa que lhe obedecia, para se oppór aos rebeldes; e a isto chama o General relaxaçaõ da disciplina militar; e assim o disse ao mesmo Principe. ¿ Que outra resposta merecia, se naõ a que recebeo?
" Que ao Genesal e á sua Divisão faria sair pela barra fora."
Talvez foi esta resposta demasiado branda : porque outro Principe menos prudente faria logo prender, e metter em Conselho de Guerra, um General, que se mostrava tam insubordinado, eque se dispunha a capitanear e justificar a insubordinação dastropas.
Achamos depois, que o General faz uma proclamaçaõ ao povo, sem consentimento do Governo. ¿ Que direito tem um commandante das tropas de fazer taes proclamaçoens, nem boas nemmás ? Isso éra do dever do Governo, ao General so compete obedecer; mas as Cortes, tendo apoiado o mesmo em outros casos, tendo introduzido o custume de receber congratulaçoens e approvaçoens dos militares, infundem nelles a idea, de que as bayouetas saõ as que devem dar a ley ; e assim naõ admiram esses exemplos de insubordinação nos soldados. Tempo virá, em que as Cortes disso se arrependam.
O General Zuzarte. em sua proclamaçaõ ao povo do Rio-deJaneiro, lembra-lhe os agradecimentos, que do mesmo povo tiveram as tropas, quando derribáram o antigo despotismo.
A isto observaremos, que, quando as Guardas Pretorianas dos Romanos assassinavam algum de seus tyrannos Imperadores, o povo naturalmente lhes dava louvores; mas logo que se dispunham a metter outro tyrannono lugar do morto, mereciam e obtinham a execração publica. A gratidão, pois, que o povo do Rio-de-Janeiro mostrou a essas tropas, prova as boas intençoens do povo, que desejava vêr destruido o despotismo, mas naõ envolve a approvaçaõ da futura conducta das mesmas tropas, quando ellas insubordinadas se dispunham a sustentar outro qualquer despotismo.
O General naô esquece em sua proclamaçaõ de repetir o que tantas ve?es se tem aflirmado pelos Europeos, que " as sementes da liberdade foram plantadas no Brazil por seus irmãos de Portugal! Esta asserçaõ nem por muitas vezes repetida deixa de ter menos falsa ; e por isso nós também aqui repetiremos, o que muitas vezes temos dicto ; e he, que antes de Portugal, brotaram essas sementes da liberdade no Brazil, e sempre foram rerforçadas pelos irmaõs de Portugal.
Aqui acabaremos com o General, e com as tropas; porque também com ellas acabaram no Rio-de-Janeiro, fazendo-as sair pela barra fora ; mas naõ podemos deixar de notar a final, que o proporem-se nas Cortes elogios a essas tropas, antes de ouvir o Principe Regente, he fazer a este uma censura, tanto mais injusta, quanto elk naõ foi ouvido, e authorizar directamente a nsubordinação no Exercito.
Fig, 05 – A formação de um exército composto de soldados brasileiros exigiu uma longa e detalhada preperação militar .A função do exército e as suas estratégias e sua logística com os aramentos produzidos em série pela indÚstria bélica mudaeam no início do s´éculo XIX. Estas mudanças foram experimentadas pelas revoluções norte-americana, e francesa além dos cerócitos napoleônicos. Estas mudanças chegaram ao Barsil por meio de vários oficiais destes exercitos e ganharam corpo com a independência Brasileira
A demais, deste exemplo deve aprender o Governo do Brazil a naõ confiar nas tropas para sua segurança interna, a qual só deve depender da boa vontade do povo. Os soldados servem para defender o paiz dos inimigos externos: quanto ao interior, as leys devem ser taes, que cada juiz da vintena seja capaz de se fazer obedecer, todas as vezes que falle em nome da ley ; e todo o Governo, que naõ puder conservar-se assim, naõ merece o trabalho de o manter.
