terça-feira, 20 de setembro de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 015

CIDADANIA e NOBREZA na

INDEPENDÊNCIA do BRASIl.

Mateus, Mateus, primeiro aos teus

Antigo adágio açoriano


http://www.dezenovevinte.net/obras/obras_jbd_art.htm

Fig. 01 – CENÁRIO para BAILADO na CORTE Jean Batista Debret

O cenário do evento crucial da Independência do Brasil, em 1822, produziu narrativas nas quais a nobreza ainda foi enaltecida ao modelo do antigo regime medieval e destacada em cores. As narrações, que permaneceram da participação do poder originário Brasileiro neste evento, foram caladas ou, no máximo, registradas de forma bem diferentes daquelas da nobreza evidenciada.


http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/624530107

Fig. 02 – O CASAMENTO de NEGROS Jean Batista Debret

A cidadania brasileira teve de se contentar, calada e silenciada, com as miúdas, encabuladas e cinzentas entrelinhas bem diferente daquela dos Norte Americanos e Franceses. No entanto, o tema e a forma da nobreza medieval já, neste tempo haviam sido anatematizados e excluídos da História de muitas culturas. Isto aconteceu graças aos preceitos, fundados na Razão do Iluminismo, que regulavam os pactos sociais da maioria das latitudes e das nações. Contudo este fato é silenciado pouco evidenciado no âmbito das narrativas do processo que levou ao pacto da Independência no Brasil. O realce do processo da Independência do Brasil sempre coube à nobreza e à corte lusitana que, nesta época, estava ancorada na sua ex-colônia. Ali pedia, e até impunha, o foco das poucas luzes que ela ainda podia arregimentar para a sua glória e o seu próprio esplendor. A rainha Dona Carlota Joaquina exigia que os seus súditos se ajoelhassem na sua passagem pelas vielas e ruas sujas da capital provisória do Reino Luso.

Fig. 03 – A GULHOTINA na Revolução Francesa

A França apresentava-se como modelo de cidadania, após guilhotinar a nata da sua nobreza. O povo entrou neste cenário com o papel de cidadão e recebeu os focos mutáveis da História. Este povo, transvestido de cidadão, galgou os precários degraus do palco da História incentivado pelos mais diversos interesses. Interesses que escreveram os seus papeis e que dirigiram ostensiva, ou subliminarmente os movimentos do povo transvestido com os novos trajes fabricados pela era industrial em franca expansão. Em especial aqueles que coerentes com os interesses do monetarismo capitalista e do consumismo dos produtos da era industrial incipiente e predadora na sua obsolescência programada. Cumpria-se de novo a sina de Édipo de matar o seu pai [agricultor] e possuir a mãe [Terra].


Fig. 04 – NAPOLEÂO DIANTE da ESFINGE Jean Leon GÉRÔME 1824-1904 - pintura c. 1868

Esta população, uma vez no palco e sob as luzes dos holofotes, avançou temerariamente para representar os temas políticos, sem possuir o menor preparo e competência específica. Esta exposição pública servia aos promotores e financiadores deste espetáculo, como processo ideal para identificar, numerar e eliminá-lo sumariamente como obsoleto, ao final do evento cênico. A guilhotina cortou mis cabeças do povo do que da nobreza. Esta cena ainda não terminou no século XXI. O monótono cortejo público destes autores continua este desfile caricato. Estão no palco os sucessores do destino Maximilian de Robespierre (1758-1794), do Danton e de Napoleão Bonaparte (1769-1821) todos eles sem sangue azul ou nobreza hereditária. Na cena pós-moderna - representada em vários países e culturas - os lideres populares também são descartados depois de estimulados, usados para representar e dar os grotescos recados e representar papeis não coerentes com a sua formação. Eles são eliminados, ato contínuo ou pelo enforcamento ou pela pura defenestração pública, para o delírio das massas que assistem magnetizados, na ágora digital, os atos que se desenrolam neste cenário político pós-moderno.


Fig. 05 – RIO de JANEIRO Outeiro da Glória -- Nicolas Antoine TAUNAY 1755-1830 -

A cultura lusitana trouxe, na sua origem histórica, uma contribuição mundial única no sentido da circulação da nobreza. Cristãos, mouros e israelitas chegaram, ao se constituir a nação portuguesa, a um precário acordo: a sua nobreza não seria de sangue e nem por antiguidade. A nobreza lusitana seria uma conquista independente do clã, da etnia, do gênero e da idade. O critério seria o serviço prestado à nação lusa que se constituía em algo diferente e criativo em relação às demais nações. Este contrato de origem da nação lusa contrariava a política espanhola do sangue, do gênero da cultura islamo-judaica e da Igreja, do mouro clã ou do ancião das tribos ancestrais. Muitos consideram Portugal como a primeira nação moderna e ainda em plena vida própria.


Fig. 06 – HERALDICA : ESCUDO de HERNAN CORTEZ

Pode-se atribuir a expansão territorial desta pequena terra aos efeitos fantásticos deste contrato de origem da nação lusa. Como uma cultura não se instaura no grito, ou por um único ato, este contrato, do outro lado, nunca foi respeitado na pureza de sua intenção original e nem regulamentado pelas gerações seguintes. Apesar disto este contrato ainda regulava, na sua essência, a nobreza do Império Brasileiro. A República Brasileira sepultou os seus resquícios formais, e, no deboche, passou a atribuir os títulos de sua nobreza aos cães.


