Emigração de SUÍÇOS
ao BRASIL: “sempre se acharão alguns descontentes” .
Fig. 01 – Cena da despedida dos imigrantes suíços ao
atravessar rios, lagos como o Neueburgerrsee[1],
estradas da Alemanha e em direção da
Holanda para ai embarcarem num veleiro
rumo ao BRASIL Para a maioria era a última vez que viam a sua terra natal
pois era viagem sem volta.
Os
suíços do cantão de FRIBURGO foram os primeiros europeus não ibéricos a se
estabelecerem definitivamente no Brasil. Eles vieram amparados num projeto do
corte de Lisboa ainda sediada no Rio de Janeiro. Os demais imigrantes vieram no
período imperial ou republicano.
[1] NEUEBURRGERSEE - Lago de Neuchâtel https://pt.wikipedia.org/wiki/Lago_de_Neuchâtel#/media/File:Karte_Neuenburgersee.png
Fig. 02 – A saga dos imigrantes suíços iniciou no
outono do ano de 1819. A maioria dos veleiros chegou no Rio de Janeiro no final
deste ano. Porem outros três veleiros chegaram ao
Brasil depois de mais de 100 dias no mar.
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As massivas mobilizações dos refugiados, de abril de 2019, possuem motivações muito próximas daqueles dos suíços em abril de 1819. Ambos buscam um lugar para viver melhor e dar um futuro aos seus descendentes direto e indiretos. O que distingue os suíços foi que vieram como COLONOS. Como COLONOS traziam na sua bagagem a CULTURA e as TÉCNICAS do seu pais de origem. Como COLONOS projetam, disseminam e tentam reproduzir, na terra de adoção, seus hábitos, costumes e leis. Os nativos aceitam estes ESTRANGEIROS[1] como juízes neutrais acima e por fora das suas intrigas locais.
As massivas mobilizações dos refugiados, de abril de 2019, possuem motivações muito próximas daqueles dos suíços em abril de 1819. Ambos buscam um lugar para viver melhor e dar um futuro aos seus descendentes direto e indiretos. O que distingue os suíços foi que vieram como COLONOS. Como COLONOS traziam na sua bagagem a CULTURA e as TÉCNICAS do seu pais de origem. Como COLONOS projetam, disseminam e tentam reproduzir, na terra de adoção, seus hábitos, costumes e leis. Os nativos aceitam estes ESTRANGEIROS[1] como juízes neutrais acima e por fora das suas intrigas locais.
[1] SIMMEL, Georg Sociología y estudios sobre las formas de
socialización. Madrid:
Alianza. 1986, 817. 2v.
Fig. 03 – A permanência dos dois meses no mar em
embarcações apertadas certamente estreitou a solidariedade entre estes suíços
nabusca de um futuri no Novo Mundo. A grande perda de vidas humanas
evidencia a coragem em enfrentar algo em condições tão precárias. Estas vítimas
certamente pesaram em decisões posteriores de tal formas que os demais
emigrantes europeus e os armadores aprenderam com o sacrifício destes pioneiros
das grandse migrações dos europeus para as demais terras e através de todos os
mares
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CORREIO BRAZILINSE ABRIL de 1819 -
VOL. XXII. N°. 131. Pp. 429-419
As
noticias da Suissa dizem, que do Cantaõ de Friburgo se achavam promptas a
partir para o Brazil duzentas famílias, e que de outras partes da Suissa mais
5.000 indivíduos tinham annnunciado a sua intenção de seguir o mesmo destino.
Naõ se pode communicar aos Brazilienses noticia de maior iuteresse ; porque naõ
pode haver medida que lhes seja mais útil, do que a recepção destes emigrados
Europeos, principalmente da Suissa; e todas as despezas, que para promover esta
emigração fizer o Coverno do Brazil, lhe seraõ pagas com multiplicadas
vantagens, por estes mesmos emigrados e sua descendência. A abolição do trafico
da escravatura terá lugar mais dia menos dia; e o melhor preparativo, para esse
acontecimento, he a introducçaõ de braços, que substituam os Africanos.
Fig. 04 – O acampamento dos suíços num porto da
HOLANDA em setembro de 1819. Inevitável a comparação com os acampamentos dos
refugiados esperando serem socorridos em abril de 2019[1].
