quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

205 – NÃO FOI NO GRITO – janeiro de 1821


Uma ESPÉCIE INTEIRAMENTE NOVA de DIPLOMACIA.

 

. “He uma espécie inteiramente nova, na historia da Diplomacia, o largarem os Ministros os seus postos, nas diversas Cortes aonde se achavam acreditados, e fazerem de seu motu próprio um conciliábulo, para decidir do que se deve fazer de sua nação 
in
“Correio Brazilioense janeiro de 1821, Vui. XXVI. N°. 152. P.56 Miscellanea


Fig. 01 – 
 A substituição da imagem do soberano por uma figura simbólica da nação, do povo e do governo denuncia as mudanças em curso no SUPREMO GOVERNO  do REINO. As mudanças nas quais o soberano terna-se o poder moderador e simbólico do Estado

 

Após a Revolução Norte-Americana ,a Francesa e a queda do Império de Napoleão desabavam as monarquias monolíticas, monocráticas e divinas. No seu lugar iniciava-se erguer ESTADOS NACIONAIS regidos por contratos gestados pelo interesse de poucos a que muito deviam submissão e silêncios obsequiosos. Em janeiro de 1821  despontavam competições acirradas entre paradigmas, em conflito, e cuja solução arrastam-se até  janeiro de 2021.

Fig. 02 –   A  cidade do RIO de JANEIRO foi cede de 1808 até 1821 do SUPREMO GOVERNO  do REINO UNIDO de PORTUGAL, BRASIL e ALGARVES. Neste ambiente aberto da AMÈRICA aa monarquia lusitana modelou uma outra forma de governar. A como não houve ruptura nesta continuidade não houve mudança da casa reinante, nem os títulos nobiliárquicos caducaram como também se manteve intacta a escravidão legal. O trono assentado sobre o coronelismo e o cacicado abriu caminho até os dias atuais nas quais se disputam a POSSE dos CARGOS PÚBLICOS como posse e com poder absoluto central

 

Em em janeiro de 1821  as monolíticas, monocráticas e divinas dinastias hereditárias de um REI, estavam  dando lugar para AGENTES TEMPRÁRIOS. Em  janeiro de 2021.  esta disputa por cargos TEMPORÁRIOS  provoca ainda competições acirradas, ruidos sem fim e paralisias governamentais inacreditáveis.

O que se vai ler a seguir  no Correio Brazilioense janeiro de 1821, Vui. XXVI. N°. 152.pp 55 até 59  - em  Miscellanea - é o prelúdio da paralisias, ruídos e competições que se arrastaram e predominou ao longo os dois últimos séculos

. Reficxoens sobre as novidades deste mez. No REINO UíNIDO de P0RTUGAL BRAZIL e ALCARVES .

Comportamento dos Diplomáticos Portuguezes

 


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:GiuseppeCanella-PlaceLouisXVI.JPG

Fig. 03 –   PARIS na época da restauração dos BOURBONS  A velha cidade amuralhada e com a população amontoada no interior de muralhas, protegidas SUPREMO GOVERNO  do REINO, está cedendo espaço para uma cidade aberta. A população sente-se estimulada por largas avenidas que permitem a vida, os passeios e os encontros em espaços abertos. A politica, a economia e vida social  estavam enveredando para a mesma abertura

Se unia juncta de meia dúzia de indivíduos Portuguezes em Paris, pôde de seu mero alvedrio dispor dos negócios da Naçaõ, ¿ que repugnar e pode haver em que duzentos ou trezentos'indivíduos em Portugal piopuzessem novas formas de Administração, convocassem o povo, ou a maioridade delle, e procedessem a obrar nessa conformidade ? E taes saõ as conseqüências desses exemplos de anarchia, que os empregados públicos tem dado poi muitos annus á naçaõ Portugueza; e porque nunca nenhum empregado publico foi castigado por esses excessos, era natural que cada individuo julgasse, que para obrar soberanamente bastava apossar-se da authoridade, fosse porque modo fosse. Mas se nesses abusos de authoridade, e na arbitrariedade dos empregados públicos julgamos sempre que havia uma offensa directa aos direitos do Soberano, assim como um vexame á naçaõ, e uma tendência á anarchia e desorganização da ordem politica no Estado; agora neste exemplo dos Diplomáticos Portuguezes ein Paris achamos outro sim circumstancias peculiarmente aggravantes, e que fazem seu comportamento atrozmente offensivo a toda a Naçaõ. Naõ he ja um administrador das rendas publicas commettendo um peculato, nem um magistrado extendendo sua jurisdicçaõ além do que lhe concedem as leys; he uma combinação de indivíduos appellando para á influencia estrangeira, a fim de dictarem a seu Soberano e a sua Naçaõ as máximas de politica, que devem seguir : em uma palavra, tractando de entregar a independência nacional, nas maõs de árbitros estrangeiros. De todos quantos remédios se podem excogitav aos males de qualquer naçaõ, nenhum he mais fnnesto do que a appellaçaõ para as potências estrangeiras ; mas até mesmo nisto, o comporramento daquelles Diplomatas Portuguezes tem peculiaridades de notável audácia. A distancia, em que EI Rey se acha, fazia impossível que elle soubesse da revolução de Portugal senaõ gradualmente, e he alias de presumir, que os passados Governadores de Portugal, e outros, a quem cumpria informar EI Rey do verdadeiro estado das cousas, lhe oceultassem o desengano, em tanto quanto pudessem. Nestes termos, El Rey, como prudente, naõ podia vir a uma decisão final, logo por uma vez ; mas iria adoptando suas medidas ás circumstancias, e naturalmente encostando-se aos desejos de seu povo, mais ou menos, ú proporção que se fosse convencendo de que esses desejos eram realmente os da naçaõ, e naõ de alguma facçaõ ou partido, cuberto com a cappa da vóz da naçaõ.