Fig. 07 – STROHL Hugo Gerhard (1851-1919) - Escudo de Krain até 1918

Ninguém busca recuperar títulos ou brilhos falsos da nobreza medieval decaída. Títulos de nobreza não correspondem mais às funções originais para os quais foram criados por decisão humana. No contrário as funções, por si mesmas, não constroem e sustentam uma cultura exigente e complexa de uma civilização em desenvolvimento crítico. As funções não preservam e não geram forças e energias necessárias para a natureza daqueles que exercem um cargo numa cultura entrópica e ainda sem projeto definido. Mesmo os mais severos e minuciosos contratos estão sujeitos à entropia. Eles não abarcam todos os horizontes de uma cultura planetária sujeita a um equilíbrio homeostático entre forças múltiplas e mutantes.

http://www.nytimes.com/slideshow/2011/08/21/arts/design/08212011_DETROIT_SS.html

Fig. 08 - USA - DETROIT – Ruínas industriais – NYT 21.08.2011

Na aplicação tecnológica da Ciência é possível um equilíbrio homeostático entre forças naturais múltiplas e mutantes. Por mais complexos, sofisticados e adiantados que sejam, seria grotesca a sua aplicação à sociedade e cultura humana, como uma espécie de mecânica política. Contudo ganham espaço e sentido de suporte no âmbito da circulação das informações. Passam a constituir ferramentas e inestimáveis alavancas para o exercício de um poder coletivo e constantemente renovado. Nem títulos, nem cargos ou singelo voluntarismo de boa vontade, preparam o cidadão para orientar, coordenar e vetorizar tomadas de decisão de consequências locais e planetárias. Também não há como ceder à eugenia de uma colméia de insetos que prepara longamente a sua rainha que confere ao seu enxame os mesmos e idênticos clones. Procusto já tentou realizar esta façanha pelo instrumento do seu leito unificador, antes de ser vencido pelo grego Perseu.

Uma nação contemporânea que se abstém de uma meritocracia, de mecanicismos ou eugenia impõe uma educação especifica para a administração dos cargos públicos. As nações mais atentas à esta preparação, possuem instituições quase específicas para este tipo de educação cidadã. A França possui para esta preparação especifica de sua elite burocrática as suas “Écoles” referendadas às respectivas Academias e ao “Institut de France”. Para o povo em geral e para aqueles que não exigem de si mesmos esta preparação especifica, destinou a Sorbonne. Nenhuma é perfeita e todas estas formas estão sujeitas à rápidas, silenciosas e intempestivas entropias institucionais.


Fig. 09 – LIBIA - O TRONO- SOFÁ da Filha de Gaddafi - GLOBO 27.08.2011 -Objetos de uma nobreza fabricada e com raízes popularescas. Os objetos de ostentação desta nobreza são também de gosto duvidoso de uma duvidosa coerência com o poder originário e com o pacto social de uma nação islâmica sem imagens e figuras antropomorfas.

No entanto, na ausência deste projeto, brotam livres os arcaicos resquícios da política do sangue azul, do clã, da cultura do gênero ou da gerontocracia das tribos ancestrais. Desenvoltos infestam o terreno da política pública, fomentados e adubados pelos interesses comerciais e ao sabor de projetos corporativos duvidosos e de curto prazo. A ignorância, a mistificação e a desqualificação das informações são as maiores aliadas - para quem busca o poder - sem possuir as qualificações para o seu exercício continuado e honesto.


Fig. 10 – William John THOMS 1803-1885

A cultura inglesa foi pioneira em entender o papel que a Ciência poderia desempenhar no direcionamento dos focos mutáveis da História. Aplicou este saber sobre o povo que se move neste cenário e convidado a desempenhar o papel de cidadão na palco público. A Inglaterra, impulsionada pela crescente de sua indústria, concebeu e reconheceu a Ciência do Folclore. Este saber recebeu o status de Ciência da mente e pela proposta formal por William John Thoms (1803-1885). Este publicou, em 22 de agosto de 1846, um artigo, com o título Folk-lore, na revista The Athenaeum de Londres e com o pseudônimo de Ambrose Merton.


http://www.folkloredelnorte.com.ar/folklore.htm

Fig. 11 – Emblema argentino do FOLK-LORE aprovado no Primeiro Congresso Nacional de Folklore em novembro de 1949 - Ideado por Rafael Jijena Sánchez, e desenhado por Guillermo Buitrago.

Nos desdobramentos, desta raiz Iluminista, nasceram, não só as Ciências com aplicação tecnológica, mas também as Humanas. As Ciências Humanas desdobraram-se, como as Ciências de aplicação tecnológica, em todas as direções. Além dista a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, a Ecologia ... criaram, os seus heróis de origem e cercaram a sua competência com limites próprios. Estes heróis de origem e seus seguidores constituíram o seu panteão de uma nova nobreza. Desta maneira a Ciência foi elevada, pelo Iluminismo, como a nova plataforma de nobilitação e de legitimação inquestionável. Os seus pioneiros, e os heróis, substituíram a nobreza da política do sangue, do gênero da cultura islamo-judaica e da Igreja, do mouro clã ou do ancião das tribos ancestrais. O seu âmbito histórico foi a Era Industrial. Estas mesmas Ciências moviam-se neste âmbito e a sua vida dependia das suas circunstâncias. Entre estas circunstâncias está a lei da obsolescência programada. Assim o Folclore é considerado obsoleto e velho, há muito tempo, pois está sujeito, desde a sua origem, a lei da obsolescência programada das circunstâncias da Ciência. No seu lugar eguem-se - vitoriosas e vistosas - a Antropologia, a Etnografia e a Semiótica, associadas a tantas outras Ciências Humanas alavancadas pelos meios numérico digitais.


Fig. 12 – CAPELAMOVEL de CASAMENTOS - The Guardian em 14.09.2011

Neste meio tempo, enquanto a linha de montagem era hegemônica, ela planejou, desenhou e gerou produtos e mentalidades que elevaram o povo no palco da História. Para tanto o Folclore reescreveu todas as narrativas das diversas culturas. Talvez o caso inglês é emblemático. Ali a Ciência do Folclore, no auge de sua credibilidade pública, gerou uma narrativa de uma tradição que parece autêntica e verdadeira. Construiu esta narrativa a partir de parcos e de problemáticos vestígios pontuais encontrados nos acervos de um passado revisitado. Ao perscrutar com o olhar interessado nos produtos apropriados à era industrial dizia-se orientado pela Ciência do Folclore. A Ciência do Folclore colheu, neste passado, narrativas, peças únicas e vestígios que interessavam a este olhar industrial. Por obra e graça deste olhar industrial os parcos e problemáticos vestígios pontuais do passado revisitado, foram generalizados, redesenhados e apropriados aos processos da produção do múltiplo, em larga escala. Evidente que a concepção de obsolescência programada estava embutida neste processo industrial, pois as máquinas não podiam parar. Esta exigência de não poder parar, sob pena de morte provinha do custoso e caro acúmulo de materiais, mão de obra especializada e de capitais, que impunham uma lógica bem distinta da nobreza fixa no tempo e lugar.