Expostos
a todas as intempéries, precariedades higiênicas e alimentares as doenças e os,
óbidos vitimaram o grande número deles. De cada 100 destes imigrantes 15
pereceram no caminho para o Brasil
A
diiferença da côr he um obstáculo invencível, para assimilhar os negros, ainda
livres, com o resto da população; quando os Europeos, depois de passada uma só
geração, em que se extinga a diiferença da linguagem, formarão de todas estas
famílias de emigrados Europeos um povo verdadeiramente Brazilienze, em todos os
sentidos. He, porém, essencialissimo, que o Governo esteja preparado para a
recepção dos emigrados. Que tenha d' ante maõ marcado os lugares, aonde haõ de
formar os seus estabelicimentos. Que tenha preparado, nos portos de mar aonde
chegarem, os transportes necessários, para serem conduzidos sem demora ao lugar
de seus destinos. Que nesses lugares tenha os mantimentos precisos, as
ferramentas, o gado, e todas as mais cousas misteres para começarem logo a
edificar suas habitaçoens, e romper a terra, que haõ de cultivar.
Fig. 05 – Os suíços
foram reduzidos à indigência devido a uma população em constante aumento.
Este contingente em expansão aliado com aos velhos e tradicionais hábitos
agrícolas com poucas terras disponíveis tornavam a situação insustentável para
as novas gerações. O Novo Mundo - ainda que distante e com poucas informações
disponíveis - não impediu uma escolha radical e arriscada e onde tudo que
sabiam devia ser esquecido e recomeçado com outra lógica. A sua cultura
permitiu este jogo arriscado
A necessidade destas precauçoens se fará
evidente, considerando, que da boa recepção, que as primeiras familias de
emigrados encontrarem, depende a boa fama do paiz. Sempre se acharão alguns
descontentes ; mas he preciso evitar quanto for possivel, que o
descontentamento seja geral, ou bem fundado. Estes emigrados, logo que chegarem
ao Brazil, escreverão a seus parentes e amigos na Europa, e lhes descreverão o
paiz com boas ou más cores, segundo as impressoens, que Ibes fi__e_ o bom ou
máo acolhimento, que experimentarem. Seria, por tanto, muito para lamentar, que
tam sabias medidas se frustrassem, pelo máo modo cia execução ; e sua
importância he de tal magnitude para a prosperidade do paiz, que bem vale a
pena de o Governo escolher pessoa ou pessoas, que exclusivamente se encarreguem
de formar os planos, para a boa accommodaçaõ dos novos colonos.
Fig. 06 – Todo
o desconforto, angustias e intrigas foram esquecidas no meio da viagem quando
os veleiros ultrapassavam a linha do Equador e iniciavam a rota no hemisfério
Sul Festejos organizados pelo capitão e pela sua tripulação ara uma forma
de manter a autoridade do barco evitando revoltas e motins a bordo
O
Intendente geral da Policia tem até agora tido este cuidado: mas duvidamos que
as suas outras occupaçoens lhe deixem tempo para cuidar deste negocio, com a
attençaõ que se requer.
Naõ
sabemos que se lhe tenham destinado fundos, para as despezas, que esta
diligencia necessita. Nem nos consta, que haja algum plano combinado para ser
seguido invariavelmente, seja pelo actual Intendente, seja por outras pessoas,
que lhe succêdam no lugar; ou que para o futuro sejam encarregadas do cuidado
dos emigrados»
CORREIO
BRAZILINSE - ABRIL de 1819 - VOL. XXII. Nº 131 - p. 452
Fig. 07 – O gráfico mostra a população da EUROPA, em abril de 1819, distribuída conforme a sua
etnia. Este número é semelhante a população de BRASIL no início do III milênio[1] Os suíços foram uma das primeiras
populações que iniciaram o fantástico movimento populacional europeu do
colonialismo europeu que se derramou sobre as Américas, África, Ásia e
Austrália ao longo de século XIX. A maioria compelida pela ERA INDUSTRIAL ima
consequente acumulação urbana e a desvalorização do produto agrícola
tradicional
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,
Entre outras
consideraçoens, que se requerem na execução deste plano, he o pagamento futuro
das despezas, que Governo fizer: esta retribuição deve ser tardia, para naõ
vexar os novos colonos; mas convém que seja certa, para naõ exhaurir o Erário.