A expedição, que de Lisboa se mandou ultimamente para o Rio-de-Janeiro, ali chegou com effeito, mas foi mandada voltar, e tornou a sair aos 23 de Janeiro, porém delia desembarcaram, e entraram no serviço do Brazil 600 ou 700 homens que preferiram viver na abundancia do Brazil, a voltar para a miseria de Portugal.
No Brasil de maio de 2022 as questões entre os poderes estão muito distantes de serem pacíficas e eficientes para o BEM GERAL da NAÇÃO como deveria ser e na expressão usada por Dom PEDRO
A par destas querelas entre os três poderes surgem milicias armadas e milicias digitais que forçam a ORDEM PÚBLICA em proveito de grupos de interesses obscenos e incontroláveis
06 – Nem o REGIME REPUBLICANO conseguiu fogir ao TRONO, CETRO e COROA do REGIME IMPERIAL MONOCRáTiCO CENTRALISSTANo Brasil de 2022 permaneceu a mentalidade e que ganha corpo em rituais do poder. Mentalidade visivel em reuniões, atos e procedimentos centrados na personalização do chefe e que desqualifica quem está fora deste círculo do núcleo do poder com pretensões colonialistas
Dois séculos após estes eventos - registrados no Correio Brazili0nese, do ano de 1822 - o povo brasileiro continua obrigado a carregar o fardo destas querelas daqueles que tomaram “A POSSE dos CARGOS” e as rédeas do poder distante do PODER ORIGINÁRIO da NAÇÃO BRASILEIRA
06 – Os dirigentes do Brasil, de maio de 2022, guardam gestos, pensamentos e ações pessoais carregadas da mentalidade,dos discursos e da politica subliminar do REGIME IMPERIAL MONOCRÁTICO BRASIlEIRO e COLONIAL Certamente o POPULISMO absorveu e guarda e expressa esta dependência do chefe que se percebe legitimado por estas vozes populares. Porém, ao mesmo tempo, que o POPULISMO lhe impõe estreitos limites fora dos quais o seu governo deixará de existir, Afinal o chefe continua sendo o “culpado de tudo” seja reis, presidente ou primeiuro ministro
Em maio de 1822 o POVO da NAÇÃO BRASILEIRA ainda estava na sonolência e anestesiado pelo TRÊS SECULOS do REGIME COLONIAL no qual os donos da POSSE dos CARGOS PÚBLICOS eram os nascidos em PORTUGAL. e educados e fies ao CATOLICISMO ROMANO e comprovadamente descendentes de SANGUE PURO de quinta geração.
Se estas questões formais foram superadas em maio de 2022 permanecem os privilégios e as distinções. Privilégios ocultos, obscenos e consagrados por uma casta que se julga onisciente, onipotente, eterna e onipresente. No reino da abundância esta casta consegue afastar parcelas imensas destas riquezas e joga, estas parcelas da população brasileira, na servidão, na escravidão e ao desabrigo de qualquer direito alé de uma marquise de uma calçada
08 – Restam ao PODER ORIGINÁRIO BRASILEIRO as migalhas dos bens que ele produziu e o lugar sob as sacadas dos prédios que o seu trabalho ergueu
A população do Brasil , em maio de 2022, continua alheio à politica do REGIME REPUBLICANO que se separou - formal e legalmente do TRONO, do CETRO e da COROA do REGIME IMPERIAL MONOCRÁTICO - mas que, na prática, em nada muda. Na prática a distribuição de renda, a valorização e a retribuição pelo seu trabalho continuam ao nível da escravidão. A sua interação política objetiva defronta-se com barragens burocráticas, formais e de ocasião que o obrigam esta população a se confiar no primeiro temerário e aventureiro. Estes atravessadores do poder oferecem-se para ser o seu mediador porém largamente conhecidos pela sua incapacidade de governar. Esta incapacidade do chefe formal, de governar, é largamente favorável para os instintos obscenos destes atravessadores do poder de ocasião, as barragens formais e burocráticas,