Contudo as máquinas industriais pararam. Os nobres e heróis deste ciclo históricos tiveram o mesmo destino da obsolescência dos produtos industriais e que haviam substituído a nobreza medieval tradicional. A Enciclopédia, com os seus heróis e saberes, foi engordar as prateleiras dos sebos em todas as concentrações urbanas provocados pela era industrial. Os novos heróis e nobres duram não mais do que os 15 minutos previstos pelo artista Andy Warhol.


Folclore

http://www.arteducacao.pro.br/Cultura/Folclore.htm

William John THOMS

http://en.wikipedia.org/wiki/William_Thoms

FOLKLORE emblema argentino aprobado por el Primer Congreso Nacional de Folklore, celebrado en Buenos Aires en el mes de Noviembre de 1949, fue ideado por Rafael Jijena Sánchez, y llevado a la realidad por el pintor Guillermo Buitrago en 1939.

http://www.folkloredelnorte.com.ar/folklore.htm

MAXIMILIAN de ROBESPIERRE - GUILHOTINA

http://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2011/07/maximilien-robespierre.html

NAPOLEÃO BONAPARTE

http://pt.wikipedia.org/wiki/Napole%C3%A3o_Bonaparte

ORTEGA y GASSET – Rebelião das Massas

http://cultvox.locaweb.com.br/livros_gratis/rebeliao_massas.pdf

Mateus, Mateus, primeiro os teus

http://www.eunaotenhonome.com.br/blog/blogdoluciovaz?tv_pos_id=21179

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 014

O PROCESSO do BICENTENARIO da

SOBERANIA do URUGUAI.

A presente postagem aborda o Uruguai no âmbito do processo da sua independência e os atos e os fatos que evoca para estas narrativas a construção da identidade da nação sul-americana.

Quem quiser conhecer a cultura e folclore do Rio Grande do Sul necessita conhecer a identidade e o modo de vida do Uruguai.


Fig. 01 – TERITÓRIO do URUGUAI num mapa de Jean Baptiste DEBRET denominado com as regiões da BANDA ORIENTAL, da PROVÌNCIA CSPLATINA e MONTE VÌDEO distingue-se da Província do RIO GRANDE DO SUL com fronteias distintas das atuais

Para ver os detalhes do mapa clique sobre a imagem

O seu tamanho físico é inferior a um grande número de Estados Brasileiros. Apesar disto poucas nações do mundo, como o Uruguai, podem exibir com tanta ênfase e orgulho a História da construção da identidade coletiva. Esta construção também “não foi no grito”e nem se resume a um evento singular e datado, porém em longos, continuados e silenciosos contratos ente os seus cidadãos para constituir um coletivo nacional. Contratos realizados e celebrados em calorosos juramentos entre cidadãos procedentes das mais diversas origens, etnias e ideologias.


Fig. 02 – TERITÓRIOS INDÍGENAS do URUGUAI num mapa a partir do relato de Solis de 1516

Para ver os detalhes do mapa clique sobre a imagem

Em relação ao entorno das demais nações soberanas, o Uruguai é muito pequeno geograficamente. Contudo é destaque em quase todos os índices humanos e culturais. Atribui-se este fato a um projeto político consistente, coerente e continuado da busca de sua identidade própria. Identidade que agora ganha vigor, visibilidade e proveito na celebração do ciclo do processo de independência e soberania na ocasião e no âmbito do seu bicentenário.


Fig. 03 – CARRETEIROS no TERRITÓRIO do URUGUAI numa foto antiga

O Uruguai aproveita - e exibe ao mundo - a lição da contemporaneidade que ensina a dialética constante entre a integração e as distinções de identidade mantida pelos Estados soberanos atuais e ao longo da construção de sua soberania. O Uruguai é uma lição viva e palpitante da contradição - transformada em complementaridade – que os blocos de nações e ao mesmo tempo a busca da sua identidade e singularidade, são saudáveis tanto na via externa para as outras soberanias como, na via interna, da sua própria identidade.


Fig. 04 – GAUCHO do URUGUAI numa pintura de Juan Manuel BLANES 1830-1901

O Uruguai implementa a cidadania como medida. De um lado o seu território já fez parte do império de Felipe II da Espanha no qual o Sol nunca se punha”. O súdito deste Império colossal era eclipsado neste macro projeto planetário. Ele passava toda a sua vida a serviço deste soberano a quem sacrificava fortunas, energias e culminando com o sacrifício da sua própria existência. No contraditório o século XIX enfatizou o EU. Este EU rege as suas ações e seus projetos individuais por meio de contratos diante do coletivo. Nestes contratos enfatiza-se a dialética constante entre a integração coletiva e as distinções de identidade do indivíduo, gerando a complementaridade da autonomia e da sanção moral para as ações do cidadão que elege o Estado como articulador, guardião e promotor destes valores.


Fig. 05 – BATALHA do SARANDI URUGUAI numa pintura de Juan Manuel BLANES 1830-1901

Esta homeostase constante entre forças antagônicas é critica e necessita não só treinamento, para momentos críticos desta constante homeostase, mas impõe uma educação completamente distinta daquele que regulava aquele no qual o Sol nunca se punha”.


Fig. 06 – A PARAGUAIA DEPOIS de UM COMBATE travado no URUGUAI numa pintura de Juan Manuel BLANES 1830-1901 o doloroso preço da busca da liberdade

Augusto Comte encontrava na 3ª parte do seu Catecismo, escrito na metade do século XIX, uma proporção e um número ideal de habitantes para os Estados modernos livres:

os estados ocidentais não terão uma extensão superior à que nos apresentam agora Toscana, a Bélgica, a Holanda e em breve a Sicília. A Sardenha, etc. Uma população de um três milhões de habitantes, na proporção ordinária de sessenta por quilômetro quadrado, constitui, com efeito, a extensão que convém aos Estados verdadeiramente livres. “ Comte, 1983 p.282)

Estas proporções, verificadas na contemporaneidade, mostram que muitas destas observações de Comte correspondem ao Uruguai atual, apesar da doutrina positivista ainda não existir na época em que este pais colocou estas bases políticas e sociais. Também é possível conjeturar que as influências comtistas foram menores daquelas do Brasil.