Sobre tudo he essencial fazer indubitavel a segurança pessoal dos indivíduos;
contra o que está a ley novisima sobre as sociedades clandestinas ; as prizoens
arbitrarias dos que falláram mal do Banco do Rio-de-Janeiro; e outras misérias
desta natureza, que na Europa tem feito demasiado estrondo, desacreditando o
Governo, por se lhe attribuir com isto o character de arbitrário : obstáculo
invencível no plano de emigração
[1] POPULAÇÃO BRASIL 1980-2010 https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/populacao-total-1980-2010.html
Fig. 08 – A cidade do Rio de Janeiro como capital de
REINO UNIDO PORTUGAL-BRASI- ALGARVES L havia experimentado tranfirmaçoes
urbanas e necessitva de um forte amparo da produção agrícola de subsistência
imediata e diferente da agricultura de exportação. A leva de imigrantes suíços
destinava-se a cultivar a região serrana e com pequenas propriedades
unifamiliares..
A
múltipla etnia dos suíços era um ponto favorável para tornar o Brasil
multiétnico e multicultural. Como COLONOS traziam na sua bagagem a CULTURA e as
TÉCNICAS do seu pais de origem a serem experimentados no NOVO MUNDO. No aspecto
político os tradicionais cantões suíços tinham um acúmulo de convivências
pacificas e integrativas que certamente se projetou através destes que
procuraram refazer estas experiências no Brasil.
Fig. 09 – O
que os suíços encontraram foi a cena brutal da floresta, dos mistérios e da
força da natureza indomada do BRASIL O clima sem neve, os novos e desconhecidos
vegetais e a alimentação somava-se com as doenças e pragas das lavouras e
presentes na criações de animais eram
tantos outros desafios para estes recém chegados
O
rude impacto de natureza bruta, com clima inverso à sua origem e vegetais e
alimentos da nova terra, fizeram com que muitos suíços procurassem um lugar no
Rio de Janeiro onde exerciam o artesanato do seu pais de origem. Eles provinham
da cultura medieval onde o agricultor dominava o artesanato nas suas mais
variadas expressões. Assim sentiam-se a vontade também no meio urbano onde
escravo era treinado e sem a mínima autonomia de delibera e decidir num
eventual ofício que era obrigado a exercer. Além do mais, os DONOS do PODER
jamais exerciam qualquer oficio na qual necessitavam usar as suas imaculadas
mãos.
Fig. 10 – Uma antiga fazenda do MORRO QUEIMADO decadente
e as senzalas dos escravos foram os primeiros abrigos dos imigrantes suíços no
BRASIL e que re-denominaram o lugar de de NOVA FRIBURGO. Nome que lhes lembrava
a sua MISSÂO de COLONOS de uma cultura multissecular que mudava de endereço sem
esquecer as suas raízes nativas
O
investimento do erário público no imigrante foi amplamente recuperado com os
impostos gerados pelos descendentes diretos e indiretos dos COLONOS suíços e das
outras etnias subsequentes. Evidente que se trata de retornos a longo prazo e
cuja medida e avaliação sobre passa gerações, regimes e governos. Esta evidência é possível avaliar ao comparar
regiões brasileiras potencialmente bem mais ricas e produtivas, mas permaneceram
a margem do movimento dos colonos europeus mais adiantados na cultura, na técnica
e na política que trouxeram nas pobres e rotas bagagens de estrangeiros.
Esta
contribuição política era indispensável para o Brasil atingir um grau mínimo da
sua soberania. Os GRITOS, as INTRIGAS PALACIANAS e as DECLARAÇÕES BOMBÁSTICAS pouco
significariam e seriam sufocados como foi a INCONFIDÊNCIA MINEIRA ou REVOLUÇÂO
de RECIFE em 1817, carentes deste PODER ORIGINÁRIO CONSOLIDADO. O respeito
interno e externo a esta SOBERANIA seria maior na medida em que ela viessem de
agentes não contaminados pela COLONIALISMO VETUSTO IBÉRICO e apoiado na
ESCRAVIDÂO.
Neste
aspecto é claro o prognóstico do Correio Braziliense ao afirmar
. A
abolição do trafico da escravatura terá lugar mais dia menos dia; e o melhor
preparativo, para esse acontecimento, he a introducçaõ de braços, que
substituam os Africanos.