Fig. 04 –    O retorno de DOM JOÂO VI concide com o ano da morte de NAPOLEÂO BONAPARTE, ainda que não hja conexão entre os dois acontecimentos Ambos retirados no ATLÂNITCO SUL por razões opostas. Ambos tiveram sob os seus ombros  o SUPREMO GOVERNO  das suas respectivas nações.. A vantagem de Dom JOÂO VI foi a permanência no trono  apesar deste poder ser apenas  simbólico e moderador


https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/ProvidenciaBrigue1810-1835.pdf

ProvidenciaBrigue1810-1835.pdf (marinha.mil.br)

Fig. 05 –   Um BRIGUE era um navio de guerra pequeno e ágil no enfreamento dos piratas para quem os grandes galeões eram presa fácil e rendosa As mudanças do centralismo e acumulação na FIGURA DO REI estavam no mesmo caminho da aposta nas quais muitos pequenos alinhados com no SUPREMO GOVERNO  do REINO tinham mais eficácia dos que as grandes e ruinosas cortes dos reis concentradores, autárquicos e monocráticos.

 

 

Compare-se pois este primeiro movimento d'El Rey, com as medidas, tam illegaes como precipitadas, daquelles Ministros, que tentaram bloquear Portugal, e que pretendem «gora apoiar seus pia nos, com a protecçaõ das potências estrangeiras. Se os revolucionários em Portugal seguirem taes planos, que El Rey se julgue obrigado a de sapprovallos de todo, nesse caso só a El Rey competeria o decidir os meios, que lhe convinha adoptar, para vigorar os seus mandados ; e por tanto a prematura ingerência desses Agentes Diplomáticos, appellando para as naçoens estrangeiras, he um verdadeiro attentado contra a soberania de seu Amo. Se, por outra parte, El Rey approvar o chamamento das presentes Cortes, como ja approvara a convocação, que fez a passada Regência ; se El Rey achar que he justo ceder ao impulso das dircumslaucias ; e os Soberanos estrangeiros, iustigados por esses Diplomatas, forem de differente acordo ; enlaõ se achará El Rey eui grande difficuldude; instando por uma parte os requirímentos de seus vassallos, e talvez a sua inclinação ; e por outra parte apcrtando-o o pezo da influencia dos Soberanos Aluados da Europa. O mal, que em taes circumstancias deve produzir o plano antipatriótico desses Diplomatas Portuguezes, resultará das diversas informaçoens, que teraõ os Soberanos Aluados, e Sua Majestade Fidelissima. Os Alliados julgarão segundo o que lhe representarem esses poucos Aristocratas, que desejam governar Portugal como absolutos; mas El Rey decidirá segundo o que souber pelas representaçoens das Cortes, e por outras fontes authenticas, que naõ estaõ ao alcance dos Alliados. No entanto, sendo essas representaçoens differentes, El Rey se achará no dilema de desagradar aos Alliados, ou desagradar aos povos ; e tal he a situação a que ficará reduzido, pelas tramas de uns poucos de intrigantes. Desta opposiçaõ, que se prepara na Europa ao systema constitucional de Portugal, fica ja mui patente, que naõ he d'El Rey mas do partido Aristocrático, que provém a tenacidade com que se combatem todas as formas de administração, em que se comprehende a efficaz responsabilidade dos empregados públicos. Naõ he El Rey seguramente quem perde, por serem os administradores das rendas publicas obrigados a dar conta de sua gestão.