Fig. 07 – INDICES do URUGUAI e do BRASIL em dadso do IBGE

Comte partia das experiências e as perspectivas que ofereciam as recentes independências americanas:

Deveis conceber aqui as futuras repúblicas, como muito mais circunstâncias do que anunciam hoje os preconceitos revolucionários. A dissolução gradual do sistema colonial a partir da independência americana não é, no fundo, senão o começo de um deslocamento irrevogável de todos os domínios demasiados vastos que surgirem, depois da ruptura do laço católico” Comte, 1983 p.281

A separação entre Igreja e Estado também foram um ponto basilar na política publica reinante num dos menores territórios soberanos da America Latina. Outra contradição que os esta nação sobre transformar em complementaridade. Complementaridade boa e produtiva para ambos os lados da questão colocada por Auguste Comte e sem substituir o credo católico para se submeter a doutrina apregoada pelo Catecismo positivista.


Fig. 08 – OS 33 ORIENTAIS do URUGUAI em 19.04.1825 numa pintura de Juan Manuel BLANES 1830-1901. O lema “LIBERTAD o MUERTE” na bandeira empunhada pelo grupo dos 33, os vincula ao plano mundial, aos movimentos deflagrados pela lógica Iluminista e, do outro lado, personifica o projeto do destino individual que cada um deles escolhia na sua plena autonomia pessoal.

O Uruguai, além de sua tradicional hospitalidade a todos os povos, ideologias e credos, recebeu, e continua a receber, turistas brasileiros e em especial do Rio Grande do Sul que ale sentem-se em casa. Em todos os momentos políticos brasileiros e sul-rio-grandenses o Uruguai foi um refúgio seguro e hospitaleiro. As raízes lusitanas da Colônia do Sacramento, os vínculos açorianos, os tambores africanos, o Forte de Santa Teresa construído pelo exército português estão em boas mãos e preservados com todo esmero que é possível para esta economia. Os ideais republicanos ali amadureceram ao longo da proclamação e da afirmação da República Brasileira ou se espelhava de nesta soberania com profunda integração política.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Artigas

Fig. 09 – JOSÈ ARTIGAS (1764-1850) Busto em Porto Alegre

A cultura e o folclore do Rio Grande do Sul tiveram forte influência da identidade, da cultura e do folclore do Uruguai. Encarregados por Dante Laytano de preparar a III Semana Nacional de Folclore promovido pelo IBECC em Porto Alegre os jovens Paixão Cortes e Barbosa Lessa seguiram, no início de 1950, para Montevidéu de onde trouxera danças e indumentárias dos atuais Centros de Tradições Gaúchas (CTG’s).


Fig. 10 – GAUCHO do URUGUAI numa pintura de Juan Manuel BLANES 1830-1901

Dante Laytano havia se conectado ao plano nacional do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e no plano internacional com a UNESCO. Em decorrência disto, no dia 31 de março de 1949, Laytano remeteu à Faculdade de Filosofia da URGS, um projeto relacionado com vários temas do Folclore, preparando a III Semana Nacional de Folclore promovido pelo IBECC. Esse projeto estava ancorado na Comissão Estadual de Folclore como um ramo regional da Comissão Nacional de Folclore. Acorreram a Porto Alegre, entre os dias 22 a 29 de agosto de 1950, pesquisadores, como o potiguar Câmara Cascudo, os paulistas Rossini Tavares de Lima e Mainard Araújo. Cecília Meireles veio do Rio de Janeiro. Renato de Almeida presidiu o encontro, coordenado por Dante Laytano e por Érico Veríssimo.


Fig. 11 – GAÚCHO ORIENTAL. Obra de Federico Escalada 1888-1960 –[ Revista do Globo Porto Alegre 22 de julho de 1935, nº 163, p. 24] . A Republica do Uruguai encomendou ao escultor Escalada uma estátua do gaúcho Oriental a partir desta da imagem e que esta artista realizar para Montevidéu. Vinte anos depois desta obra certamente o Escultor Antônio Caringi (1905-1981) e o modelo Paixão Cortes a conheciam para realizar a Estatua do Laçador, símbolo da cidade de Porto Alegre. Mas um laço simbólico que une as duas culturas

No palco do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul apresentaram-se, nessa III Semana Nacional de Folclore, os integrantes do Centro de Tradições Gaúchas “35” (CTG-35) com Paixão Cortes e Barbosa Lessa, interpretando aquilo que haviam aprendido no meio do seu povo e se espelhando naquilo que já havia sido realizado no território do Uruguai.

Ressalte-se a origem do agrônomo e folclorista Paixão Cortes da cidade de Livramento, uma das cidades em notável simbiose cultural e econômica com a cidade uruguaia de Rivera. Cidades divididas por uma avenida que mais une do que separa as duas nacionalidades.

FONTES BIBLIOGRÀDICAS

COMTE, Auguste, 1798-1857 Catecismo Positivista (2ª Ed.) São Paulo : Abril Cultural, 1983 318 p

Anais da III Semana Nacional de Folclore 22-29 de agosto de 1950, RJ: IBECC-Dep. Imprensa Nacional 1953, PP 15,,67. 67,99

FONTES NUMERICAS DIGITAIS

URUGUAI

IBGE – clique em Uruguai

http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php

BICENTENÁRIO do URUGUAI

Portal oficial http://www.bicentenario.gub.uy/seccion/noticias/

Vídeos - http://www.youtube.com/watch?v=no6AF5tznag

Juramento dos 33, em 19.04.1825 Juan Manuel LANES 1830-1901 - pintura 311 x 564 cm – 1877.