Fontes
José Bonifácio de ANDRADE
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:A_Funda%C3%A7%C3%A3o_da_P%C3%A1tria_Brasileira_(Eduardo_S%C3%A1,_1899).jpg
+
https://www.todamateria.com.br/jose-bonifacio/
+ osé Bonifácio de ANDRADE ECOLOGISTA
https://marsemfim.com.br/jose-bonifacio-de-andrada-e-silva-o-ecologista-do-imperio/
+
https://conhecimentocientifico.com/jose-bonifacio/
09 de janeiro de1822 “Dia do FICO”
https://historiadorioparatodos.com.br/timeline/1822-aclamacao-de-dom-pedro-i/
Rio de janeiro do seculo XIX
https://jeocaz.wordpress.com/2010/11/16/rio-de-janeiro-do-seculo-xix/
TERCEIRO BATALHÃO em TREINAMENTO e SÂO CRSTÓVÂO
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Ex%C3%A9rcito_Brasileiro#/media/Ficheiro:Tropas_brasileiras_1835.jpg
General Jorge de AVILEZ ZUZARTE de SOUZA TAVARES
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Avilez_Zuzarte_de_Sousa_Tavares
CRISE do REGÊNCIA de DOM PEDRO I
http://www.eb.mil.br/exercito-brasileiro?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=1539194&_101_type=content&_101_urlTitle=guerra-da-independencia&_101_redirect=http%3A%2F%2Fwww.eb.mil.br%2Fexercito-brasileiro%3Fp_p_id%3D3%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dmaximized%26p_p_mode%3Dview%26_3_cur%3D139%26_3_keywords%3Dcampo%2Bgrande%26_3_advancedSearch%3Dfalse%26_3_groupId%3D0%26_3_delta%3D20%26_3_resetCur%3Dfalse%26_3_andOperator%3Dtrue%26_3_struts_action%3D%252Fsearch%252Fsearch&inheritRedirect=true
MAIO DE 2022 enfrentamento do JUDICIÁRIO BRASILEIRO
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/5004699-questionar-independencia-do-judiciario-faz-parte-de-cartilha-autoritaria-diz-especialista.html
DIZ UMA COISA E FAZ OUTRA
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/5004690-manifestantes-bolsonaristas-protestam-contra-o-stf-e-defendem-silveira.html
CONFRONTO entre EXECUTIVO e JUDICIARIO no BRASIL de 2022
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/5005917-alexandre-de-moraes-suspende-decreto-de-bolsonaro-que-reduz-ipi-em-35.html
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/19/interna_politica,846067/intrigas-e-acusacoes-tres-poderes-travam-guerra-durante-a-crise.shtml
Os TRÊS PODERES do BRASIL
https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2021/03/encontro-reune-tres-poderes-da-republica-contra-a-doenca
REPUBLICA SEM POVO
https://www.quatrocincoum.com.br/br/resenhas/h/republica-em-construcao
INTERESSES OCULTOS
https://www.youtube.com/watch?v=UcujOlVIxW0
CRISE ENTRE PODERES
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/5004968-crise-entre-poderes-isola-presidente-do-stf.html
MILICIAS DIGITAIS no BRASIL de maio de 2022
https://www.metropoles.com/brasil/moraes-une-acoes-sobre-milicia-digital-e-ataques-de-bolsonaro-as-urnas?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push
ORÇAMENTO SECRETO
https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/ex-lider-do-governo-destinou-r-1371-milhoes-do-orcamento-secreto?utm_source=push&utm_medium=push&utm_campaign=push
+ ORÇAMENTO SECRETO:
https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/pol%C3%ADtica/lira-e-pacheco-indicaram-r-537-milh%C3%B5es-em-emendas-ao-or%C3%A7amento-secreto-1.819795
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