 Fig. 06 –   A ascensão da burguesia reclamava a sua fatia de poder da nação, do povo e do governo. Assim o  SUPREMO GOVERNO  do REINO tolerava cada vez mais  mudanças nas quais  o poder e a imagem do soberano cediam competências para se limitar a um poder simbólico e  torna-se o poder moderador

 

 

A Naçaõ, estamos persuadidos, nunca seria escaça em contribuir quanto fosse necessário, para a manteuçada dignidade Real, e até para o conforto e prazer individual de um Soberano, cuja vida he empregada toda no bem de seus vassallos. Mas he cousa mui differente o soffrerem que as rendas publicas se dissipem, com o pretexto de que ninguém tem direito de indagar as contas do Erário Regio. Ninguém se attreve a disputar a authoridade do Soberano, ninguém deseja coarctar seu poder supremo, quetodose emprega a beneficio do povo ; porem quando uma combinação de indivíduos particulares leva a sua arbitrariedade ao ponto de decidirem por si mesmos o que se deve fazer de Portugal, e chamarem cio Miscellanea. para isso o apoio das potências est.angciras, he sem duvida tempo de desembaraçar o Soberano de tam pernicioso systema, e de livrar a Naçaõ de tam pezada oppressao. Concedemos plenamente, e essa tem sido sempre a nossa theoria, que só ao Soberano competia determinar o remédio legal e esses males : mas se todos os caminhos ao throno estaõ obtruidos, e falta até o meio de poderemos povos representara El Rey os seus aggravos, e sem os conhecer naõ pôde El Rey pensar em remediallos < desejamos que se nos aponte qual he o meio legal de derribar essas combinaçoens, que saõ como uma muralha impenetrável, que obsta toda a communicaçaõ directa entre o Povoe seu Rey. Conceda-se-nos, se quer por hypothese, que ha vicios essenciaes na administração, pelos quaes se dissipam as rendas publicas, se atropella a justiça, e se annihila a industria nacional: neste estado de cousas, Portugal governado por um official militar, e esse estrangeiro ; as províncias do ultramar sugeitas cada uma a um governador, e a vários magistrados, cujos poderes naõ tem limites, e cujas prepotencias nunca foram sugeitas a castigos: um corpo diplomático nas cortes estrangeiras, solicitando a protecçaõ de outras potências, para continuar o mesmo estado de cousas. 


Fig. 07 –   A  construção da imagem real continuou após a posse de Dom PEDRO I. inclusive pelo titulo de IMPERADOR  substituição ao título de REI como SUPREMO s mandatário GOVERNO  do BRASIL As mudanças no entanto limitavam sta SOBERANIA POESSOAL, limitada agora a um PODER SIMBÓLICO e MODERADOR

 

Nestas circumstancias ¿ para onde poderão os povos voltar seus olhos com esperança de remédio ? ¿ Attrever-se-ha nenhum indivíduo particular a ir expor a El Rey este horroroso quadro do Governo ? E quando algum a isso se aventurasse < Mas porque naõ aconselharam essa medida, que julgam boa, antas do povo arrebentar por uma revolução, cujo êxito se naõ pôde prever ? Queixava-se o povo, só em murmúrios ; porque o naõ deixa» vam faltar alto. Prescindamos da questão, se as queixas eram ou naõ bem fundadas < Mas, altrever-se-ha algum Estadista a dizer, que o Governo, em tal caso, naõ devia entrar na indagação dessas queixas, e trabalhar por saber, se eram ou naõ bem fundadas ; e quando o fossem, procurar-lhe o conveniente remédio ? He desta omissão, que julgamos ter direito de nos queixar dos Ministros d* El Rey; porque por todo o remédio nunca cuidaram senaõ em supprimir as queixas, arguindo os queixosos de desleaes ao Soberano.

Em janeiro de 1821, como em janeiro de 2021, só se conhece e cuida, no Brasil,  dos EFEITOS e não das CAUSAS.  As elites dominantes escondem as verdadeiras CAUSAS originadas de sua depravação, de sua incompetência e arrogância inata. Esta arrogância, incompetência e depravação são encasteladas e protegidas por uma parafernália legal, juridica e econômica  que as livram preventivamente de qualquer incômodo, consequência  ou arranhão econômico, social e jurídico.

Na distância de dois séculos tudo aquilo de corrupto, obsceno e ilegal pode acontecer para as classes privilegiadas é coberto com GRANDES ESPETÁCULOS, FANFARRAS e PROPGANDA de RUIDOS de BARRIS VAZIOS


“Amphora caepit institui, Corrente rota cur urceus exit? Horat”.

O que começa com grandes fanarras termina em nada

amphora cœpit institui; currente rota cur urceus exit? | EUdict | Latin>English

Fig. 08 –    Certamente a estratégia de esconder e dissimular as intenções menos dignas não era tão nova nem em janeiro de 1821 como em 2021.   O cato é que os romanos já afirmavam “O QUE COMEÇA COM GRADES FANFARRAS< TERNU+A em NADA”  O RASIL nunca teve tantos TAMBORES E FANFARAS de CARNAVAL como PERIODO COLONIAL . O hbaito foi incorpado á politica imperial e persite até os dias atuais o regime republicano

 

Debret

Ficheiro:Jean Baptiste Debret - Oficial da corte, 1822.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

 

Viagem

Jean-Baptiste Debret: Obras e Biografia - Toda Matéria (todamateria.com.br)

 

Morte de NAPOLEÂO

Morte de Napoleão Bonaparte – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

 

O retorno de DOM JOÃO VI a PORTUGAL






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