http://www.enlacesuruguayos.com/33.htm

BATALHA do SARANDI 12.10.1825

http://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Sarandi

1ª CAMPANHA de 1811 até 1828 INVASÔES das PROVÌNCIAS CISPLATINA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_campanha_cisplatina

http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_contra_Artigas

http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Sousa,_conde_de_Rio_Pardo

http://www.scielo.br/pdf/rbh/v30n60/a10v3060.pdf

http://www.estudioshistoricos.org/edicion_4/alex-da-costa.pdf

VICE REI de MONTEVIDEU FRANCISCO JAVIER de ELIO e DONA CARLOTA

http://books.google.com.br/books?id=Qx3CfSjfOQ4C&pg=PA40&lpg=PA40&dq=BUENOS+AIRES+-+VICE+REI+ELIO&source=bl&ots=wQ8EdSOr3B&sig=FBYANLPpMAPQf2FxCA8bMphiIeg&hl=pt-BR&ei=IKJfToOoMIKftweO1MSlCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBgQ6AEwAA#v=onepage&q=BUENOS%20AIRES%20-%20VICE%20REI%20ELIO&f=falseURUGUAI e

ARTIGAS

http://comitebolivarianosp.wordpress.com/2010/05/06/uruguai-jose-gervasio-artigas-1764-1850/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Artigas

HIDALGO

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolom%C3%A9_Hidalgo

Juan Manuel BLANES 1830-1901

Museu http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Juan_Manuel_Blanes

http://www.artemercosur.org.uy/museos/uruguay/blan.html

UNIVERSIDA de La REPÙBLICA de URUGUAY

http://www.universidad.edu.uy/

http://www.rau.edu.uy/universidad/

FEDERICO ESCALADA 1888-1960 Gaúcho Oriental – Parque Farroupilha – POA-RS

http://www.esculturagaucha.com.br/federicoescalada.htm

http://www.askart.com/askart/artist.aspx?artist=11195929

http://www.artnet.com/artists/federico-escalada/past-auction-results

En la intersección de las Avdas. Lucas J. Obes y Buschental, se encuentra el monumento al “Peón de Estancia”. Vaciado en bronce, sobre un basamento de hormigón, obra del uruguayo Federico Escalada /1888-1960) , es una figura masculina de pie, que viste chiripa; calza botas de potro y esta cubierto por un sombrero ; las boleadoras y el cuchillo van ene. Cinto y en la mano izquierda sostiene un lazo.

http://www.raicesuruguay.com/2011_08/barrio_prado.html

COLÔNIA URUGUAIA no RS e CENTENÀRIO FARROUPILHA

http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=382

ARTIGAS em PORTO ALEGRE

http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_noticia=142460&PREFEITURA+REINAUGURA+MONUMENTO+AO+GENERAL+ARTIGAS

OUTRAS

MEDIANEIRASum vídeo de rara qualidade artística e técnica que mostra o atual URBANISMO e ARQUITETURA de BUENOS AIRES

http://www.youtube.com/watch?v=6qwthmj6KzY&feature=related

REVOLUÇÃO FRANCESA

http://www.not1.com.br/revolucao-francesa-fatores-contexto-consequencias-fases-e-lema/

200 anos do CORREIO BRAZILIENSE

http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/215.html

DOCUMENTOS VENEZUELANOS

http://www.franciscodemiranda.org/colombeia/

UNIERSIDADES LATINA AMERICANAS

http://www.rau.edu.uy/universidad/univ.htm

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

NÃO FOI NO GRITO - 013

BRASIL em SETEMBRO de 1811 no

CONTEXTO das SOBERANIAS SUL-AMERICANAS.

“ ninguém quererá mudar da sugeiçaõ ao déspota governador Hespanhol, para um déspota governador Portuguez ; isso seria o mesmo, que brigarem os homens uns com os outros; para decidir, se o tigre que os deve devorar há de ser o tigre amarello, ou o tigre negro ”.

CORREIO BRAZILIENSE Miscellanea, setembro de 1811. VOL. VIL Nº. 40. p.. 391


http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/624520079

Fig. 01 – ESCRAVOS CARREGADORES de DIVERSAS NAÇÔES AFRICANAS num desenho de Jean Baptiste DEBRET. A DURA e IMEDIATA REALIDADE da ESCRAVIDÂO não permitia sonhar com uma NAÇÂO a partir do seu PODER ORIGINÀRIO dividido e fracionado por clãs, tribos, línguas, costumes e ate vestimentas diferentes. O africano procedia de numerosas nações, culturas e línguas imemoriais e não cultivava concepções de ter êxito num projeto unitário nacional. O Haiti paga, até o presente, esta divisões de origem. Se esta realidade estava presente em todos os projetos de países sul-americanos, seria impossível uma unidade continental.

A aventura napoleônica pode se comparada com um verdadeiro terremoto político seguido de tsunami que varreu toda a Europa e que, depois de 1815, começou a refluir ao seu estado anterior. Este tsunami político foi capaz, no auge da sua força, de jogar uma das cortes européias nas costas brasileiras. Caso único na história humana.

No entanto, na medida em que a Europa se acomodava, as ondas desta mobilização continuaram a chegar às colônias ibéricas a se intensificar e potencializar em toda a região. A Península Ibérica perdia, ao longo desta acomodação, o sentido e a força política e econômica que antes aparentava e julgava possuir.


http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/624510002

Fig. 02 – O TERRITÓRIO BRASILEIRO e as suas indefinidas e instáveis fronteiras do Norte, Oeste e Sul com as demais nações – Desenho, c. 1811, de Jean Baptiste DEBRET (1768-1848)

Para ver os detalhes do mapa clique 2 VEZES sobre a imagem

Nas Américas a busca da liberdade unia os povos crioulos num mesmo ideal de soberania. Antes do terremoto napoleônico eram mantidos separados em estreitos currais administrados exclusivamente por agentes provenientes das suas metrópoles. Agentes cuja aspiração era fazer nome nas colônias e poder retornar, o mais breve possível, para a sua origem. Retorno no qual carregavam para as suas cortes e para si mesmos o maior espólio possível. Esta vontade era reforçada pela impossibilidade de construir casas confortáveis nas colônias ou qualquer ostentação pessoal que apenas era permitido, para estes agentes, nas suas metrópoles de origem.


http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/624510030

Fig. 03 – CHEFE GUAICURU INDO VIAJAR Jean Baptiste DEBRET descreve representes destas tribos acampadas no Rio de Janeiro . Os indígenas brasileiros haviam alcançado, entre os 1564-1567, um precário status legal de livres da escravidão na sua Confederação dos Tamoios. Este processo de liberdade formal e jurídica teve de ser retomado sucessivamente. Muitas destas tribos se deslocavam até a corte no Rio de Janeiro e onde o artista as podia observar, ao vivo, entre 1816 a 1831. Estas observações constam nos textos escritos e editados por Debret

Em setembro de 1811 faltavam ao Brasil ainda 11 anos para conseguir a sua soberania. As notícias vindas de Portugal davam conta dos desmandos continuados e múltiplos que o povo lusitano sofria nas mãos de servidores submetidos a quatro patrões diferentes ideologias, projetos e recursos.