Esta
afirmação foi e continua a ser muito mal interpretada quando estes mesmo
imigrantes são reduzido e tratados como “NOVOS ESCRAVOS”.
Fig. 11 – A atual NOVA FRIBURGO na REGIÂO SERRANA do
RIO DE JANEIRO, lembra a terra de origem e ao mesmo tempo a enorme contribuição
no desenvolvimento de terras férteis pequenas e
apertada entre picos de uma serra. O fenômeno irá se repetir no Rio
Grande do sul quando foi destinado aos imigrantes italianos a serra gaúcha com
enorme desvantagem para terras planas e férteis porém ocupadas por enormes
latifúndios improdutivos ou pouca produção. Os retornos destes latifúndios
em impostos - ao erário público- é muito menor comparada com aquilo que os imigrantes europeus conseguiram realizar
em estreitos vales e agressivas serras. Emigrantes e os seus descendentes
contribuem com milhares de vezes aquilo que foi investido na sua migração ao
BRASIL A somatória das contribuições ao erário público deixam em situação
vexatória os proprietários das terras planas e férteis ocupadas por enormes
latifúndios.
Na
conclusão não é possível silenciar as 311 vítimas fatais deste projeto. Entre
cada 100 emigrantes que partiram da Suíça, 15 deles terminaram os seus dias sem
ver e pisar a terra que buscavam para seu futuro.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS relativa à IMIGRAÇÃO BRASILEIRA
CONSTANTINO, Núncia Maria Santoro
(1944-2014) Italianos em núcleos urbanos e na capital do Rio Grande do Sul 1986
4 p.
-----------------O italiano da esquina:
meridionais na sociedade porto-alegrense e permanência da identidade entre
moranenses. São Paulo 1990 389
f.
CULTURA ITALIANA –
130 anos =
Cultura italiana – 130 anni / org. Antônio Suliani e Frei Rovílio Costa -
ed bilíngüe – Porto Alegre : Nova Prova,
2005, 340 p. il. 25 x 29 cm.
Ondas de migrantes, crônicas de 138anis de Brod no Brasil; Vida, obra, escritos.../ Organização de Danilo Bersch e. et al.- Lajeado RS: Univates, 2006, 580 p. il ISBN 85-98611-35-2
Ondas de migrantes, crônicas de 138anis de Brod no Brasil; Vida, obra, escritos.../ Organização de Danilo Bersch e. et al.- Lajeado RS: Univates, 2006, 580 p. il ISBN 85-98611-35-2
RUGENDAS, João Mauricio (1804-1858)
Viagem Pitoresca ao BRASIL 1822-1825
e 1845 –Tradução de Segio MILLET( 6º
ed). São Paulo: Livraria Editpra Martins 1967, 161 p., 110 gravuras
SIMMEL, Georg Sociología y estudios sobre las formas de
socialización. Madrid: Alianza. 1986,
817. 2v.
TUBINO, Nina A germanidade no Brasil Porto Alegre: Sociedade Germânia,
2007, 208, il . ISBN 978-85-999117-15-6
FONTES
NUMÉRICAS DIGITAIS.
IMIGRAÇÂO SUIÇA AO BRASIL 1819-1820
COLÔNIA SUIÇA em NOVA FRIBURGO
RELATO da VIAGEM dos SUIÇOS ao BRASIL
NASCIMENTO de NOVA FRIBURGO
MEMÒRIA da IMIGRAÇÂO SUIÇA
A
saga de Mathias SIMON (1788-1866) e dos seus descendentes no BRASIL
http://mathiassimon1829.blogspot.com.br/
VIDEO
POPULAÇÃO BRASIL 1980-2010
FIBURGO SUIÇA 2019
MIGRANTES no MEDITERRÂNEO em ABRIL de 2019
https://www.correiodopovo.com.br/notícias/mundo/sessenta-e-quatro-migrantes-são-resgatados-no-mar-mediterrâneo-1.330651
43 milhões de
pobres no Brasil em 2019
https://www.correiodopovo.com.br/notícias/mundo/pobreza-atinge-mais-de-43-milhões-no-brasil-e-banco-mundial-faz-alerta-1.331018
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