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Fig. 04 – O Príncipe Dom Pedro completaria os 13 anos de idade no dia 12 de outubro de 1811 Aqui Dom Pedro recebe o beija mão, já como imperador, num desenho de DEBRET. A mentalidade da origem divina da realeza deu oportunidade às práticas dos REIS TAUMATURGOS descritas por Marc Bloch numa obra antológica. A vinda de uma corte européia inteira ao Novo Mundo, trouxe reflexos destas práticas, usos, costumes e protocolos

O Correio Braziliense estampava, na sua edição de setembro de 1811 VOL. VIL Nº. 40. pp. 389 até 391 na sessão Miscellanea, as suas preocupações com a política platina e as soluções, ou falta delas, que a corte, instalada desde 1808, enfrentava e as suas constantes flutuações das fronteiras meridionais do Brasil.

Algumas das noticias recebidas do Rio-da-Prata fazem mençaõ de tropas Portuguezas, empregadas em cooperar com o partido Hespanhol de Elio contra a Juncta de Buenos-Ayres, ou partido dos independentes.

As nossas informaçoens particulares até nos mencionam de que a Corte do Rio de Janeiro offertcera a Elio sette mil homens para guarnecer Montevideo e seu território, mas que esta offerta fora regeitada, principalmente pela influencia de Yrujo (o Ministro Hespanhol no Rio de Janeiro) o qual se mostrou temer-se de que este auxilio de protecçaõ, naõ viesse a ser pretexto de tomar posse daquelles paizes.


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Fig. 05 – RIO DE JANEIRO e o Palácio da Quinta da Boa Vista c. 1808

Segundo desenho de Jean Baptiste DEBRET

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Esta noticia naõ concorda com o que se acha na declaraça3 official do Conde de Linhares, á mesma Juncta de Buenos- Ayres, e qne nos publicamos em outro N°. ; porque ali se diz expressamente que a Corte do Brazil se naõ quer intrometter nesta disputa, entre os Hespanhoes Europeos, e seus colonistas; mas, como nós vivemos em um século de maravilhas, nada nos admiraríamos se víssemos que a Corte do Brazil fazia hoje uma declaração, e a manhaã obrava de maneira differente, e até opposta. A pouca intelligencia dos Ministros da Corte do Rio-de-Janeiro uns com os outros $ os prejuizos antigos ainda dos mais bem intencionados; as conseqüências inevitáveis do systema colonial, que naõ querem abolir; tudo conspira a fazer que o povo do Brazil se não aproveite dos preciosos dons que a natureza lhe offerece, nem goze das felicidades que o seu local lhe permitte

Fig. 06 – A princesa espanhola Carlota Joaquina, num desenho de DEBRET. Casada com o príncipe Dom João, depois Dom João VI. Cultivava a mentalidade da origem divina da realeza. Isto oportunizou práticas ao estilo dos REIS TAUMATURGOS. Nestas práticas ela trouxe ao Novo Mundo usos, costumes e protocolos ela exigia que o público se ajoelhasse nas suas saídas do Palácio. Na condição de espanhola também intervinha na política do Brasil, conforme texto abaixo.

Os direitos da Senhora Princeza do Brazil saõ agora os mesmos que eram, quando os Ministros do Principe Regente de Portugal, aconselharam, ou ao menos permittíram, que se publicassem em nome daquella Senhora, e do Infante de Hespanha D. Pedro, proclamaçoens, em que se negava que fosse justa ou valida, a renucia de Carlos IV, a favor de Fernando VII.; quando, se naõ he por aquelle titulo da renuncia de Aranjuez, naõ sabemos porqU3 se possa chamar Rey de Hespanha a Fernando VII. a menos que naõ seja pela acclamaçaõ da Naçaõ ; e no entanto os mesmos ministros do Brazil, depois daquella declaração, receberam embaixador, ou cousa que o valha, como ministro desse Fernando VH ; que elles mesmos disseram que naõ éra Rey por naõ ser valida a renuncia de Carlos IV. Estas inchoerencias dos ministros, ao mesmo tempo que ridicularizam aos olhos de todo o Mundo o Governo, involvem a naçaõ era difliciildajes, que se sentirão para o futuro mui severamente.

Se os Ministros do Brazil entendem a politica das relaçoens estrangeiras do seu paiz, e se naõ andam ás apalpadellas, deveriam obrar com um systema seguido, e consistente, a respeito dos direitos da Princeza, D. Carlota ; e naõ negar primeiro, que a renuncia de Carlos IV. foi nulla, depois solicitar na extincta Juncta Central certos negócios relativos á mesma Princeza, quando essa Juncta só obrava em nome de Fernando VII.; dahi tractar com os povos da America Hespanhola sobre o mesmo assumpto, sem referencia ao Governo (bom ou mao) que Hespanhoes estabeleceram na Europa; e por fim consentir que officiaes Portuguezes fossem a ter parte nos planos daquellas pessoas da cidade da Assumpçaõ, que queriam declarar a Princeza D. Carlola Kegente das ColoniasAmericanas deHespanha.


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Fig. 07 – UMA das ESPERANÇAS, daquele que DESEJASSE EXPRESSAR uma NAÇÂO, SERIA a INFÂNCIA e que se ENTENDE entre si pela sua PRÒPRIA CONDIÇÃO NATURAL. Contudo esta DURA IMEDIATA REALIDADE a ESCRAVIDÃO JOGAVA esta ESPERANÇA de RETORNO para a NATUREZA e ao PURO LUCRO. A criança afro-descendente era reproduzida, como gado, muitas vezes com a intervenção do seu proprietário, a sua educação era pura domesticação para o trabalho. Assim não conhecia os seus pais e nem tinha direito ao pátrio poder.. As suas qualidades eram avaliadas pelo que podiam produzir. Porém o fruto do seu trabalho confluía e enriquecia apenas o patrimônio dos seus donos.

Se jamais houve um proceder absurdo de Gabinete deve ser este. O momento de negociar a favor dos direitos da princeza passou; e se deixou passar por uma intriga de individuos, intriga que ainda naõ desesperamos de ver publica á luz do dia : e a ingerência do Governo do Brazil nos negócios internos das colônias Hespanholas pôde ser fatal a muita gente; ao mesmo tempo que esta éra a occasiaõ mais favorável de negociar a preciza declaração de limite» entre o Brazil e os territórios Hespanhoes, que se acham agora em grande confusão, e que necessariamente haõ de ser motivo de discórdia entre as duas naçoens.

Quanto ao entrar em guerra aberta com as America Hespanholas, ou tractar de vindicar por este meio alguns direitos que o Governo se supponha ter, esperamos que nunca os Ministros do Brazil cheguem a tal persuadir ao seu soberano; porque isso seria a ultima ruina da monarchia. O erário exhausto, as rendas publicas administradas por um ignorante, presumido, e intriguista Thesoureiro Mor, de quem nos chegou á maõ uni papel (entre outros) de quatro linhas, com cinco erros de grammatica ; e duas proposiçoens absurdas, asseveradas como verdades incontestáveis; a marinha annihilada, a tropa composta de soldados, que sò servem porque violentamente lhe sentam praça ; os arsenaes despidos de armamentos, &c. &c.: nesta situação das cousas, medidas pouco prudentes eraõ as conseqüências mais funestas.

O direitos Reaes subiram a dez milhoens de cruzados; as despezas dizem que montaram a quinze ou segundo outros a doze ;no primeiro caso o déficit he de cinco, no segundo de dou* milhoens.


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Fig. 08 – Para aquele que DESEJAVA EXPRESSAR uma NAÇÂO havia uma DURA IMEDIATA REALIDADE chamada ESCRAVIDÃO . A proporção entre os livres e os escravos era assustador e esta imagem de DEBRET nos dá esta medida. O exemplo vinha do Haiti onde esta maioria afro-descendente proclamou a sua soberania em 01 de janeiro de 1804 em pleno apogeu da onda napoleônica. Antes, já em 1794, havia abolira a escravidão legal. O Haiti foi o refúgio de Simon Bolívar que cobrou dele o fim da escravidão nos países que ele libertasse. Como o próprio africano vinha de numerosas nações, culturas e línguas imemoriais, não tinha esta concepção para ter êxito num projeto unitário nacional. O Haiti paga o preço destas divisões de origem até o presente

Daqui vem qne se naõ pagam nem os gêneros da primeira neceidade, que se tomam para a esquadra e oxaria Real. Os officiaes da esquadra deve-se-lhe dez mezes de soldo, e á maruja muito mais. Naõ obstante isso vai-se fazer um quartel no Rio de Janeiro para o 2º. regimento, cujo risco he bello mas dispendiosissimo; esta-se edificando um bom palácio, que hade servir para Tone de Tombo, desembargo do Paço, Conselho da Fazenda, e Museo, que he cousa que hade chegar a milhoens. O thesouro dizem que faz a despeza mensal de 20 a 40:000.000 de reis. O Brazil podia seguramente ser um Estado feliz, grande, e poderoso, mas era necessário que a extençaõ dos conhecimentos dos que o Governam, fosse igual á vastidão de seus meios.


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Fig. 09 – A PAISAGEM do RIO DE JANEIRO c. 1811 ao FUNDO o Palácio da Quinta

da Boa Vista

Segundo desenho de Jean Baptiste DEBRET

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He, sem duvida, crueldade mostrar a um homen que tem soffrido muito, quanto a sua improvidencia tem sido causa de seus males ; e oppôr ao sonho de suas agradáveis esperanças, realidades tristes, e desconsoladoras ; mas quando se tracta de uma naçaõ, posto que seja esta uma penosa tarefa ; he cora tudo naõ somente útil, mas até necessária a um povo inteiro, o qual naõ pode remediar nem impedir os males futuros, senaõ conhecendo a causa dos passados.

Naõ he fácil, recommendando as medidas de prudência, marcar a linha alem da qual naõ he justo passar na practica saõ as circumstancias quem devem decidir. A acquisiçaõ da Guiana Franceza da ao Brazil demaziado território; da parte do sul a porçaõ que vai desde a lagoa Mirim até o Rio-da-prata, he menos para o Brazil.

Mas povos que naõ estaõ sugeitos ao Governo do Brazil naõ se lhe submelteraõ de boa vontade, a menos que naõ vejam esperanças de melhorar de sorte; porque ninguém quererá mudar da sugeiçaõ ao déspota governador Hespanhol, para um déspota governador Portuguez ; isso seria o mesmo, que brigarem os homens uns com os outros; para decidir, se o tigre que os deve devorar hade ser o tigre amarello, ou o tigre negro.

Fig. 10 – DATAS da CONQUISTA da SOBERANIA dos PAÍSES da AMÉRICA do SUL não foi resultado de um único ato ou gesto individual. Mas de um longo, sofrido e contraditório processo de construção coletiva. Omitem-se, aqui, as datas de reconhecimentos por outros Estados Soberanos. Este blog amplia a tese de que a Independência NÃO FOI no GRITO” nem no Brasil e nenhum outro país sul-americano.

Rio-da-Prata. VOL. VIL Nº. 40. pp. 367 até 368 na sessão Miscellanea

Buenos-Ayres mantem-se nas suas ideas de independência; mas naõ tem ainda conseguido a reducçaõ de Monte Video; porque os seus exércitos se acham empregados, em reduzir ao seu systema as terras do interior, para abrir uma communicaçaõ livre com o Peru. Com effeito, supposto que a fortaleza de Monte Video sirva de grande incommodo á navegação do Rio-da-Prata; com tudo He de maior importância para os de Buenos-Ayres reduzirem a seu partido a contra costa da America, o que lhe abre a communicaçaõ directa por aquella parte com Caracas. A fortaleza porém de Monte-Video continua bloqueada ; e o Vice Rey Elio, de accordo com o Ministro Hespanhol no Rio de Janeiro, naõ quiz, segundo dizem' aceitar sette mil homens que lhe offerecia o Governo ali, para defender o território de Montevideo, teraendo-se que o soccorro não se volta-se em conquista. A conducta de Elio naõ parece ter sido de todo approvada em Cadiz, visto que ja lhe nomearam successor que he o General Vigodet. Era outros pontos, dizem as nossas noticias particulares que se aceitara a intervenção dos Portuguezes, mas sem bom effeito. Isto he o que nos informam dali.

A tempo que o exercito do norte voltava de S. Jozé, os Portuguezes se uniram com as forças que tinham em Jbirapita, no districto de S. Borga, reforçando-se com os índios das margens do Uruguay.

Assim preparados dous officiaes fôram de S. Borja para a cidade da Assumpçaõ, aonde fôram admittidos pelo Governador Velasco, a uma conferência secreta, que continuou vários dias, e a que assistiram o assessor, e ministros de Estado. O resultado deste conselho foi, que o Governador se apresentou aos differentes tribunaes, acompanhado de dous officiaes Portugueses, com uma escolta de hussares, que fôram substituidos á guarda dos naturaes do Paraguay, que tinha sido repentinamente debandada. Nestas circumstancias leo-se publicamente o arranjamento em que elle tinha entrado, como protector da provincia; segundo o qual a Senhora Princezado Brazil foi reconhecida Regente, e herdeira de Fernando VII. Descubriosse entaõ que o papel, que continha o voto do magistrado D. F. Ricaldo se tinha sumido; e soube-se que este voto era contrario aos desejos do Governador.

Esta linha de conducta foi taõ contraria ás esperançaõ, desejos, e determinação do povo, que produzio um tumulto. O descontentamento nos habitantes da cidade de Assumpçaõ foi taõ geral, que se adoptáram logo medidas decisivas. O governador foi formalmente deposto, e se inaugurou regularmente uma Juncta' composta das seguintes pessoas. D. Juan Manuel Cavanes, cap- Cavallero, D. Juan Manuel Caraara, Secretários R. P. F. Fernandez Cavallero, e Don Fiancia.

Pode-se argumentar que a transferência da corte de Lisboa ao Rio de Janeiro foi uma destas estratégias para não perder a colônia que sustentou os luxos metropolitanos após a descoberta do ouro de Minas Gerais e o fluxo deste metal para o erário lusitano. A presença da corte no Brasil pode ser visto como estratagema para conseguir apagar ou escamotear aquela separação entre “crioulos” e os “reinóis” tão vivamente sentido e usado como argumentos para as independências de países submetidos à Espanha.


http://fm44.tripod.com/Miranda-bio.htm

Fig. 11 – FRANCISCO de MIRANDA na PRISÃO por Arthuro MICHELENA, pintura, 197 x 245 cm 1896. Miranda proclamou a independência da Venezuela em 19 de abril de 1810, mas depois caiu em desgraça. Foi quase uma regra geral de que aqueles, antes unidos sob objetivo comum da mesma bandeira da liberdade, dividiram-se imediatamente quando se tratou de dividir os frutos do poder que haviam tomada em suas mãos. Nem Dom Pedro I, do Brasil, escapou desta sina.

CARACAS. VOL. VIL Nº. 40. P. 403 na sessão Miscellanea

Esta província continua a formar a sua Constituição civil, em uniaõ com a Provincia de Santa Fé, e parte dos territórios próximos ao Peru ; posto que nem o México, nem ainda alguns pequenos territórios da mesma provincia, se lhe tenham querido unir. Há tempos que dali naõ tem chegado noticias ; mas temos positivas razoens de asseverar, que os rumores aqui espalhados sobre dissençoen* domesticas, naquella provincia, saõ sem fundamento.

FONTES

DEBRET brasiliana

http://www.brasiliana.usp.br/debret

VICE REI de MONTEVIDEU FRANCISCO JAVIER de ELIO e DONA CARLOTA

http://books.google.com.br/books?id=Qx3CfSjfOQ4C&pg=PA40&lpg=PA40&dq=BUENOS+AIRES+-+VICE+REI+ELIO&source=bl&ots=wQ8EdSOr3B&sig=FBYANLPpMAPQf2FxCA8bMphiIeg&hl=pt-BR&ei=IKJfToOoMIKftweO1MSlCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBgQ6AEwAA#v=onepage&q=BUENOS%20AIRES%20-%20VICE%20REI%20ELIO&f=falseURUGUAI e

ARGENTINA Independência 25 maio de 1810 (Buenos Aires) – 09 de julho de 1816 (Tuciman)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Independ%C3%AAncia_da_Argentina

ARTIGAS

http://comitebolivarianosp.wordpress.com/2010/05/06/uruguai-jose-gervasio-artigas-1764-1850/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Artigas

1ª CAMPANHA de 1811 – atual URUGUAI até 1828

http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_campanha_cisplatina

http://pt.wikipedia.org/wiki/Diogo_de_Sousa,_conde_de_Rio_Pardo

http://www.scielo.br/pdf/rbh/v30n60/a10v3060.pdf

http://www.estudioshistoricos.org/edicion_4/alex-da-costa.pdf

PARAGUAI independência 15 de maio de 1811

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paraguai

http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=14655:a-independencia-no-paraguai-faz-200-anos&catid=306:aqui-e-agora&Itemid=21

PERU – Independência 28.07.1821 declarada – 09.12.1824 consolidada

http://pt.wikipedia.org/wiki/Peru

VENEZUELA Independência 05.07.1811 (Miranda) 24.06.1821 (Bolivar batalha de Carabobo)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela

http://volarlibremente.blogspot.com/2011/07/francisco-de-mirandaproclamacion-los.html

http://www.enlacesuruguayos.com/33.htm

Independência do Uruguai - Juramento dos 33, em 19.04.1825 por Juan Manuel LANES 1830-1901 - - pintura 311 x 564 cm – 1877. Este momento é parte de longo ciclo do processo da independência Republica do Uruguai - que vai de 1811 até 1828 – e que esta República está recuperando coletivamente com o objetivo de realizar as suas potenciais conexões com o seu presente.

REIS TAUMATURGOS – Mar Bloch

http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=10419